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sábado, 30 de setembro de 2006

Propaganda sentada!...


Imaginativa e animada, prossegue a Campanha Eleitoral no Brasil.
Já houve tempo em que nesse país se dizia que tudo era proibido, mas tudo era permitido.
Agora já não será bem assim mas, em matéria de escândalos, tudo ainda continua permitido à esquerda reinante.
Lula não sabe, não vê, não ouve!...E ignorante, surdo e mudo, vai ser reeleito. Assim é que se é um bom Presidente.
Àparte isso, em muitos Estados há proibição de afixação de cartazes em postes e paredes. O pessoal cumpre e, cumprindo, até arranja maneira de combater o desemprego. Os postes e paredes são substituídos por autóctones contratados, que galhardamente exibem os cartazes e as bandeiras. Uns de pé, estáticos, outros passeando. Os mais argutos, agora que a amena primavera está a começar, optaram por uma propaganda mais descontraída, exibindo-se comodamente sentados ou até deitados em cadeiras reclináveis, como se vê na fotografia que um familiar meu ontem me trouxe do Brasil. Não sei se jogam pela esquerda, pela direita ou pelo centro. Mas que sabem marcar golo, lá isso sabem, e sem grande esforço!...

Moda



Hoje, mais do que nunca, se glorifica a beleza e o corpo é o fim supremo.
Somente não se aceita o corpo que a natureza dá...e procura-se aquele que se vende nas modistas!...

Eça de Queiroz-Uma Campanha Alegre

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

“Novos riscos”…

Hoje, tive que ir a Lisboa participar numa reunião sobre "Risco Ambiental em Saúde Pública". As apresentações foram elucidativas mas o debate não foi tão quente como desejaria.
Ultimamente já me habituei – nem sei se faço bem ou mal – a ser provocador e polémico em reuniões académicas e científicas, facto que contraria o formalismo nestas áreas. Deve ser, ainda, efeito do contágio parlamentar!
Aproveitei a ocasião para, entre outras afirmações, afirmar que os problemas de saúde pública são, basicamente, da responsabilidade dos políticos e, quer queiramos quer não, temos que apertar, mais a sério, com aquela rapaziada. Como estava presente o Director-geral da Saúde, aproveitei para comentar o recuo legislativo em matéria do fumo passivo e a incongruência com a publicidade paga pelos contribuintes sobre o não fumar em locais fechados!
Não sendo fundamentalista, já que me oponho a qualquer limitação ou restrição aos cuidados de saúde a prestar a este grupo, ou a quaisquer outros, fiquei incomodado com a atitude do moderador do debate que, face aos custos da "saúde", propõe “o registo dos fumadores” – como sinal inequívoco de opção e de responsabilidade individual – de forma a que, em caso de virem a ter necessidade dos cuidados hospitalares, deverão ter "paciência" em esperar, porque os outros têm prioridade! Fiquei arrepiado! No final, tive que lhe dar uma palavrinha explicando-lhe que uma medida dessa natureza é inaceitável em termos de direitos humanos, abrindo as portas às mais variadas formas de discriminação.
Aqui está um exemplo de tirania da medicina, como dizia Petr Skrabanek há muitos anos. E quem fez esta abordagem foi um professor de medicina que, embora jubilado, não deixa de ter responsabilidades, ao classificar os doentes de acordo com as suas opções.
Já não é a primeira vez que foco este assunto, mas sou obrigado a fazê-lo as vezes que achar necessário. Este tipo de “cultura” está a ser incentivada em vários países e não me admiraria nada que “pegasse” entre nós, por razões óbvias. Já vou ouvindo por estas bandas, o que é muito preocupante…

Moderação!...

A ler, no Blasfémias, o texto de Helena Matos, que indica os casos em que se deve moderar a indignação pelos actos do agressor, para que este não se sinta ofendido...

Desígnio inteligente !...

Como é sobejamente conhecido, a Ópera de Berlim resolveu censurar a ópera Idomeneo devido a cenas que atentariam contra figuras do Islão, bem como de outra religiões.
Bem ou mal, foi explicada a razão, possamos ou não concordar com ela.
Mas começa agora a fazer caminho e a divulgar-se a tese reactiva de uma certa esquerda extrema, mas com palco assegurado.
A tese é a seguinte:
a) A censura praticada é errada, porque arte é arte e não se discute.
b) Por isso, tal censura é um acto que só serve para acicatar ódios contra o Islão, culpando-o do sucedido, constituindo um reforço dos que defendem a ideologia da guerra de civilizações e as posições belicistas de alguns líderes ocidentais.
Em conclusão: tal censura nada teve a ver com a explicação dada pela Ópera de Berlim, muito menos com o medo de retaliações, constituindo apenas mais um elo na vasta campanha contra o Islão.
Depois do brutal atentado americano contra as Torres de Nova York, agora um “atentadozinho” alemão!...
Mas que desígnio inteligente, ou talvez melhor, que tese indigente!...

Juros do Euro: voltam a subir?

Na próxima 5ª Feira, 5 de Outubro, reunirá o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) para decidir, entre outras coisas, quanto à sua principal taxa de juro directora (“bid rate of the main refinancing operations of the Eurosystem”, para os especialistas), que se encontra em 3%.
Recorda-se que esta taxa foi aumentada, pela última vez, em 3 de Agosto, quando antes se encontrava em 2,75%.
Tenho a percepção de que o BCE irá subir de novo essa taxa de juro, agora para 3,25%.
É certo que a inflação (preços no consumidor) da zona Euro terá tido em Setembro um comportamento mais condizente com o objectivo prosseguido pelo BCE, que é a vizinhança de 2%, desacelerando em relação a meses anteriores.
Também é certo que a descida significativa dos preços dos combustíveis (o crude já baixou mais de 20% desde o seu pico de quase 80 USD em Julho) deverá ajudar a uma evolução mais favorável dos índices de preços nos próximos meses.
Mas, em contrapartida, os agregados monetários e de crédito, que o BCE acompanha com a maior atenção, mostraram em Agosto uma aceleração que sugere possíveis evoluções de preços menos favoráveis no futuro.
Em especial, o crédito bancário a empresas mostrou uma forte aceleração, para 12%, em termos homólogos, o valor mais elevado registado até hoje pelo BCE.
O agregado monetário mais representativo, o conhecido M3 (depósitos à ordem+depósitos a prazo+outras aplicações equivalentes), também acelerou para 8,2% (7,8% em Julho).
Estes dados, que para algumas pessoas poderão parecer “chinesices”, para o BCE são da maior relevância, são equivalentes a nuvens no horizonte para os meteorologistas.
Por outro lado, o BCE entende que o actual nível da sua taxa de juro, 3%, tem ainda um carácter acomodatício, estimulador da actividade económica quando, no seu entender, a actividade económica da zona Euro já não tem qualquer necessidade deste estímulo.
Assim postas as coisas, permito-me “apostar” que o BCE vai mesmo subir a taxa para 3,25%.
Se vier a enganar-me, podem os senhores comentadores bater à vontade que tenho as costas largas...
Alguém mais quer apostar? Seria engraçado termos aqui um registo de apostas para a próxima 5ª Feira.
Os que perderem oferecem um jantar (baratinho...) aos animadores do 4R. De acordo?

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Chinesices!

Se alguém precisar de um fígado pode procurar no Hospital Central Número Um de Tianjin. Em menos de três semanas conseguem um!...
Entretanto, as autoridades chinesas negam o negócio de órgãos, afirmando que a venda é proibida.
A explicação para tantos transplantes resulta da “generosidade” dos condenados à morte que, antes de serem executados, colaboram, doando os seus órgãos como um “presente à sociedade” Lindo! Mas os familiares têm de pagar a bala que é “introduzida” cirurgicamente na nuca! Não podiam fazer um “descontito”? Então as vítimas doam órgãos que, no caso do fígado, chega a “custar” cerca de 100.000 dólares e ainda têm de pagar o balázio?
Mas alguém acredita nos amarelos de olhos em bico?

Deixa lá passar... que este é dos nossos!...

O Ferreira de Almeida evocou o 28 de Setembro de 1974. Como qualquer grande data, esse dia da Intentona, ou Inventona, tem as suas histórias ou trágicas ou pitorescas. Aqui vai uma verdadeira, com o protagonista ainda vivo, ainda que já padecendo de muita velhice e de outros achaques correlativos.
F. T. era um dos grandes agrários, como então se dizia, deste país. Às suas herdades recebidas por herança juntara as enormes fazendas da mulher.Era rico, dos maiores em Portugal, possuidor de bens que não volatilizam às arremetidas dos mercados, riqueza fundada em bens fundiários e acrescida anualmente dos enormes proventos da cortiça.
Era um homem discreto. O seu nome nunca aparecia nos jornais, sendo uma ou outra vez notícia uma ou outra das suas casas agrícolas. Não sendo criador de touros, também não via o nome nos cartazes, como muitos dos seus amigos, aquando das festas taurinas.
Era poupado e tostão mal gasto não fazia parte da sua cartilha. Todavia, quando a família se juntava, fazia sempre questão de pagar o almoço!...
Não era exibicionista e os seus carros eram modestos. Tinha como luxo um motorista, que o acompanhava sempre nas visitas às herdades, para ver os trabalhos das sementeiras ou das colheitas, para falar com os capatazes ou superintender na recolha da cortiça. Não lhe pagava nem muito nem pouco, mas o motorista sentia-se bem ao acompanhar o patrão nas conversas e desabafos compartilhados durante os frugais almoços de sandes de chouriço ou presunto e de uns belos tragos de vinho à sombra dos sobreiros ou das azinheiras.
No dia 28 de Setembro de 1974 mandou carregar na sua carrinha 4L o que restava de uma valiosíssima antiguidade, sob a forma de peças de uma mesa e de umas cadeiras, para as vir restaurar em Lisboa. Com o motorista, pôs-se a caminho da capital.
Em pleno Alentejo, uma barricada mandou-o parar. Vários camaradas se aproximaram: donde vêm, para onde vão, o que trazem, têm armas, para que quer essa tralha que aí traz, vão à manifestação?, etc, etc. Pois, vinham de Beja, iam para Lisboa, as cadeiras eram para compor, não queriam saber de política. Mas deviam, pois por isso é que os latifundiários estavam a explorar os trabalhadores e a boicotar a economia. E seguiu-se uma sessão de pedagogia política!...
Por último, acercou-se um outro indivíduo e pediu-lhes a identificação. O nosso agrário esquecera-se da carteira e não tinha qualquer documento. Mau, disse o camarada, não o deixo passar sem identificação. A discussão chamou a atenção de um camarada supervisor, que também se aproximou. Que se passa? O sujeito não quer identificar-se... Não é isso, esqueci-me dos documentos….Mostre lá a bagagem!... Já a viram... Mostre lá, ande!...Visionada a tralha, avaliado o conteúdo, a ordem do camarada supervisor: nem eu queria esta porcaria, deixa lá passar, que este é dos nossos!...

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

“Chama-lhe um figo!"...

