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sábado, 31 de março de 2012
Pecado ou oásis?
Resistir
quinta-feira, 29 de março de 2012
“Estar sentado” é perigoso para a saúde!
A forma como os jornalistas transmitem as notícias merece muitas reservas. No fundo, são uns senhores todos poderosos que escolhem as que no seu entender são suscetíveis de captar a atenção dos ouvintes; quantos mais ouvirem melhor para a sua imagem e bolsa, presumo eu, mas também para incentivar o consumo de alguns produtos. Para o efeito, nada melhor do que enveredar pela área da saúde.
Começo a ficar farto das notícias sobre o valor em termos de saúde de certos produtos alimentares. Agora corre por aí uma "maratona" de combate ao colesterol feita à custa de um iogurte. O maratonista, que eu sempre respeitei, foi um dos meus ídolos, dá a cara ao consumo do dito. Antes, noutras campanhas sobre o mesmo produto, figuras da música e do desporto também deram o seu contributo. Ganharam dinheiro? Obviamente, porque não creio que fizessem a publicidade por puro filantropismo. Gostava, sinceramente, de saber se os tais "artistas" acreditam nas virtudes terapêuticas do que estão a publicitar, nos euros não duvido!
Voltando à seleção das notícias, o critério editorialista é muito estranho. Como exemplo temos o chocolate. Quem fizer uma compilação dos estudos sobre tão interessante alimento ficará deveras surpreendido. Nunca vi tantos estudos a apontarem para os benefícios do dito, do tinto, desculpem, do negro. É demais. Seria conveniente analisar se por detrás de tão criteriosos estudos não estarão interesses económicos. Às tantas! A ciência e a comunicação social põem-se com uma facilidade do caraças ao serviço de certos “produtores”. Na minha opinião se alguém gostar de chocolate, então, coma-o por mero prazer e nada mais, desde que não haja contraindicações em termos de saúde, se é que as há para o chocolate!
É preciso ter muito cuidado com o que lemos e, sobretudo, porque é que lemos tão "interessantes" notícias. Este fenómeno chocolateiro não é de hoje. Rio-me à brava. Mas melhor do que "não engordar", como agora foi demonstrado cientificamente, fiquem a saber que, entre muitos estudos, o chocolate faz bem à tosse e à frigidez sexual, para não falar das tentativas de ensaio no decurso do enfarte agudo do miocárdio!
Montezuma deve rir-se que nem um louco no seu céu de chocolate, a fazer inveja a Óbidos, ladeado pelos seus guerreiros, os únicos que podiam beneficiar de tão maravilhoso alimento, o mais energético de todos!
Entretanto estou à espera de ouvir uma notícia sobre "estar sentado", um fator de risco independente capaz de aumentar a mortalidade por todas as causas, mesmo naqueles que praticam exercício físico. Mas nada! O melhor é dar ao Carlos Lopes um quadradinho de chocolate todos os dias quando estiver a beber o biberão do iogurte e aconselhá-lo a que não passe o dia sentado. O "chocolate emagrece", o "iogurte baixa o colesterol", o exercício diminui o risco de mortalidade, mas passar o dia sentado pode estragar tudo.
Estou tramado, não posso comer chocolate, não bebo o iogurte milagroso, passo o dia sentado, o exercício físico que faço não deve servir para grande coisa, logo o risco cardiovascular aumenta. Poderão perguntar como se mede a gravidade do "estar sentado"? Verificando se já tem calos no dito...
Millor Fernandes: a filosofia e o humor
-Há duas coisas que ninguém nos perdoa: as nossas vitórias e os nossos fracassos...
-Toda a regra tem excepção. E se toda a regra tem excepção, então esta regra também tem excepção e deve haver, perdida por aí, uma regra absolutamente sem excepção...
-O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde...
-Um famoso é qualquer imbecil que aparece na televisão...
Millor Fernandes, intelectual e humorista brasileiro
A homenagem do 4R ao " homem que nos fazia rir a pensar"
Economia: Boletim da Primavera bem pouco primaveril?
2.Em função das novas previsões, bem se pode dizer que esta Primavera, do ponto de vista económico, de mostra algo invernosa, ao contrário do Boletim do Inverno, que paradoxalmente se mostrava bem mais primaveril...
