A iniciativa da divulgação na Internet do rendimento de todos os cidadãos trouxe-me à memória o filme “Os Deuses Devem Estar Loucos”…
Foi realmente um momento de excesso de criatividade. Qual terá sido a fonte de inspiração?
Não é com certeza com este tipo de medidas que se combate a corrupção, que bem precisa de ser reforçado e de mostrar resultados. Uma iniciativa que morreu à nascença, com uma actuação pronta do presidente do grupo parlamentar do PS, que ainda assim não evitou a critica generalizada de tão desconcertante iniciativa.
Foi realmente um momento de excesso de criatividade. Qual terá sido a fonte de inspiração?
Não é com certeza com este tipo de medidas que se combate a corrupção, que bem precisa de ser reforçado e de mostrar resultados. Uma iniciativa que morreu à nascença, com uma actuação pronta do presidente do grupo parlamentar do PS, que ainda assim não evitou a critica generalizada de tão desconcertante iniciativa.
23 comentários:
Excesso de criatividade, cara Margarida?
Caro Dr. Pinho Cradão
O excesso de criatividade por vezes não dá bom resultado!
Francamente, nunca pensei que uma proposta como esta pudesse um dia ser proposta por alguém com um mínimo de bom senso, fosse de que partido fosse. Mas foi. Eu é que era ingénuo. Pode ser excesso de criatividade, mas há muitas outras formas menos perigosas de mostrar criatividade, nem que seja a fazer versos.
Caro Freire de Andrade
Mas há versos que requerem grande talento!
No âmbito de uma política de transparência (à semelhança de alguns países europeus, dos EUA e do Canadá) qual seriam os contras de dar a conhecer os salários da função pública, das organizações sem fins lucrativos (a partir de um determinado escalão): hospitais, munícipes, direções escolares, ministérios, membros da assembleia, etc.?
"qual" deveria ser "quais" :(
justamente Catarina.
Os cidadãos americanos convivem com estas práticas com naturalidade, e ai de quem tente enganar o IRS....
o FBI trata do resto.
Pelo menos a fazer fé, naquilo que me contam, alguns amigos radicados nos States.
Esta "iniciativa" leva-me a concluir que o Sr. Inginheiro Belmiro errou o alvo, quando classificou o Presidente da República, de ditador.
Em certas idades, as pessoas começam a ter a tendência para trocar os nomes... e as datas.
Adiante!
Vi o filme que a cara Drª. Margarida evoca. Achei-o simplesmente maravilhoso, a simplicidade, honestidade, ingenuidade, genuínidade que aquele bosquímane evidenciáva, bem podia ser tomada como modelo de uma sociedade a ser criada.
Digo honestidade, porque nunca conheci outro caso de alguem que depois de apanhar com uma valente trolitada na cachola, ainda se dispusesse a andar milhas e milhas, sem parar, para devolver ao "dono" o objecto que o atingiu.
Vi um outro filme, mais ou menos pela mesma altura, intitulado "os deuses astronautas".
Vai ver cara Margarida, que o nosso país foi invadido por "ET's" que tomaram o governo "d'isto" sem que nos apercebessemos que se alimentam do nosso sangue.
Olhe... lá vou ter de ceder mais uma vez ao espírito de reboluçõe e botar aqui o Zéca a cantar o "vampiros", que outra museca poderia escolher???
A nossa esperança, são mesmo "AS NOVAS GERAÇÕES" (não liguem à desafinação da voz... o que conta é a força e a oportunidade do poema)
http://www.youtube.com/watch?v=ZUEeBhhuUos
;)))
Estou com o Pinho Cardão, Margarida. Excesso de criatividade?
E serão os deuses que estão loucos, ou perante estes contínuos acessos de insensatez há muito os deuses abandonaram à sua sorte o manicómio em que se transformaram algumas das instituições?
Embora neste País já nada espante, não deixa de impressionar que três vice-presidentes, três, de um grupo parlamentar se tenham arrogado o direito de, à revelia da direcção do partido mas sobretudo no desconhecimento da liderança do grupo parlamentar, apresentar uma coisa destas, inqualificável sob qualquer ponto de vista.
Não defendo que os deputados alienem a sua vontade ou a sua consciência. Mas é óbvio que no actual sistema eleitoral e de partidos a liberdade do deputado tem de ser conjugada com um mínimo de disciplina partidária e coerência com os programas políticos na base dos quais se candidataram.