O paradoxo da higienização pretende explicar por que razão certas afecções estão a tornar-se cada vez mais prevalentes. O caso das alergias e da asma enquadram-se neste conceito. A falta de agressão nos primeiros tempos de vida pode contribuir para esse fenómeno.
Evidências científicas sugerem que o contacto com os animais e com certos microrganismos pode ajudar a evitar a asma e algumas alergias, sobretudo se for efectuada na infância.
Acontece que muitas pessoas são alérgicas a gatos e como existe uma apetência especial por esta espécie os cientistas encarregaram-se de procurar soluções.
Há já algum tempo foi anunciada a produção de “gatinhos antialérgicos”, e mesmo a clonagem dos felpudos. Agora surge a notícia, segundo a qual, uma empresa norte-americana de biotecnologia conseguiu eliminar a proteína responsável. Ou seja, um em cada 50.000 gatos não possui a dita proteína responsável pela alergia. Identificaram-na. Agora, é só pô-los a reproduzir. O preço não é barato, mas não devem faltar compradores. Com pouco mais de 3.000 euros é possível obter um bicho com estas propriedades. No caso de quererem “perpetuar” um felino de estimação, a coisa é mais delicada, os preços sobem para os 40.000 euros. Se aliarmos a clonagem reprodutiva a "gatinhos antilaérgicos" abre-se uma boa área de negócio, porque há sempre pessoas, por esse mundo fora, capazes de desembolsarem tamanhas quantias.
O senhor Presidente da República, na sua visita a Espanha, convidou os cérebros portugueses a regressarem ao país e aos que vegetam por estas bandas para não saírem. Palavras sábias e sensatas. O pior é o resto! Com tantos licenciados desempregados (40.000?), doutorados sem condições práticas, e com as carteiras vazias, aliados às vítimas do encerramento acelerado de empresas por esse país fora, devido ao facto de não sermos competitivos, vem o senhor ministro da economia dizer que o nosso futuro assenta na mão-de-obra especializada. Mãos não especializadas parece que há, pelos vistos, com fartura, e quanto às especializadas deverão estar enfiadas nos bolsos ou a apertarem a cabeça de muitos pensando no que fazer com a vida.
As áreas das tecnologias são vitais, nomeadamente da biotecnologia. Por exemplo, podíamos começar a produzir, também bichinhos “antialérgicos” ou a clonar animais de estimação a preços mais competitivos! Bom, neste último caso a nossa experiência resumiu-se apenas a um animal. Inicialmente tinha sido previsto clonar um bovino, mas por causa da falta de dinheiro tiveram que contentar-se com um ratinho, que morreu em 2005, e que se chamava Figo!
Ponham um ratinho à frente de um gato, quer seja ou não “antialérgico”. Chama-lhe um figo! Mas o que estão a “colocar” à frente dos portugueses, especializados e não especializados, não é muito agradável, estando muito longe de chamarem à sua situação um figo

Assim vai a "nossa" informação!...

Para a Informação da nossa RTP, Neuenfels, o encenador da ópera Idomeneo, censurada com grande consternação pela Ópera de Berlim devido a cenas que atentariam contra figuras do Islão, bem como de outra religiões ("because of scenes dealing with Islam, as well as other religions"), é conhecido pelas suas provocações. Estas provocações, pelos vistos, desculpariam a decisão da Ópera de Berlim.
Não duvido que seja provocador. E também não tenho qualquer dúvida sobre o mau gosto de Neuenfels em alterar o libretto original.
Mas, a avaliar pelo passado dessa mesma informação, não duvido também de que, se no sacrifício Maomé fosse poupado e apenas Buda e Jesus Cristo degolados, a provocação seria alta criação artística e provocador seria quem esboçasse o mais leve protesto!...
E assim, confundindo prudência com censura, quando convém, os bons espíritos jornalísticos se acalmam!...

A saga de Blair

Não, não estou a referir-me ao nosso astuto comentador Tonibler, mas sim ao ainda Primeiro-Ministro e Leader do Partido Trabalhista Britânico, conhecido por Tony Blair.
Se as previsões e compromissos não falharem – em política não há impossíveis – Blair deixará a liderança do Partido primeiro (lá para Maio/2007) e logo a seguir a chefia do Governo britânico (Julho/2007).
Vale a pena, parece-me, tentar abstrair do turbilhão de notícias que se têm sucedido para meditar sobre alguns aspectos mais pessoais do enredo que conduziu ao anúncio da provável saída prematura de Blair, confirmada esta semana no congresso do Partido Trabalhista reunido em Manchester.
Tenho a noção de que por trás desta história estão, com certeza, a ambição, a intriga e a traição, condimentos quase obrigatórios nestas guerras internas pela sucessão das lideranças políticas.
Neste caso, avulta a figura de Gordon Brown, Chanceller do Tesouro (Ministro das Finanças) e agora, como de há muito se admitia, sucessor mais provável de Blair na chefia do Partido e do Governo (até ao termo do mandato deste, lá para 2008/9).
Brown tem manobrado no sentido de forçar a partida antecipada de Blair, tornou-se agora claro para toda a gente.
As suas relações com Blair nos últimos anos não foram boas, e Blair, que de inocente não tem nada, deve de há muito ter percebido as ambições de Brown.
Curiosamente, como todo o sucessor nestas circunstâncias, Brown pretende agora dar público testemunho da sua amizade “sólida” com Blair e elogiar aquele a quem espera em breve suceder.
Fê-lo na sua intervenção desta 2ª Feira no Congresso. Quem parece não ter gostado nada desse elogio foi a mulher de Blair, Cherie, que terá murmurado, para algumas pessoas ouvirem, qualquer coisa como isto “Isso é uma mentira!”.
A divulgação deste murmúrio parece ter tido forte impacto nos media britânicos, começando a ganhar relevo o estatuto de “traidor” atribuído a Brown, com inevitáveis repercussões para a sua imagem e popularidade.
Tento imaginar como se sentirá Blair hoje, depois de ter obtido um feito único na história da política britânica, com três vitórias consecutivas para os Trabalhistas em eleições parlamentares.
E agora obrigado a abandonar a liderança do Partido e do Governo sob a pressão dos seus correlegionários e em consequência das manobras de um dos seus mais directos colaboradores e seu provável sucessor.
Blair, que é um político nato e brilhante, conseguiu ontem fazer um discurso de “despedida” no Congresso que arrebatou a plateia, merecendo hoje os mais rasgados elogios da imprensa britânica. The Guardian”, “Daily Telegraph”, “The Times”, “The Sun”, são unânimes em considerar esse discurso como notável, para fazer história e eclipsando o discurso algo enfadonho de Brown, na véspera.
Blair deve naturalmente sentir-se desiludido e talvez amargurado, com certeza desejoso de ver G.Brown tropeçar e estatelar-se quando começar a sentir a crueza das dificuldades do cargo futuro para as quais não terá as qualidades do antecessor.
A sua mulher não menos, com certeza.
Não sei bem porquê, mas tenho a impressão de que Blair ainda virá a dar cartas na política britânica, quer Brown venha a suceder-lhe ou não.

“Elefantes papel de parede”…

A expressão “elefante branco” é bem conhecida entre nós. Aplica-se sempre que estamos perante algo muito dispendioso ou sem grande utilidade. A origem tem a ver com o facto de - sendo muito raro - não servir para trabalhar, nem usar na caça, só para olhar e cuidar do bicho…
Esta elefanta, pintada como se fosse papel de parede, de vermelho e dourado, por Bansky, fez furor em Los Angeles. O artista colocou-a dentro de uma casa montada num armazém para simbolizar como o mundo ignora o problema da pobreza.
“Elefantes papel de parede” também abundam por aí, a par dos “elefantes brancos”…

terça-feira, 26 de setembro de 2006

O papagaio do pirata


Olha, lá está ele assomando pelo ombro do ministro!
Aquele ombro, conhece-o bem. Tal como conhece bem todos os ombros de todos os ministros e de todos os secretários de estado. É neles que pousa, garboso e colorido, para a câmara de televisão ou para máquina fotográfica, desafiando o famoso melga. Que figurão!
Criatura ameaçada recorrentemente de extinção, por diferentes vezes anunciado morto, é uma verdadeira fénix. Com sobrevivência garantida por aparelhos vários.
É um adorno. Um berloque da democracia.
Nos dias que correm, já não lhe exigem que, como outrora, imite a voz do dono. Já não lhe pedem sequer que fale. Agita o penacho, somente.
Mas soube acomodar-se e encontrar um novo estatuto. O de companhia de ministro e de secretário de estado nas deslocações destes. Onde surgem, pimba! salta-lhes logo para o ombro, o seu palco. Para aquele ombro solidário, ainda que do mesmo lado em que ao governante falta o olho e surge a pala. Conveniente pala que consente ao governante dizer que não vê a ave...
Olha, lá está ele outra vez, o senhor governador civil!

Cultura acidental!...

Via Blasfémias e International Heral Tribune de hoje: "The Deutsche Oper said it had decided "with great regret" to cancel a planned production of Mozart's "Idomeneo" after Berlin security officials warned of an "incalculable risk" because of scenes dealing with Islam, as well as other religions".

Cultura ocidental ou censura medieval?

Não foi brilhante!...

As coisas não foram brilhantes hoje na Champions League: F.C.Porto e Benfica perderam.
Vi o jogo do Arsenal na televisão e tive pena de não ter visto o do Porto. Ou pior, vi um dos piores "portos" de sempre em jogos internacionais.
Ganhou o Arsenal, porque tem melhor equipa, porque tem melhores jogadores, porque jogou melhor. Argumentos fundamentais e indiscutíveis para uma boa vitória.
Mas Jesualdo também deu uma ajuda, se bem que marginal, quer pelo reforço da defesa, descurando o meio-campo e deixando o ataque desapoiado, quer pela inventiva de colocar jogadores fora do seu habitat natural, quer pela "esperteza" evidenciada de colocar jogadores em campo pela primeira vez, quer por fazer alinhar uma equipa original...
Esta mania de querer surpreender!...

As Seringas e as Cadeias: a "velha" discussão...

Esta semana, no Expresso, Fernando Madrinha faz um pequeno texto a que chama "QUEM FORNECE A DROGA" , texto esse a propósito, segundo diz, da interposição de uma providência cautelar, por parte de um advogado de um detido em Paços de Ferreira, com o propósito de impedir o projecto da troca de seringas nas cadeias com o qual o seu cliente parece estar em total desacordo.

Sinceramente ainda não percebi o que este governo quer e...se quer!
Tem tantas comissões a trabalhar ( lá terá que ir "demitindo" algumas, parece que hoje o Sec.Est.Admin.Pub. já acabou com uma...) que as conclusões de tão opostas que são tornam-se difíceis de opção e mais ainda de concretização.

A comissão que trabalhou no Plano de Combate à Propagação de Doenças Infecciosas em Meio Prisional quer a troca de seringas, contra tudo e contra todos.
Mesmo contra os próprios dados dos estudos quer nacionais quer do observatório europeu, que apontam para o reduzidíssimo número de "novos casos" entre muros prisionais; os infectados entram infectados, não se infectam lá dentro.
Por outro lado, o Plano Nacional contra a Droga e as Toxicodependências que vai vigorar até 2012, quer criar salas de injecção assistida ( presumo que nas cadeias...e estou bem mais de acordo do que a troca de seringas "a seco"!) mas o governo aparece a dizer que, se as Câmaras de Lisboa e Porto derem luz-verde criará já, em 2007 , salas de chuto nas zonas da cidade onde os toxicodependentes adquiram drogas duras e se injectem a céu aberto!!!
Reina a confusão, esta matéria é difícil e delicada, se não fosse as decisões estariam tomadas há muito tempo...mas menos polémico e mais urgente me parece a integração dos Serviços de Saúde prisionais no S.N.S., os reclusos com medicação instituída quando são tranferidos de estab. prisional, vêm imediatamente essa medicação suspensa até nova avaliação, o que é dramático sobretudo frente à medicação anti-HIV.
Tenho a mair das penas que o anterior governo não tenha concretizado este seu objectivo, penso que por falta de entendimento financeiro entre Justiça e Saúde... este governo assinou há pouco um despacho entre estes dois ministérios que cria um "grupo de trabalho" com a missão de preparar a integração! OXALÁ!!!

