Talvez porque o consenso seja
muito difícil também o Presidente sentiu necessidade de falar nele. O consenso
em relação às medidas a tomar para dar sustentabilidade à Segurança Social tem
vindo a ser falado mais frequentemente pelas forças políticas e sociais. O tema
voltou à agenda política e social. Julgo que veio para ficar. O consenso é uma necessidade, todos sabem disso, será por agora improvável de acontecer.
A leitura que podemos
fazer para esta nova aparição, duradoura, pode ser a de que as forças políticas
e sociais e a sociedade civil muito em particular reconhecem que há problemas e
que estes ainda não foram suficientemente discutidos. E que nada fazer não é uma
solução.
Seria importante criar uma dinâmica de debate público esclarecedor e
sério que não se ficasse pelos estudos, mas que chegasse às pessoas. Sem
alarmismos, mas tendo presente que as pessoas não devem permanecer alheias a
aspectos tão essenciais da vida como é, por exemplo, o tema das pensões. Mas é
também um tema essencial para o nosso futuro, há uma interdependência entre
sistema de pensões, o social, a economia e as finanças públicas.
Sendo um tema
básico, a falta de conhecimento e a desinformação fazem dele um tema complexo,
de inacessível compreensão para as pessoas em geral. Este ambiente não é propício
a mudanças. A versão alternada de que a Segurança Social está bem de saúde com a
versão de que a Segurança Social está falida é um jogo perigoso. Agrava a percepção de desnorte e retira credibilidade a quem tem que tomar decisões. Os aproveitamentos
políticos são dispensáveis, deles só pode resultar mesmo a falta de confiança no
sistema.
2 comentários:
Toda esta problemática arrasta-se há demasiado tempo na nossa sociedade, com prejuízo para os grupos sociais mais desfavorecidos.
No entanto, a pesar de compreender a necessidade de se tomar decisões sérias e bem estruturadas com base em consensos também eles necessariamente sérios e tendo como objetivo principal o equilíbrio a justeza e a sustentabilidade do sistema, entendo que o "caminho" para atingir esse objetivo tem de ser trilhado mais com seriedade e honestidade, que com grandes fórmulas científicas.
E esse "caminho"; uma vez que nele não se encontram pedras sob as quais surjam pepitas de ouro, nem a economia e a finança que o podem sustentar, se encontra de saúde, terá forçosamente de ser o da compensação através do corte de despesas desnecessárias. Parece-me que é nesse ponto que o consenso não se atinge e por isso, os sucessivos governos se têm mantido na espectativa de que suceda o "milagre das rosas" e o Ministro ao abrir o regaço saltem de lá em profusão e em "modo de infinitude" brilhantes e gordas moedas de ouro.
Caro Bartolomeu
A imagem do "milagre das rosas" é excelente!
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