1. Numa intervenção aguardada com expectativa sobre o “escaldante” tema da Lei das Finanças Regionais (LFR) terão constado, entre outras, duas frases que particularmente me sensibilizam:
- “Não poderíamos dar um sinal + errado neste momento”
- “Temos de defender a credibilidade da política orçamental”
2. Relativamente à primeira, será caso para perguntar se este sinal é comparável, em termos de nível de erro, ao animador défice de 9,3% quando, não muito tempo antes, o Governo mantinha convictamente uma projecção de 5,9%.
3. Este pequeníssimo lapso, de quase € 6 mil milhões, teve, como agora constatamos, efeitos devastadores na confiança dos mercados – por força de um espírito animalesco ou outro, pouco importa.
Pergunto-me como é possível ignorar esta realidade indesmentível e vir agora afirmar que com a aprovação da LFR se está a dar o sinal + errado...
O sinal + errado já foi dado bem antes da aprovação da LFR e os seus efeitos devastadores estão bem à vista e continua a ser dado com a encenação de uma crise política artificialíssima em cima de uma REAL crise económica e financeira.
4. Mas a 2ª frase é ainda mais enternecedora...depois da perda total da credibilidade da política orçamental, vir sustentar que é necessário defender a credibilidade dessa política é, no mínimo, um sinal de funambulismo reforçado.
5. Que credibilidade resta ainda que possa ser defendida?
6. Para que não restem dúvidas, devo acrescentar que não sou defensor desta iniciativa conjunta dos Partidos da Oposição, pela razão simples de que considero o esforço de ajustamento orçamental da actual proposta de OE/2010 largamente insuficiente e, apesar disso, enormes os riscos de derrapagem que, a verificarem-se, serão fatais...
7. Perante este cenário, aprovar uma LFR que implica aumento de despesa, ainda que microscópica quando comparado à calamidade do engano no défice de 2009, está errado na minha análise...
8. Em síntese, temos uma nova manifestação de perda acelerada de faculdades visuais, mas, como é apenas mais uma em série infindável, muitos já nem se dão conta...alguns “media” até dedicaram comentários laudatórios a estas declarações – os do costume, claro está...
6 comentários:
Pelos vistos, quer o défice de 15 mil milhões de euros, como a dívida pública de 90% do PIB não são os verdadeiros sinais do erro...
E que dizer dos 420 milhões de euros gastos a mais com os professores este ano.
Que tipo de sinal é este?
Essas realidades são simples minudências, caro Pinho Cardão...
Nem mesmo a dimensão estratosférica da dívida pública...a este respeito basta ler um artigo de um dos mais notáveis opinadores económicos do regime, que do alto dos seus 100% afirma, com grande convic~ção que o grande problema das finanças públicas em Portugal é o endividamento da R.A. Madeira.
Fiz umas contas de escola primária e concluí que essa dívida será nesta altura inferior a 30% da dída das Estradas de Portugal...
Caro Mário Piteira,
Exactamente, os 420 milhões para os profs. constituem o mais lídimo exercício de rigor orçamental - e além do mais eram indispensáveis no contexto da operação 2011...
Caro Tavares Moreira
Como lhe disse há já algum tempo, cerca de 30/35% da nossa classe política vai ficar desempregada no final da crise: não estão habilitados a agir neste novo meio ambiente.
O que refere, não é mais do que um sintoma do que eu afirmo: só um provinciano pode pensar que os credores externos não sabem, nem compreendem português, ergo, a linguagem deve ser cuidada.
Por outro lado, este tipo de comportamento é prejudicial para a nossa imgem, porque quem é que nos vai emprestar, acreditando nas declarações dos políticos, quando estes não dizem a verdade aos seus eleitores???
Enquanto não percebermos que não podemos "abrir" os telejornais com a agressão de um qualquer futebolista e relegar para os últimos dez minutos os problemas com que nos defrontamos, não teremos a credibilidade que desejamos para continuarmos a endividarmo-nos.
Cumprimentos
joão
Caro Tavares Moreira
Como lhe disse há já algum tempo, cerca de 30/35% da nossa classe política vai ficar desempregada no final da crise: não estão habilitados a agir neste novo meio ambiente.
O que refere, não é mais do que um sintoma do que eu afirmo: só um provinciano pode pensar que os credores externos não sabem, nem compreendem português, ergo, a linguagem deve ser cuidada.
Por outro lado, este tipo de comportamento é prejudicial para a nossa imgem, porque quem é que nos vai emprestar, acreditando nas declarações dos políticos, quando estes não dizem a verdade aos seus eleitores???
Enquanto não percebermos que não podemos "abrir" os telejornais com a agressão de um qualquer futebolista e relegar para os últimos dez minutos os problemas com que nos defrontamos, não teremos a credibilidade que desejamos para continuarmos a endividarmo-nos.
Cumprimentos
joão
Seu comentário vai directo ao alvo, caro João...
A redução de efectivos no sector público - inevitável, numa análise fria da situação em que nos encontramos - terá de começar ou incluir à partida a classe política.
Ou então nunca acontecerá...
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