Se fosse notícia – que obviamente não é –, o convite que me foi dirigido para participar neste prestigiado espaço de reflexão, poderia ter como parangona: “Crise chega à República”. Não me refiro à Terceira – cujos tormentos, por pudor, me tenho abstido de comentar -, mas à Quarta. Isto pela circunstância de, na qualidade de recém-chegado à “Quarta República”, não ter no meu currículo “literário” recente nada mais que análises sobre a crise internacional. Com efeito, desde a eclosão da dita, no verão de 2007, não escrevo sobre outro assunto, num contínuo profícuo de textos, de cujo enredo - confesso – já não tenho domínio. O convívio diário com a crise e o imperativo profissional de a compreender tornaram-me, não necessariamente um especialista, mas certamente um especializado, na temática da crise.
Neste processo, tornou-se patente que a crise tinha virado obsessão. De tanto, fiquei ciente numa dada noite, em que sonhei ter decido narrar a actual crise em estilo épico. (Escusado será dizer que para o exercício me faltariam os mais rudimentares fundamentos técnicos, bem como o talento). Mas tal desconchavo nocturno foi um alerta que serviu um propósito importante: o de me fazer sentir na pele quão facilmente a persistência num ângulo agudo de análise da realidade acaba por toldar a cognição dessa mesma realidade. Impunha-se uma diversificação de perspectivas. Contudo, para efectivar essa resolução necessitava encontrar um veículo.
Foi neste contexto que surgiu da bondade dos autores do “Quarta República” o desafio de, a eles, me juntar. Animado pela determinação em recuperar alguma da clarividência perdida, abracei, honrado, a possibilidade que me foi oferecida de escrever para o “4R”.
Para mim, o principal desafio consiste em desenvolver uma abordagem que me permita glosar sobre os mais variados temas e peripécias numa lógica armilar.
Neste processo, tornou-se patente que a crise tinha virado obsessão. De tanto, fiquei ciente numa dada noite, em que sonhei ter decido narrar a actual crise em estilo épico. (Escusado será dizer que para o exercício me faltariam os mais rudimentares fundamentos técnicos, bem como o talento). Mas tal desconchavo nocturno foi um alerta que serviu um propósito importante: o de me fazer sentir na pele quão facilmente a persistência num ângulo agudo de análise da realidade acaba por toldar a cognição dessa mesma realidade. Impunha-se uma diversificação de perspectivas. Contudo, para efectivar essa resolução necessitava encontrar um veículo.
Foi neste contexto que surgiu da bondade dos autores do “Quarta República” o desafio de, a eles, me juntar. Animado pela determinação em recuperar alguma da clarividência perdida, abracei, honrado, a possibilidade que me foi oferecida de escrever para o “4R”.
Para mim, o principal desafio consiste em desenvolver uma abordagem que me permita glosar sobre os mais variados temas e peripécias numa lógica armilar.
Perdoar-me-ão o relapso ocasional – afinal a crise ainda exerce sobre mim um fascínio pungente; e um homem não é de ferro. Porventura, haverá alturas em que a aproximação ao tema possa revestir-se de alguma utilidade. Mas fica o compromisso: quaisquer incursões nos terrenos da crise serão mantidas em doses salubres. Até breve!
11 comentários:
Bom começo, caro Doutor Brandão de Brito!...
De facto, antes e para além da crise internacional, a crise da 3ª República é manifesta e óbvia. A ela não escapam a política, o Estado, as finanças públicas, a economia e as empresas. E compreendo que quem faz do research, económico ou dos mercados, a sua profissão, tenha momentos de grande melancolia.
Mas aqui, neste espaço da Quarta, o espaço é vasto e o meu amigo pode-se espraiar à vontade.
Claro que para nós ter um especialista em crises é um valor acrescentado.
De facto, ter um especialista em crises é um grande e exclusivo activo do 4R.
Abraço amigo
Caro Dr. Brandão de Brito,
Pois esja muito bem-vindo!
Cá ficamos a aguardar seus inspirados textos como um que tive o gosto de ler no F. Times não há muito tempo e que me levou a deixar uma menção especial, com o maior gosto, neste espaço do 4R!