Prós e Contras-II Parte

A grande revolução na economia espanhola foi a da flexibilidade, referiu Aznar.
Não aprendemos?

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Prós e Contras

Excelente primeira parte dos Prós e Contras. Realce para as boas perguntas de Fátima Campos Ferreira e as brilhantes respostas de Aznar, para a lúcida introdução de Dias Loureiro às relações económicas com a Espanha e para a frase de Ernâni Lopes, corrigindo a ideia avançada por FDF de "pacto" entre o Governo de Aznar e os empresários que teria permitido o avanço da economia espanhola: "não é pacto, é fazer as coisas bem feitas".
Já Dias Loureiro o tinha dito: políticas públicas correctas. É isso mesmo!... É essa a função do Governo.
Realce ainda para o Presidente da Lactogal, que recusou a ideia de proteccionismo, reduzindo as dificuldades às condições de mercado.
E não falo das hesitações na resposta por parte de António de Almeida sobre o afastamento da Iberdrola das decisões na EDP. De facto, não faz sentido ter no Conselho de Supervisão um concorrente, seja ele espanhol ou alemão. Devia tê-lo dito claramente. E não é proteccionismo. Apenas funcionamento do mercado.

Batalha da produção!...

Ouvi agora que o Ministro da Saúde disse que é necessário aumentar o número de abortos nos hospitais públicos.
Muito bem. De acordo com a velha escola, as grandes séries aumentam a produtividade e diminuem os custos, colocando o produto a preços mais favoráveis ao consumidor.
E venham também os rankings hospitalares e os prémios de produtividade para dinamizar a área!...
E para sucesso total, actue-se logo na origem. Viagra gratuito e abaixo o preservativo!...

“Pandemia e irracionalidade”…

A “gripe das aves” tem sido alvo de atenção e preocupação, quer por parte das autoridades, quer por parte da comunicação social. Esta tem os seus picos ditados por critérios desconhecidos. Houve períodos em que éramos bombardeados a torto e a direito ao ponto de a morte de um pato, num qualquer lago da cidade de Lisboa, ter direito a reportagem televisiva! A forma como abordavam o assunto levou muita gente a deixar de comer frango, muitas “doceiras” a deixarem de usar ovos, para bem dos pecados dos gulosos, além de medidas de proibição de comercialização nos mercados e feiras de simpáticas, e algumas nutritivas, aves, provocando dificuldades em muitos comerciantes e industriais. Depois, meteram-se pelo meio o mundial, as férias, o Gil Vicente, e agora, que o tempo vai ficar mais convidativo ao surgimento das infecções das vias respiratórias superiores, é natural que comecem a apontar as câmaras e as notícias sobre este assunto, desde que não ocorra algum acontecimento político de monta, suficiente para a relegar num plano secundário, o que não acredito, a não ser que seja declarada uma “sangrenta” guerra à lei das finanças locais!
Os planos de contingência continuam a ser elaborados, e adaptados, de acordo com novos conhecimentos científicos e epidemiológicos. Tudo bem, mas pensamos que não é suficiente, porque é indispensável formar e informar, sem alarmar e causar pânico, a população. A ausência de uma política neste sentido – informação e formação adequadas e contínua – vai originar situações muito graves. Temos de conhecer melhor como as pessoas reagem e como podemos influenciar o seu comportamento. Os acontecimentos recentes da epidemia da pneumonia atípica permitiram conhecer o comportamento dos canadianos e as reacções às medidas de quarentena. Com base nestes estudos é possível prever os comportamentos das comunidades. Uma das conclusões é a tendência para reagirem irracionalmente, correndo para os hospitais antes mesmo de terem sintomas, ou ficarem em casa quando se encontram desesperadamente doentes! Controlar estes aspectos não é nada fácil, sendo susceptíveis de provocarem disfunções sociais muito graves dificultando o controlo da doença.
As previsões, de acordo com os modelos aplicados, são pessimistas. Muitas pessoas vão ser atingidas, e caso a taxa de mortalidade seja idêntica à observada em 1918 ocorrerão milhões de vítimas. A fim de minimizar a situação, quer em termos humanos, quer em termos económicos – calcula-se que nos Estados Unidos os custos atingiriam 600 mil milhões de dólares – deverão ser tomadas diferentes medidas, que constam dos variados planos de contingência, o mais rapidamente possível, sobretudo a nível da formação e informação da população. Na perspectiva da pandemia poder ocorrer no tal período de “seis meses a seis anos”, reiteradamente anunciado pelo Director-geral de Saúde, gostaríamos de saber o que é que está a ser feito em termos de evitar comportamentos irracionais por parte das comunidades? Se deixarmos a informação e a “formação” ao sabor da comunicação social, não é de prever grandes resultados. Mudar comportamentos não é fácil, e muito menos em “seis meses”! E em “seis anos”? Talvez, mas só com muito esforço e organização…


domingo, 24 de setembro de 2006

A razão na religião

Tem plena razão o Papa ao dizer que não é possível viver a religião sem a mediação da razão, já que é esta que impede o excesso, o fundamentalismo e a violência.
Tem sido difícil, ao longo dos anos, a mediação da razão nas questões religiosas.
Só isso explica o passado de lutas, de rivalidades e de violência entre os seguidores do Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo, três religiões com óbvios pontos de contacto, nomeadamente através de “profetas” comuns.
Este tema dos pontos de contacto entre religiões, com origem perdida na distância dos tempos, não apenas entre as que nos são mais próximas, mas entre estas e outras mais estranhas para nós, como o Induísmo, as Religiões Chinesas ou o Budismo é um tema fascinante.
Há pouco mais de um ano, por alturas da minha viagem à Índia, procurava algo que me fizesse conhecer um pouco do Induísmo, para melhor compreender o país que ia visitar. Deparei então com o facto, para mim espantoso, de coincidências notáveis em religiões tão diferenciadas, como o Cristianismo e o Induísmo. Á existência de uma Trindade no Cristianismo corresponde também a existência de uma Trindade no Induísmo (Brahama, Vishnu e Shiva). E à encarnação de Vishnu em diversas épocas e formas, por exemplo Rama e Krishna e a uma outra esperada reencarnação “para salvar a humanidade da degradação moral que atingiu a sociedade” (como, aliás no Judaísmo), corresponde no Cristianismo a encarnação de Jesus, o Filho de Deus, também para salvar a humanidade.
Também nessas andanças encontrei o livro Religiões do Mundo- Em Busca de Pontos Comuns, da autoria de Hans Kung, conhecido pela sua obra e sobretudo por ter sido proibido de ensinar Teologia Católica na Universidade de Tubingen, onde era e é Catedrático, devido a questionar alguma posições tradicionais da Igreja, entre as quais a infabilidade papal.
Continuando como professor, agora jubilado, de outras cadeiras na mesma Universidade, foi recentemente recebido pelo Papa, presumindo-se que tenha sido bem substancial e curiosa a conversa com o ex- Cardeal Ratzinger, precisamente quem, em tempos, traçou o veredicto de o afastar da cátedra acima mencionada.
É bem interessante o que o Professor Hans Kung refere no seu livro a propósito dos pontos comuns do Islamismo com o Cristianismo e o Judaísmo, tema bem actual.
Também aí se conclui que a razão não pode estar ausente da leitura crítica e da interpretação dos textos fundadores, sob pena de se subverter a mensagem essencial de cada uma das religiões.

Ecologia comunista!...



A chaminé de uma fábrica em pleno centro de S. Petersburgo, ao lado de um dos canais!...

...Ou a ecologia comunista como exclusivo artigo de exportação!...

sábado, 23 de setembro de 2006

Para lá do discurso da paz, a amarga realidade


Segundo um estudo recentemente divulgado a despesa militar a nível planetário ascende a 834 mil milhões de euros. Habituados a lidar com outras escalas no nosso pequeno canto, não é fácil apreender a real dimensão deste valor. Mas tem-se a intuitiva noção de que se trata de uma cifra extraordinária mesmo considerando que se refere à globalidade das nações.
O referido estudo revela ainda que a indústria mundial de armamento viu os seus lucros subirem 70% em apenas 4 anos (2000-2004).
Dirão alguns que é o preço a pagar pela paz que não se faz sem armas. Outros dirão que é o custo da guerra necessária.
Eu interrogo-me quanto ódio, miséria, fome poderiam ser evitados se uma parte daquela astronómica quantia fosse investida noutros combates, nos combate à verdadeira causa da guerra que é a derrota do humanismo como doutrina, de que as faces mais expostas são o desprezo pelos mais elementares direitos humanos e o subdesenvolvimento.
Interrogação que não significa ingenuidade. Estou consciente de todos os interesses que orbitam em redor dos pequenos e grandes conflitos e que alimentam esta e muitas outras indústrias. O que não me impede a utopia de pensar que não tem de ser assim o mundo que legaremos aos nossos filhos.

Anti-fascismo e defesa da liberdade

Anti-fascismo e defesa da liberdade não são a mesma coisa.
Diz, e bem, JoãoMiranda no Blasfémias:
"...Grandes anti-fascistas foram Álvaro Cunhal e Vasco Gonçalves que, por acaso até trabalharam a vida inteira para instaurar uma ditadura comunista em Portugal..."
E mais:
"...O simples facto de, em 2006, as contribuições para a Liberdade serem discutidas com base na terminologia do PCP, um partido que nunca escondeu os seus objectivos totalitários, só mostra como era difícil a defesa da liberdade individual..."
Era e continua a ser, digo eu!...

Mudam-se os tempos...

Retirado do Blog arnaldomadureira

Títulos jornalísticos e Finanças locais:

Em tempo de governo do PSD: "Governo ataca autarquias"

Em tempo de governo do PS: "Autarquias atacam governo".

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

A poderosa análise de António Vitorino!...

Magistral, verdadeiramente magistral, o artigo de opinião de António Vitorino no DN de hoje sobre o discurso do Papa.
Define bem o objectivo da conferência:
“…É claro para todos que o objecto da conferência do Papa não era o Islão: era sim o sempre recorrente tema do cardeal Ratzinger sobre a identidade europeia, que ele funda na convergência entre o legado do racionalismo da filosofia clássica grega e a fé cristã. Essa simbiose indissolúvel, no entender do Papa, explica porque é que não é possível viver a fé sem a mediação da razão. Esta impede que a vivência mística resvale para o excesso, o fundamentalismo e a violência...”
E vai à causa da polémica:
“…Na origem está em causa um ditame do mundo mediático em que vivemos: raciocínios complexos não têm lugar na comunicação instantânea de que nos alimentamos diariamente. Uma passagem de um discurso denso e extenso que tem o "picante" de referir o Islão e o seu profeta, desprovida do seu contexto e por isso marcada por um sabor actualista, tem um efeito de atrair a atenção do grande público muito maior do que uma explicação detalhada do seu alcance real…”.
Tal é a ligeireza da comunicação social que foi no antepenúltimo parágrafo de um texto do Blog O Diário do Anthrax aqui assinalado que li a frase onde se faz o contraponto à passagem que deu origem a toda a polémica e onde se condena toda a violência em nome da religião.
"…The emperor, after having expressed himself so forcefully, goes on to explain in detail the reasons why spreading the faith through violence is something unreasonable. Violence is incompatible with the nature of God and the nature of the soul. "God", he says, "is not pleased by blood - and not acting reasonably…”.
E termina António Vitorino:
“…Os radicais violentos conhecem e usam em proveito próprio esses meios de comunicação, tal como o tentam fazer também (e muitas vezes com êxito) em relação aos meios de comunicação ocidentais. É tempo também de nós passarmos a perceber a realidade comunicacional no mundo árabe e a integrá-la como elemento do nosso próprio processo de decisão política…”
Sabe bem ler uma análise culta, profunda e inteligente, longe da superficialidade e da incultura histórica, filosófica e arrogante de tantos!...