É de sublinhar e de louvar o repúdio imediato e firme de Francisco Assis. Mas deixa-me perplexo como é que a direcção do GP do PS mantém os deputados no seu seio.
Resisto a comentar a posição do PSD. Mas assinalo que a este mais que rematado dislate, houve um senhor deputado da bancada do PSD que ouvido sobre a ideia, achou que a iniciativa do trio deveria ser apreciada sob o ângulo da sua constitucionalidade. E achou que sim, que era constitucional!
Margarida, diga-me: serão os deuses que estão loucos?
Não sei porque se escandalizam com esta proposta! Eu concordo plenamente, porque talvez assim fosse despoletado (não o combate à corrupção, pois não me parece que seja por aí), mas sim o apuramento e correcção de certos rendimentos que raiam a pouca-vergonha, como por exemplo: uma cidadã (eu) que descontou para a Seg. Social durante 32 anos, teve um interregno de desemprego, voltou ao mercado de trabalho a contrato, e por esse motivo (contrato de 6 meses) quando ficou doente (oncológica) a Seg. Social paga-lhe a "módica" quantia de 179,10 euros. Ora, talvez com a exposição pública deste rendimento, eu fosse objecto de um estudo (Como sobreviver com 179 euros em 2010) e quem sabe até ganhasse um prémio Nobel de "sobrevivência"....
Boa intervenção, cara Fénix!
Um triste exemplo da ferida social para que este governo, teima em fingir que não encontra remédio.
Desejo-lhe um total renascimento das cinzas!
Se as informações a que tive acesso são correctas eis o que se passa nalguns sectores em termos salariais:
O presidente da Câmara de Nova Iorque tem o módico salário anual de $1 (um dólar). Se eu tivesse a fortuna dele calculada em mais de “US$15 billions” , pois faria ainda melhor – trabalharia de graça... mas compreendo que não há muita gente tão altruísta como eu! : )
Um senador pode ganhar 193.000.
Vereadores: à volta de $99 mil anuais.
Um professor catedrático de Psicologia (no Ontário) ganhará à volta de $118.000.00 anualmente.
Funcionários dos munícipes na Finlândia: homens 2991 e mulheres 2377 Euros... hmmm
Relativamente a organizações de beneficência (que me interessam), os sítios web por onde andei indicavam apenas o número de funcionários (1 ou 2 ou 3 em muitas delas) que tem um salário anual entre $80.000 e $119.000. Depois desta fiz uma pesquisa mais detalhada: A presidente da Cruz Vermelha americana teve um salário de $450.000 em 2002!!! Mais regalias etc etc. Com a inflação qual será o seu salário em 2010?
Não deixa de ser interessante esta disparidade salarial.
Concordo consigo, Cara Fenix.
Cara Margarida
Eu só não percebo qual é a integridade moral e ética de que o PS disfruta para vir agora propor uma aberração destas, se ao longo do percurso em causa, tem sistematicamente armadilhado todas as tentativas para se encontrar uma fórmula correcta e simples de, através de adequada legislação, combater umas "acções" que excactamente o PS conhece bem.
Cara Catarina
Não há qualquer contra, nem podia haver, em que se conheçam as tabelas salariais praticadas na Administração Pública. Elas são do domínio público. Não são segredos as remunerações pagas - apenas para dar exemplos - aos juízes, aos professores e médicos, aos trabalhadores, chefias e presidentes de câmara, aos membros do governo, ao presidente da república.
O que não nos pode deixar sossegados é que a administração fiscal não conheça os rendimentos de gente que foge aos impostos. Para que servem, por exemplo, os sinais exteriores de riqueza?
Cara Pézinhos N' Areia
Nos States a máquina da administração fiscal funciona e quem for apanhado a cometer irregularidades e a fugir aos impostos vai preso.
Nada que se compare com o sistema português, a começar pelo facto de a investigação criminal não dispor dos meios suficientes, os tribunais não funcionarem e as sanções não serem eficazes.
Lembra-se do caso Madoff?
Cara Fenix
O que escandaliza é o seu caso, que mostra bem que há ainda injustiças que o nosso sistema de Segurança Social tem que superar e nos deixa dúvidas sobre a eficácia de algumas políticas de redistribuição.
Mais do que um escândalo é a "desumanidade" da situação que nos conta. Aceite os meus desejos sinceros que a sua saúde melhore.
