... e para terminar as "directas".
A ideia das directas surgiu para colocar em causa a liderança de Durão Barroso.
Na altura, Santana Lopes queria as directas porque pensava que assim derrubaria Barroso.
Então, vimos muita gente no PSD opor-se a esta proposta - porque esvaziava o Congresso, porque daria um carácter populista ao PSD.
Hoje, muitas destas pessoas apoiam as "directas".
Mas será que acreditam genuinamente nesta mudança?
Tenho as maiores dúvidas!
Hoje, a vida interna do PSD está condicionada pelos tacticismos dos que temem o regresso de Santana Lopes, dos que apoiam Marques Mendes enquanto não surge uma alternativa e dos que pensam que a permanência de Marques Mendes na liderança só servirá para que ele se perpetue no poder.
É uma verdadeira casa assombrada!
A discussão estatutária tornou-se uma paródia neste período de desorientação estratégica.
Por isso, tudo é possível.
Se o PSD aprovar as "directas", estará em minha opinião a realizar uma mera operação de cosmética, embarcando numa moda populista e demagógica.
A democracia representativa é isso mesmo - REPRESENTATIVA!
O PSD e a opinião pública em geral, sempre valorizaram os seus Congressos.
Que são um acto de democracia representativa.
Não são precisas eleições directas para que um líder tenha mais legitimidade.
Escolher em simultâneo o líder, os órgãos e a estratégia e ainda discutir e analisar a situação do País, só é possível num Congresso.
É a simultaneidade destes actos que fazem dos Congressos do PSD um acontecimento único em Portugal.
Se este Congresso aprovar as "directas" estará a deitar fora uma parte muito importante do património político do PSD e a destruir um dos instrumentos mais eficazes da sua projecção política - os seus Congressos.
5 comentários:
Meu caro
A leitura do texto de ontem do Pacheco Pereira é muito elucidativa do estado de caciquismo a que chegou o Partido. E não há volta a dar-lhe. Hoje, 80 % dos Congressistas serão membros do aparelho (dirigentes de secções, de distritais, de estruturas como a jsd e autarcas). E o aparelho só se escolhe a si próprio e aos seus interesses.
A estratégia do Marques Mendes é genial.Sem que ninguém perceba entrega o Partido (as secções, as distritais, e os congressos) ao Aparelho. Mas muda o poder para a casa ao lado. Quando a cave chegar ao topo não encontra lá nada. A história dos grupos temáticos abertos até a não filiados, que eu não tinha percebido para que servia, tem o preciso significado politico de constituir a fundação, reconhecida e legitimada pelo Congresso de um Partido II. Destinado às elites, aonde se disutre a substância e só se entra por convite do lider.
Um pouco à moda do que foi a candidatura de Cavaco Silva.
Hoje, sem que a maioria dos congresistas o perceba, é o Último Congresso do PSD.
Mas é a solução realista e pragmática possível.
De génio. Falta apenas o promenor da eleição por maioria absoluta com segunda volta se necessário.
António Alvim
julgava que as directas seriam para melhor o índice de democracia no seio do PSD.
enganei-me.
Caro Vitor Reis,
Tendo o PSD um número grande de filiados, as directas não credibilizariam o seu líder, dentro e fora do partido como aconteceu com Sócrates o que foi inclusivamente reconhecido por pessoas do PSD?
Se as directas tivessem sido aprovdas uns anos antes, teria mais tarde PSL sido nomeado por uma "junta de salvação" que o elegeu líder do partido, e consequêntemente PM? Ou tudo iria a Congresso de urgência (havia tempo, se Durão Barroso, quando desertou, o quisesse) e o PSD teria eleito Manuela Ferreira Leite e provavelmente ainda seria Governo?
(considerando eu que o país está mais bem servido agora...)
Afinal, qual a desvantagem das directas? Ou seja, uma pessoa, um voto, a essência da democracia?
A Democracia tem desvantagens? Tem. Mas lá está, como dizia o outro...
O P.S.D. é um fenómeno prolongado da sociedade portuguesa: quando se deu o salto de Neanderthal para Cro-Magnon, ele escolheu Neanderthal; quando a D. Tareja apanhou nos cornos do filho, o P.S.D. foi denunciar o filho à Comissão da Condição Feminina, e logo a seguir ocupou os postos decisórios no novo nicho criado pelo agressor; quando houve Inquisição, inquiria e queimava; quando houve liberais, votaram miguelistas; no fim da Monarquia, esqueceu a colaboração, e pendurou-se nos novos tachos da República; no Estado Novo, voltaram a ser neutrais e colaborantes; quando caiu o Antigo Regime, ocupou-lhe imediatamente as sedes todas; na Regionalização, encolheram-se nas suas corruptas cornijas autárquicas; quando houve aborto em Portugal, continuaram a preferir ir fazer "desmanchos" em Londres e Badajoz; quando se falou de casamentos "gay", fugiram todos para as noites longas do Parque e os "call-boys" das redes de telemóveis; em 22 de Janeiro, votaram todos... em... adivinhe!...
O resultado disto tudo é a Cauda da Europa.
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