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sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Sabor a hipocrisia - II

Ouvi agora o sr. Primeiro-Ministro a depôr em favor da construção da barragem no rio Sabor.
Disse que nunca o PS se manifestou contra tal projecto. Mas disse mais. Que quem aprovou a localização não foi ele, foi o governo anterior. Entende ainda o Engº Sócrates que em nome da estabilidade não podemos andar sempre a mudar de posição nos grandes investimentos.
Ainda me consigo surpreender com a suprema lata com que alguns dos dirigentes políticos justificam as suas atitudese!
Que o PS se manifestou contra a barragem no Sabor é um dado amplamente registado pela comunicação social quando o Governo do Dr. Durão Barroso anunciou a intenção de construir aquela estrutura. Já o argumento de que se pretende, em nome da estabilidade, executar uma decisão que, afinal, é da responsabilidade de governos anteriores (!), é de um nível de intolerável hipocrisia. Com esta afirmação pretende-se fazer passar a ideia de que o governo é contra por razões ambientais. Que o contributo da barragem para o desenvolvimento económico não se sobrepõe ao interesse geral da conservação da natureza. Mas que não tinha outra alternativa face à ma decisão dos governos PSD/CDS-PP senão dar-lhe execução não vá o País sofrer mais um abalo telúrico de instabilidade...

Definitivamente perdeu-se todo o decoro!

O valor da estabilidade não fez, por exemplo, hesitar o PS na revogação de outras medidas dos governos anteriores com as quais se pretendeu reforçar as políticas de conservação da natureza, como foi o caso dos diplomas que visavam um maior envolvimento dos autarcas e das populações na gestão das áreas protegidas ou da desactivação táctica do programa FINISTERRA de protecção e valorização dos ecossistemas litorais.

Face a este episódio, noutro ângulo de observação fico na expectativa de ver a reacção de alguns dirigentes de associações ambientalistas quanto à sua afirmada independência dos partidos políticos (já que da oposição, nestas matérias como noutras, pouco há a esperar...).

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