“Neurónios musculados, precisam-se!”…

Tenho seguido com muita atenção o trabalho e a investigação de um notável cientista português, o professor Castro Caldas. O neurocientista revela-nos, graças às novas tecnologias, como funcionam os cérebros dos analfabetos e os que aprenderam a ler em criança. As diferenças são abismais, provando que a melhor aprendizagem deverá ocorrer em momentos certos acompanhando o desenvolvimento cerebral. Agora, e a propósito de um livro sobre o " Desastre no Ensino da Matemática: como recuperar o tempo perdido", foi noticiado que o professor Castro Caldas defende que "o treino da memorização não é uma actividade menor". Depreende-se que o treino da memória é indispensável ao desenvolvimento cognitivo e que se acompanha de um aumento dos neurónios e respectivas ligações. Assim, a velha técnica de “aprender de cor” a tabuada é muito positiva. A notícia não me surpreendeu pelo facto de acompanhar a obra do colega, mas desencadeou uma velha recordação.
Lembro-me do sucesso que tive com a tabuada dos “2”. O professor ensinou-nos, numa linda manhã, que íamos começar aprender a tabuada. Começámos pela dos “2”. Cantámos em voz alta. Da parte da tarde – na altura as aulas eram todo o dia e Sábados de manhã – o professor colocou-nos no seu gabinete. Sozinhos, e sentados no chão, repetíamos em voz alta, tendo nos joelhos a velha e saudosa tabuada. Depois, um a um, regressávamos à sala de aulas, onde, sem o recurso da tabuada, tínhamos que a "cantar", sem erro, para o professor. Em caso de falha ou erro, o professor recambiava-nos para o gabinete. Chegou a minha vez e cantei-a sem nenhum erro. O professor mandou-me repetir mais duas ou três vezes e também perguntou alternadamente. Vi, pelo seu olhar, que estava contente, e disse-me: - Oh rapaz, hoje tens o resto da tarde livre, agarra nas tuas coisas e vai para a casa. Fiquei de boca aberta, porque ainda faltava muito tempo para as cinco. Todo satisfeito, e ufano da minha proeza, fui para a estação dizer ao meu pai. Assim que me viu lançou-me um olhar de espanto e disse-me: - Olha lá que é que estás aqui a fazer!? Fugiste da escola? Antes que a coisa desse para o torto ripostei com toda a velocidade: - Foi o senhor professor que me mandou embora. - Mandou-te embora!? As coisas, pelo olhar duro que me estava a lançar, estavam mesmo a ficar complicadas. Disse meio aflito: - Oh pai eu sou o melhor da tabuada dos “2”! Lá se acalmou e, depois mais tranquilo, expliquei-lhe o sucedido, não deixando de lhe cantar a tabuada para provar que era verdade. Ficou satisfeito e deixou-me brincar toda a tarde no cais. Uma tarde inesquecível! Comecei a pensar que se as coisas eram daquela maneira, e faltando ainda as dos "3", dos "4" e as outras, ainda teria a possibilidade de ganhar mais sete maravilhosas tardes fora da escola, desde que fosse capaz de as decorar convenientemente. Foi o que fiz, e com sucesso, só que o professor não me premiou como da primeira vez...
As técnicas de memorização estendiam-se a muitas outras actividades. Ainda hoje, e não obstante o tempo já passado, ainda recordo muitas coisas aprendidas com esta técnica. Espero que tenha estimulado a produção de muitos neurónios e sobretudo muitas conexões neuronais, porque com a idade muitos vão à vida, e para sobrevivermos no mundo cada vez complexo e competitivo que nos cerca bem precisamos de neurónios bem musculados, caso contrário...

Fazer de conta!...

Vem sendo anunciada pelo Ministro Vieira da Silva e pelo Governo uma profunda reestruturação da Segurança Social.
Ora as reestruturações têm como objectivo a melhoria do serviço, aumentando-lhe a qualidade e diminuindo-lhe o custo, repercutindo os benefícios no seu pagador e utilizador.
Ora na dita reestruturação em curso acontece precisamente o contrário: os benefícios para o utilizador vão diminuir e os custos que suporta vão aumentar.
O valor das reformas vai diminuir significativamente e, ao que hoje ouvi, mais uma série de rendimentos, para além do ordenado, vai ser abrangida pelos descontos.
Portanto, uma “reestruturação” que leva a uma situação pior que a actual, e com a agravante de lhe não conferir sustentabilidade, uma reestruturação que não requer grande trabalho e, muito menos, imaginação, que esta também o dá e muito!... Aumentam-se os valores a receber e diminuem-se os benefícios, e já está!...
Propostas alternativas são mandadas liminarmente para o caixote do lixo, com o argumento fácil, e também não muito trabalhoso, de que isso só iria beneficiar as entidades privadas.
A esquerda socialista de Vieira da Silva vai assim fazer o que mais gosta, isto é, fazer de conta.
Como se comprovará dentro de dois ou três anos.
Declaração de interesses: A minha pensão de reforma estará a cargo de um Fundo de Pensões, pelo que a minha opinião não é condicionada por interesse directo na matéria versada.


O exemplo (quase) inacreditável da Cantor Fitzgerald

No ataque terrorista às torres gémeas de New York, de 11.09.01, uma empresa sofreu danos inimagináveis e, numa primeira análise, irreparáveis: a “broker-dealer” Cantor Fitzgerald, um dos mais importantes intermediários da Bolsa de Valores.
A Cantor Fitzgerald ocupava cinco pisos da Torre Um, do 101º ao 105º, no World Financial Center.
Em consequência daquele ataque, pereceram 658 dos seus colaboradores, incluindo os sócios, brokers (executam ordens de compra e venda de títulos dos clientes), traders (compram e vendem títulos segundo estratégias próprias), especialistas em tecnologias da informação, empregados administrativos e secretárias.
Morreram todos os que se encontravam ao serviço nos 5 pisos naquela fatídica manhã.
A Empresa ficou quase totalmente dizimada, escapando apenas aqueles que por razões acidentais não se encontravam no edifício na altura, bem como dois colaboradores que se encontravam nos elevadores e que ainda puderam salvar-se, um deles sofrendo graves queimaduras.
Um dos poucos que escaparam foi Howard Lutnick, um dos sócio da Cantor com seu irmão Gary e alguns amigos próximos, todos estes mortos no ataque.
Howard encontrava-se fora do escritório para levar um filho ao jardim de infância, naquele que era o primeiro dia de “aulas”. Salvou-se por isso.
Outra meia dúzia de colaboradores escaparam à carnificina por se encontrarem em trabalho no exterior.
E ficaram também, por óbvias razões, os que trabalhavam no escritório de Londres.
Os anos que se seguiram constituem uma verdadeira epopeia de trabalho, que em Portugal será por certo entendida como fenómeno estranho e exemplo a evitar.
Howard Lutnick e os poucos que com ele sobreviveram lançaram-se numa tarefa quase impossível de recuperação do que restava de capital da Cantor.
Mudaram três vezes de instalações encontrando-se agora num escritório ocupando os primeiros pisos de um prédio entre a rua 59 e a Lexington Ave, muito próximo do conhecido Bloomingdales.
Howard nunca mais quis instalar-se em pisos elevados.
Estiveram várias vezes à beira de desistir, de fechar a porta, mas persistiram sempre.
A grande parte dos colaboradores tem trabalhado – ainda hoje trabalham – cerca de 90 horas por semana. Howard só excepcionalmente não trabalha aos fins-de-semana.
E o que aconteceu cinco anos volvidos?
A Cantor tem hoje mais empregados do que tinha em 11.09.01.
Recuperou o seu lugar no mercado, voltando a ser uma das mais prestigiadas “broker-dealer” da Bolsa de New York, nomeadamente no mercado de dívida que foi sempre a sua principal especialidade.
Até parece mentira, mas é verdade factual.
Para quem estiver interessado em mais pormenores, designadamente histórias pessoais nalguns aspectos impressionantes, sugere-se a leitura da edição da BusinessWeek de 11/09 último.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Ai, os húngaros!...

Parece que continuam os protestos na Hungria, exigindo a demissão do socialista Primeiro-Ministro Gyurcsány, na sequência da revelação das declarações que proferiu secretamente num encontro com o seu Grupo Parlamentar, na estância do lago Balaton e que trancrevem do Diário de Notícias: "Fizemos merda, não um bocado, mas muita. Ninguém na Europa fez disparates semelhantes [nas contas públicas]. É evidente que mentimos ao longo dos últimos 18 meses", diz Gyurcsány, na gravação. E, mais à frente: "Não fizemos nada durante quatro anos, nada. Não podem citar uma única medida de que possamos orgulhar-nos, excepto o facto de termos saído da merda no fim [a vitória eleitoral]".
Não percebo tanta agitação e a exigência da demissão, já que o homem até foi muito sincero e correcto na análise e, além do mais, perspicaz, ao fazê-la perante os seus parlamentares, a maneira mais prática de elas virem a ser conhecidas, sem o ónus de as dizer publicamente.
Por isso, o que os húngaros faziam de melhor era reelegê-lo de imediato, até porque teria mais dificuldades em mentir no futuro.
Mas, segundo os media, os húngaros preparam-se para escolher um novo Primeiro-Ministro que conviva melhor com a verdade.
Se é essa a única razão, santa ingenuidade, a dos húngaros!...
E politicamente incorrectos. Então não é que se indignam agora com as mentiras públicas de uma esquerda que sempre reivindicou para si a superioridade moral inscrita no seu código genético? Onde é que isto nos poderá levar!...

