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domingo, 28 de fevereiro de 2010

O nosso maior passivo

A última edição do Expresso do dia 27 de Fevereiro refere um estudo publicado recentemente pelo National Bureau of Economic Research (NBER), de Kenett Rogoff e Carmen Reihardt, que mostra o comportamento do crescimento económico face à evolução da dívida pública. Aliás, a este estudo aludi já em post anterior.
O Prof. Rogoff estudou séries longas de 44 países, entre os quais Portugal. O estudo evidencia que, nos anos em que a dívida pública foi inferior a 30% do PIB, Portugal cresceu em média 4,8% ao ano. Quando a dívida pública esteve entre 30% e 60% do PIB, o ritmo foi apenas de 2,5% e com a dívida acima de 60%, caiu para 1,4%.
Estes dados confirmam os resultados de um outro estudo, que neste momento não consigo localizar, referente à década de 90. Das 3 grandes economias (EUA, União Europeia e Japão), a economia dos EUA foi a que mais cresceu e foi a que mais diminuiu a dívida pública. Ao contrário, a economia do Japão foi a que menos cresceu e foi a que mais aumentou a dívida pública.
A economia dos países que vieram a integrar o Euro cresceu menos que a americana, mas a sua dívida aumentou, enquanto a americana diminuiu; e cresceu mais que a japonesa, mas a sua dívida subiu menos do que esta.
A coerência é total: nas 3 grandes economias o crescimento do PIB é inversamente proporcional ao crescimento da dívida pública, o que significa a ineficiência da despesa pública como factor de crescimento ou de sustentabilidade da economia, nomeadamente no caso de países com débil poupança e elevada carga fiscal. Como é o caso português.
Algo que em Portugal ainda não é reconhecido, nomeadamente pelo Governo, que vem aumentando todos os anos a despesa pública, nomeadamente a corrente, em termos nominais, em termos reais e em termos de PIB. Com o consequente endividamento e as nefastas consequências, no imediato e por longos e longos anos. De 2004 para 2010, a dívida pública passa de menos de 63% do PIB para 88% do PIB.
Com a sua actuação, o Governo tem sido, ele próprio, o maior passivo deste país.

4 comentários:

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Algo que qualquer gestor ou empresário de PME já constatou há muitos anos.
O maior défice das economias como a nossa é o défice de atenção e de feed-back!
Mas isso deriva, inevitavelmente, da ascensão e queda contínua dos homens providenciais e eleitos, os sapos que queriam ser bois!

Fartinho da Silva disse...

Caro Pinho Cardão,

Tente explicar isto aos socialistas :)

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Bonifácio disse...

Isto não vai lá nem sequer com Pílulas de Alho ........ Rogoff