3.Na previsão agora apresentada, a economia deverá contrair em 2012 um pouco mais do que na anterior previsão (-3,4% agora, -3,1% antes) e, mais desagradável ainda, para 2013 já não é esperado qualquer crescimento (embora pouco expressivo, de 0,3%, sempre era algum) mas simplesmente a estagnação, ou seja crescimento zero...
4.Para estas piores perspectivas concorre sobretudo, em 2012, um menor dinamismo das exportações do que era previsto no início do ano – a procura externa líquida contribuirá com 3,1% para a variação do PIB em lugar dos 3,9% antes esperados.
5.Num outro registo, também menos favorável, o equilíbrio da balança de bens e serviços com o exterior que o BdeP achava possível acontecer em 2012 – e que aqui classificamos como mudança radical no comportamento da economia, a verificar-se – fica agora adiado para 2013, esperando-se em 2012 um défice, embora não muito expressivo (de 1% do PIB)...
6.Estas previsões do BdeP são um chuveiro de água fria num optimismo que por aí já ia despontando, alimentada por alguma bonança que se tem registado nos mercados financeiros, parecendo que estávamos quase a entrar numa era de recuperação, como se os problemas estruturais se encontrassem ultrapassados...quando não cumprimos tampouco 50% do percurso...
7. É importante que os nossos políticos, de todos os quadrantes, os pró e os anti-governamentais, se capacitem de que os problemas estruturais da economia portuguesa não se resolvem no curto prazo e muito menos se resolvem com simples proclamações de oratória...menos ainda com greves de inspiração puramente ideológica como a que vimos recentemente...
8.Para a economia portuguesa entrar num percurso de recuperação consistente, corrigindo os desequilíbrios que se acumularam nos últimos 15 anos, vai ser necessário mais tempo do que vulgarmente se imagina e extraordinária persistência na adopção das medidas de natureza estrutural que nos comprometemos a adoptar no âmbito do PAEF.
9.Um Boletim da Primavera que se mostra pouco primaveril em notícias para a economia, temos de reconhecer...
Premiar a excelência...
Os exames da discórdia...
quarta-feira, 28 de março de 2012
Entrevista tóxica
Mas não há necessidade de novas medidas de austeridade?
Pode garantir que não vão ser precisas mais medidas de austeridade?
Em que base é que pode garantir que não haverá novas medidas de austeridade?
Se neste momento não pode garantir que não haja mais medidas de austeridade, em que momento pode garantir?
Mas não pensa que poderá ter que anunciar novas medidas de austeridade?
Desisti de ouvir mais da entrevista da Senhora Drª Judite de Sousa ao 1º Ministro. Se Madame não é capaz de entender o que diz o 1º Ministro, não massacre os telespectadores com tão pobre capacidade. Se Madame procura simplesmente um título bombástico, não nos massacre também. Faça o título e acabou. Produtos espúrios é o que abunda na informação. Tóxicos, até dizer chega. Como as perguntas da entrevista de hoje.
Parabéns ao Porto, "the best destiny 2012"
Parabéns ao Porto, com o seu centro histórico que é Património Mundial, mas também com a modernidade de muitas das suas lojas e arquitetura, gastronomia, oferta cultural e grande dinamismo das suas gentes.
Estou certa de que muitos dos que vierem a Portugal, seguindo o conselho da ECC, vão querer voltar, o Porto está realmente uma cidade lindíssima – com, claro, Lisboa a emparceirar!
terça-feira, 27 de março de 2012
A Pressão dos mercados (Poema de Nuno Júdice)
"Frase verdadeira"
segunda-feira, 26 de março de 2012
"Sabor da própria morte"
Certas frases e palavras têm a capacidade de nos agredir, de aliviar, de fazer sofrer, de sentir o que é o amor, o desejo, o ódio e, até, o sabor da própria morte. São poucas as que se podem considerar amorfas ou insípidas, mas há outras que são mais destruidoras do que o Vesúvio quando se lembra de incomodar os humanos.
A conflitualidade religiosa ou as decisões tomadas em seu nome são, por vezes, iníquas ao esconderem a malignidade humana sob a pretensa magnanimidade do amor a um deus qualquer.
