Há já algum tempo que tínhamos planeado este fim de semana em Madrid e, apesar das ameaças do boletim meteorológico, metemo-nos a caminho. É uma cidade que conheço mal e fico sempre impressionada com a sua monumentalidade e com o incrível movimento nas ruas e nas esplanadas, apesar do frio e de alguns pingos de chuva. No sábado à tarde, apesar do chamariz da 29ª Feira de Arte Contemporânea (Arco) e dos desfiles de moda, as ruas principais estavam a abarrotar de gente e os teatros e cinemas tinham multidões nas filas de espera.
Passeámos a pé todo o dia sem entrar num único centro comercial – nem sequer no Corte Inglès! – e reparámos que em Lisboa é impossível caminhar assim horas e horas, a ver montras, a espreitar nas lojas ou a descansar numa esplanada a ver passar a imensa variedade de gente, famílias inteiras, que destinam as horas vagas a conversar ou a passear ao ar livre.
À noite, ao chegar ao hotel, surpreendeu-nos a notícia de abertura do telejornal, que falava da Madeira e da catástrofe que se abateu sobre aquele paraíso turístico e hoje de manhã fazia-se silêncio no café quando passavam as imagens da fúria das águas e da lama. Os jornais dedicavam páginas inteiras de fotografias da paisagem irreconhecível, apesar de ter havido cheias em vários pontos de Espanha neste Inverno tão duro.
Hoje amanheceu cinzento e gelado, o termómetro marcava 1º, mas mesmo assim metemo-nos a caminho de El Escorial, ou Mosteiro de S. Lourenço, mas também Palácio, mandado construir por Filipe II, que aí residiu e morreu, em 1595, a poucas dezenas de quilómetros de Madrid. Saímos da autoestrada para podermos apreciar a beleza dos caminhos junto à Serra de Guadarrama e estava tudo branco, com uma fina camada de neve, as aldeias e bairros novos encolhidos com o frio a contrastar com o movimento da cidade.
A visita demora quase três horas, subimos e descemos escadarias de granito, vimos as salas do museu de pintura, com alguns belos quadros de Ticiano, Tintoretto ou El Greco, depois os austeros aposentos reais e ainda descemos a escadaria de mármore rosa e preta que conduz à profundezas do Panteão, onde jazem os reis, rainhas e príncipes que fizeram a História de Espanha ao longo dos séculos. Visita-se a Biblioteca fabulosa, que contém várias preciosidades, com pinturas no tecto que homenageiam os vários ramos do saber, a Gramática, a Retórica e a Dialéctica, a Geometria, a Aritmética, a Astrologia e a Música e ainda a Filosofia e a Teologia.
Finalmente a visita leva-nos à Basílica, centro de toda a construção, mas onde se chega já quase enregelado, a pensar como deviam sofrer os monges e mesmo o Rei, apesar deste ter uma porta no quarto que dava para a nave principal da Basílica, para poder assistir à missa quando o tolhiam as terríveis crises de gota. Tanto poder e tanta glória e eu a lembrar-me ali, ao pé da cadeira construida para ele apoiar a perna sofrida, do poema do Fecho Eclair, de António Gedeão...
Passeámos a pé todo o dia sem entrar num único centro comercial – nem sequer no Corte Inglès! – e reparámos que em Lisboa é impossível caminhar assim horas e horas, a ver montras, a espreitar nas lojas ou a descansar numa esplanada a ver passar a imensa variedade de gente, famílias inteiras, que destinam as horas vagas a conversar ou a passear ao ar livre.
À noite, ao chegar ao hotel, surpreendeu-nos a notícia de abertura do telejornal, que falava da Madeira e da catástrofe que se abateu sobre aquele paraíso turístico e hoje de manhã fazia-se silêncio no café quando passavam as imagens da fúria das águas e da lama. Os jornais dedicavam páginas inteiras de fotografias da paisagem irreconhecível, apesar de ter havido cheias em vários pontos de Espanha neste Inverno tão duro.
Hoje amanheceu cinzento e gelado, o termómetro marcava 1º, mas mesmo assim metemo-nos a caminho de El Escorial, ou Mosteiro de S. Lourenço, mas também Palácio, mandado construir por Filipe II, que aí residiu e morreu, em 1595, a poucas dezenas de quilómetros de Madrid. Saímos da autoestrada para podermos apreciar a beleza dos caminhos junto à Serra de Guadarrama e estava tudo branco, com uma fina camada de neve, as aldeias e bairros novos encolhidos com o frio a contrastar com o movimento da cidade.
