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segunda-feira, 31 de julho de 2006

Ovos cozidos "auto-cronometrados"!


Há dias, no Tonibler, cmonteiro equacionava a hipótese de o sal poder ser vendido com a pimenta já misturada, e foi até mais longe ao propor misturas com outros sabores. Esta “brilhante” ideia surgiu no decurso de uma importante tarefa: estava a comer um ovo cozido. Não disse o resto, mas adivinha-se! Nos comentários perguntei-lhe se dava muito trabalho a fazer a mistura. Respondeu-me “que hoje, o que vende é aquilo que não dá trabalho nenhum a cozinhar”. E, avançou que estaria perante um negócio de milhões. Mas precisa de um sócio capitalista!
Agora, uma empresa britânica inventou ovo cozido “auto-cronometrado”! Para não maçar os nossos leitores, o melhor é transcrever a notícia (em português do Brasil!):

“Uma empresa britânica promete tornar ainda mais fácil a tarefa de cozinhar ovos.
A B&H Colour Change, de Londres, está desenvolvendo uma tecnologia que diz quando os ovos estão no ponto certo de cozimento.
O "ovo auto-cronometrado" tem um selo termocrômico impresso na sua casca. Quando o ovo está cru, o selo é invisível, mas quando ele é cozido, a logomarca aparece em cor preta.
A tecnologia deve chegar aos supermercados britânicos nos próximos meses, informa reportagem desta segunda-feira do jornal The Daily Telegraph.
O selo foi criado a pedido do programa de controle de qualidade Lion Quality Eggs, que diz receber milhares de perguntas de consumidores sobre a melhor forma de cozinhar ovos.
Os consumidores terão três opções de ovos: mole, médio e duro, que equivalem, respectivamente, a cozimentos de três, quatro e sete minutos.
"Ainda estamos aperfeiçoando a tecnologia, mas estamos muito empolgados com a perspectiva de resolver um problema que afeta as pessoas no café da manhã há décadas", informa Gilly Beaumont da B&H Colour Change, no site da Lion Quality Eggs.
A reportagem do Daily Telegraph consultou cinco chefs para saber a melhor forma de cozinhar ovos. Não houve consenso entre os especialistas."

Bom, pelo andar da carruagem, começo a acreditar nas capacidades empresariais do cmonteiro…

Histórias de Verão-IV- As pernas mais perfeitas!...


Proliferam os estudos científicos sobre tudo e mais alguma coisa.
Segundo notícias vindas a lume, sociólogos pagos pelos departamentos de investigação de algumas universidades portuguesas, no âmbito do plano tecnológico, vêm desenvolvendo investigações sobre a maior ou menor probabilidade de incidência de divórcio nos casais em que o homem dorme do lado direito da cama, em relação aos casais em que o homem dorme do lado esquerdo. E também sobre a forma em que essa postura se reflecte na probabilidade de ter zero, um ou mais filhos!...
Também, segundo o Público de ontem, saíram agora os resultados de um estudo “científico”, este internacional, patrocinado pela Braun e dirigido pelo cientista, Prof. Aric Sigman, que procurou investigar a mulher com pernas mais perfeitas.
Como qualquer estudo científico, foram definidos os pressupostos da perfeição, destacando-se entre eles as proporções das mesmas, assim como a textura, suavidade e a firmeza da pele.
O primeiro lugar foi atribuído à actriz Jennifer Aniston, a mulher com pernas cientificamente mais perfeitas.
Esta questão da avaliação e apreciação da beleza de um par de pernas femininas já não é, pois, do domínio da opinião, nem da emoção, já que se tornou uma matéria verdadeiramente científica e, como tal, indiscutível.
Não irão faltar discípulos ao Prof. Aric Sigman para o ajudar nessa exigente disciplina de avaliar a textura, suavidade e firmeza da pele das ditas.
Mas, atenção, ele exige conhecimentos de Química bem superiores aos testados nos últimos exames em Portugal!...
Por mim, embora já tenha feito Química há muitos anos, digo desde já ao Professor que os meus conhecimentos desse ramo científico me permitem fazer uma perninha, quando ele deslocalizar a sua investigação para Portugal!...

domingo, 30 de julho de 2006

…”Sem gostar de Portugal”!

Li em tempos um ensaio sobre a genialidade. De todos os aspectos analisados recordo-me de um em particular: “a genialidade completa é muito rara, na maioria das vezes é estúpida”.
Reconheço e admiro muito as pessoas que se destacam da “normalidade”, sobretudo se contribuírem para que os ditos normais se enriqueçam e façam girar o mundo mais feliz. Acontece que os “génios”, quando se metem em outras áreas em que não são génios, costumam fazer ou dizer disparates.
A “nossa” pianista Maria João Pires, cujo virtuosismo musical ninguém discute, veio agora, numa carta aberta, no Público, “justificar” as suas recentes declarações. Na parte final, a senhora escreve: “Gostaria de vos comunicar que posso trabalhar e colaborar no projecto Belgais sem gostar de Portugal”. É verdade, “SEM GOSTAR DE PORTUGAL”!
Oh minha senhora! Fique no Brasil, adquira a respectiva nacionalidade e deixe definitivamente o meu país.
Uma triste tirada a reforçar o conceito de que na maioria das vezes “a genialidade é mesmo estúpida”.

Um português normal e que gosta de Portugal

sábado, 29 de julho de 2006

A arrogância intelectual em estado puro!...

Detesto a arrogância intelectual, e mais a que se exibe periodicamente e da forma mais despudorada. Ontem, no Público, no seu habitual artigo, Eduardo Prado Coelho escreveu a seguinte frase: "Um homem pode ser intelectualmente inteiramente saloio e ter a intuição política de que é importante e contribui para o prestígio da cidade. Aqui nada disso".
Referia-se a Rui Rio.
Como é sabido, Rui Rio decidiu promover uma consulta para a utilização do Rivoli, já que a actual programação não atinge qualquer público e se traduz num enorme prejuízo financeiro, em que as receitas apenas cobrem 6% dos custos.
Rui Rio explicou que, perante esta falha de programação, teria outras alternativas para aplicar as receitas da Câmara, nomeadamente quando tem programas sociais paralizados por falta de verbas.
Levantou-se um indignado clamor por parte das forças ditas "culturais", gritando o atentado à cultura que o acto de Rui Rio significava.
Trata-se da tradicional mistificação de mais uma vez de tomar a parte pelo todo, em que os beneficiários directos, ditos agentes culturais, se tomam pela generalidade da população do Porto, que não se revê nas manifestações artísticas do Rivoli e prima pela ausência.
Esta figura de estilo, de tomar o interesse particular pelo interesse geral, foi também, porventura inadvertidamente, utilizada por Eduardo Prado Coelho, quando no citado artigo refere, como primeiro argumento de contestação: "conheço bem o Rivoli e fui lá muitas vezes, lancei lá livros e colaborei com Isabel Alves (a responsável) com frequência. Tratou-se de um período eufórico em que o Rivoli foi criando uma imagem de imaginação e qualidade".
Ora aí está, de forma lapidar, o interesse público medido pelo mero interesse particular!...
O que serve a EPC serve a todos; o que não serve a EPC não serve a ninguém!...
Até quando tal sobranceria e tal arrogância, estas sim, tão saloias?

“Malucos e maluquinhos”…

Uma das principais características dos pequenos aglomerados populacionais ou de diversos agrupamentos é a existência da figura “típica”. De um modo geral, apresenta comportamentos que são considerados diferentes dos ditos “normais”. Alvo de galhofa, fonte de divertimento, usado como argumento no envio de certas mensagens a terceiros, íman para catarses sociais e políticas, “responsabilizado” pelos disparates dos “normais, enfim, muitas outras características poderiam ser apontadas, mas para simplificar podemos dizer que se trata do “maluco” da aldeia. Sim, o maluquinho da aldeia, porque aldeia que se preze tem de ter um. Mas não são só as aldeias, os diversos grupos, quer sejam desportivos, culturais, sociais, religiosos ou políticos, também têm de ter o seu equivalente sem o qual perdem importância e até alguma identidade. Apesar do perfil que já foi traçado, há ainda outros aspectos que, de modo geral, possuem: são sociáveis e muito, e têm um bom coração, não obstante os disparates que são capazes de fazer.
A notícia do Expresso, segundo a qual o presidente do Conselho de Administração do Hospital Sobral Cid foi repreendido por escrito pelo senhor ministro da saúde pelos apoios inequívocos que deu à Briosa, fez-me rir a bandeiras despregadas. Não contexto a investigação da Inspecção-geral da Saúde quando detectou as ilegalidades cometidas pelo Zé Beto. O erário público foi prejudicado, como é óbvio, embora, fazendo algumas contas, não fosse uma quantia exagerada. Uma faixa no valor de 230 euros com os dizeres “O Hospital Sobral Cid apoia a Académica” exibida nos dias dos jogos, ter ido buscar com carro da casa um velho futebolista a Olhão, último campeão vivo da taça de 1939, a presença de dois televisores LCD com acesso à TV Cabo e Sport TV foram algumas irregularidades detectadas. Mas de todas a que achei mais piada foi o facto do relatório ter considerado como inapropriado a ida dos doentes do hospital aos jogos da Académica. Oh senhor ministro da saúde, então acha mal que os doentes do foro psiquiátrico possam assistir aos jogos? Então não considera que é uma ideia original e até benéfica para a reintegração dos mesmos na sociedade? Ou o senhor ministro tem receio de que os jogos de futebol agravem mais a saúde mental destes cidadãos? Claro que as tricas dos “futebóis” é mesmo de doidos, mas ver um espectáculo até pode ser positivo.
Queria ainda dizer ao senhor ministro da saúde que o Zé Beto se orgulha de, por onde passa – estou a falar de instituições de saúde –, conseguir que as mesmas dêem lucro! Ora como o Serviço Nacional de Saúde dá prejuízos monstruosos e o senhor ministro quer poupar a todo o custo que a situação se agrave, o melhor seria arranjar mais Zé Betos para colocar à frente da presidência de administração dos nossos hospitais e, assim, teríamos o problema resolvido. E o senhor ministro repreende-o? Nem sabe o que perde….

