Número total de visualizações de páginas

domingo, 30 de abril de 2017

Golpes de vista...

Pelo que venho lendo, e ainda hoje li, as faltas para penalty na área dos adversários do actual campeão são sempre apercebidas pelo juiz de campo, assinaladas e marcadas. O que é perfeitamente justo e correcto. Ali, há sempre uma visão larga dos lances.
Ao contrário, impecilhos de vária ordem impedem que idênticas faltas na área do maior adversário do campeão também se tornem apercebidas ao juiz de campo. Impecilhos que tornam a visão estreita ou deturpada e que os competentes media e comentadores atribuem à intromissão de um qualquer obstáculo na área da visão, ou à rapidez da jogada, e também justificam por pertinentes critérios pessoais de avaliação de intencionalidade da infracção ou da posição dos membros do infractor ou de quem chegou primeiro à bola. O que, para eles, também é justo e correcto, mesmo que óbvio seja o contrário. 
Também para esses ilustres de vistas largas, em média fica tudo equilibrado. Os penaltys que são oferecidos a uns são compensados pelos que são retirados aos adversários. O mesmo equilíbrio se aplica à visão dos juízes: alguma visão por vezes deficiente é compensada por momentos de golpes de vista verdadeiramente assinaláveis.
Golpes de vista concretizáveis em títulos...claro está!...

sábado, 29 de abril de 2017

Os contentinhos reestruturadores da dívida pública

Parece que o plano socialista-bloquista de reestruturação da dívida teve 15 versões. Um plano eclético, pois, em que cada reestruturador meteu a sua colherada e deixou a sua pitada. Ou, numa linguagem mais modernaça, onde cada reestruturador deixou a sua pegada. Mas qualquer processo eclético  apresenta  um terrível senão: é que, feito para agradar a todas as correntes, deixa de ser coerente. 
O que, no caso, não produz qualquer efeito nocivo, antes pelo contrário, já que simplesmente se destina à épater le bourgeois, que até gosta de balões bastante coloridos, mesmo que rebentem mal sejam lançados ao ar. Mas que, por um momento, o patego gosta de olhar.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

E as pernas dos alemães já tremem!...

Pagamento a 60 anos, juros a 1%, 28 mil milhões de dívida perpétua no Banco de Portugal, diminuição das provisões e aumento dos dividendos do banco central, reestruturação a envolver apenas as autoridades europeias...eis o insigne plano do Grupo PS/Bloco, coordenado por um ilustrado governante, e composto por uns quantos catedráticos, outros tantos doutorados economistas,  e uma pitada de deputados, para resolver o problema da dívida. Que, de uma rajada, cairia de 130,7% para 91,7%, veja-se a precisão, do PIB.  
Confesso que sòzinho, e sem precisar de apoio doutorado ou catedrático, faria um power-point tão válido e, certamente, muito mais aprimorado.
De qualquer forma, as pernas dos alemães já devem estar a tremer , que a ameaça de um dos autores tem que ser levada a sério!...

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Um cavalheiro que partiu: Serafim Marques, também Cordeiro do Vale

Soube agora da morte de Serafim Marques, anteontem, creio que com a idade de 92 anos. Fundador e sócio nº 2 do CDUL, Clube Desportivo Universitário de Lisboa, um dos "pais" do râguebi nacional, divulgador incansável do atletismo, jornalista da RTP. Conheci-o em 1980, na minha passagem pela empresa, era ele um consagrado jornalista da área desportiva, famoso nomeadamente pelos conhecimentos e pelo ritmo com que ilustrava as transmissões de atletismo e as mais importantes do râguebi internacional. Educado, modesto, extremamente simpático, dotado de boas relações humanas, vi-o sempre como um perfeito cavalheiro, perdão a quem considera esta palavra desajustada e fora de tom nos tempos que correm.
Naquele ano, a RTP procurava recompor-se da sua persistente situação de bancarrota económica e financeira, tendo sido tomadas medidas de fundo com vista à inversão da situação, entre as quais o combate aos abundantes gastos surpérfluos, nomeadamente deslocações ao estrangeiro, que só eram autorizadas a título muito excepcional e pelo Conselho de Administração (abro aqui um parêntesis para referir que nesse ano a RTP teve os primeiros resultados positivos da sua história, na altura, de 23 anos!...).
Ora o  Serafim Marques veio ter comigo, pesaroso por lhe ter sido recusada a ida, creio que a Londres, para assegurar os comentários ao vivo dos jogos do Torneio das Cinco Nações, e pedindo uma autorização excepcional, dada a qualidade do evento. Como não podia excepcionar a deslocação, tentei convencer o Cordeiro do Vale, nome de guerra que adoptou como jornalista de desporto, de que, dado o seu profissionalismo e qualidade,  ninguém notaria se os comentários fossem feitos de Lisboa. Claro que não o convenci, mas ...vai ver que, mesmo em Lisboa, tudo correrá bem, disse-lhe, em despedida. 
Correu então o torneio, com o Cordeiro do Vale a comentar dos estúdios do Lumiar. Terminado, apresentou-se no meu gabinete, logo no dia seguinte de manhã, bem disposto e sorridente.
- Vê, como tudo correu bem? 
- Oh, Sr Dr., parece que sim, tenho recebido muitos parabéns e ainda há pouco encontrei um grupo de malta do râguebi que me disse: então o torneio terminou ontem à noite e já cá está? Como é que conseguiu?  
Um senhor profissional e cavalheiro, o Serafim Marques também Cordeiro do Vale. Que descanse em paz.

