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domingo, 26 de março de 2006

O uso do tempo

Aqui há dias, a imprensa noticiou que as autoridades americanas multaram em 142.000 euros e condenaram Michael Jackson a fechar o seu rancho de 1100 hectares, que inclui, para além de muitas extravagâncias, um jardim zoológico e um parque de diversões para uso pessoal, pois claro.
A razão foi simples: é que o cantor não pagava aos seus empregados desde Dezembro passado e não tinha renovado os planos de seguros do seu pessoal!...
Esta notícia fez-me lembrar o que se passa no nosso país, em que muitos trabalhadores esperam anos e anos para receber o que lhes é devido, tantas vezes por culpa de os processos de falência serem uma brincadeira em Portugal.
Demora tanto a declaração de falência que, quando é feita, já não existe património que possa cobrir sequer uma parte das dívidas.
Com o decorrer do processo, as instalações deterioram-se, muito equipamento deixa de funcionar, outro é pura e simplesmente roubado.
A nossa lei ainda não se deu conta que nem as instalações, nem os equipamentos, nem os bens da empresa vão à falência e que um processo falimentar rápido, em que o património mudasse de dono, repunha muitas empresas em funcionamento.
Quem vai à falência e deve perder são os detentores do capital que, na maioria dos casos, não geriram bem, não se equiparam, não organizaram nem modernizaram as suas empresas. Por isso, deveriam ser penalizados, mas penalizados em tempo útil.
Por atrasos de pagamentos quer ao fisco, quer à segurança social, apenas me lembro de uma condenação, já lá vão uns anos, a do Sr. Cebola, Administrador da Oliva, que esteve na prisão por não ter pago à segurança social, canalizando o dinheiro para os empregados.
Por que é que a economia americana funciona?
Ora aí está um exemplo, apesar de muito singelo.
Outro está, e já que falei em Michael Jackson, no rápido funcionamento da justiça, que permitiu que o seu julgamento por pedofilia se iniciasse depois e terminasse muito antes do mais conhecido processo pedófilo do nosso país.
É uma forma bem diferente da nossa de usar o tempo!...

4 comentários:

Anónimo disse...

É verdade, meu caro Pinho Cardão. Para ilustrar o que bem anota, acabei de receber a notícia, na sexta-feira passada, que iniciado um processo de insolvência em 1993 de uma empresa que deixou de ter qualquer actividade mesmo antes dessa data, só agora, e ao que parece, se entrou na fase final de liquidação.
Serão centenas os trabalhadores com créditos. Muitas dezenas os fornecedores. Os bancos. O fisco e a segurança social, tudo a chuchar no dedo depois de 13 anos (!) de processo.
Por aqui se vê quanto pesa no nosso atraso o modo como (não) funciona a justiça.
O problema, meu caro Pinho Cardão, é que há muitos interessados em que assim continue, porque as moras da assim chamada justiça, se prejudicam quase todos, são uma benção para alguns. E para outros o verdeiro ganha-pão...

João Melo disse...

seja bem aparecido caro pinho cardão!já á algum tempo que não nos dava a honra dos sempre bem humorados e inspirados posts!

Suzana Toscano disse...

Ora ora, Pinho Cardão,notamos todos, o Menino Mau é que foi o primeiro a dizê-lo preto no branco, foi só isso!!!

Tonibler disse...

Assino por baixo o comentário do camarada JMFA na sua totalidade.