"O gene de Deus"

Este artigo foi escrito pouco tempo após o 1º de Dezembro de 2004, Dia Mundial da Sida, na sequência de uma conferência proferida em Fátima. A experiência vivida nesse encontro despertou-me algumas reflexões com base numa recente leitura de uma interessante obra: “The God Gene” de Dean Hamer. Agora, o post do Dr. Pinho Cardão, “O nosso destino!...”, onde fala de diversos genes, nomeadamente o da religiosidade e de um presumível “gene de ateísmo militante”, que desconheço, embora o da religiosidade possa ter algum fundamento, levou-me à procura do dito, que passo a publicar:

Ao longo da minha vida tenho tido a oportunidade de participar em várias mesas-redondas e conferências. A última revestiu-se de particularidades que não posso deixar de descrever e comentar. A propósito do Plano Nacional de Saúde, a Pastoral da Saúde convidou-me a fim de participar numa mesa sobre educação em saúde, mais concretamente sobre comportamentos de risco e estilos de vida.
Sala repleta. Feitas as apresentações, o responsável pela organização começou com uma oração acompanhado pelos participantes. O próprio moderador, colega de longa data procedeu, igualmente, a uma reflexão filosófica-doutrinária captando a atenção do auditório. Confesso que, realmente, nunca tinha vista nada parecido, mas detectei uma atmosfera receptiva e ávida de conhecimentos, não obstante a diversidade da mesma.
Quando se fala em público, quer queiramos, quer não, sente-se sempre um certo nervosismo. No meu caso, e apesar das largas centenas de horas passadas como conferencista e orador, sinto sempre uma grande responsabilidade. Desta vez a ansiedade estava mais controlada. Tendo sido o último a perorar, tive a oportunidade de auscultar os semblantes e as posturas dos participantes. Notável. Estavam mesmo com atenção. Largas centenas de pessoas ouviam, bebiam e encantavam-se com o que se estava a discutir. Havia mesmo uma certa atmosfera espiritual para qual contribuiu, com toda a certeza, o intróito já referido. Acontece que a população presente, dominada por princípios doutrinários óbvios, fez-me recordar os últimos desenvolvimentos acerca do trabalho de Dean Hamer com a sua tese sobre a existência de genes susceptíveis de explicar a maior ou menor espiritualidade expressa no seu livro, "The God Gene", que tanta celeuma tem levantado, nomeadamente nos teólogos. De acordo com este cientista, existirá um gene que favorece o estímulo cerebral através de determinadas substâncias químicas, as quais favorecerão a auto transcendência e, consequentemente, a promoção de uma espiritualidade que está na base da religiosidade verificada em todos os quadrantes deste planeta. O autor chega mesmo a afirmar que se trata de uma vantagem evolucionista ao permitir conciliar a nossa existência com a fatalidade da morte, diminuindo a angústia. Não importa, de momento, saber se tem razão ou não, apesar de os estudos efectuados revelarem uma associação. Também não vejo razão para tanto crispamento por parte de alguns sectores religiosos. A pergunta que perpassou o meu espírito foi saber quantas das pessoas presentes teriam o tal gene e qual a intensidade da sua expressão. Tinha acabado de fazer estas reflexões quando me foi dada a palavra. Tentei ser o mais objectivo e didáctico possível sem deixar de ser, ligeiramente, provocador. A reacção surpreendeu-me. Fui interpelado com profundidade e muito respeito. O tempo já tinha sido ultrapassado em muito e a finalizar o moderador precedido do organizador fizeram mais uma vez as suas prédicas de uma forma muito simples e elegante, focando, precisamente, o facto de ser o Dia Mundial da Sida com as suas terríveis consequências, sobretudo no Terceiro Mundo. Mesmo que não exista o "gene de Deus" há pelo menos a genialidade humana....

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

"Ministro do Tabaco"...

O senhor ministro da saúde é um hipócrita ao dizer que vai permitir aos cafés, restaurantes e hotelaria quatro anos para se adaptarem à nova legislação antitabagista. Se isto não é um recuo, então o que será? E o tolo gasta dinheiro em publicidade para dizer que fumar em locais fechados, provoca blá, blá, blá...
O senhor ministro também anuncia medidas tipo taxas "moderadoras" para internamentos e cirurgias. Com a medida “pró tabaquito” o senhor ministro está a contribuir para que muitos portugueses tenham oportunidade de adoecer durante os quatro anos de “adaptação” à nova lei, devido ao fumo passivo. Daqui se infere a possibilidade de obter mais umas miseráveis massitas provenientes das taxas “moderadoras”, a não ser que os doentes, vítimas do fumo passivo, sintam a tal desejada dissuasão na procura do S.N.S…
A atitude do ministro do saúde fez-me recordar a afirmação de um colega britânico, segundo o qual, “não há doente mais barato do que um doente morto”!
Assim não, senhor ministro! Pense, pense, pense, é para isso que serve a massa cinzenta, a não ser que o “vírus do desatino” lhe tenha provocado lesões irreversíveis...

O nosso destino!...

Segundo o estudo de um grupo de psicólogos hoje revelado pelo Diário de Notícias, parece que lavar as mãos lava também a consciência.
Não será grande novidade, pois Pilatos também já o saberia, há mais de 2000 anos.
Mas não deixa de ser interessante, sobretudo se confrontado com as conclusões de outras descobertas “científicas” no domínio da biologia e da medicina, em que se identificaram os genes responsáveis pela criminalidade ou pela solidariedade, pela estupidez ou pela inteligência, pela religiosidade ou, aqui presumo eu, pelo ateísmo militante.
Nascendo com tais genes, o homem nasce por eles programado, está pré-determinado desde a origem, falho de livre arbítrio, nada podendo fazer contra o seu destino que lhe foi traçado em momentos diferentes de humor pela mãe natureza.
Pode ser santo ou bandido, sério ou vigarista, útil ou inútil, Madre Teresa ou traficante, que não tem mérito nem culpa, a sua vida foi definida mesmo antes de ter nascido.
Neste contexto, o sistema de justiça e as cadeias são uma gratuita violência e um atentado aos direitos humanos, ao prenderem inocentes completamente irresponsáveis pelos seus actos.
E quando, num assomo de uma consciência primitiva, alguns pensam que agiram mal em determinada circunstância, bastar-lhes-á lavar as mãos para aquietarem uma consciência deficiente e mal formada, por ainda conseguir distinguir o bem do mal!...
Lutei bravamente para não apresentar este "post", que me pode colocar mal perante a ciência. Todavia um gene que comigo convive, não sei se bom, se mau, impeliu-me inexoravelmente a publicá-lo. Mas se, por esse motivo, me vier a pesar a consciência, lavarei as mãos e a consciência ficará tranquila!...
Falando um pouco mais a sério, esta questão da conciliação das novas descobertas da genética com o livre arbítrio é questão bem relevante e complexa, que começa a ser estudada nos domínios da filosofia , da biologia, da medicina, da sociologia, da teologia e de uma miríade de outras ciências. No fim, veremos então melhor o nosso destino?

A ler...


... este bem humorado post de Paulo Gorjão no BLOGUITICA sobre o virus do desatino, a vulnerabilidade de alguns e as condições da sua propagação que - digo eu - começa a assumir proporções de epidemia.

O Novo Imposto Socialista!

O Ministro das Finanças garantiu que, em 2007, não há subida de impostos.
OK, acredito!
Mas parece que vamos ter um imposto novo: o" ISD "( Imposto Socialista sobre a Doença).
Os portugueses que se preparem, dos hipocondríacos então nem falo, cada cirurgia que teimem em fazer, cada escapadela de fim de semana ou ponte de feriados que queiram passar, refastelados , num serviço hospitalar...olhem que vão passa a pagar uma taxa MODERADORA!
A partir de agora há que fazer bem as contas, receio que já não valha a pena, em termos de preço, entre um turismo de habitação lá para o meu nordeste transmontano ( em época baixa, claro ) e um bom serviço ( por ex. de infecciologia ) de um bom hospital da rede pública.

Agora falando sério, ainda tenho esperança que a Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do S.N.S., até 15 de Outubro, data em que vai entregar o relatório ao governo, nos traga , de facto, novidades nesta matéria e não se fique pela conclusão do relatório intercalar que foi noticiada e que nos "soube" a Lapalisse pois concluía que a hipótese mais viável para garantir a sustentabilidade financeira se centrava no aumento dos impostos e na subida dos co-pagamentos directos do cidadão no momento da prestação...
Não acredito que uma comissão de peritos se limite a tão básica conclusão!
Vamos aguardar, estou atenta .

Os sítios errados das igrejas de S. Petersburgo


É impressionante o esplendor das igrejas ortodoxas russas de S. Petersburgo. Seja por não estarmos habituados a tal arquitectura, seja pela sua magnificente decoração, em que os ícones têm um lugar saliente, o resultado é esmagador.
Infelizmente, algumas foram destruídas, nomeadamente aquando da construção do metro da cidade.
Acontecia, por um infeliz acaso, que as igrejas estavam normalmente colocadas nos precisos sítios onde tinha que ser implantada uma estação do metro. Com enorme desgosto das autoridades comunistas, que sempre prezaram as liberdades e ainda as pregam nos nossos dias, desde Cuba à Coreia do Norte, elas tiveram que vir abaixo, em nome dos mais amplos interesses das massas trabalhadoras.
Perdeu-se um património valioso, mas foi mais uma ocasião de demonstrar o amor comunista soviético pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
Que retribuíram logo que puderam, mudando o nome da cidade de Leninegrado para S. Petersburgo, o seu nome primeiro.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

"Taxas estimuladoras”...

As medidas destinadas a diminuir as despesas com a saúde tornaram-se no prato diário. Raro é o dia em que não são proclamadas iniciativas. Por um lado compreende-se, já que os gastos com as despesas nas áreas das doenças atingem níveis incomportáveis, e as perspectivas futuras não apontam para qualquer melhoria, bem pelo contrário. O pior, no meio disto tudo, é a ausência, quase total, das chamadas medidas de prevenção.
As pessoas envelhecem e, consequentemente, correm mais riscos. A par deste fenómeno, o facto de não terem adoptado os melhores estilos de vida e comportamentos agrava e desencadeia muitas situações que, de outro modo, poderiam ter sido evitadas. Sendo assim, é pertinente colocar a seguinte questão: por que razão não adoptaram os ditos estilos de vida saudáveis? A resposta mais adequada está ao alcance de qualquer um: porque, na grande maioria dos casos, não foram educados nesse sentido e não têm cultura.
Realmente, as principais causas de doença e, também, de morte prematura têm a ver com o nível cultural.
Portugal, nesta área não se pauta por grande coisa. Temos o nível mais elevado de analfabetismo, de iliteracia, de abandono escolar prematuro, as mais baixas taxas de licenciados, enfim, um panorama que nos persegue há alguns séculos e que, ainda, não conseguimos resolver. Ao contrário de outros países, que invejamos, não fomos capazes de aproveitar a época do iluminismo para dinamizar tão importante sector da vida humana.
Se analisarmos o que acontece, entre nós, a propósito do nível escolar e saúde, verificamos aspectos muito curiosos. Por exemplo, a prevalência da diabetes, da hipertensão arterial, do colesterol elevado, dos enfartes, das "tromboses", da morte por doenças cardiovasculares, só para citar algumas situações que, pela sua natureza, constituem fontes de gastos astronómicos para qualquer serviço nacional de saúde, revela uma relação inversa com o nível escolar. Por ordem decrescente, os analfabetos são os mais atingidos, seguidos dos que têm o nível básico e o nível secundário. Os que frequentaram ou possuem o nível superior são os que correm menos riscos. As relações são tão gritantes que poderíamos afirmar: para travar e inverter as situações patológicas mais prevalentes em Portugal há necessidade de melhorar a qualidade de ensino das nossas crianças e jovens propiciando-lhes uma excelente formação cultural e académica. Ora, como é do conhecimento geral, estamos a anos-luz do objectivo já enunciado. Também não podemos esquecer que a "produção" de um adulto culto demora 20 a 25 anos. Sendo assim, e partindo do princípio de que seríamos capazes de um "milagre" educacional, seria necessário uma geração de esforço e muito investimento, o que não se compagina com as nossas tradições. Trabalhar tanto e esperar uma eternidade?
Aqui está a melhor solução para resolver os nossos problemas de saúde e, naturalmente, reduzir os correspondentes gastos.
É através dos ministérios da educação, da ciência e da cultura que poderemos resolver muitos dos males que afligem o corpo e a alma de grande parte dos nossos concidadãos. E, em jeito de "efeitos secundários" de tais medidas, ainda poderíamos alcançar o almejado desenvolvimento económico que tarda a manifestar-se.
Tudo isto sem taxas moderadoras, mas com "taxas estimuladoras”...