Caro Doutor José Maria Brandão de Brito
Estou em crer que vai encontrar neste "veículo" um campo vasto de temas que dará resposta ao desafio que se propõe abraçar.
Mas como as crises estão instaladas, não vai ser possível, como bem compreenderá, abdicarmos da sua especialidade. É como diz o Dr. Pinho Cardão "... para nós ter um especialista em crises é um valor acrescentado."
Caro José maria, pois o nosso propósito é também combater a crise de uma maneira saudável, falando dela, pois claro, de um modo esclarecido ou pelo menos sincero, mas falando também de mil e uma coisas que a crise não pode impedir de ir fruindo e reflectindo. Vai ver que é divertido e interessante e o facto é que cada um de nós, à vez, incluindo os nossos comentadores de longa data, e os nossos fiéis leitores, se declararam viciados! Cá esperamos também a sua dependência deste espaço, vai sentir quando começar a olhar à sua volta e por tudo epor nada lhe surgir a ideia de escrever um post.
De membro das comissões de honra do Partido Socialista nas eleições legislativas de 2009 e da candidatura de António Costa para a Câmara de Lisboa a Autor do 4R, tudo isto à distância de um clique, só posso dizer: notável, professor, notável!
Há um Brandão de Brito, Pai e um Brandão de Brito, Filho, exactamente com o mesmo nome e tendo nascido no mesmo dia. Mas acontece que um nasceu uns anos antes e outro uns anos depois. E são pessoas diferentes. Para que conste, o Brandão de Brito do 4R é o Brandão de Brito, Filho.
Temos muita honra em que o Brandão de Brito,Filho, escreva no 4R; como muita hontra teríamos se o Brandão de Brito, Pai, escrevesse também.
Mas, pelo que dele conheço, e conheço-o há muito, não se dedica à arte.
E merece este esclarecimento, pois é um homem bom e digno, além de professor emérito.
Creio que tudo terá ficado bem entendido.
E qual seria a incompatibilidade, caro Viktor Kevês, não quer explicar-nos? Ou acha que aqui exigimos filiação e fidelidade partidária? É pena que não se dê ao trabalho de conhecer melhor os meios onde deixa os seus comentários, se o fizesse teria percebido que não fazemos distinções entre opções politicas mas sim entre quem sabe exprimi-las com dignidade e honestidade intelectual e quem não sabe. Além disso, também fazemos muita gala em não incluir críticas de carácter pessoal ou comentários que possam ofender pessoalmente seja quem for, quer por educação, quer para não ferir susceptibilidades que respeitamos. Tirando isso, o 4r acolhe com muito prazer todos os que queiram participar sem questionarmos a cor do cartão (incluindo o do clube de futebol)francamente pensei que ainda fosse possível que isto pudesse ser entendido sem ter que ser explicado.
Impressiona a quantidade de vigilantes largados pela blogosfera! Todos formados na mesma escola que lhes ensinou que só entra no clube quem tem o cartãozinho.
São os primeiros a dar vivas à liberdade. Mas são, afinal, pequenos Torquemadas. Encartados, mas Torquemadas.
Pinho Cardão
Pai e Filho. Falta o Espírito Santo? Não falta: já está no 4R.
Suzana Toscano: onde é que eu falei em incompatibilidade? Só na sua cabecinha...
Ferreira de Almeida: Torquemadas encartados, aqui, no 4R, recorda-me de ver Alberto Valadão, Zuricher, António dos Anzóis e, sempre de sentinela vigilante, o Bartolomeu!
Caro Viktor Kevês, é claro que não falou, já estamos todos habituados a que quando se ouve uma coisa nada prova que ela tenha sido dita. É moda, pelos vistos.
Suzana Toscano: agora é que falou verdade: Paulo Rangel disse peremptoriamente que iria para o Parlamento Europeu e que por lá se manteria até ao termo do mandato.Fazer o contrário seria dar "um mau sinal" para a vida política portuguesa, disse a criatura.
Afinal parece que não disse... "É moda, pelos vistos"...
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