A visita demora quase três horas, subimos e descemos escadarias de granito, vimos as salas do museu de pintura, com alguns belos quadros de Ticiano, Tintoretto ou El Greco, depois os austeros aposentos reais e ainda descemos a escadaria de mármore rosa e preta que conduz à profundezas do Panteão, onde jazem os reis, rainhas e príncipes que fizeram a História de Espanha ao longo dos séculos. Visita-se a Biblioteca fabulosa, que contém várias preciosidades, com pinturas no tecto que homenageiam os vários ramos do saber, a Gramática, a Retórica e a Dialéctica, a Geometria, a Aritmética, a Astrologia e a Música e ainda a Filosofia e a Teologia.
Finalmente a visita leva-nos à Basílica, centro de toda a construção, mas onde se chega já quase enregelado, a pensar como deviam sofrer os monges e mesmo o Rei, apesar deste ter uma porta no quarto que dava para a nave principal da Basílica, para poder assistir à missa quando o tolhiam as terríveis crises de gota. Tanto poder e tanta glória e eu a lembrar-me ali, ao pé da cadeira construida para ele apoiar a perna sofrida, do poema do Fecho Eclair, de António Gedeão...
Uma bela visita, mas a fazer sentir a ausência do sol e de dias mais desanuviados!
16 comentários:
Oh… que agradável passeio! Estou cheia de inveja!... : )
Obrigada por compartilhar! É como se tivesse ido com a Suzanna nesse maravilhoso passeio mesmo quase a tiritar de frio... : )
Pois, Catarina, para a próxima vez convido-a! Além disso há sempre a parte das compras, também muito agradável :)
Gostei muitíssimo da bela descrição que aqui nos traz, cara Drª. Suzana.
Se não for abuso da minha parte, quero pedir-lhe um esclarecimento, relativamente ao poema de António Gedeão: como enquadra a cara Doutora a metáfora do fecho eclair na suposta vida de Filipe II ?
Se calhar, o poeta, não se lembrou da pastilha elástica!...
:)
Fecho éclair e pastilha elástica?!
O que eu aprendo neste blogue! : )
Aprendemos, quer a Catarina dizer...
Obrigada pela solidariedade! Já não me sinto tão só! : )
Reza a história que o nosso vizinho D. Filipe II, foi um monarca muito dado aos prazeres...
Quem nos diz que Sua Senhoria, não terá usado e... abusado da tal "pastilha elástica" (!?)
Um rei todo janota. Aperaltava-se a preceito para o retrato! Os “collants” até lhe ficavam bem! : )
Ei lá...o dito usava collants e ainda por cima ficavam-lhe bem?...
Ah pois, cabeça a minha, por causa da gota, pois claro, como o meu pai costumava dizer: já estava vindimado, coitado!
:)
Mas... seriam efectivamente collants?
Ou o monarca seria mais... modernaço e futurista e já usava as actuais leggs?
Vão ver que o rapazinho era uma surprezaaaa...
Ahahahaha!
: ) : )
Tentei encontrar na net um retrato do tal rei da vanguarda, de corpo inteiro, mas não encontrei. É que queria verificar se Sua Alteza usava collants ou leggings. Se os pézinhos reais estivessem cobertos seriam collants, se chegassem apenas aos reais tornozelos teriam sido as tais leggings. Talvez nunca se consiga ter a certeza! Oh ... : (
Estou em crer que eram spandex! Ou teriam sido de seda que é mais macia?!
É muito fácil, caro Bartolomeu, o pobre rei sofria imenso com a doença, se fosse hoje já teria alívio, prevenção de certeza, além se saber qual a alimentação que lhe fazia mal, naquele tempo punha tinha cadeirões de veludo mas desconfortáveis, o quarto tinha vista para a Basílica mas faço ideia como penava para subir e descer aqueles degraus altíssimos com o pé envolto em ligaduras, além da cama com dossel parecer um tanto abafada. Enfim, aquilo a que hoje chamamos conforto e tratamento médico, não havia ali...
declaro-me totalmente elucidado!!!
Suzana
É bom sairmos de vez em quando.
De facto, os espanhóis fazem muita vida na rua e dão muita vida à rua. Há um culto grande de fruição do espaço público e, por isso mesmo, há muitos lugares que convidam a passear e a, simplesmente, estar.
As praças, que são muitas, as monumentais e as outras, estão sempre cheias de gente, muitos residentes e, evidentemente, visitantes. Descansar para tomar uma bebida quente e petiscar umas tapas ou uns bocadillos é sempre muito agradável.
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