Despesa Pública: Cair? Até talvez… mas não pela primeira vez em 30 anos!…

Não há dúvidas de que o que este Governo gosta mesmo é de celebrar e festejar! Pouco importa se nada há que o justifique, ou que o “tiro saia pela culatra” – o que importa é fazer a festa.

Ainda na semana passada tivemos mais um exemplo, desta vez dado pelo próprio Primeiro-Ministro, José Sócrates. Já conhecedor dos números da execução orçamental de Agosto, mesmo antes da sua divulgação, no dia 15 (o que é normal acontecer), e como esses números mostrassem uma melhoria face a meses anteriores (como já no anterior post reconheci), o Primeiro-Ministro não se conteve e tratou de bradar aos sete ventos: “(…) estou em condições de garantir que a despesa pública vai este ano cair em função do PIB – e isso será algo de inédito em 30 anos de História nas finanças públicas em Democracia”.

Ora, de acordo com o dicionário, inédito significa “que é completamente novo” ou “ que não foi visto antes”, ou ainda “que nunca foi mostrado ou exibido”. No entanto, a simples consulta da base de dados do Eurostat permite comprovar que, desde 1974, sucedeu ter a despesa pública caído em onze (sim, 11!) anos face ao PIB. A saber:

1. 1979 (31.8% para 31.1%);

2. 1982 (36.8% para 36.5%);

3. 1984 (36.5% para 36.4%);

4. 1987 (39.2% para 38%);

5. 1988 (38% para 36.6%);

6. 1994 (45.4% para 43.7%);

7. 1995 (43.7% para 42.8%);

8. 1997 (43.6% para 42.6%);

9. 1998 (42.6% para 41.9%);

10. 2000 (43.2% para 43.1%); e

11. 2002 (44.4% para 44.2%).

Aliás, mesmo que o Primeiro-Ministro tivesse tomado como referência a nossa entrada na então CEE, em 1986, este facto “inédito” teria ocorrido em oito anos anteriores. E mesmo que se levasse em consideração apenas o tempo em que somos membros da Zona Euro (desde 1999), o acontecimento qualificado como “inédito” teria, afinal, ocorrido duas vezes…

Não sei quem forneceu esta informação a José Sócrates, mas ela está absolutamente errada. Como o comprova o rol de onze ocasiões em que, nos últimos 32 anos, a despesa pública desceu face ao PIB.

Será, sem dúvida, positivo que a despesa pública caia relativamente ao PIB. Mas, para além de ser preciso esperar pela confirmação, convenhamos que não deixa de ser confrangedor ver um Primeiro-Ministro auto-elogiar-se e congratular-se perante uma façanha que de inédita… nada tem – muito pelo contrário, porque tantas vezes já ocorreu no passado.

E assim vamos, sempre em festa, mesmo quando os motivos para festejar não são, de todo em todo, minimamente válidos!...

Euforia e seus protagonistas

Num artigo publicado na edição de ontem do DN, o conhecido comentador Octávio Teixeira, economista e destacado membro do PCP, referia-se ao ambiente de euforia após a divulgação, na semana passada, dos dados do PIB para o 2ºsemestre – crescimento de 0,9%.
E recomendava cautela, pois não via razão para grandes euforias.
Para sustentar a sua tese, aquele Comentador lembrava no essencial o seguinte:
1º) O facto de a economia ter desacelerado do 1º para o 2º trimestre, em termos homólogos, de 1,1% para 0,9%;
2º) A evolução bastante negativa do investimento produtivo, mostrando que os investidores ainda não estão convencidos da sustentabilidade da recuperação;
3º) O facto de as economias da zona euro, no seu conjunto, estarem a crescer 2,5% ou até mais, significando que nos continuamos a atrasar e a distanciar dos nossos parceiros económicos mais directos.
Como aspecto curioso , o tom bastante técnico do texto, despido (aparentemente) de sabor ideológico.
O. Teixeira acrescentou uma nota pessoal, pondo em contraste o que considerou a euforia mal contida do Ministro das Finanças e a maior prudência do Gov/Banco de Portugal.
Feita esta referência, três observações da minha lavra.
A primeira, que este episódio de euforia alimentada pelo marketing político da semana passada, me recordou episódio semelhante (embora com muito menor intensidade) ocorrido há precisamente dois anos, quando também se percebeu que o desempenho da economia em 2004 iria ser melhor do que o previsto – como se sabe o PIB cresceu nesse ano 1,2%.
Nessa altura, um ou outro porta-voz do PSD proclamaram que o período de dificuldades estava a chegar ao fim, que tínhamos entrado numa era de prosperidade ou quase.
Perante tais declarações, tive oportunidade de manifestar a minha surpresa e desacordo.
Era para mim claro que esses porta-vozes não tinham entendido o carácter transitório dessa fase de melhor desempenho da economia e, ao contrário do que proclamavam, as dificuldades não só não estavam ultrapassadas como o mais difícil estava até para vir.
A segunda observação, de que o comentário de O. Teixeira me parece no essencial equilibrado e sensato, pondo em evidência dados insofismáveis a ter em boa conta.
Terceira observação, para dizer que me suscita maior reserva a diferença de protagonismo atribuída por O. Teixeira aos dois responsáveis político-económicos.
Tendo estado atento às reacções de um e de outro, recolhi uma impressão oposta: pareceu-me mais cautelosa a reacção do Ministro das Finanças.
O que à primeira vista poderá parecer surpreendente atentas as funções mais políticas do Ministro.
Mas talvez não seja bem assim.
Tanta coisa tem estado a mudar entre nós, que já nem mereça especial nota o que há alguns anos teria sido motivo de espanto: o BP ser o porta-voz do optimismo económico.

Novo Tribunal da Inquisição

Perante as manifestações exarcerbadas dos "bem-pensantes" ocidentais e de apelos aos pedidos de perdão em relação a qualquer ténue crítica ao islamismo, para já não falar da censura a qualquer citação sobre o tema da jhiad, estou em crer que a situação está madura para se estabelecer um Novo Tribunal da Inquisição que julgue atentados de opinião à religião islâmica.
Para assegurar o seu carácter neutral e gobal, será criado no âmbito da ONU, tendo Delegações em todos os países, com secções especializadas para julgar os delitos dos órgãos da comunicação social, movimentos de opinião e partidos políticos.
No seu estatuto serão ainda incluídas cláusulas que permitirão julgar e condenar até centésima geração todos aqueles que exprimam uma suave dúvida sobre a iniciativa de Bush em derrubar as Torres Gémeas.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Bufa-lhe, Zé!...

Não há como sair de Lisboa para ainda ouvir algumas das expressões castiças da língua portuguesa.
Neste fim de semana, entrei num restaurante nas imediações de S.Pedro do Sul, com o curioso nome de Manjar do Retiro, onde logo se notava um ruidoso e alegre grupo de sete cavalheiros, da zona da meia idade, que tomavam conta da mesa e da sala.
Éramos também sete e ficámos sentados na mesa ao lado, não deixando de apreciar, algumas vezes a contragosto, a bem disposta balbúrdia dos nossos vizinhos.
Depressa se notou que um deles fazia anos e, pelo fim do almoço, chegou um enormíssimo bolo de aniversário.
Depois de devidamente festejado, e acesas algumas dezenas de velas, fez-se um momentâneo silêncio. O suficiente para um dos comparsas gritar para o aniversariante: bufa-lhe, Zé!..., o que, por bem audível, provocou a risota geral!...
Mais adiante, com os cafés, um deles resolveu inovar, deitando uns “cheirinhos” de vinho no dito. Perguntou-lhe um dos meus parceiros de mesa. Então que tal? Gosto de café, mas com sabor diferente, respondeu!...
De facto, neste mundo uniformizado, ainda há umas alegres desigualdades!...
Claro que do enormíssimo bolo, nada restou. Foi o aperitivo para o jantar, segundo ouvi!...

Contas Públicas: Preocupações atenuadas, mas…

Os números da Execução Orçamental do Estado até Agosto, divulgados no final da semana passada pela Direcção-Geral do Orçamento são, indubitavelmente, menos negativos do que os de meses anteriores – e isto, sobretudo, porque o crescimento da despesa se atenuou consideravelmente, tendo desacelerado 4.8 pontos percentuais (5.4 e 7.5 pontos respectivamente, se considerarmos a despesa corrente e a despesa corrente primária, isto é, descontando os juros da dívida pública).

Contudo, e ainda assim, a despesa total do Estado cresce mais do dobro do previsto no OE’2006, a despesa corrente cresce quase 60% acima e a despesa corrente primária cresce 72% a mais!...

E isto é que é preocupante!...

Desde a divulgação dos números relativos a Junho que tenho para mim que o défice público de 4.6% do PIB será cumprido este ano. Mas sê-lo-á sobretudo à custa de uma evolução mais favorável da receita – que até poderá permitir um resultado melhor do que os 4.6%... – e não de um efectivo controlo da despesa pública. O que significa que esta estratégia de redução do défice não é sustentável, pois mão é crível que os ganhos de uma maior eficiência na cobrança da receita se possam perpetuar – nem a economia portuguesa aguenta mais aumentos de impostos!... Logo, se, ao invés do que agora sucede, as condições da economia se deteriorarem, lá piora a cobrança da receita e… lá subirá o défice outra vez… não ser que algo seja feito do lado da despesa: cortar, controlar, consolidar. O que, até agora, infelizmente, ainda não se sentiu. E toda a gente sabe que os últimos meses do ano costumam ser pródigos em mais despesa…

Enfim, a ver vamos, mas pelo caminho que levamos não me parece que, apesar de o cumprimento do défice poder ser uma realidade, haja motivos para deitar foguetes e fazer a festa, como tanto este Governo gosta. Já se os cortes que têm sido noticiados na imprensa relativos ao OE’2007 forem mesmo por diante… aí sim, a história é outra, e começamos (finalmente!) a ir no caminho certo, depois da rábula dos 6.83% e do contraproducente aumento de impostos, que só permitiu engordar ainda mais o “monstro” do Estado.