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Mais um exilado…

A nossa prestigiada pianista, Maria João Pires, vai abandonar Portugal e fixar-se no Brasil. A notícia entristece-nos por vários motivos: abandono de um projecto que mereceu os maiores encómios e os argumentos da própria artista que, diga-se, em abono da verdade, são muito penalizadores para o nosso país: “estava a ser vítima de uma verdadeira tortura”, “ parto para me salvar dos malefícios que Portugal me estava a fazer” e “sofri fisicamente todos aqueles anos que me dediquei ao projecto”.
O que é que pensarão os intelectuais de outros países que seguem atentamente a carreira internacional da pianista? Que somos um povo bárbaro? Que não temos carinho nem respeito pela arte? Que os melhores para sobreviverem têm que sair do país, exilando-se “voluntariamente”? Levanto estas questões, porque se analisássemos o número de insatisfeitos neste país e com este país, ainda corríamos o risco de o esvaziar. A senhora deverá ter as suas razões, claro está, mas seria preferível que dissesse concretamente o que é lhe fizeram, denunciando o que deve ser denunciado do que ficar por estas frases “duras” que traduzem, sem sombra de dúvida, o seu estado de alma. Mas os que ficam e os que vão ficando, não obstante todas as contrariedades e dificuldades, tudo farão para que o nosso país possa evoluir, evitando que no futuro os “maiores” das letras, das artes e das ciências não tenham que nos abandonar.
Pela minha parte, farei todos os possíveis, dando o meu melhor, mesmo que esteja insatisfeito, o que acontece na maior parte do tempo….

"Aprendam com os espanhóis"

Ao lado de um patético artigo de Eduardo Prado Coelho que explicava ontem no Público que só agora se deu conta de que existia e o significava em Lisboa um estabelecimento chamado ´Elefante Branco´ (“Uma delas [amigas] disse-me que morava para o pé do Elefante Branco e, na minha inexpugnável inocência, eu perguntei: «Onde é que isso fica?»”), o jornal publicava a opinião de Reis Borges sobre as políticas de infra-estruturas e de transportes em Portugal e em Espanha.
Uma síntese verdadeiramente notável que o Autor titulou “Aprendam com os espanhóis”. Daquelas que se guardam para memória futura.
Põe-se aí a nú a nossa incapacidade de planear. De preparar o futuro a médio e a longo prazo. De sustentar políticas em prognoses tecnicamente fundadas, socialmente compreendidas e democraticamente caucionadas. Por flagrante contraste com os nossos vizinhos. Confesso que o escrito me encheu as medidas. Deixo aqui o registo das conclusões de Reis Borges:
“…o certo é que Sócrates está perante um dilema com consequências profundas no futuro de Portugal. Tem de escolher sem hesitações entre o rigor e o MIT (por um lado) e a mediocridade e o negocismo por outro lado. Ou indica à juventude portuguesa o espírito de Bill Gates ou deixa-a na aprendizagem do saque público em que se convertem as nossas jotas. Ou pretende Livros Brancos redigidos de forma independente e competente ou entra numa de branqueamento que não leva a lado nenhum. Ou prepara políticas sectoriais sérias ou terá às costas uma gestão pública que acabará por cair de podre. Ou impõe nova relação dialéctica entre membros do Governo, deputados e militantes ou não resistirá para além da legislatura. Vamos ter três anos sem eleições. Tempo bastante para as reformas necessárias. Senhores, aprendam (pelo menos) com os espanhóis”.

O inverno do nosso descontentamento!...

Circula nos correios electrónicos a notícia de que o antigo futebolista internacional do Benfica, José Torres, está muito doente, com a doença de Alzheimer. O ex-futebilista terá como único rendimento uma pequena pensão de 150 Euros, proveniente do tempo em que foi trabalhador numa loja, antes de ser jogador de futebol. Como jogador, nunca o seu clube terá efectuado quaisquer descontos para a segurança social. E, pelos vistos, o próprio José Torres, como treinador ou noutra actividade, também não terá efectuado descontos, encontrando-se assim numa situação desesperada.
Haverá muita gente nestas condições.
Mas José Torres foi um ídolo de muitos portugueses, especialmente dos benfiquistas. Muita gente gritou o seu nome, vitoriou-o, adulou-o, amenizou frustrações com os seus golos. Ajudou o Benfica a ser o que hoje ainda é.
Mas as pessoas e as instituições são profundamente egoístas. Os ídolos só existem enquanto servem para nos dar glória. Se já não a dão, são deitados fora, esquecidos e logo substituídos.
José Torres terá sido imprudente, mas isso não altera em nada a sua actual situação.
Por isso, a instituição Benfica faz nuito mal em se esquecer que José Torres, jogador que muitos dos seus dirigentes ainda vitoriaram, ainda existe e está necessitado.
E a Federação, que ganhou dinheiro com o jogador e continua a embolsar milhões, bem podia lembrar-se agora de quem tão bem a serviu.
Mas isso será pedir demais a espíritos tão ocupados em servirem-se, dizendo que servem a magna causa do futebol!...

“Vómitos da gravidez e outros!”…

A procura de explicações para certos fenómenos é a principal característica da investigação científica.
Os vómitos da gravidez, que a grande maioria das mulheres, cerca de 90%, sofrem durante o primeiro trimestre, têm sido objecto de vários estudos.
Os evolucionistas, através de inquéritos realizados em várias comunidades, desde a Europa à América, verificaram que determinados tipos de alimentos, mais do que a quantidade, estavam associados a este quadro altamente perturbador.
A ingestão de produtos ricos em açúcar, de álcool e de carne estava associada a probabilidade muito elevada de crises eméticas comparativamente à ingestão de alimentos ricos em cereais. A ingestão daqueles produtos pode ser perigosa para a saúde das mães e dos filhos por comportarem substâncias tóxicas. Hoje, as condições de produção, armazenamento e os respectivos controlos de qualidade, impostas pela legislação e a vigilância efectuada por qualquer Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, garantem a propriedade dos alimentos. Mas vão lá dizer isso aos organismos das grávidas que se regulam por regras próprias, fruto de centenas de milhares de anos, e não pelos normativos actuais.
Biologia sensata que não se deixa “enganar” pela legislação moderna! Também não houve tempo, claro está, para impor quaisquer mudanças, e nem sabemos se ocorrerá algum dia!
“Produzir” um ser humano é uma grande responsabilidade e há que garantir a “qualidade” do mesmo. As regras evolutivas foram definidas nesse sentido, pelos vistos.
A “produção” de ideias é também uma forma de criação, não biológica, mas intelectual. Quem as produz sabe que está também sujeito a produtos “tóxicos”, não sob a forma de alimentos, mas sob a forma de comportamentos ou de atitudes inadequadas por parte de terceiros que, nas tais fases iniciais de gestação, tal como acontece na primeira parte da gravidez, ameaçam a nossa integridade intelectual, provocando intensos vómitos de repulsa que, sendo incomodativos, nos ajudam a preservar a nossa saúde mental. E não há antieméticos que nos valha face a tamanhas pulhices ou interesses escondidos sob aparentes capas de cortesia ou de diplomacia. A agravar esta situação é o facto de estarmos a trabalhar na área da intelectualidade.
Enfim, esperemos que nas próximas gestações intelectuais saibamos evitar tais atitudes e comportamentos perniciosos, seleccionando os equivalentes humanos de cereais, ricos, saborosos e saudáveis, porque também os há…

quinta-feira, 27 de julho de 2006

11 de Setembro era evitável ?