Caro Bartolomeu
É, como disse no seu comentário, um filme berdadeiramente favuloso. Pode crer que me lembro dele muitas vezes.
Não conheço o filme "os deuses astronautas" mas bou à procura.
A sua beia musical é sempre vem binda...
José Mário
Tem razão. Bom senso é o que está a faltar a muita gente. Nem toda a "criatividade" é bem vinda...
Com os deuses loucos, estamos abandonados à nossa sorte. Nem os deuses nos podem ajudar...
Caro antoniodosanzóis
Mas alguém acredita que uma tal iniciativa serviria para combater a corrupção.
Não sendo especialista, quer-me parecer que faltam meios para um efectivo combate. Parece haver falta de uma vontade política férrea.
Cara DRª. Margarida,
Nesta página http://www.youtube.com/view_play_list?p=623D41E7FAE862D7&search_query=os+deuses+astronautas&rclk=pti
encontra os link's para o filme... em pedaços.
;)))
Vai precisar de alguma paciência, mas no meu ponto de vista, valerá a pena, pelo ensejo de poder estabelecer alguns paralelísmos.
;)
Não percebo o ruído à volta da iniciativa dos três deputados do PS. O próprio PM já a tinha anuciado em 2005:
http://dossiers.publico.clix.pt/noticia.aspx?idCanal=1444&id=1224153
Para os mais admirados do 4R:
Quanto você ganha? Isso não é segredo na Escandinávia
Jeffrey Stinson*
Em Londres "Todo ano, a Suécia publica as declarações de imposto de renda de todos os seus cidadãos. Assim como a Finlândia e a Noruega. E ninguém liga muito para isso.Em contraste, a lei dos Estados Unidos proíbe divulgar as informações tributárias de qualquer pessoa. Imagine o barulho que haveria se o IRS (Internal Revenue Service, a Receita Federal americana) colocasse os dados do imposto de renda online, de forma que colegas de trabalho, vizinhos e sogras pudessem ver quanto dinheiro alguém ganha.
Isso aconteceu na Itália no começo desse ano, quando o governo do primeiro-ministro Romano Prodi, que estava deixando o poder, publicou o imposto de renda dos contribuintes durante algum tempo na Internet, e os jornais pegaram a lista.
Magnus Graner, secretário de Estado do Ministério da Justiça da Suécia, diz que as declarações de imposto de renda ficam disponíveis para consulta todo ano em uma série de livros ou “calendários de impostos”.
“Se é isso que você deseja, pode ver quanto seu cunhado ganhou, quanto seu vizinho ganhou”, diz Graner. “Não é todo mundo que faz isso, apesar de fazermos piada e perguntarmos: ‘você já checou quanto seus futuros sogros ganham?’. Ninguém na minha família fez isso – acho que não.”
Duas semanas atrás, a Suécia publicou as declarações de renda dos assalariados comuns. Em novembro ou dezembro, os suecos poderão ver quanto que os ricaços ganharam – com seus rendimentos de dividendos e outros investimentos – e quanto pagaram de impostos em 2007.
É quando os jornais suecos tradicionalmente publicam informações sobre o patrimônio financeiro de CEOs, celebridades e outras pessoas ricas. “Não há nenhuma reclamação em relação a isso”, diz Graner.
A política sueca de tornar pública a declaração de imposto de renda – como é na Finlândia e na Noruega – vem de uma tradição de abertura de informações e transparência de governo, exceto nos casos de segurança nacional e em alguns aspectos das investigações criminais.
“O direito de acesso público a documentos está estabelecido na constituição”, diz Graner sobre a prática que a Suécia adota desde o século 18.
Tornar a informação pública é uma demonstração da tradição escandinava de “jantelag”, que pode ser traduzida grosseiramente como “ninguém é melhor do que ninguém”, diz Veera Heinonen, porta-voz da Embaixada da Finlândia em Londres.
“A Finlândia é um país muito igualitário, e uma sociedade com impostos muito altos, então fornecemos demonstrativos e balanços”, diz Heinonen.
Ela diz que os rendimentos das pessoas podem ser uma boa fonte de fofoca. Se alguém fica constrangido? “Bem, talvez os presidentes das empresas”, diz ela.
Ida Ragnarsson, 22, de Helsingborg, Suécia, diz que ela não se importa se outras pessoas vêem o quanto ela ganha. Ragnarsson, que trabalha orientando profissionais de vendas, diz que já verificou os ganhos de sua família. “É divertido saber quanto que eles ganham”, diz.