Aguarda-se, pois, com expectativa quer o OE’2007, quer os relatórios da Direcção-Geral do Orçamento relativos aos meses que faltam de 2006. Para se saber onde vamos parar e se, depois dos erros cometidos, vamos finalmente arrepiar caminho.

domingo, 17 de setembro de 2006

Testemunhos de uma revoltante pobreza


Aproveitando os últimos dias amenos do verão que se despede, foi a família em passeio pelo Alentejo.
Almoço em Évora no excelente ´Luar de Janeiro´ e partida para visita a Évoramonte cujo imponente castelo completa este ano 7 séculos. Ocasião para também gozar de um panorama deslumbrante da planície centro-alentejana.
Ali chegados é total a desilusão. A menor das desagradáveis surpresas que nos esperavam foi o facto de o posto do turismo não ter para distribuir qualquer suporte em português do significado histórico-cultural do conjunto monumental!
Sim, o pior estava por ver. Transpostas as muralhas deparámos com a placa que a segunda foto documenta, anunciando que entre dinheiros comunitários e comparticipação nacional foram gastos mais de 60 mil euros presumivelmente em arranjos exteriores e tratamento cénico do castelo. A belíssima fortificação bem merece um enquadramento condigno. As primeiras fotos documentam o estado de abandono a que as obras se encontram votadas. Estão por ali, espalhados entre o mato, os restos do que terá sido uma rede de rega. Vestígios de uma tela permeabilizante que supostamente deveria servir de apoio a uma zona verde. As placas (de granito?) que deveriam marcar o passeio pedonal que circunda o monumento encontram-se também elas submersas na vegetação que, sem qualquer ordem ou cuidado, por ali vai crescendo. E até os projectores da iluminação correm do risco de um dia serem descobertos ao mesmo tempo que um qualquer vestígio arqueológico, tão enterrados no mato se encontram...
O painel anuncia que o concurso decorreu em 2004. Em 2006 - volvidos 2 anos - o estado é o que acima mal se descreveu.
Alguns dirão que estes desperdícios são tiques de um país que se julga rico.
Mas na realidade são retratos de um país pobre e desleixado, testemunhos da revoltante indigência por parte de quem não sabe reconhecer, e por isso jamais saberá proteger a riqueza que tem!


Hipotecas

Será que aparecerá algum membro do Governo a condenar esta hipoteca com a mesma veemência com que se reagiu neste outro caso?

sábado, 16 de setembro de 2006

“Infecciologia e política”

As conquistas médicas e biológicas fizeram crer, em tempos, que o problema das doenças infecciosas estaria em vias de ser resolvido, graças às medidas de higiene, de prevenção, de vacinação específica e tratamentos médicos. Nada mais falso. Muitas permanecem activas com a mais natural arrogância; outras adquiriram um estatuto mais virulento, não esquecendo as mais recentes que, sendo até há pouco tempo desconhecidas, emergiram com uma força mortífera, antevendo graves dificuldades e sérios problemas, mesmo a curto prazo para a humanidade.
A nível mundial, um quarto das mortes e um quarto das doenças são da sua responsabilidade. Mas não é a espécie humana a única a ser atingida. As outras espécies, animais e vegetais, são igualmente vítimas.
O impacto económico atinge cifras inimagináveis da ordem de muitos milhares de milhões de euros. O exemplo da pneumonia atípica é ilustrativo. Em 2003, esta grave doença matou pouco mais de 1.000 pessoas. No entanto, o produto nacional bruto no Leste Asiático sofreu uma redução de 2%. Calcula-se que a expectável pandemia da gripe das aves poderá matar milhões de pessoas e provocar prejuízos na ordem de 700 mil milhões de euros, num simples ano!
As preocupações e os esforços na luta contra as vicissitudes, miséria e doenças estão bem patenteados em vários documentos.
A esperançosa Declaração do Milénio que antevia, entre muitos outros objectivos, parar e começar a inverter a propagação e a incidência de determinadas doenças, como a tuberculose, o HIV/SIDA e a malária – “The Big Tree” – está condenada ao insucesso, já que não é possível atingir os objectivos previstos para 2015.
A pobreza, as viagens, as correntes migratórias, a intromissão de novas espécies, as alterações das práticas agrícolas e uso da terra, a intensa urbanização, as alterações climáticas, o aumento de idosos e de pessoas com redução imunitária, as agressões físicas e químicas a que estamos constantemente a ser sujeitos, determinam um futuro nada auspicioso em matéria de doenças infecciosas. Às velhas epidemias, que irão fazer a sua reentrada, associam-se outras muito problemáticas.
Face às ameaças, os responsáveis conseguem desenvolver meios sofisticados, graças às novas tecnologias, que poderão, por exemplo, identificar se um ser humano, um animal, um presunto, ou uma fruta são os não portadores de determinados agentes, numa questão de “minutos ou segundos”! Outras medidas, que se prendem com o controlo e “trajectória” das pessoas, de forma a limitar os danos ou a estabelecer as respectivas medidas de isolamento e de quarentena, serão passíveis de implementação, mas com um senão: possível ameaça às liberdades individuais.
Hoje, é possível estabelecer com precisão os dias e horas dos contactos telefónicos e, através deles, identificar, por exemplo, redes de terroristas, como foi o caso do 11 de Março em Madrid. Há quem afirme que, em caso de epidemias infecciosas, os registos telefónicos poderão ser úteis para identificar contactos e “traçar a trajectória”. Outras técnicas de localização e identificação “permanentes” estão na calha.
Uma análise mais aprofundada permite-nos concluir que o que está a acontecer não é um mero assunto da esfera da Infecciologia, mas é, sobretudo, um problema político. Por mais que actuemos ao nível médico – biológico nunca seremos capazes de resolver o problema da forma mais adequada, ficando muito aquém do que está, de facto, ao nosso alcance.
A política é o principal caldo de cultura ao permitir o desenvolvimento e a multiplicação de “agentes” que poderiam modificar o rumo destes acontecimentos. Só que alguns caldos estão fortemente contaminados por agentes tão ou mais perigosos que muitos vírus ou bactérias…

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

“Uma verdade inconveniente”


Hoje tirei um “bocadinho do meu tempo” e enfiei-me numa sala de cinema para ir ver “Uma verdade inconveniente”.
Valeu a pena! Uma lição rica e bem conduzida por Al Gore.
A sala estava às moscas com pouco mais do que uma dúzia de pessoas. Todos jovens, menos eu…
Aprendi muito.
Sabe bem ir às aulas!

Apito Encandeado!...


O Apito Dourado lá vai andando nas páginas dos jornais, sendo que, segundo o Público, as suspeitas envolveram 18 dos 25 árbitros da Liga de Futebol e só sete escaparam à investigação. Dos nove internacionais, há apenas três sobre quem não recaiu qualquer suspeita.
E também vai desandando, nas páginas dos pareceres jurídicos, agora que mais uma vez se soube que Gomes Canotilho, ilustre constitucionalista, considera não haver crime…por não haver legislação que o suporte, abrindo assim uma saída dourada para os arguidos.
De qualquer maneira, de uma forma ou de outra, todos os dias o dourado apito se vai fazendo ouvir e se vai fazendo ler.
Entretanto, Nuno Assis foi considerado inocentíssimo na acusação de doping que sobre ele impendia, á revelia de todas as decisões anteriores de casos semelhantes. E Petit, depois do seu comportamento enérgico com o árbitro, a mostrar quem mandava, apanhou três jogos de castigo. João Pinto apanhou 6 meses de suspensão, numa prova internacional, porventura por menos.
O brilho e as luzes do Apito Dourado encandeiam assim outros apitos, que nem chegam a vislumbrar-se.
Passou, aliás, o tempo dos negócios discretos, eventualmente apenas conhecidos por leves indiscrições telecomunicativas. Em nome da transparência, os bons negócios fazem-se, hoje, à plena luz do dia!...

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Antes da Embaixada, mas com bandeira e tudo!...


Não, não é nenhum organismo oficial. Aliás, a Embaixada de Portugal, implantada num bonito palacete da zona antiga da cidade, só agora é que irá abrir.
Trata-se tão só do estabelecimento comercial de um português que resolveu ganhar a vida em Tallin, capital da Estónia.
Chamado Casa de Portugal, com bandeira e tudo, o estabelecimento abriu recentemente as suas portas, junto à principal praça da cidade. Vende fundamentalmente vinhos e azeites portugueses, a que se juntam algumas porcelanas e artesanato. Três senhoras estónias simpáticas e bem apresentadas atendem o público. Pena foi que o dono não estivesse presente.
Á noite, num restaurante próximo, lá estavam vinhos portugueses.
Pedimos um verde de Monção, que acompanhou bem um excelente e estónio prato.
Parabéns ao nosso português, que cometeu a proeza de chegar a Tallin, mesmo antes da Embaixada!...

O estranho caso de José Sequeira

O Financial Times dá hoje relevo de 1ª página ao julgamento, no Tribunal de Trabalho Europeu, sedeado no Luxemburgo, de uma queixa de um funcionário da Comissão, de nacionalidade portuguesa, José Sequeira de seu nome, o qual terá sido colocado em situação de baixa compulsiva por doença, em Junho de 2004, em circunstâncias que se afiguram pouco claras.
Segundo reza a notícia do FT, José Sequeira terá sido colocado na situação de baixa prolongada na sequência de alegadas ameaças e de chantagem exercidas contra a sua pessoa por responsáveis de serviços da Comissão.
E acrescenta o FT, cerca de 200 funcionários da Comissão (1% do total) são colocados anualmente na situação de baixa prolongada por doença, metade dos quais por alegados problemas de ordem mental.
Sequeira, que entrou ao serviço da Comissão em 1988, terá começado a ter problemas em 2001, quando o responsável de um Departamento o acusou de fazer circular um “dossier difamatório” relativo a alguns colegas.
Depois desse episódio, um médico de serviço da Comissão ter-lhe-á comunicado que, a menos que se sujeitasse a uma consulta com um psiquiatra indicado pela Comissão, seria desde logo colocado em baixa por doença.
Sequeira foi então consultar o psiquiatra que lhe tinha sido indicado, após o que foi considerado incapaz para o serviço.
Os juízes do Tribunal que está a julgar o caso têm feito alguns comentários em que manifestam estranheza face aos procedimentos adoptados pela Comissão, mas ainda não emitiram qualquer veredicto.
Sequeira pede ao Tribunal, para além do reconhecimento do direito a voltar a trabalhar no seu local de trabalho, uma indemnização de 2 milhões de euros por prejuízos materiais e danos morais.
Confesso que não conhecia este caso e ignoro de todo o fundamento das razões que dum lado e do outro são esgrimidas.
Mas por ter sido já vítima de decisão cegamente arbitraria de autoridade administrativa em Portugal - decisão que continuo a considerar uma monstruosidade moral e jurídica e que espero seja muito em breve clarificada após quase 4 anos de um silêncio difícil de suportar - tenho natural suspeita em relação a este tipo de procedimentos administrativos sumários.
Essa suspeita é reforçada pelo número elevadíssimo de casos de baixa prolongada por doença que a Comissão decide anualmente e que são referidos nesta notícia.
Recordei-me, não sei porquê, do recente e muito mediático caso que levou ao afastamento do Presidente da Câmara de Setúbal resultante, segundo o que foi divulgado, da aplicação de reformas compulsivas supostamente desejadas pelos atingidos.
Aguardemos o veredicto do Tribunal.
E acrescentemos que a decisão recorrida é anterior ao início de funções do actual Presidente da Comissão...