Na edição da revista The New Yorker (www.newyorker.com), de 10/17 de Julho, encontra-se um artigo fascinante acerca dos antecedentes do 11 de Setembro.
Trata-se de um trabalho notável de jornalismo de investigação, modalidade muito frequente nesta revista.
Segundo o relato que aí é feito, os ataques terroristas/suicidas de 11 de Setembro em Nova Iorque foram perpetrados (como se sabe) por um grupo pertencente à Al Qaeda e com uma ligação estreita aos organizadores de um outro acto terrorista/suicida, ocorrido menos de um ano antes, a 12 de Outubro de 2000, no porto de Aden no Yemen, contra um navio de guerra americano (Cole) que se encontrava ancorado naquele porto.
No ataque de Aden foi utilizado um pequeno barco a motor, carregado de explosivos e com dois tripulantes suicidas, que foi de encontro ao Cole, causando uma tremenda explosão e abrindo uma cratera no casco do Cole de 12 X12 metros.
Esse atentado causou a morte a 17 membros da tripulação do navio.
Na sequência desse ataque, o FBI destacou para o Yemen uma equipa de investigação que incluía a I-49, unidade que no Bureau era responsável pela investigação da Al Qaeda e na qual trabalhava um jovem agente de origem libanesa, chamado Soufan, cuja excepcional capacidade de investigação viria a ser decisiva para os resultados do trabalho subsequente.
Com efeito, essa equipa desenvolveu um trabalho intensivo em Aden, tendo conseguido revelações importantes acerca da preparação dos atentados e das ligações entre os seus organizadores e executores.
Assim, ficou a saber-se que o atentado de Aden tinha sido planeado numa reunião de executivos da Al Qaeda realizada em Kuala Lumpur, Malásia, em 5 de Janeiro de 2000.
Nessa reunião participaram, entre outros, dois dos principais executores dos atentados de 11 de Setembro, Khaled al-Mihdhar e Hazmi, tendo nessa mesma reunião sido acordado, muito provavelmente, o plano de ataque às torres de Nova Iorque.
Estes dois operacionais da Al Qaeda viajariam pouco tempo depois da reunião de 5.Jan.2000 para Los Angeles, onde iniciariam a preparação dos atentados de 11 de Setembro.
O mais bizarro nesta história é que a CIA recebeu informações sobre a viagem de Mihdhar e de Hazmi para Los Angeles mas nunca as forneceu ao FBI, nomeadamente à equipa que se encontrava em Aden na investigação do outro atentado, apesar de várias tentativas desta para obter informações sobre aqueles e outros agentes da Al Qaeda ligados aos atentados.
Inúmeras peripécias são contadas nesse artigo de 12 páginas, explicando a dificuldade de troca de informações classificadas entre a CIA e o FBI.
Tivesse a equipa do FBI responsável pelas investigações em Aden acesso às informações da CIA, a preparação do 11 de Setembro teria sido travada. Esta é a extraordinária conclusão do artigo.
Ou seja, caso o FBI tivesse sabido que Mihdhar e Hazmi estavam nos EUA, teria sem dúvida investigado profundamente as suas actividades e por certo descobriria os planos de preparação do 11 Setembro. Mas a CIA foi sempre relutante e a tragédia acabaria por acontecer.
Dentro de poucos dias irão correr rios de tinta acerca do 5º aniversário do 11/09.
Poucos saberão que se tratou de uma tragédia evitável, como tantas outras quem sabe.

Indignação rotativa!...

Um jornal noticiou que Manuel Alegre tinha começado a receber uma reforma mensal de 3000 euros, por ter trabalhado 3 meses na RDP, há 30 anos.
Obviamente que achei especulativa tal notícia, pelo absurdo que encerrava.
Admiti, com o meus botões, que tal reforma estaria ligada à situação contributiva ininterrupta de Manuel Alegre, desde há 30 anos a esta parte, como colaborador da RDP, Membro do Governo e Deputado, reprovei a especulação e desliguei do assunto.
Mas, logo a seguir, os acontecimentos precipitaram-se e Manuel Alegre, em vez de explicar claramente a situação, referiu estar a ser tratado de pior forma do que nos tempos do fascismo, os amigos consideraram tratar-se de um assassinato de carácter e os adversários, nomeadamente o PSD, exigiram explicações imediatas para a gravíssima situação, para mais num momento em que tanto se fala das dificuldades da Segurança Social...
Creio que todos andaram mal, uns por qualificarem o acontecimento e não o explicarem, outros pelo aproveitamento que dele pretenderam fazer e todos por não reprovado a especulação jornalística.
E aqui é que bate o ponto: perante uma notícia duvidosa, os políticos indignam-se, especulam, ajudam a lançar lama, mas a comunicação social é sempre poupada, acabando o jornal da sensação por ter mais um dia glorioso!...
Logo a seguir, inverteu-se a indignação: Carmona Rodrigues era acusado de favorecimentos, e aí logo saltaram o PS e outros a indignarem-se!... Também sem procurarem esclarecimento prévio!...
Indignação rotativa que, à falta de fôlego para mais, vai alimentando os nossos políticos!...
Torna-se bem necessária uma "Quarta República"!...

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Péssima maneira!...

O Deputado Hermínio Loureiro resolveu candidatar-se a Presidente da Liga Portuguesa de Futebol.
Como Deputado, representa os portugueses e admito que venha pugnando na Assembleia da República para que ninguém tenha tratamento de favor em matéria fiscal.
Mas, ao candidatar-se à Liga, e ao referir, como li no DN, qualquer coisa como a sua preocupação com a descida das receitas do totobola e a subida dos encargos com as equipes de futebol, parece estar a indiciar a intenção de um novo arranjo fiscal favorável aos clubes.
Já a Federação do Dr. Madaíl vem incumprindo a garantia dada, aquando da aprovação do "totonegócio", feito com as receitas do totobola, de pagar solidariamente ao fisco se os proveitos não se revelassem suficientes, como vem acontecendo.
Além disso, vem obtendo comparticipações das Câmaras nos estágios de preparação das selecções e teve até o descaramento de pedir isenção de IRS para os jogadores da selecção de futebol, altamente profissionalizados e pagos, quando arrecada receitas chorudas de publicidade, de patrocínios e das provas em que participa.
Agora, e se bem interpretei, o Dr. Hermínio Loureiro pretende trocar favores fiscais por votos dos clubes.
Péssima maneira de um Deputado se candidatar!...
Oxalá tenha interpretado mal, mas o futuro o dirá.
Adenda.
Fui ao DN recuperar as exactas palavras do Dr. H. Loureiro, que são:"...não posso nem devo ficar calado se as receitas do totobola baixam todas as semanas, mas as obrigações dos clubes se mantêm..."
Como não é possível por um passe de mágica fazer aumentar as receitas do totobola, haverá que actuar sobre as obrigações fiscais dos clubes...E até Madaíl agradece, pois a Federação livrar-se-ia do encargo que tem e se recusa a cumprir....O crime compensa!...

terça-feira, 25 de julho de 2006

Turismo médico

Quando se fala de turismo médico associa-se de imediato ao oportunismo de muitos médicos que aproveitam as facilidades de formação pós graduada, promovidas pela indústria farmacêutica, para dar umas “voltas” à borla, matéria em que os portugueses têm dado cartas. Mas existe um verdadeiro turismo médico que consiste em prestar cuidados altamente diferenciados, e exigindo níveis técnicos apreciáveis, em países menos “caros”. A situação caracteriza-se por um crescendo extraordinário. Neste momento, muitas companhias norte-americanas começam a oferecer planos de saúde para que determinados actos médicos possam ser prestados, inclusive, a mais de 16.000 km de distância!
Os preços de muitas práticas médicas estão a aumentar exponencialmente, pondo em causa, segundo alguns entendidos, a própria sustentabilidade de um país. Nos Estados Unidos 1 em cada 5 dólares do produto interno bruto é despendido na saúde. O número de pessoas sem cobertura assistencial aumenta e vai agravar-se.
A procura da Tailândia, Malásia, Singapura, Índia, África do Sul ou Brasil é uma realidade justificada pela elevada qualidade dos serviços prestados e baixíssimos custos que, por exemplo, num by-pass coronário chega a ser sete vezes inferior ao praticado nos E.U.A. Além do mais, as agências de turismo começam a fabricar pacotes específicos nestas áreas, às quais se associa a indústria hoteleira da saúde, alimentando uma importante área de negócio.
As limitações impostas, entre nós, no âmbito dos cuidados de saúde, são um reflexo de que os gastos estão descontrolados, ameaçando a nossa frágil economia. As perspectivas, mesmo tentando economizar o máximo possível, não são as melhores. As medidas de encerramento, baseadas em critérios técnicos, podem ser correctas, mas socialmente não o são, pondo em dificuldade e criando ansiedade em muitos cidadãos que são obrigados a deslocarem-se em certos períodos do dia, ou melhor da noite, a centros de referência. Enfim, pode ser que estejamos perante um sinal de promoção de turismo médico interno, obrigando algumas pessoas, muitas delas já com uma certa idade, a visitar by night a excelência da saúde nacional.
Já que se gasta muito na saúde, e não havendo dinheiro, porque não transformar o nosso país, que tem condições excelentes para o turismo, num destino privilegiado nestas áreas? Bastaria ofertar planos de tratamento e de cirurgias às grandes companhias e seguradoras do mundo rico. Desta forma, ganharíamos umas massas valentes, reduzindo o nosso défice. Pois é, já me esquecia, o pior é que nem conseguimos dar resposta às necessidades dos nacionais, quanto mais fazer negócio com os outros. Às tantas, face às limitações crescentes que já se avizinham, os portugueses ainda vão acabar por aderir ao turismo médico, aproveitando os preços mais baratos praticados em muitos países por esse mundo fora. Para já, vão a Badajoz para parir ou para abortar, a seguir logo se verá, mas não se ficam pela raia. Agora começam a ensaiar o turismo interno e fronteiriço, depois o europeu e, por fim, o transcontinental…

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Histórias de Verão III- A crise das maminhas!...

