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terça-feira, 28 de março de 2006

Princípios de Sandman

A preocupação com a hipótese de ocorrer uma pandemia de gripe está a ser levada muito a sério em diferentes níveis internacionais e nacionais. De facto, periodicamente, três a quatro vezes por século, ocorre uma situação deste cariz. No decurso do século XX ocorreram três, sendo a mais grave a gripe espanhola de 1918, seguida da asiática em 1956, e da menos grave, a de Hong-Kong, em 1968, que, mesmo assim, matou mais de 4 milhões de pessoas a nível mundial.
As autoridades de saúde internacionais e nacionais já prepararam e estão a desenvolver vários programas com o objectivo de evitar a propagação, a contaminação e a limitar os danos decorrentes. Neste contexto, os planos de contingência têm de assegurar o funcionamento de várias estruturas e organismos, os quais, em caso de colapso, poderão ser mais nocivos do que a própria gripe. No planeamento das diferentes estratégias há uma preocupação constante: como evitar o pânico?
A população, em geral, confrontada com as notícias de uma eventual catástrofe, começa a ficar angustiada perante tão sinistro cenário. A gestão da comunicação de risco é indispensável. Sabendo que à partida um “pouco de medo” é muito útil, face ao eventual aparecimento do fenómeno, importa transmiti-lo da forma mais “saudável”. Não comunicar, não informar, não alarmar o suficiente é tão ou mais perigoso do que o “anúncio da catástrofe”.
É preciso, de acordo com os especialistas da comunicação do risco, caso de Peter Sandman, eminente e respeitado perito, preparar as pessoas para uma nova rotina. Um “bocadinho de pânico” ajuda as populações a prepararem-se emocionalmente. Por exemplo, ter alimentos e água em quantidade para um curto período de tempo, não esquecer de adquirir os medicamentos, já que o risco de vir a sofrer consequências graves pela falta de medicação poder ser muito superior à da própria gripe, estabelecer relações de vizinhança de entreajuda, reforçar as medidas de higiene individual e pôr em prática conceitos simples, mas muitas vezes esquecidos, constituem algumas das medidas a tomar.
A própria comunicação social deveria abordar mais estes temas do que propriamente andar a transmitir notícias de aves doentes. Não é por haver aves doentes numa área que as pessoas correm mais riscos do que a ausência das mesmas.
Mesmo que a futura epidemia seja mais grave do que a gripe espanhola de 1918, por exemplo, duas vezes mais mortífera, o que seria histórico, mesmo assim sobreviveriam 95% das pessoas infectadas. Mas, pode acontecer que a mutação do vírus seja acompanhada de uma redução da letalidade, de modo semelhante ao verificado em 1968. Afinal, muitos de nós já viveram uma pandemia. Talvez não se recordem, mas é verdade, e não entraram em pânico…

6 comentários:

Tonibler disse...

Caro Prof,

Não devíamos andar a tropeçar em Vietnamitas mortos??? É que gripe das aves eles já têm há uns tempos, quase dormem com elas,...

Antonio Almeida Felizes disse...

Caro Massano Cardoso,

Não querendo de forma alguma pôr em causa o valioso conteúdo civico e didático do seu post, o que é certo é que circulam por aí outras interpretações sobre esta cultura do "medo".

Neste sentido tomo a liberdade de transcrever aqui o que me chegou ao "mail":

"Extracto de la Editorial del número 81(abril-2006) la revista DSALUD (www.dsalud.com)
por José Antonio Campoy

¿Sabes que el virus de la gripe aviar fue descubierto hace 9 años en Vietnam?

¿Sabes que desde entonces han muerto apenas 100 personas EN TODO EL MUNDO TODOS ESTOS AÑOS?

¿Sabes que los norteamericanos fueron los que alertaron de la eficacia del TAMIFLU (antiviral humano) como preventivo?

¿Sabes que el TAMIFLU apenas alivia algunos síntomas de la gripe común?