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Ainda o financiamento das autarquias

O Dr. Tavares Moreira relançou neste post um tema que gerou comentários muito interessantes. Alguns desviaram a questão para o quadro mais geral do financiamento do poder local já por diversas ocasiões aqui abordado. Volte-se ao tema, aliás actual.
Independentemente da percepção e do julgamento que cada um faça sobre o papel de municípios e freguesias, as autarquias são uma realidade e serão no futuro uma realidade cada vez mais presente na vida das pessoas. Por isso não se estranhe que os responsáveis autárquicos procurem obter os meios para satisfazer as necessidades das populações que servem. O contrário é que seria de estranhar.
Quem tem um contacto, mínimo que seja, com a vida autárquica sabe bem que a necessidade de obter receitas é hoje sobretudo a consequência de dois fenómenos. Da maior consciência social de que as autarquias, prestando serviços públicos indispensáveis, não são esferas de poder isoladas e distantes, proximidade que facilita a exigência dos cidadãos quanto a mais e melhores prestações. Ninguém hoje se conforma que na sua rua não haja ou falhe a iluminação pública; ou que permaneça, um dia que seja, esburacada. Que não se recolha o lixo. Reclama-se - e muito bem - que as escolas cuja manutenção está a cargo dos municípios tenha condições de trabalho mas também comodidades como o Estado nunca garantiu. Reclama-se por espaços verdes em condições, redes em permanente funcionamento, fornecimentos (de água, por exemplo) de qualidade, intervenções urbanísticas de alto standard, que se fomente a cultura, que se apoiem as agremiações, que se vivifique o tecido empresarial, que se apoie o comércio tradicional, que se trate da integração de minorias, que se faculte a todos habitação, que se mantenha a rede viária mais extensa do país em condições de permanente circulação, que se criem e mantenham espaços de desporto e lazer, etc, etc, etc.. Nada disto se faz sem dinheiro e aos autarcas ainda não foi outorgado o divino poder de multiplicar pães...
O segundo factor é o acréscimo constante de incumbências aos municípios, normalmente tarefas de que o Estado se quer desfazer porque lhe pesam. Seja na educação, no ambiente, no ordenamento e gestão do território, na protecção civil, na cultura e desporto ou nas obras públicas. Mesmo um governo centralista como este é, não deixa de sacudir para as autarquias funções que não quer exercer. Não ficaremos, de resto, por aqui. Nos próximos tempos, ainda que sob uma habilidosa tutela directiva por parte do Governo, assistiremos a um movimento de translacção de novas competências na área da saúde e da educação. Cá estaremos para comentar.
Sei bem que a hora é de fustigar autarquias e autarcas. Está na moda, os media e por vezes os governantes ajudam ao festim do espancamento permanente. Todavia, os julgamentos populares induzidos pelas autênticas lavagens cerebrais promovidas pela generalidade da comunicação social, raramente são justos porque generalizam aquilo que tantas e tantas vezes não passa de uma amostra pouco significativa de situações condenáveis.
A verdade é que este sentimento explica a reacção geral quanto a qualquer esforço, mais ou menos criativo de as autarquias obterem meios para financiar as suas actividades.
Deixo claro que penso e defendo que o esforço de contenção financeira que se está a ensaiar na administração directa e indirecta do Estado tem de se fazer na administração local. Acho mais. Entendo que os municípios poderiam e deveriam dar uma lição no que respeita à eficácia da parcela da receita pública que utilizam. Aqui na 4R já manifestei o meu apoio de princípio às propostas de alteração da lei das finanças locais do Governo e lamentei o desvio desses princípios, por exemplo, no que respeita às empresas municipais.
É também para mim evidente que o modelo de financiamento das autarquias deve evoluir na direcção de uma maior responsabilidade destas entidades na captação de receitas, designadamente através da atribuição de poder tributário próprio, de modo a que os autarcas sintam o ónus político de tributar e graduem as despesas em função dos meios financeiros derivados da capacidade contributiva dos cidadãos e das empresas da autarquia (sem embargo da necessidade de financiamento estadual à equidade territorial).
Porém, não se pode partir da exigência de maior rigor e responsabilidade na gestão dos dinheiros públicos para uma condenação irracional que está a ser feita de todos os municípios e freguesias, de todos os autarcas deste País.
Perdeu-se o sentido de que pela acção de muitos autarcas se contribui para a melhoria de condições de vida das pessoas com quem todos os dias contactam, decidindo junto delas e próximas dos seus problemas. E não, como acontece com os governantes ou os altos dirigentes da administração pública, no recato dos seus gabinetes, longe do confronto com os problemas concretos.
Nesse movimento de condenação primária eu não embarco.

“Nicotina, dependência e depressão”…

Há dias, um amigo, a propósito das medidas legislativas sobre o consumo do tabaco, comentou que agora iriam diminuir os problemas de saúde. Comentei que não é bem assim, embora nos países que adoptem as medidas se possa observar uma diminuição da morbi-mortalidade. O verdadeiro problema radica nos países em vias de desenvolvimento, os quais constituem o maior alfobre da indústria tabaqueira. Basta recordar que a estimativa de óbitos devido ao tabaco para o século XXI aponta para 1.000 milhões, contrastando com os 100 milhões observados no século XX.
A indústria tabaqueira tem o futuro garantido, pelo menos durante os próximos 100 anos! Não contentes com estas perspectivas, as “subtilezas” da indústria não ficam por aquelas bandas do terceiro mundo.
Os limites dos teores de nicotina, e de outros compostos, são obrigatórios, assim como a divulgação dos mesmos. Mas, mesmo assim, as tabaqueiras têm arte e engenho ao conseguirem fazer com que os adictos consumam mais nicotina.
Uma investigação levada a cabo por um departamento de saúde pública norte-americano verificou um aumento de 10% dos valores da nicotina nos cigarros, nos últimos anos, facto que agrava mais a dependência, dificultando as tentativas de deixar de fumar.
As técnicas para aumentar a concentração de nicotina inalada não são de hoje. Algumas companhias já foram acusadas de adicionarem amónia. Alcalinizando o tabaco, aumenta a concentração de nicotina na sua forma básica, e, consequentemente, inala-se mais, agravando a dependência.
Os cigarros são desenhados de modo que os fumadores, ao taparem os orifícios de ventilação, aumentem a inalação da nicotina. Claro que os responsáveis vêm agora afirmar que não tiveram qualquer intenção e que os resultados obtidos são meras variações – normal - da concentração nicotínica do tabaco! Não é fácil engolir esta desculpa. Mas, pelo menos, não vieram com o argumento de que a nicotina melhora os sintomas de depressão nos não fumadores! É verdade, um estudo recente revela que a nicotina melhora a depressão, facto que vai levar os cientistas a tirarem partido deste achado, desde que se consiga obter um composto que não provoque dependência.
“Os fumadores são mais propensos à depressão do que os não fumadores”, de acordo com o investigador principal do estudo. Talvez seja uma explicação para a elevada prevalência dos fumadores em muitas situações do foro psiquiátrico e psicológico.
Este achado não legitima que as pessoas fumem ou passem a fumar, como é óbvio, porque se assim fosse ainda éramos capazes de ver a indústria tabaqueira a utilizar o argumento do consumo do tabaco no tratamento e na prevenção da depressão!
Não podemos esquecer que, nas próximas décadas, a depressão irá constituir uma das mais maiores epidemias que alguma vez atingiu a humanidade.

Longe da vista...mais longe dos corações!...



Estátua de Estaline, na cidade de Narva, na fronteira da Estónia com a Rússia, a que me referi no meu "post" anterior.

Não foi destruída aquando da separação da Estónia da União Soviética, mas removida do seu local nobre e colocada num recanto esconso da fortaleza da cidade, não voltada contra a parede, mas apropriadamente apontando à Rússia, logo ali ao lado, depois dos muros da fortaleza.

Longe da vista e, porventura, bem mais longe ainda dos corações dos estónios!...

Nota adicional: Por lapso, indiquei a estátua como sendo de Estaline, mas não, é de Lenine, o que não trará grande diferença...Só reparei no erro depois dos dois primeiros comentários...

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Há sempre algo para aprender!...


São sempre esclarecedoras as visitas aos países da ex-União Soviética.
Entrei há dias na Rússia pela fronteira de Narva, na Estónia, a uns 150 km. de Tallin.
A cidade de Narva é mais um testemunho vivo do desrespeito soviético pelos direitos das pessoas.
Pequena cidade de 65.000 habitantes, cerca de 86% são russos (ou seus descendentes), para aí foram deslocados predominantemente depois da Grande Guerra, numa política de domínio e de russificação de uma cidade de fronteira de um país que nunca viu com bons olhos a sua integração na União Soviética. Aproveitando o pretexto da reconstrução da cidade, destruída durante a Segunda Grande Guerra, as autoridades soviéticas proibiram o retorno dos ex-residentes de maioria estónia, alterando assim a composição étnica e explicando a actual situação.
A cidade tem um passado agitado, seguindo de perto as vicissitudes da Estónia.
Fundada pelos Dinamarqueses no século XIII, foi conquistada pelos russos em 1555, tendo passado por diversas soberanias até ao pleno controle da Suécia em 1581. Reconquistada pela Rússia em 1704, fez parte do Império Russo até 1918, data do início de uma breve independência da Estónia, até passar para o domínio soviético.
Em 1991, como é conhecido, a Estónia reobteve a sua autonomia, sendo membro da União Europeia.
Interessante é a fortaleza de Narva, construída face a face à sua irmã gémea de Ivangorod, na Rússia, uma e outra bordejando o Rio Narva, que serve de fronteira. As duas ilustram este texto.
Não vi muitos símbolos soviéticos, à excepção de uma enorme estátua de Estaline, removida da sua antiga localização e colocada, virada para a Rússia, num recanto esconso da Fortaleza de Narva. Não creio que tenha deixado gratas recordações, já que a Estónia nunca se conformou com a sua integração no império soviético!...

Sporting 1- Inter 0

Boa e merecida vitória do Sporting sobre o Inter!...
A componente marketing do produto futebol Inter supera o seu valor substancial. A componente emocional é próxima do zero.
Inter: Valor substancial, 40%; marketing, 50%; vontade, 10%.
A componente emocional do produto futebol Sporting é a predominante
Sporting: Valor substancial, 30%; marketing, 10%, vontade, 60%.
Parabéns ao Ferreira de Almeida, ao Miguel Frasquilho e a todos os sportinguistas visitantes do 4R. E também, vá lá, à minha mulher, sportinguista sofredora!...

Tiktaalik roseae

Em Abril escrevi um pequenino post com o título “Elo perdido”. Hoje, a revista New Scientist apresenta um interessante artigo “Meet your ancestor”.


Transcrevo o editorial:

"Now that´s what you´d call an intelligent theory"


"It is not enough for a scientific theory to explain what we see: it must also make testable predictions. In one of the most celebrated cases, the physicist Paul Dirac combined quantum theory and relativity to forecast the existence of antimatter before anyone had even dreamed it existed.

We tend not to think of evolution as a predictive theory. After all, the course of evolution is dictated by a series of historical accidents. Yet many predictions have been made using evolutionary theory, such as the existence of a universal genetic code for the translation of DNA into proteins.

In the latest example of the predictive power of evolution, researchers set out to find fossil evidence of the fishes that first moved onto land. Combining the principles of evolution with previous fossil finds told them when the fishes should have lived, thus giving the age of rocks that should harbour them. The researchers located where such rocks existed and went digging. The spectacular result is Tiktaalik roseae, an almost perfect intermediate between fish and amphibians (see "Meet your ancestor").

The pope's advisers, who are reportedly flirting with intelligent design, may want to ponder the story of these fishes. Before they make any dogmatic pronouncement, they should consider that Tiktaalik joins thousands of other transitional forms connecting species that once existed or still do, and it is a sure bet that more will be found. Tiktaalik's discovery highlights yet again that no other idea comes close to evolution for explaining the development of life and providing testable assertions about it
."