Ou é da minha vista ou da falta dela, mas esta época rareiam as maminhas ao léu, ao sol da praia.
Ficaram aprisionadas dentro dos fatos de banho, por vezes espreitando cá para fora, com vontade de sair, quais reclusas atrás das grades.
A épocas de grandes liberdades sucedem-se, infelizmente, outras de grandes restrições.
Diz-se que é por causa dos ultra-violetas!...
Será!... Mas os homens continuam, impantes, a exibir despudoradamente os seus mamilos!...
Também aqui devia haver quotas. Por cada três pares de mamilos masculinos, um par de maminhas firmes ao sol e ao vento!...

Stanford: uma história original

Conta-se como inteiramente verídica a seguinte história acerca da Univ. de Stanford.
Em meados da década de 1880-1890, um casal, de aparência bastante simples, apeou-se da estação CF de Boston, dirigindo-se a pé para a Universidade de Harvard. Aqui chegados, apresentaram-se, sem marcação prévia, no gabinete do Presidente.
A secretária do Presidente atendeu-os perguntando ao que vinham. “Falar com o Presidente”, foi a resposta.
A secretária achou um tanto abusiva aquela pretensão, pois o casal não tinha sequer marcado qualquer audiência com o Presidente. Resolveu por isso fazê-los esperar bastante tempo, para ver se desistiam.
Como o casal se mantivesse tranquilamente na sala de espera, após algumas horas, a secretária resolveu informar o Presidente do sucedido, sugerindo-lhe que os recebesse. “Talvez com uma rápida conversa resolva o assunto e se vão embora”, disse a secretária, embora não soubesse o que pretendiam os visitantes.
O Presidente acedeu, com algum enfado, a encontrar-se com o casal.
Quando apareceu junto deles, estes explicaram: “Viemos cá porque o nosso filho único, entretanto falecido, estudou aqui durante o ano passado e gostou imenso de aqui estar. Queríamos por isso propor-lhe a construção de um Memorial no Campus da Universidade, em homenagem ao nosso filho”.
O Presidente, de forma polida, disse-lhes: “Se eu fosse atender a vossa pretensão, erguendo um Memorial/estátua ao vosso filho, corria o risco de transformar o nosso Campus numa espécie de cemitério pois as famílias de muitos outros nossos alunos entretanto falecidos viriam fazer idêntica proposta e eu não poderia recusar”.
Ao que o casal retorquiu: “Não, nós não queremos uma estátua, queríamos mesmo subsidiar um novo edifício da Universidade, que teria o nome do nosso filho”.
Aí o Presidente, já com menos paciência, olhou para aquele casal de aparência modesta e retorquiu-lhes: “Mas vocês fazem alguma ideia de quanto custa um edifício destes? Sabem que os nossos edifícios custaram à volta de 7 milhões de USD (uma fortuna, na altura)?”.
Nesse momento, a Senhora voltou-se para o marido e comentou com a maior tranquilidade.”Olha, com um custo destes, porque não instalarmos uma Universidade nova, homenageando o nosso filho?”.
O Marido fez um aceno de concordância e partiram com a mesma tranquilidade com que tinham chegado, deixando o Presidente de Harvard entre o atónito e o incrédulo, sem fala.
O casal dirigiu-se então para Palo Alto, Califórnia, onde tinham uma grande propriedade rural, tendo aí iniciado o projecto de uma nova Universidade.
Este casal simples, eram o Senhor Leland Stanford e a Senhora Jane Stanford e a Universidade que então criaram, inaugurada em 1 de Outubro de 1891, passou a chamar-se de Stanford, em homenagem a seu filho, falecido alguns anos antes, de febre tifóide, contraída numa viagem a Itália.
Moral da história: não devemos julgar as pessoas pelas aparências.
E também, por que não: devemos respeitar e estimular a iniciativa da chamada sociedade civil

domingo, 23 de julho de 2006

Ciência voodoo

A homeopatia tem tido um crescimento notável por essa Europa fora e tudo aponta que vai continuar. As reservas, de carácter estritamente científico, colocadas a esta forma alternativa de tratar muitas maleitas, são cada vez maiores, mas mesmo assim insuficientes para a travar.
Na Internet vende-se de tudo inclusive medicamentos homeopáticos, como é óbvio. Desde que não prejudiquem a saúde nada a opor, cada um escolhe o que lhe apetece. Aliás, fazer mal à saúde não é apanágio, infelizmente, da homeopatia. A própria medicina é uma fonte de inúmeros problemas e efeitos secundários, nada desprezíveis. Basta ver os resultados de um estudo recente em que mais de 1,5 milhões de norte-americanos sofrem, todos os anos, as consequências dos erros da medicação acabando por morrer muitos milhares. É evidente que, nesta última situação, são os efeitos de uma má prescrição ou interacção entre fármacos os principais factores responsáveis.
Voltando à homeopatia, verificamos um assentar de baterias opositoras, devido ao facto de estarem à venda tratamentos homeopáticos contra a malária e outras doenças tropicais. Um perfeito disparate capaz de por em causa a segurança dos que viajam para determinadas zonas. Um exemplo paradigmático de má ciência. Não resisto a citar um investigador londrino que a propósito do tratamento homeopático das doenças tropicais afirmou: “se forem prescritos remédios homeopáticos para a febre dos fenos ou cefaleias é uma coisa, mas, neste caso, a situação é outra já que se trata de uma matéria de vida ou de morte”.
A "British Veterinary Voodoo Society", na luta contra certas práticas não científicas, criticou, de uma forma muito satírica, o uso de remédios homeopáticos nos animais. É verdade! São inúmeros os produtos e situações a tratar no âmbito da medicina veterinária homeopática. Pensava que só se praticava nos seres humanos, mas também é utilizada em animais.
As críticas são pertinentes por vários motivos de razões. Desconhece-se o valor científico do produto e os animais são cerceados nos seus “direitos”, já que não têm a possibilidade de escolha entre um medicamento e um produto homeopático!
A minha cadelita, com quase dezasseis anos, apresenta várias maleitas: cataratas, surdez, insuficiência cardíaca e dores ósseas.
Felizmente que a veterinária não é homeopática. Confesso que a “Boneca” não foi ouvida em matéria de escolha, mas penso traduzir a sua opção pelos fármacos mais adequados. Apesar dos efeitos secundários, que podem, naturalmente, ocorrer, a “cachopa” até se sente bem. Sempre é preferível correr o risco de algum efeito secundário do que esperar pelo risco de não efeito do produto homeopático.
A minha cadela não é apologista de ciências voodoo, e eu também não…

Nota sobre a cegueira

Custa-me a admiti-lo, mas tenho de o reconhecer - e seria bom que entre nós advogados se começasse a fazê-lo em voz alta: as razões da decantada crise da Justiça não radicam só nas magistraturas, nas polícias ou nos corpos de funcionários judiciais. Não derivam das más políticas ou das omissões dos governos. A consciência social da crise da Justiça identifica outros responsáveis: os advogados. E infelizmente identifica-os com reais motivos, cujos contornos vão de resto muito para além da percepção pública.
Existem, claro, razões estruturais que explicam que a classe é hoje uma parte do problema. A começar pelo baixo nível de formação básica de muitos dos jovens licenciados que chegam à profissão; o facto de a advocacia ser cada vez mais o refúgio dos milhares licenciados em direito que não têm qualquer vocação para abraçar a carreira e ali vão parar porque as empresas não absorvem juristas, é estreitíssima a porta de entrada para as magistraturas, o ensino já não é saída e a diplomacia que outrora dava emprego a uns tantos alargou a outras formações as poucas oportunidades de acesso. E existem muitas, muitas outras...
Mas há outros sinais de degradação do papel social do advogado que não deveria deixar indiferente a classe.
O processo disciplinar - tornado espectáculo - movido ao senhor Bastonário José Miguel Júdice, sendo evidentemente um sinal dos tempos, marcará a história da Ordem dos Advogados como um lamentável episódio.
Não só pela forma como o processo se desenrolou, ou como o julgamento decorreu, ou por tudo quanto seguramente aí vem depois de ser conhecida a decisão tomada no foro disciplinar, seja qual for essa decisão (embora me não custe adivinhar qual será...).
Lamentável, sobretudo, porque quem fica a perder é a advocacia que bem precisada andava de um suplemento de prestígio.
E um mau serviço prestado à Justiça. Uma perda de autoridade para censurar outros actores judiciários pelo seu envolvimento em mais ou menos sibilinas disputas de poder ou domínio pessoal ou de grupo. Porque nas restritas corte e contra-corte, ou seja, naqueles por cujas mãos habitualmente passa o governo da Ordem, a lógica que comanda é precisamente essa.
Estamos a ano e meio de novas eleições para bastonário e para os restantes órgãos da Ordem.
Cumpre-se a tradição: começou cedo a campanha eleitoral.
Desta vez, convenhamos, de forma mais original do que o costume.
Infelizmente de forma mais lastimável também.