O jovem médico no serviço de urgências do velho hospital, que nunca conseguiu adaptar-se às suas funções, descansava, feito porteiro, na noite fria do inverno. Muitas horas já se tinham passado desde que iniciou o seu turno, quase uma dúzia e meia, e ainda faltava meia dúzia, a mais dolorosa, em que o tempo demora a passar. Aquela hora é, habitualmente, uma hora meia-morta, permitindo um breve relaxar. Eis que a noite é interrompida com a entrada de uma mulher, pequena, arranjada à pressa, muito simples, com ar rural salpicado de ansiedade. Pediu uma maca. Naquele tempo chegava-se a esse ponto, entravam na urgência à noite, porque o porteiro recolhia-se no interior para fugir às agruras do frio noturno. Dois curtos minutos depois entrou o corpo de um menino. Deveria ir para o Hospital Pediátrico, disse ao porteiro. Já tem onze anos, ripostou. Na altura, com esta idade atingia-se a maioridade para entrar no hospital de adultos. Branco, quase inanimado, com sobrancelhas juntas e inserção de cabelo muito mais baixo do que é normal, denunciando anormalidade evidente, levou-me a desviar o interrogatório para a mãe perguntando-lhe qual o sofrimento do menino. Seria muito mais fácil fazer o diagnóstico. Ao levantar o braço de cera, aguardava pela resposta da mãe, viu muitas cicatrizes na mão e no antebraço. As formas como estavam desenhadas eram perfeitamente compatíveis com fenómenos de automutilação. Nasceu assim e morde-se com frequência, sobretudo quando se agita. Não foi difícil chegar a uma conclusão. Doença congénita grave, automutilação, hemorragias. O hemograma revelou que o menino estava mesmo anémico. Tomou as medidas necessárias, internando-o numa das “suas” camas, que estava vaga, com as necessárias instruções para ser repetido novo hemograma. Havia um processo crónico de anemia, provavelmente agravado por uma hemorragia mais violenta. Suspeitou da necessidade de realizar uma transfusão sanguínea. O tipo de sangue era pouco comum e as reservas do mesmo não abundavam. Teria de reavaliar a situação com o colega da hemoterapia. Um pouco antes de dar por concluído a transferência de turno foi até à enfermaria. A situação não tinha melhorado. Falou com o enfermeiro chefe. Antes de ir para casa descansar um pouco, disse-lhe que ia arranjar duas unidades para o menino cuja alma desconhecia o mal que fazia ao seu corpo ou quem sabe se não saberia, desejando libertar-se. O jovem interno não sabia dar a resposta, competia-lhe apenas cumprir o seu dever, salvar uma vida, mesmo que fosse a de um deficiente profundo. Conseguiu as tais duas unidades, para começar. Sentiu um alívio e foi para casa. No dia seguinte ao entrar na enfermaria a primeira coisa que fez foi dirigir-se à cama do menino para ver como estava. Entrou no seu setor. A cama estava vazia. Vazia? Onde estará o rapaz. Dirigiu-se ao enfermeiro chefe, homem de uma cordialidade e simpatia inimagináveis, questionando-o, o que aconteceu? Onde está? Com um sorriso suave pôs-lhe a mão sobre o ombro e levou-o para um local mais recatado, como se houvesse lugares dignos desse nome. Secamente explicou-lhe, a mãe levou-o. Como? Não pode ter levado, não senhor, é impossível, o menino está gravemente doente. Mas levou o sangue que lhe arranjei, não levou? Não! Não? Mas prometeram duas unidades para começar. Sim, pelas onze horas vieram com o sangue. Então o que é que aconteceu? Não estou a perceber nada. Ansioso, sentia algo a emergir da boca do estômago a subir e a comprimir o coração, algo muito pesado a querer sair pelas goelas, mas esbarrando numa barreira intransponível, provocando-lhe uma angústia que nunca tinha sentido. Mas, ó chefe, o que é que aconteceu. A mãe recusou que fosse ministrado o sangue e exigiu alta a pedido. Alta a pedido? Rejeitou o sangue que lhe podia salvar o filho? Sim. A religião da senhora não permite essa prática. Abraçou-o de uma forma paternal. Como era um homem que já tinha visto muita coisa compreendeu muito bem o sofrimento do jovem médico. Durante longos instantes travaram um diálogo surdo, um diálogo que nunca mais esqueceu.
Polícias, jornalistas...e uma vez...economistas
Numa variação de direcção verdadeiramente notável, o bastão policial desviou-se repentinamente da cabeça do “tenente” e foi atingir com redobrado vigor o parceiro do lado.
De imediato, tenentes, capitães e até generais nasceram rápida e expontaneamente nessa casa de fados, deixando os polícias perfeitamente hesitantes na sua bastonal tarefa. Mas o que conta é que os "militares" permaneceram incólumes...