Os italianos não acharam o mesmo em abril, quando Vincenzo Visco, ministro da economia que liderou a guerra contra a sonegação na Itália, publicou as declarações de imposto de renda no site do ministério.
O gesto, disse Visco à imprensa italiana, era para encorajar mais “transparência e democracia”.
A informação foi rapidamente removida do site, mas ficou disponível por tempo suficiente para que os jornais a agarrassem e publicassem os números sobre os ricos.
Entre os rendimentos publicados estavam o de Silvio Berlusconi, político conservador e figura poderosa na mídia, que substituiu Prodi como primeiro-ministro. Seus rendimentos de 2005: US$ 43,5 milhões, sobre os quais ele pagou US$ 18,6 milhões em impostos.
Philip Lindquist, 19, estudante de Estocolmo, diz que ele não entende o motivo do rebuliço na Itália. “O modelo sobre o qual a Suécia está construída demanda isso”, a informação pública, diz ele (...)"
*Christoffer Braw, em Estocolmo, contribuiu com a reportagem.
Tradução: Eloise De Vylder
Pois é, seu Spiriv, mais... porquê deveríam os cidadãos de Suécia, Finlândia e Noruga, réclamar dessa publicação?
Esses cára lá, não têm com quê se preocupar, porquê eles pagam seus impostos, mais o estado providencia toda a saúde, toda a educação, todo o apoio sociau, que os cara lá necessitarem.
Olha lá seu Spiriv, sê acha que se a nossa amiga Fénix, com seu probrema de saúde, fosse uma cidadã de um dáqueles países escandinavos, ela estaria passando pelas agruras de vida que mencionou?
Pois é cara, lá, o clima é bem mais frio, mais, é áqui que o pessuau tem às ideias congeladas.
Lá é que tem gêlo a maior parte dos dias do ano, mais é àqui que todo o mundo demonstra frieza e ausência de calor humano.
Tá vendo à diférença?
Nunca perde uma boa oportunidade, caro Bartolomeu: ”Pois é cara, lá, o clima é bem mais frio, mais, é áqui que o pessuau tem às ideias congeladas.”... ótima metáfora!
Vivemos num mundo de metáforas, contradições e hipocrisia, cara Catarina.
Mas... se pensarmos um pouco, não encontramos a menor razão, para que assim tenha de ser.
Dispomos actualmente de mais informação e conhecimento que alguma vez tivemos. Dispomos de mais meios, que económicos, quer humanos e tecnológicos. As pessoas que governam os países são eleitas para essa função, na maioria dos casos por vontade das sociedades, por isso, escolhidas de acordo com o carácter, a formação e as qualidades que demonstram possuir.
Então, porque raio, as sociedades não são melhor organizadas?
Porque raio, os governos não são mais conscientes das carências dos cidadãos que governam e permitem que os recursos gerados por esses mesmos cidadãos, não sejam aplicados naquilo que é essencial para o bem estar geral dessa mesma sociedade?
Porque raio, insistem os governos civilizados, dos países civilizados, em dividir os seus cidadãos em classes de 1ª, de 2ª, de 3ª e... sem classificação?
Temos ainda muito caminho a percorrer, cara Catarina, antes que consigamos olhar-nos com igualdade.
E pronto... inevitávelmente, salta-me à memória mais um comunista... Bob Dylan... quantas estradas, precisa um homem percorrer, antes que se lhe possa chamar UM HOMEM?
http://www.youtube.com/watch?v=uWvh4S3YWVo
;))
Olharmo-nos com igualdade? Isso soa-me a utopia. Não é o comunismo que promove a igualdade? E funciona ou funcionou alguma vez? Quando vamos a Cuba qual será a razão por que os turistas não são encorajados a deambular pelas cidades e vilas a seu belo prazer? A China não conheço.. não tenho essa experiência.
Como alguém aqui disse: “Anda meio mundo a querer enganar o outro meio.”
Então não estou, Bartolomeu?
Os fundamentalistas liberais do 4R é que não querem ver as diferenças. Lá, pagam-se mesmo impostos e a sério! Até o Igmar Bergman se pirou! Mas também há ricos, o que não é pecado nenhum. Com uma diferença: os ricos de cá não querem pagar...
E se a nossa estimada Fenix vivesse num Portugal sem SNS a tragédia ainda seria maior. Tá?
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