Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Rede de escolas do 1.º ciclo

O há muito anunciado plano de reordenamento da rede de escolas do 1.º ciclo parece estar a ser concretizado de forma determinada. Segundo o Jornal de Notícias, "até ao final da legislatura, em 2009, o Governo projecta fechar, em todo o país, mais de quatro mil escolas com menos de dez alunos, ou com menos de 20 alunos e com taxas de aproveitamento inferiores a 89% (média nacional)".
Esta é uma das matérias em que terá de haver convergência de esforços. A concretizar-se este plano, consumar-se-á uma das mudanças mais profundas na realidade educativa nacional. Os sacrifícios que esta mudança exige e a muita incompreensão que despertará não deverão dissuadir a intenção nem fazer alterar o rumo traçado.
Para que tal aconteça é decisivo que o Ministério da Educação perceba que não há nenhum pai que esteja disposto a aceitar que os seus filhos tenham de deslocar-se mais 10 ou 15 Km para frequentar uma escola com as mesmas condições daquela que foi encerrada na sua aldeia.
Para que o reordenamento tenha êxito terá de haver qualificação do ambiente escolar, nomeadamente das infraestruturas. Sem isso, o que poderia ser uma excelente medida pode transformar-se numa enorme dor de cabeça.
A tese da "desertificação do interior" vai ser muito badalada, mas há que esclarecer que não é o encerramento da velha escola primária que trava a tendência. Ou se assume que é necessário sacrificar algumas aldeias para salvar as vilas e cidades do interior ou então a vaga desertificadora esvaziará tudo.

4 comentários:

Tonibler disse...

Desde que o ministério entenda que não pode criar um Uganda, não me parece que haja questão.

Agora, que isto não gere situações em que ande de câmara para junta, de junta para direcção regional, de direcção regional para câmara para saber quem transporta o puto para a escola. Se não estiverem certos de que isto não vai acontecer, mais vale ficarem quietos. Isto é, se o ministério não domina e não controla todo o processo, não faça.

ocontradito disse...

Tudo certo.
Mas já se vê que não vai ser facil. As pequenas autarquias em desertificação - resultado da péssima organização político-administrativa do País - vão defender as suas escolas com unhas e dentes. A popularidade do governo vai cair até o zero nessas zonas, pois a emotividade vai ser chamada à discussão.
Mas toda a razão do Mundo na frase:

"não há nenhum pai que esteja disposto a aceitar que os seus filhos tenham de deslocar-se mais 10 ou 15 Km para frequentar uma escola com as mesmas condições daquela que foi encerrada na sua aldeia".

Para quando os critérios que determinam a fusão de freguesias e concelhos?

O que escrevi em Abril de 2005:

http://ocontradito.blogspot.com/2005/04/escolas-primrias-com-horrio-alargado.html

Antonio Almeida Felizes disse...

Apesar de infindáveis debates políticos e acadêmicos, a triste realidade é que essa cruel desigualdade regional continua a travar o desenvolvimento de uma sociedade menos desigual, em que a busca da felicidade não seja possível apenas aos poucos ungidos pela fortuna geográfica ou financeira, mas, ao invés, constitua-se em direito inalienável de todos os portugueses, sejam eles oriundos do interior transmontano ou da planície alentejana.

As políticas sectoriais definidas pela Administração Central procuram, por imperativos de razão prática, responder a problemas-tipo ou situações médias. Uma das características da repartição espacial da população, das actividades económicas e dos fenómenos socioculturais em geral é a existência de desigualdades de um lugar a outro. Em certas Regiões haverá uma população mais idosa que noutras; as actividades de tipo turístico concentram-se em determinadas Regiões, enquanto que outras baseiam a sua prosperidade nas indústrias transformadoras; os tipos de frequências, quer escolar, quer de cuidados de saúde são diversificados. A existência de Regiões Administrativas permitiria adequar as características dos serviços públicos às especificidades das comunidades locais.

Cumprimentos,

Antonio A Felizes

http://regioes.blogspot.com

Tonibler disse...

A questão, lmsp, é que estamos a falar de função pública onde a especialidade é parar de peito e colocar em profundidade para a corrida do outro. E o que pode acontecer é o ME tratar das suas "competências", esperar que os outros tratem das suas "competências" e, ao fim do dia, os putos ficaram sem aulas porque não há transporte para eles.
Aquilo que se estava a dizer é que, resolvido centralmente ou não, isto não pode acontecer.
Os pais, as freguesias, as câmaras, isso é tudo acessório...