À nossa frente temos uma trajectória de perda acentuada de população e de alteração significativa da pirâmide etária. Confirma-se, e não seria de esperar qualquer inversão, o agravamento do envelhecimento da população.
Em 2031 ficaremos abaixo dos “míticos” 10 milhões de habitantes.
O INE apresentou hoje as projecções para a população residente para o período de 2015 a 2080, utilizando para o efeito quatro cenários – pessimista, central, optimista e sem migrações – que reflectem hipóteses diferenciadas para as varáveis projectadas (fecundidade, migrações, etc.).
Em qualquer deles, a população jovem irá diminuir e a população idosa irá aumentar, em proporções muito significativas. Em consequência a população em idade activa diminuirá e o índice de envelhecimento, no cenário central, mais do que duplicará, passando de 147 para 317 idosos por cada 100 jovens.
Estes números mostram que devemos mobilizar esforços para enfrentarmos a nova realidade que já hoje se faz sentir. Anular o envelhecimento da população não é possível. Talvez seja possível desagravá-lo, tal como mostram os cenários trabalhados pelo INE. Mas é preciso agir.
Medidas paliativas ou meras intervenções de circunstância para irmos fazendo face às dificuldades não constitui uma solução. Veja-se, por exemplo, como lidamos com as pensões e a despesa pública para lhes fazer face.
Medidas paliativas ou meras intervenções de circunstância para irmos fazendo face às dificuldades não constitui uma solução. Veja-se, por exemplo, como lidamos com as pensões e a despesa pública para lhes fazer face.
Precisamos de perceber se estamos a saber lidar com o envelhecimento demográfico, precisamos de nos questionar sobre a nossa forma de pensar. Não há receitas mágicas nem soluções formatadas, mas haverá certamente formas adequadas de enfrentar o curso dos acontecimentos. Estamos a fazê-lo? Já pensámos colectivamente sobre o assunto? Enquanto população estamos a envelhecer, mas como sociedade não tem que ser assim.
3 comentários:
Diz a Margarida, e bem, que "não há receitas mágicas nem soluções formatadas, mas haverá certamente formas adequadas de enfrentar o curso dos acontecimentos. Estamos a fazê-lo? Já pensámos colectivamente sobre o assunto?".
Pergunta retórica, já que o governo não pensa e, muito menos, enfrenta ou quer enfrentar o assunto. E mais, quando alguém avança com uma singela sugestão, logo governo, geringonça e partidos da mesma proferem a frase assassina que impede qualquer debate: os senhores o que querem é privatizar a segurança social...
Claro que eu sei que o objectivo confesso ou inconfesso de muitos é o quanto pior melhor. Agora,ou, se não puder ser já, no futuro. É isso o que infelizmente colectivamente muitos pensam. E é nisso que actuam.
O individualismo egoísta dos portugueses não lhes permite ver para além do seu ninho.
Uma medida sensata, quanto a mim, seria acabar com o mito de que cada um recebe o que descontou e balizar o valor das reformas entre 1 IAS e 5 IAS, a níveis de 2017, por exemplo, entre 421,32 € e 2106,60 €.
Isto, independentemente do que descontou durante toda a vida ou do quanto desconta se está a trabalhar.
Para que fique claro, não estou a falar de plafonamentos. A pessoa desconta 11% como até aqui sobre todos os rendimentos sujeitos a esta contribuição, e depois recebe o que tem direito com os limites referidos.
Uma medida complementar a esta poderia passar por acabar definitivamente com as subvenções vitalícias e com os os regimes de exceção na idade de acesso à reforma, nomeadamente as situações de deputados, juízes de tribunal constitucional, ex-trabalhadores do Banco de Portugal, etc, etc.
São medidas que iriam ajudar a Segurança Social.
Mas, volto...
Será que o individualismo egoísta dos portugueses lhes permite ver para além do seu ninho?
Alguém dos estimados autores/comentadores deste blog, se em situação aplicável, estaria disposto a defender uma medida desta natureza, ainda que pudesse resultar em seu desfavor pessoal?
Caro Pinho Cardão
A questão do envelhecimento demográfico não tem merecido a atenção que deveria há muitos anos, envolvendo muitos governos. É um problema de "regime". Devo dizer que não é razoável, por exemplo, que em matéria de pensões o país não discuta o assunto. Uma reforma do sistema de pensões nunca poderá ser feita sem uma base alargado de apoio social. O "papão" da privatização da segurança social já não pega, bem o podem dizer! As pessoas sabem que há problemas financeiros no sistema de pensões.
Caro Carlos Miguel Praxedes
A melhor forma de defender o sistema de pensões é incentivar a contributividade. Sou favorável ao princípio da contributividade, a pensão deve ser função da carreira contributiva. Quem contribuiu mais recebe uma pensão maior, quem contribui menos recebe uma pensão menor. Há países que têm instituídos limites ao salário sujeito a contribuições e, em consequência, limites na pensão a pagar. Nada contra.
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