Perguntarão alguns dos que lêem esta nota, que diabo de relação têm os factos aqui anotados com as eleições para os órgãos da Ordem dos Advogados. E eu respondo já: nenhuma, é claro! A nota é sobre a cegueira...

sábado, 22 de julho de 2006

Histórias de Verão-II As inefáveis propostas do Bloco!...

De acordo com o Público, citando Louçã, o Bloco vai ”apresentar um programa com soluções para a criação de emprego, para mostrar como se responde a um problema social, de forma concreta e sem populismos”. Estas medidas serão defendidas na Marcha Pelo Emprego, que arranca a 1 de Setembro.
Eis as primeiras seis:
-Reduzir o horário de trabalho para 36 horas semanais, sem redução de salário, com a opção de o trabalhador poder fazer quatro dias com nove horas de trabalho, tendo um terceiro dia de descanso.
-Proibir os despedimentos em empresas com resultados líquidos positivos
-Aumentar a taxa social única em dois por cento para as empresas que abusam das horas extraordinárias
-Limitar o trabalho a prazo, a termo incerto ou a recibo à duração máxima de um ano
-Aumentar a escolaridade obrigatória para os 12 anos
-Criar um contrato formação-emprego, que dá a todos os participantes em programas de reconversão ou qualificação profissional um contrato de emprego por pelo menos três anos.
Notabilíssima qualquer delas!....
JCD, com grande pertinência, no Blasfémias, chama-lhe meia dúzia de medidas para combater o emprego.
E no mesmo blog João Miranda acha-se vítima de plágio.
No meio desta crise, ainda bem que há Bloco, para nos fazer rir!...

sexta-feira, 21 de julho de 2006

O descanso semanal

O meu hábito em cumprir horários tem algumas vantagens. Às vezes até julgo que já raia o foro da patologia, porque as malditas reuniões começam sempre com atrasos substanciais. Trata-se de um fenómeno tipicamente nacional para o qual não se prevê grandes alterações, sobretudo nos próximos 100 anos.
Desta feita, tive que ir ao Porto para integrar um júri de um concurso. Habitualmente, as reuniões costumavam ser no velho edifício de um quartel adaptado que, na minha opinião, era incompatível com a dignidade da Universidade do Porto. Agora, quase ao fim de 30 anos, a Reitoria regressa ao belo edifício da praça Gomes Teixeira cuja arquitectura, monumentalidade e localização honra a prestigiada instituição.
Para “matar” o tempo, fui ver vários painéis e expositores, distribuídos ao longo dos corredores, traduzindo uma interessante forma de divulgação cultural, com cópias de jornais e vários documentos, ilustrando curiosos aspectos de outras épocas e vivências.
Um gigantesco painel representava a primeira página do Jornal de Notícias de 18 de Julho de 1911. Pequenas notícias davam conta de acidentes de trabalho, da queimadura de uma criança, de acontecimentos sociais, da apresentação de livros científicos, do pedido de ajuda monetária por parte de gazomistas, presos na cadeia de Relação por terem ligado a canalização do gás à da água, entre muitas outras. Mas houve uma que me chamou a atenção, além da dos gazomistas, como é evidente, que foi a seguinte:

O descanço semanal
Transgressão –
A policia comunicou hontem para juízo que Maria Amélia, da rua de Cima de Villa nº7, transgredira a lei do descanço semanal.

É certo que a legislação do trabalho dos nossos dias contempla o merecido descanso semanal. Só que neste caso, em 1911, o não cumprimento da lei de descanso semanal levava o prevaricador a juízo. Mas afinal o que é que a Amélia andaria a fazer?
Aqui está uma boa ideia. Fazer uma lei de descanso semanal e quem não a cumprisse, zás, tribunal com o dito. O juiz decretaria que o réu passasse na prisão o seu dia de descanso semanal. Descansas ou não descansas? Nos dias que correm a loucura em trabalhar (os que trabalham mesmo) está num crescendo diabólico, originando o aparecimento de uma nova doença, o workaholism. Penso que alguns só parariam se houvesse uma lei que os obrigasse a tal. Uma lei muito saudável! Às tantas ainda está em vigor e nem sabemos!
Coitada da Amélia! Fiquei com uma curiosidade dos diabos sobre o que deverá ter feito, provavelmente, num pacato e quente domingo, esta cidadã que, presumo, não deverá ter sido nenhuma workaholic

A próxima vítima!...

David Justino fez um enorme e excelente trabalho à frente do Ministério da Educação. Desenvolveu uma acção política de alta qualidade, comprovada na diversa legislação que fez aprovar e na que tinha preparada. Foi prejudicado pela questão meramente técnica dos concursos dos professores, simples procedimento burocrático, mas que ofuscou completamente todo o trabalho de mérito que desenvolveu.
Maria de Lurdes Rodrigues vem tendo uma acção muito positiva em prol do que é essencial no ensino. Demonstra determinação, coragem, espírito de servir. Foi prejudicada pela questão meramente técnica de perguntas mal formuladas nos exames de Física ou Química, nas quais parece que nem catedráticos se entendem, sendo certo que a elaboração de exames é um processo dominado por logos anos de experiência, não apresentando qualquer dificuldade.
Assim sendo, tendo ambos os Ministros demonstrado competência política, ou lhes faltou apoio técnico ou lhes sobrou apoio técnico maldoso. Em qualquer dos casos, com prejuízo pessoal para os próprios, para as políticas governamentais e para os portugueses.
Não nos iludamos. Imputar aos Ministros ou estes assumirem responsabilidades políticas não leva a nada e não serve a ninguém, se os verdadeiros responsáveis, dirigentes, técnicos e comissões ad hoc do Ministério, não forem afastados de vez e de forma exemplar.
Como isso nunca conteceu e como, agora, também ainda não o foram, já devem estar a pensar na próxima vítima, seja ela quem for e de que partido for!...
Pena é que PS e PSD, como ontem se viu na Assembleia da República, continuem entretidos em guerrinhas internas desprezíveis e não vejam o que está em causa.
Até parece que se rebolam de prazer quando, alternadamente, a desgraça atinge o que está no governo!..

Surpreendente fraqueza

A acusação que o PS faz aos governos anteriores e que aqui se dá notícia, só demonstra fraqueza e má consciência da maioria. Num caso em que vários insuspeitos socialistas já reconheceram ter sido lamentável.

Mais lamentável do que o caso e as explicações gritadas mas não convincentes da senhora Ministra é ainda a fuga às responsabilidade por parte do Governo.

Acabou o período de graça e passou-se ao estado de autismo? Outra vez, não!


Histórias de Verão I- O Bloco Virtual

Notável a atenção de Rúben de Carvalho, ao ver o que poucos viram no artigo do Expresso de sábado passado, sobre o Bloco de Esquerda.
Nesse artigo, dá-se conta do número de militantes bloquistas por distrito.
Veja-se o que Rúben de Carvalho descobriu e deu conta hoje no Diário de Notícias de ontem.
“O Expresso da passada semana publicou o que pretende ser o até hoje mais completo estudo sobre a realidade orgânica do Bloco… Os resultados são deveras interessantes. Segundo o semanário, o Bloco possui:
- em Portalegre 61 militantes;
- em Viana do Castelo, Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco, Évora, Beja e Açores, em cada um, 122 militantes (o que, verifica-se, corresponde em todos exactamente ao dobro de Portalegre, 2x61)
-em Leiria serão 183 (ou seja, 3x61);
-em Aveiro, Santarém, Faro e Viseu atingem em cada os 244 (uns quadrangulares 4x61);
- em Braga, Coimbra e Madeira já sobem para uns distritais 305 (isto é, 5x61);
-em Setúbal o factor multiplicativo é de 12, a saber, 12x61=732.
- As maiores multiplicações do Bloco ocorrem no Porto e em Lisboa, no primeiro 13 Portalegres (793=13x61), atingindo na segunda 24 Portalegres (1464=24x61).…
...Estamos assim perante um caso de estudo que inevitavelmente irá marcar para o futuro a investigação estatística, sociológica e política portuguesa”.
Ora aí está o verdadeiro Bloco: mera realidade virtual!...Mas deixo a pergunta de verão: quem é que o torna real, quem é?

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Moral bushiana!

O veto de Bush sobre a utilização de células estaminais era de esperar e já estava anunciado há muito tempo. As razões são de carácter moral, diz o presidente norte-americano.
O Senado aprovou o seu uso com votos dos dois partidos. Não se alcançaram dois terços de votos favoráveis, facto que permitiu o veto presidencial, o primeiro em seis anos.
É pena que Bush não tenha apreciado as condições de utilização das ditas células, e é, igualmente, de uma hipocrisia extrema, ao invocar razões de ordem moral depois de tudo que tem vindo a fazer ao longo do tempo… É lamentável que não tenha utilizado um bocadito dessa pretensa moralidade noutras situações!
As crianças de que se rodeou, para anunciar o veto, elas próprias nascidas de processos não naturais, deram aquele toque de exibicionismo tão típico daquelas bandas.
Os defensores da utilização das células estaminais, respeitando todos os princípios éticos e legais, irão, mais tarde ou mais cedo, vencer este braço de ferro. O Senado norte-americano deu indicação nesse sentido ao associar os votos de democratas e republicanos, conseguindo uma vitória expressiva sobre a utilização de embriões excedentários que, agora, correm o risco de serem eliminados num qualquer esgoto sem o mínimo de dignidade, para gáudio dos ultraconservadores e tristeza da maioria da população.
“Altruísmo” embrionário perfeitamente ignorado…

"Impostos e estimulação do cérebro profundo"...

