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sábado, 9 de julho de 2005

Áreas Protegidas - VIII - Reserva Natural do Paul de Arzila



Acordei sem vontade de ler ou ouvir sobre terrorismo, crise, guerra, cimeiras. Morte e dor. Eleições e referendos, governo, oposição. Impostos, reivindicações, greves.
Boa disposição para me defender da agressão quotidiana da notícia deprimente e regressar à memória de que há coisas que nos fazem sentir bem, coisas belas. Coisas que convocam palavras que ainda constam do vocabulário: paz, cor, equilíbrio, tranquilidade, harmonia. Vida.
Regresso assim à lembrança das áreas protegidas, esquecidas deste blog desde Maio passado.
Esta fica para os lados de Coimbra, na bacia do Mondego. Mais concretamente, nos concelhos de Condeixa, Montemor e Coimbra. Constitui um dos biótopos que restam do imenso corredor biológico do vale do Mondego e integra a rede nacional de áreas protegidas com o estatuto de reserva natural desde em 27 de Junho de 1988.
Pequena mas significativa área do ponto de vista conservacionista, quase toda ela, senão mesmo toda, propriedade privada, foi salva na década de setenta - ao que me dizem - das acções de drenagem que condenariam o valiosíssimo acervo biológico ali existente.
Integra a rede de sítios da Convenção de Ramsar, tratado internacional marcante de uma nova fase do direito e da política internacionais de ambiente e de conservação da natureza que visa garantir protecção às zonas húmidas de importância ecológica. Recorde-se que estas zonas, que representam menos do que 6% da superfície do planeta, são responsáveis por 50% dos stocks biológicos.
A Reserva Natural do Paúl de Arzila serve de habitat a exemplares de fauna raros, com destaque para a lontra. São avistáveis qualquer coisa como 120 espécies de aves que aqui se alimentam, se abrigam e se reproduzem.

2 comentários:

sandra costa disse...

Nasci no campo, onde se cruzavam os cheiros de flor
Do limoeiro
Com o de hortelã e o do estrume. Brinquei
Por entre o milho, queimei em fogueiras o rosmaninho,
Persegui lagartixas, cobras e ouriços, capturei e destruí
Escaravelhos,
Defendi as carochas, roubei ninhos com ovos e pássaros
Implumes,
Colhi cachos ainda verdes, desesperei pelo amadurecimento
Dos figos, das romãs e dos alperces,
Tingi-me com amoras, fui irmão das abelhas, discuti com o
Vento
E mais do que a erva e as árvores aproveitei-me da chuva.


Joaquim Pessoa, Vou-me Embora de Mim, Ed. Hugin, 2000.

Apagada, de propósito e para coincidir com o post, a última parte do texto. Que, de novo, tenha acordado bem disposto, caro JMFA.

Anónimo disse...

Obrigado Sandra Costa pelo lindo e significante poema. E acordei bem disposto sim, ainda sob os efeitos do forçado alheamento de ontem. Faz bem de vez em quando...