terça-feira, 25 de abril de 2017

25 de Abril...25 de Novembro

Palavras, só palavras, em mais este 25 de Abril. Palavras, reacções, comentários às reacções e às palavras. E, pelo que hoje fui ouvindo, o 25 de Abril de todos não é o 25 de Abril de cada um. E o 25 de Abril de cada um  está longe de ser o 25 de Abril de todos. 
Ah, também houve a rua para um dos 25 de Abril. Também com muitas palavras. Diferente de outros 25, por certo. Por mim, viva o meu 25 de Abril, o que abriu as portas à democracia pluralista. E o 25 de Novembro, que não as deixou fechar. 

Luz e...sombra!...

O défice de 2%  das contas públicas em 2016 é afinal o quinto maior défice da Zona Euro, enquanto a dívida pública atinge o terceiro lugar do pódio. 
De facto, nem tudo o que luz é ouro...
PS: Por ironia, já que governada pelo Siryza que tanto desprezava os equilíbrios das contas públicas, o défice da Grécia transformou-se num superavit de 0,7% do PIB. Espantoso!...

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Abandono

Tenho nove filhos e nenhum me acompanhou ao Hospital...
Lamento de uma idosa, hoje de manhã, no Hospital de Santa Maria

domingo, 23 de abril de 2017

Uma teimosa e fraca ideia, um enorme passivo

A ideia de jogo que faz com que um excelente conjunto de jogadores jogue sem qualquer ideia. Como em qualquer lado, uma ideia errada traduz-se sempre num passivo. Neste caso, o maior passivo do Dragão. Até porque é teimosamente mantida. 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Demolidadores de protestos

Começaram e acabaram as demolições na ilha do Farol, sem quaisquer ajuntamentos, protestos e manifestações dos moradores e associados, ao contrário do que sempre aconteceu em eventos similares.
É um facto: com Bloco e PCP no governo, para além das casas, também os protestos são demolidos.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Fogo de artifício...fogo de lágrimas...

Finda a austeridade no início de 2016, geringonça dixit, a grande aposta era no crescimento. Afinal, aposta furada, o país cresceu menos (1,4%) do que em 2015 (1,5%). 
Para 2017, prevê o governo um crescimento de 1,8%. Um crescimento dito robusto, saudado com grande foguetório pelos partidos apoiantes e comentadores adeptos. Porventura esquecidos de que fogo de artifício também é chamado fogo de lágrimas. Mas essas virão depois. A festa continua.  

terça-feira, 18 de abril de 2017

Estabilidade do país e estabilidade da geringonça

Para Bruxelas ver, o Plano de Estabilidade aprovado pela geringonça é um power-point excelente: crescimento da economia, graças ao investimento e às exportações, diminuição do Estado, pelo decréscimo dos impostos, da dívida, do défice e da despesa pública. 
Para português ver, o Plano de Estabilidade é coisa bastante diferente, tendo por critério único abarcar tudo o que seja necessário para manter a vida da geringonça. Nos últimos dias, só aumento da despesa: integração de dezenas de milhares de precários, aumento de alunos por turma, aumento do número de professores,etc, etc.
Sendo optimistas, uma perfeita quadratura do círculo. Sendo realistas, mais um fenómeno como o de 2016: um aumento brutal da dívida pública não explicável pelo reduzido défice ou por investimentos que fiquem fora do mesmo. Aliás, um aumento brutal da dívida, cuja justificação não vejo sequer questionar, porventura para não colocar o governo em dificuldades de explicar. 
Longa é a distância entre a estabilidade do país e a da geringonça.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Tudo se compra...tudo se vende...

Segundo dados já conhecidos da execução orçamental de 2016, a despesa pública diminuiu 3.000 milhões de euros, valor que mais que triplica os 900 milhões previstos no orçamento.Dado o aumento de remunerações da função pública, no valor de algumas centenas de milhões, tal significa que o "corte" na despesa, excepto pessoal, foi muito para além dos 3.000 milhões de euros, afectando negativamente o cumprimento de muitas funções do Estado, e do Estado Social. Uma política  perversa, de compra de funcionários e sindicatos a troco de melhor remuneração, os primeiros para gerirem as situações de desagrado dos utentes, os segundos para deixarem de proclamar a degradação dos serviços públicos, justificação no passado de greve continuadas.
E assim vai a geringonça defendendo, em acaloradas palavras, o Estado Social, mas aviltando-o nos actos e na prática. Tudo se compra,tudo se vende. 
PS: Claro que a diminuição da despesa pública é um bem em si, se for estável e representar reformas de fundo dos serviços. Porque, se assim não for, como não foi, é mero fogo de artifício, muito aclamado no momento, mas que de imediato se extingue