Na última revista da Time um interessante ensaio de Michael Kinsley prendeu-me a atenção. O autor descreve o que vai fazer nas férias de Verão, quando os seus amigos lhe perguntam pelos planos: "Vou fazer uma cirurgia ao cérebro"! Tal e qual, como se fosse para qualquer estância de veraneio. A partir desta afirmação, "brinca", mostrando, sem qualquer espécie de dúvida, alguma ansiedade. Afinal, teve de reconhecer que a sua doença de Parkinson se agravou de tal modo que exige uma intervenção cirúrgica destinada a estimular o cérebro. Para o efeito têm que lhe fazer uns buraquitos no crânio, por onde irão passar uns fiozitos a fim de ser efectuada a "estimulação do cérebro profundo ". Claro que fazer furos e outras coisas, não é lá muito agradável.
Em todo este processo, o autor questiona qual será o primeiro pensamento após a tal cirurgia. Enfim, acho que é razoável, sempre se trata do órgão pensante, não é a mesma coisa do que acordar após uma intervenção à vesícula. O cronista termina o seu escrito tecendo mais alguns comentários sobre o que lhe dirão os seus amigos após a colocação dos eléctrodos no seu cérebro profundo.
A crónica é aliciante, e ficamos logo com curiosidade sobre qual terá sido o primeiro pensamento após a intervenção. A resposta é dada pelo editor, em nota de rodapé.
As primeiras palavras foram: "Well, of course, when you cut taxes, government revenues go up. Why couldn't I see that before?"
Ora aqui está uma interessante solução para que os “malditos” impostos desçam: “estimular o cérebro profundo” dos nossos políticos. Eléctrodos são fáceis de obter, o pior é abrir os crânios, já que as cabeças dos ditos deverão ser muito duras...
By the way, o articulista está bem de saúde!

Rose Stefano

Esta época estival em que estamos profundamente mergulhados, na ressaca do Mundial de futebol, não dá muito espaço para tratar temas sérios/graves.
As pessoas estão atarefadas com os seus planos de férias – ou já em pleno gozo das mesmas - procurando esquecer os compromissos e responsabilidades, financeiros ou doutro tipo.
Mesmo que para as férias tenham tido necessidade de esticar um pouco mais o seu nível de endividamento. Sabem tão bem as férias...e depois se verá.
Menos ainda estarão predispostas a dar atenção aos problemas do País.
Neste último caso, são mesmo oficialmente convidadas a não se preocupar.
O marketing oficial, cada vez mais intenso, procura sem descanso transmitir a ideia de que tudo vai correr bem, estamos a melhorar, não há motivo para preocupações.
Em Outubro, quando voltarmos a ter de fazer contas, é bem provável que as dores de cabeça regressem.
Mas para quê estar a antecipar problemas, se na agenda só poderão chegar em Outubro?
Assim, embora a recente divulgação dos dados da execução orçamental relativos à primeira metade de 2006 oferecesse motivos de sobra para comentários – assim como a notícia hoje divulgada segundo a qual se verificou um aumento de 10.000 efectivos na função pública durante este semestre – entendo muito mais interessante trazer a este blog o caso notável de uma modelo e actriz (MTA, model turned actress) de... 86 anos, de seu nome Rose Stefano.
A história desta divertida senhora vem relatada no The Seattle Times (seattletimes.com/living) de 9 do corrente, e creio que merece bem uma referência no 4R.
A Senhora em causa exerceu múltiplas actividades, como por exemplo a de motorista de táxi em Filadélfia, em 1943, tendo iniciado a carreira de modelo já com mais de 40 anos.
No exercício da sua tardia profissão de modelo, fez de tudo um pouco: anúncios para TV, publicidade em outdoors para casinos, publicidade para hospitais e clínicas, publicidade para os correios, publicidade estampada em autocarros, etc.
Também fez filmes, tendo chegado a contracenar fugazmente com Brad Pitt, em 1995.
Continua a trabalhar como modelo para uma agência, Philadelphia’s Express, não admirando que seja a modelo mais velha dessa agência.
Ainda hoje se gaba de ser muito requisitada por cavalheiros de provecta idade que bastante apreciam a sua jovialidade e os seus cabelos muito loiros...Não sei se mais algum dote ainda juvenil, a notícia não esclarece.
Adora dançar, bem como conduzir os três automóveis que possui, entre eles um Jaguar e um Mercedes, ambos descapotáveis. É caso para dizer que a “Pequena” não se tem ajeitado nada mal...
Um bom exemplo de persistência para aqueles que entre nós passam o tempo a pensar na reforma e por isso recebem tão mal a proposta de prolongamento do período activo...

quarta-feira, 19 de julho de 2006

“Ricos, pobres e ataques cardíacos”…


Quando perguntamos aos alunos quais as pessoas mais susceptíveis de virem a sofrer um enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral, se as mais ricas ou as mais pobres, a resposta é, invariavelmente, as mais ricas! Respondo, logo, que não. Os principais contribuintes desta forma “simpática” de matar, já que as alternativas não são nada agradáveis (falando como se tudo ocorresse lá para os 90, 100 anos!) são os que têm menos rendimentos e nível escolar mais baixo. As razões são fáceis de explicar e têm a ver com comportamentos, estilos de vida e recursos.
Está suficientemente documentado que a melhoria do nível cultural e económico se acompanha de uma redução significativa da mortalidade por este grupo de doenças.
Agora, um interessante estudo veio demonstrar que, após o acidente cardiovascular, os mais ricos têm mais probabilidade de sobreviver face aos de menores recursos. A explicação assenta no facto dos mais abonados poderem seguir tratamentos mais rigorosos e mais caros.
Apesar de termos verificado uma redução significativa, nos últimos 25 anos, não se prevê que possa continuar, por vários motivos; assiste-se a novas e problemáticas formas de pobreza, os recursos e acessos aos cuidados podem vir a sofrer alterações significativas, contribuindo para que este fenómeno possa recrudescer, matando muitas pessoas antes do “tempo”. É certo que a melhor forma de sair deste mundo é com um “valente e mortífero acidente cardiovascular”, mas, desde que ocorra lá para os 90, 100 anos! Agora, “fomentá-la” antes do tempo não me parece ser muito saudável. Afinal, economia, política e cultura são mais determinantes para a prevenção cardiovascular do que se poderia imaginar…

Ontem foi noite para ver e ouvir Diana Krall...

...no Cool Jazz Fest, desta feita realizado no magnífico cenário dos jardins do Marquês em Oeiras.

"...the life can be so sweet, on the sunny side of the street".

Enriquecimento sem causa e ética empresarial

Nota prévia: Para que não restem dúvidas, quero desde já avisar da minha inteira adesão aos princípios da economia de mercado e a uma visão liberal da economia.
De vez em quando, faz bem olhar para os Relatórios e Contas das empresas. No dia 1 de Julho foram publicadas no Expresso as da empresa que o publica, a Sojornal, referentes a 2005. O capital e reservas atingem 2,6 milhões de euros e os Resultados do Exercício os 8,4 milhões de euros. Isto é, num só ano, os lucros líquidos triplicaram o capital investido e sem recurso a qualquer proveito extraordinário.
Muito interessante ainda é a proposta de distribuição de dividendos, que contempla a totalidade dos lucros líquidos. E não só os lucros, porque a proposta contempla também a distribuição das reservas livres, no valor de 43.000 euros.
Dir-se-á que estamos em economia de mercado, os accionistas fazem o que melhor entendem. Não digo que não.
Mas, generalizando, não é uma prática recomendável, precisamente em economia de mercado. Numa conjuntura desfavorável, com diminuição de proveitos e retracção de vendas e de margens, tal prática fragiliza as empresas, em termos substanciais e perante os seus clientes, fornecedores ou colaboradores, todos agentes activos dos lucros actuais que na totalidade revertem para os accionistas.
Repare-se que, muitas vezes, os fornecedores aplicam mais dinheiro nas empresas do que os próprios donos.
Distribuições maciças de dividendos impedem a criação de reservas para novos investimentos, em tecnologias avançadas, em novas formas de organização ou em formação dos colaboradores, sendo a causa de muito fracasso empresarial e de muitos dramas pessoais.
E normalmente os accionistas que recebem tudo o que há para receber nos bons tempos vão ser os primeiros a exigir, injustificadamente, dos Clientes, Fornecedores e Colaboradores sacrifícios nos maus, para assegurar a salvação das empresas que assim foram exauridas em seu, accionista, exclusivo proveito pessoal.
A economia de mercado exige ética. E ética não é boa vontade ou espírito humanista. O comportamento ético está nas medidas de prevenção que são tomadas e menos, ou nunca, nas que apenas servem para remediar situações. O lucro das empresas justifica-se plenamente e o seu conceito precisa mesmo de ser valorizado entre nós, nomeadamente pelo risco que a iniciativa empresarial comporta. Mas lucro sem risco, em benefício único da parte accionista, não é mais do que enriquecimento sem causa ou locupletamento à custa alheia.
Nota final: As considerações são genéricas; o caso da Sojornal, apenas um pretexto e, dado o historial do empresário, talvez nem o melhor.

terça-feira, 18 de julho de 2006

Cidade do Fundão, a primeira reserva de caça!...