¿Sabes que su eficacia ante la gripe común está cuestionada por gran parte de la comunidad científica?

¿Sabes que ante un SUPUESTO virus mutante como el H5N1 el TAMIFLU apenas aliviara la enfermedad?

¿Sabes que la gripe aviar hasta la fecha solo afecta a las aves?

¿Sabes quien comercializa el TAMIFLU? LABORATORIOS ROCHE

¿Sabes a quien compró ROCHE la patente del TAMIFLU en 1996? A GILEAD SCIENCES INC.

¿Sabes quien era el Presidente de GILEAD SCIENCES INC y aun hoy principal accionista? DONALD RUMSFELD, actual Secretario de Defensa de USA ¿Sabes que la base del TAMIFLU es el anís estrellado?

¿Sabes quien se ha quedado con el 90% de la producción mundial de este árbol? ROCHE

¿Sabes que las ventas del TAMIFLU pasaron de 254 millones en el 2004 a mas de 1000 millones en el 2005?

¿Sabes cuantos millones más puede ganar ROCHE en los próximos meses si sigue este negocio del miedo?

O sea que el resumen del cuento es el siguiente: Los amigos de Bus deciden que un fármaco como el TAMIFLU es la solución para una pandemia que aún no se ha producido y que ha causado en todo el mundo 100 muertos en 9 años. Este fármaco no cura ni la gripe común. El virus no afecta al hombre en condiciones normales. Rumsfeld vende la patente del TAMIFLU a ROCHE y este le paga una fortuna. Roche adquiere el 90% de la producción del anís estrellado, base del antivírico.

Los Gobiernos de todo el Mundo amenazan con una pandemia y compran a ROCHE cantidades industriales del producto.

Nosotros acabamos pagando el medicamento y Rumsfeld, Cheney y Bush hacen el negocio... .

¿ESTAMOS LOCOS, O SOMOS IDIOTAS? AL MENOS PASALO PARA QUE SE SEPA."


Cumprimentos,

AAF - Regionalização

..

Massano Cardoso disse...

Caro Tonibler

Começou em 1997. Mas estas coisas são lentas e muito interessantes. A emergência de novas doenças é uma realidade. Sempre foi, mas a partir de agora as coisas irão ficar mais complicadas. Muitas doenças estão "em caldo",e irão aparecer para mal dos nossos "pecados" ou para os "limpar", na opinião de fundamentalistas religiosos!
Temos de estar atentos e, mesmo assim, não iremos evitar o seu aparecimento.
O "fatalismo biológico" é uma realidade, na medida em que contribuiu, também, para o nosso aparecimento.

Massano Cardoso disse...

Caro António Almeida Felizes

Compreendo a posição e interpretação dada por alguns autores. Convém esclarecer que a epidemiologia da gripe, sobretudo das mais virulentas, é suficientemente conhecida para afirmar que o seu aparecimento (falando das mais graves) é inevitável e tem a ver com vários fenómenos. Em 1918, 1m 1956, em 1968, em 1977, não havia Tamiflu. Se recuarmos mais no tempo, podemos provar que "elas" ocorreram mesmo, mesmo antes de haver América.
Há muitos anos que os epidemiologistas questionavam o seguinte: quando é que aparece outra do género da 1918? Já é tempo!

Tonibler disse...

Pois é Prof, mas isso deriva de gripes das aves ou das gripes de bactérias, que serão certamente mais frequentes e com mutações substancialmente mais rápidas. Esta histeria com a gripe das aves parece algo desajustada, devem ter morrido mais humanos de brucelose que de H5N1, mas todos sabemos o nome da porcaria do vírus e, comparado com o HIV, este bicharoco até é "amoroso"...

trainzeiro disse...

É por essas e por outras que há quem considere que espécia humana é, ela mesma, uma pandemia e ou uma praga bastante prejudicial para a manuentanção das restantes espécies.