sábado, 15 de abril de 2017

Os aprendizes de feiticeiro

"...A reacção de Portugal também foi chocante, mas não vou exigir um pedido de desculpas..." , respondeu Dijsselbloem à invectiva do Secretário de Estado das Finanças, Mourinho Félix, mostrando o profundo choque por aquilo que o Presidente do Eurogrupo disse dos países que estiveram sob resgate, e convidando-o a pedir desculpa perante os ministros do Eurogrupo e a imprensa.  
 Começou Mourinho Félix impante e em grande estilo a exigir um desagravo público, bem acompanhado pelas câmaras de uma de uma estação de televisão ao seu serviço, e assim seguro de uma divulgação urbi et orbi. Mas, perante a réplica de Dijsselbloem, engoliu, calou e foi à sua vida. 
Se ao menos ainda fôssemos governados por feiticeiros, vá que não vá...mas com aprendizes totós deste teor...

sexta-feira, 7 de abril de 2017

As reformas antecipadas e o futuro do sistema de pensões

A propósito do anúncio do governo de alterar o regime da reforma antecipada. Não tenho dúvidas que é socialmente aceitável e desejável - melhor dizendo, é socialmente injusto não o fazer - criar um regime especial para os trabalhadores com carreiras contributivas longas e com idades que se encontram ainda longe da INR. Este regime, em particular, só peca por tardio. Na verdade, trata-se de um grupo de trabalhadores que iniciou a vida activa ainda em idades muito jovens.
Se, de um ponto de vista de justiça social, a medida tem os seus méritos, desconhecem-se, no entanto, a sua estrutura e os seus impactos, designadamente em termos de sustentabilidade financeira do sistema de pensões da Segurança Social.
Concretamente, como comparam os efeitos de sinal contrário sobre as receitas da Segurança social, por um lado, do aumento progressivo da INR e, por outro lado, da despenalização das carreiras contributivas longas?
A recorrente adopção de ajustamentos paramétricos no sistema de pensões tem causado problemas graves de injustiça social e de iniquidade intra e intergeracional e reduziu a adequação das pensões, sem, no entanto, ultrapassar o problema da sua insustentabilidade financeira.
Quaisquer alterações, ainda que paramétricas, como é o caso em presença, no sistema de pensões, devem ser bem explicadas e fundamentadas. Os estudos, impactos e resultados devem ser apresentados, assim como os dados e premissas que lhes deram origem, nas vertentes da sustentabilidade social e da sustentabilidade financeira.
É fundamental que não se prossiga no caminho de medidas avulsas sem dispormos de uma avaliação actuarial do sistema de pensões, realizada com total transparência, mediante competências adequadas e independentes e a participação alargada de todas as partes interessadas.
Relembro que em 2015 foi realizada uma avaliação actuarial do Sistema Previdencial da Segurança Social por iniciativa do governo anterior. Embora tenha sido publicada, a mesma não foi colocada à discussão pública para se obter o necessário contraditório. Nada aconteceu. Este teria sido o momento e o local adequados para que todas as partes interessadas, incluindo agentes políticos e sociais, manifestassem as suas dúvidas e suscitassem cálculos e simulações complementares. Desta avaliação actuarial nunca mais ninguém ouviu falar.
A iniciativa política do actual governo de fazer alterações no regime de acesso à pensão de velhice deveria ser aproveitada para discutirmos o que queremos do sistema de pensões, avaliando o que foi feito e os seus resultados, identificando problemas e soluções possíveis numa discussão séria, longe de preconceitos ideológicos e de compromissos políticos com o passado, mas antes centrada no essencial.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Reacção, conversa fiada e telejornais da treta...

O Presidente já reagiu...o PS está a reagir, vamos ligar à sede, no Largo do Rato...no decorrer do telejornal iremos escutar a reacção do governo...o PSD reagiu à reacção...Catarina Martins também já reagiu e criticou o PSD...Louçã reagiu ao silêncio do CDS...o PCP aproveitará a sessão desta noite no Barreiro para reagir através de Jerónimo de Sousa...soubemos agora que Assunção Cristas convocou os jornalistas para uma reunião para daqui a uma hora, a fim de reagir...
O pivot repete o que já se ouviu, seguem-se as reacções em falta, a seguir as contrareacções, e depois as reacções dos comentadores e analistas, não se dispensando a palavra autorizada dos directores em ordem a uma autêntica interpretação das diversas  reacções. E, para reagir em directo, e em cima do acontecimento, logo se anunciam o ministro A e o secretário B, os representantes dos partidos, e um  painel de comentadores.
A isto se resume a vida do país, no critério rigoroso e independente da nossa informação telejornalística.
No mundo real, a vida continua. Contra, e apesar de toda esta conversa da treta.