Segundo o DN de ontem, a portaria 342/2006 (e não a 343/2006, como diz o jornal…) publicada no Diário da República de 10 de Abril declarou a cidade do Fundão uma reserva de caça, não escapando bairros habitacionais, o parque de campismo, o circuito de manutenção, a adega cooperativa e a zona industrial. E já lá estão as placas indicativas!...
Para o Presidente da Câmara, homem de boa vontade, a situação parece ilegal …e coloca em causa a segurança das pessoas...”.
Ora não me parece, nem que seja ilegal, nem que daí venha perigo acrescido. Parece-me até uma coisa muito natural, em que o Fundão será pioneiro.
Assim como assim, a vida das cidades já está bem selvagem e a vida selvagem cada vez mais estranha e humanizada, agora até com ecodutos à maneira, arranjos ambientais e até distribuição de comida aos bichos… para estes não se maçarem muito a procurá-la!...
Daí que os bichos emigrem para onde tenham ambiente mais favorável, naturalmente as cidades, e os humanos regressem à natureza!...
Que admiração virem caçar à cidade? E reparem no ambiente propício, tão visível no brasão!...
Que nos valha o Cardeal de Alpedrinha!...

Já chegámos a Marrocos!…

O F. C. Porto contratou mais um jogador, Sektioui de seu nome, marroquino de origem.
Não sei se será bom de pés ou de cabeça…mas que tem pensamento sólido e língua fácil, lá isso tem.
Logo à chegada, tendo-lhe um jornalista perguntado se teria dificuldades de adaptação, declarou com convicção: vou-me adaptar bem, nem vou estranhar, pois Portugal é igual a Marrocos!...
E logo agora, com o PIB a aumentar?

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Excomungados!

O Cardeal Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para a Família, é pródigo em desencadear reacções. Na sua natural e compreensível missão, defesa de certos princípios, não se coíbe em tomar atitudes que, não primando pela correcção, podem mesmo serem consideradas como ofensivas.
A última tem a ver com a negação da comunhão e mesmo com a excomunhão dos que enveredam pela investigação em células estaminais de embriões, ou melhor, de todos, desde as mulheres aos médicos e investigadores, passando pelos políticos que aprovaram as leis! E parece que não fica por aqui, porque os que trabalharem a jusante, com as linhas celulares, também deverão sofrer esta perseguição.
Muitos cientistas ficaram horrorizados com esta posição. E com razão, já que o acesso às células estaminais de embriões é feita de acordo com princípios éticos. Quem ouvir o cardeal até devem pensar que os envolvidos são uns monstros. Não são! São pessoas dignas.
Não sei onde vai parar tudo isto. Um homem que chegou a afirmar que “o HIV é suficientemente pequeno para passar através de um preservativo”, ou que estes “podem mesmo ser uma das principais razões para a disseminação do HIV/SIDA”, merece credibilidade?
Face a estas atitudes, então, muitos, mas mesmo muitos católicos estão ou vão ser excomungados. Será que as mulheres que abortaram, que tomam contraceptivos ou que utilizam dispositivos intra-uterinos, para não falar dos cúmplices masculinos, vão, também, ser impedidas de comungarem? Será que os médicos prescritores também vão para o mesmo saco?
Estas reflexões, e outras…, surgiram no decurso de uma cerimónia religiosa, na qual tive que participar, por sinal, bem bonita! O facto de conhecer as pessoas, permite-me por em causa as posições de Trujillo.
Meu Deus! Tantos “excomungados e excomungadas”...

A ler...

...este post de Constantino Xavier num blog onde para além do mais - que é muito e interessante - se escreve muito bem.

As TIC e o abandono do interior

O Ferreira de Almeida publicou há dois dias um excelente texto denominado “A política de abandono do interior- III”. Sobre ele incidiu um oportuno comentário do visitante Frederico, que salientou a importância dos telecentros, como forma de fixar populações no interior.
Neste tempo das tecnologias de informação e comunicação, este tipo de abordagem é decisiva, mas anda esquecida dos sábios pensadores, da política e dos decisores.
Com efeito, se não é possível levar as Sedes das grandes empresas para fora dos grandes Centros de Lisboa e Porto, as TIC permitem agora criar sítios para onde regressem determinadas actividades, fixando quadros e criando uma rede de empresas subsidiárias, que fomentam o emprego e fariam desanuviar os grandes centros.
Nas Grandes Lisboa e Porto concentra-se 45% do PIB e 30% da população, valores em crescimento e significativos da desertificação do interior.
Entre as muitas razões do afluxo do PIB a Lisboa está a mudança, para esta zona, das Sedes, das Administrações, das Direcções, Serviços Centrais e Técnicos das grandes empresas, industriais e de serviços, mercê das nacionalizações, reestruturações ou concentrações efectuadas.
O problema não se resolve de forma voluntarista, com medidas isoladas ou com grandes medidas tecnocráticas exaustivamente planeadas: quando estas começarem a ser executadas, já algo mudou que impede o seu prosseguimento. Mas tem que começar a ser resolvido a partir da definição de um quadro geral de actuação, onde as novas tecnologias de comunicação podem ter o papel decisivo de fazer voltar as empresas a outras regiões.
As grandes empresas estão a retirar das suas agências todo o trabalho administrativo, designado por back office, centralizando-o em grandes unidades de tratamento, em Lisboa e também a adoptar sistemas denominados de work-flow, que consistem basicamente na transmissão electrónica de processos e dados, desde a origem até à sua decisão final.
Estas Unidades Centrais ou de assistência tanto podem estar sedeadas num Tagus Park, em Cabo Verde, como fez a PT, na Índia, como a HP, creio, ou num Tâmega Park, ou Cávado Park, se nestes forem criadas condições semelhantes.
Torna-se imperioso que o Estado aproveite esta oportunidade para articular com as empresas as condições de atracção dos novos serviços, onde mais interesse ao país e, no limite, evitar a sua ida para o exterior.
E, já agora, para harmonizar a sua própria política de deslocalização de serviços a esta nova realidade, liderando um processo em que as tecnologias de comunicação bem podem ser um decisivo veículo de criação de riqueza no interior, diminuindo o afluxo aos grandes Centros e atenuando as disparidades actuais.
Isso, sim, seria política!...
O Quarto da República, um artigo que publiquei sobre o assunto numa revista económica, há cerca de 2 anos.

domingo, 16 de julho de 2006

Cair que nem tordos!


Os movimentos ambientalistas têm algumas tiradas capazes de provocar avinagradas reacções face a um aparente “patetismo”. No entanto, importa saber que, ao chegarem a essas atitudes, despoletadoras de críticas, já decorreram muitas e muitas tragédias tradutoras de incúria e falta de respeito pelo ambiente, além dos fatais interesses económicos.
As evidências científicas têm vindo a esclarecer muitas dúvidas e alertando para situações que, à falta de melhor expressão, poderemos classificar como dramáticas. Caso das modificações do comportamento e sobrevivência de batráquios e répteis e agora de aves.
O uso indiscriminado de pesticidas tem tido efeitos muito nefastos. O velho DDT, usado indiscriminadamente durante muitos anos, e apesar de ter sido abandonado, continua a fazer das suas. Quem diria que certas partes dos cérebros de tordos, responsáveis pelas “cantigas” e pelo acasalamento, sofrem uma atrofia quando expostas a níveis elevados daquele pesticida? É verdade. O facto da natureza não conseguir degradar de forma adequada este químico, já que continua a persistir desde a década de sessenta, assusta qualquer um com interesses nestas áreas.
Como a poluição é fundamentalmente “feminina”, os machos são os mais atingidos. As partes do cérebro mais sensíveis às hormonas reprodutivas, associadas com o canto e o acasalamento, são bastante afectadas. Coitados! Querem cantar e devem sair sons que aos ouvidos das fêmeas devem soar a perfeitos castrati, ou, então, querem acasalar mas, quando chegam a vias de facto, não devem saber como! O estudo incidiu em tordos, mas é muito provável que atinja outras aves e que outros pesticidas possam ter efeitos semelhantes. Desconhecem-se, como é óbvio, as consequências neurológicas e comportamentais nos seres humanos, mas não é de excluir alguns efeitos. O tempo o dirá. Quem sabe se muitas das atitudes, face ao aparente “patetismo” dos que pretendem defender o meio ambiente, não são já uma tradução do atrofiamento do cérebro provocado pelos pesticidas, isto para não nos envolvermos com certas formas de “cantar”…

Qual a coisa qual é ela...

...que custa o dobro e dura metade?

E porque será que não me espanta esta notícia?