O prestígio de oficial do exército era mais do que suficiente para evitar umas bastonadas no lombo. Por comparação, concluir-se-ia ser a classe jornalística pouco prestigiada junto das forças policiais. Não creio que seja só isso. A questão é que a classe tanto malha na polícia que, quando a ocasião é propícia, também por esta é malhada sem respeito. Ao fim e ao cabo, uma questão de mútuo desrespeito.
PS: Depois contarei o fim da história...
sábado, 24 de março de 2012
Apostasia
É esta a escola publica que queremos ter?
2. O montante do investimento ascendeu a 3.168 milhões de euros, ou seja, mais 218,5% do que o montante inicialmente previsto.
Bons momentos
Sono do tempo
sexta-feira, 23 de março de 2012
A idade da inocência
Não sou dos que acha que tudo o que acontece de mal no mundo é resultado de um plano malévolo da Goldman Sachs, nem tão pouco que exista uma conspiração anglo-saxónica orquestrada pelo Tesouro norte-americano contra o euro; mas que há coincidências estranhamente convenientes para os interesses norte-americanos, disso tenho cada vez menos dúvidas.
Refiro-me, em particular, à coincidência da deterioração dos indicadores económicos dos EUA com a repentina profusão de notícias, relatórios e depoimentos que dão como certo - e para breve - o colapso financeiro de Espanha. Será mesmo coincidência?
A tese da coincidência murcha perante a ausência de novidades macroeconómicas ou financeiras que sustentem tão histriónico vaticínio. Que Espanha tenha graves problemas, nomeadamente no setor imobiliário, ninguém põe em causa. Que esses problemas possam in extremis minar a solvência da banca espanhola, é um risco difícil de negar. Contudo, Espanha apresenta níveis de dívida pública comensurados e muito inferiores à média da área do euro e mesmo aos da “imaculada” Alemanha. O défice orçamental tem rondado os 10%, mas o novo executivo tem como uma das principais prioridades o retorno à probidade orçamental que notabilizou os governos Aznar. A elevadíssima taxa de desemprego (23,3%) constitui é o principal calcanhar de Aquiles de Espanha, mas simultaneamente o principal fonte de esperança de melhoria da situação, pois é pouco provável que uma economia com a dimensão e diversificação da espanhola possam conhecer níveis de desemprego muito superiores aos atuais. Assim, as reformas do mercado laboral em curso poderão surtir efeitos positivos num horizonte não muito longínquo.
Em suma, os problemas de Espanha são reais, preocupantes, mas não são novos, nem tão pouco os mais graves no seio da Europa. Fazê-los ressurgir no momento presente parece fazer pouco sentido, a não ser...
A tese da manipulação tem a seu favor o facto das eleições americanas estarem a seis meses de distância, o que torna o desempenho da economia dos EUA num factor crítico. Mas onde é que a Espanha entra nesta equação?
Desde o início do quarto trimestre que a economia dos EUA mostra sinais de recuperação, apesar das dificuldades dos países do euro, do abrandamento da China e do queda do PIB do Brasil. Tão exclusivo desempenho deveu-se, em grande parte, à fuga de fundos de uma Europa titubeante para uns EUA tidos como refúgio. O correspondente afluxo de capital constituiu um choque monetário expansionista que gerou um mini-ciclo, o qual, no entanto, começa a dar sinais de enfraquecimento, precisamente na altura em que a condição financeira da área do euro dá mostras de algum apaziguamento. Perante este cenário, as autoridades norte-americanas poderiam optar por reativar a política de quantitative easing (compra de títulos de dívida com moeda especificamente criada pela Reserva Federal para o efeito) como forma de estimular a atividade. Mas esse é um trunfo que urge preservar para conjunturas mais agudas. Neste contexto, um novo surto de incerteza quanto à viabilidade do euro teria como consequência reinstaurar os movimentos de capital da Europa para os EUA, com os concomitantes efeitos expansionista sobre os últimos. Daí que questionar a solvência de Espanha tenha como possível resultado a injeção de um novo choque de adrenalina na economia norte-americana à custa do euro. Se propositado, o expediente oferece grande potencial, mas não deixa de ser extremamente rude.
As guerras cambiais não são de hoje; elas remontam, pelo menos, à Grande Depressão. Desconsiderar a possibilidade da sua reedição evidencia um grau de inocência pouco adequada à era em que vivemos.