Dia para recordar Florbela Espanca

Paisagem Alentejana de Manuel Faia


Árvores do Alentejo


Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

A ordem ecológica das coisas

Segundo o Público de ontem, já está em construção na A24, entre Vila Real e Vila Pouca de Aguiar, uma passagem superior para lobos e javalis, de modo poderem “atravessar com segurança a auto-estrada”.
Chama-se um ecoduto e as instalações são de 5 estrelas: 15 metros de largura e barreiras em madeira a ladear as bermas. Em madeira, claro...como o tablier dos carros de luxo!...
Aliás, toda a área envolvente ao ecoduto, “vai ser sujeita a melhoramento paisagístico, sendo plantadas árvores e arbustos, cujo objectivo é minimizar o impacte que a auto-estrada terá na vida dos animais..."
Mas há bichos e bichos. Para os indiferenciados, desprotegidos ou párias, estão a ser construídas sete passagens inferiores, com 12 metros de comprimento e 8 de altura, sem arranjos paisagísticos, sem bermas em madeira e possivelmente menos largos, mais adaptados à menor nobreza dos que lá vão passar.
Obviamente que haverá sinaleiros para regular o trânsito, de modo a impossibitar completamente eventuais ousadias dos membros das estirpes mais baixas utilizarem o ecoduto, com o inerente risco de molestar as castas superiores...
Não foi referido, mas com o ecoduto de Vila Pouca de Aguiar também será construído um Posto Médico, bem como um Gabinete de Acompanhamento Psicológico para os bichos que evidenciem receio de se abalançarem às alturas.
O que, segundo o Instituto da Conservação da Natureza, será estimulante para os nativos, homens e mulheres, dando-lhes a esperança de, contemplados os bichos, chegar a sua vez, na ordem ecológica das coisas.

sábado, 15 de julho de 2006

A política de abandono do interior-III


Não há hoje pequena cidade do interior de Portugal que não lute pela manutenção de alguns dos serviços de interesse geral.
Vão-se as maternidades, fecham-se as escolas, acabam os pólos universitários, desiste-se da construção do novo hospital, um teatro que falece, o fim de mais um centro de juventude, o quartel que desloca os últimos magalas...
Tudo em nome da reorganização administrativa.
Paulatinamente vai morrendo o interior. Para gáudio dos que nas capitais já reclamam pelo fim de municípios e freguesias, indiferentes a quem ali vive.
País de paradoxos, o nosso!
O litoral dos mais sobrepovoados da Europa (vd. aqui o alarmante relatório da Agência Europeia do Ambiente sobre a situação das zonas costeiras, ou por aqui alguns passos significativos desse relatório) apresenta hoje factores de risco e decréscimos assinaláveis da qualidade de vida. Porém, esvazia-se o interior para que todos os dias aportem mais pessoas ao continuum urbano do litoral, exercendo assim maior pressão sobre estas zonas problemáticas.
Paradoxo também porque sendo a realidade aquela que é, a proposta de Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território do mesmo governo que todos os dias fecha mais um pouco do interior, diz nem mais nem menos do que isto:

"A promoção da coesão territorial pressupõe a capacidade de as cidades dinamizarem processos de desenvolvimento regional e assegurarem o acesso generalizado a serviços de interesse geral, incluindo os serviços económicos. Por outro lado, a eficiência das intervenções de desenvolvimento regional depende da forma como as diversas acções se reforcem mutuamente, o que implica a concentração de intervenções tomando a rede de cidades como referência.

Nas áreas de urbanização difusa torna-se necessário estruturar polarizações urbanas que racionalizem as redes de infra-estruturas e equipamentos. Nas áreas de menor desenvolvimento, o reforço das cidades é condição de suporte ao desenvolvimento das actividades económicas e do emprego e de renovação demográfica, social e cultural.

Para além de uma atenção particular ao desenvolvimento das cidades de média dimensão, importa reconhecer o papel dos pequenos centros, sobretudo no desenvolvimento sustentável do espaço rural".


Aprender

Segundo as suas próprias palavras o Primeiro-Ministro aprende com o Presidente da República. O Presidente da República é o mesmo homem de quem um dos ministros da confiança do Primeiro-Ministro dizia há seis meses que uma vez eleito se dedicaria a preparar um golpe de estado constitucional.

Grandes lições tem dado Cavaco, pelos vistos!

Gratidão!...

Segundo notícias de hoje, Scolari renovou por dois anos o seu contrato como seleccionador nacional de futebol.
Com uma cláusula que lhe permite sair, caso Madaíl não seja reeleito Presidente da Federação.
Scolari soube ser grato e Madaíl tem a reeleição garantida.
Nem poderá hesitar na candidatura, face aos riscos que a selecção correria com o abandono de Scolari.
Apesar de muito cansado, como vem afirmando, para realçar o sacrifício!...
Parabéns pelo exemplo de excelente aplicação pessoal da estratégia win, win!...

sexta-feira, 14 de julho de 2006

Não se pode ter tudo!


Nos estudos de investigação, em que utilizamos inquéritos, há necessidade de confiar nas respostas dos inquiridos. Às vezes as coisas não correm lá muito bem, porque as pessoas, mesmo na sua boa-fé, podem falsear os dados. “Dizer” a verdade é mais fácil se o ser em questão for uma bactéria ou um animal. Nos seres humanos as coisas são muito mais complicadas. Senão vejamos: se inquirirmos as pessoas sobre a duração dos seus sonos, acabam por afirmar que dormem mais do que é verdade.
Um estudo recente, em que se utilizaram sensores especiais nos pulsos, veio provar que as pessoas passam, em média, sete horas e meia na cama, mas apenas seis a dormir. Além do mais foram detectadas interessantes diferenças, as mulheres dormem mais do que os homens (embora refiram que dormem menos e procuram mais os médicos por causa de problemas do sono!), os brancos mais do que os negros, e, de acordo com os rendimentos, os mais ricos dormem mais do que os menos ricos, apesar de passarem menos tempo na cama, ou seja, aproveitam melhor o sono. A investigadora ficou particularmente surpreendida com este último achado! Eu não sei porque é ficou surpreendida. O pobre deverá fazer melhor uso do tempo que passa na cama sem dormir, ao passo que os ricos, bom… Não se pode ter tudo, não é verdade?

O verdadeiro Simplex...

Dizem que funcionava como um relógio...

O verdadeiro poder!...


Segundo o Expresso do último fim de semana, o Simplex está atrasado no Ministério da Educação.
Pela simples razão de que, para aplicar o Simplex, é exigida burocracia grossex.
Para pôr fim à obrigatoriedade de passagem pelos Serviços Centrais do Ministério de todos os pedidos de equivalência de habilitações de estudantes estrangeiros que querem prosseguir estudos em Portugal, a burocracia exige nada menos que 40 portarias!...
Segundo o Ministério, em 3 meses, foram já publicadas dez, faltando as 30 restantes!...
O que significa, na melhor das hipóteses, que o processo só acabe lá para meados de 2007!...
Isto, se não voltar tudo à estaca zero!...
A burocracia é um verdadeiro poder que não perde oportunidades: elimina-se por um lado e logo reaparece por outro!...

A frase da semana!...

“…Até parece que as pessoas que fazem crimes são homenageadas…”.
Luís Filipe Vieira, citado por A Bola, num jantar de homenagem.

O jornal de referência benfiquista, A Bola, continua hoje o habitual hino à “instituição” da 2ª Circular e ao seu emérito Presidente. E para além das matérias de fundo, dá notícias que enternecem qualquer adepto vermelho. Começando logo por aquela que ocupa toda a página 9, que refere as medidas dos pés dos jogadores e, por falar em pés, por aquela outra que refere que o Léo removeu parcialmente uma unha encravada do pé esquerdo…
Por curiosidade, o Léo calça 38, bastante abaixo da sapatuda média benfiquista de 42!...
Mas a grande notícia de primeira página e de mais uma quantas é a de que o jogador Vieira fica, logo seguida pela da atribuição da Águia de Ouro ao mesmo jogador, e pela da recandidatura. Ao todo, 9 páginas, por inteiro!...
O jogador Vieira quer ficar no Benfica. Sugeriu a três sócios amigos que convidassem uns tantos outros para um jantar em que o convidassem a ficar. O jantar realizou-se ontem e, por acaso, A Bola soube. E relatou que Vieira ficou surpreso por ver tanta gente convidada, torceu o nariz, ameaçou ir-se embora, só não o fazendo por lhe ter sido muito pedido por um amigo e, no fim, ficou feliz.
Discursaram os convidados/convidantes:
Onde estava o Benfica há meia dúzia de anos? À beira do abismo…Filipe Vieira ganhou o campeonato da credibilidade…”- disse um. E fez um apelo a que ficasse, apesar dos sacrifícios que tem feito. “…Em nome dos benfiquistas, pedimos-lhe para alargar esse sacrifício, em nome da gloriosa história do Benfica…”.
Vieira respondeu dizendo: “…sei o que represento para os benfiquistas, mas por vezes as pessoas têm dificuldade em perceber o que é estar no futebol, onde até parece que as pessoas que fazem crimes são homenageadas…”
Oh! Vieira, não era preciso ir tão longe!...
Ah! E Fernando Seara ofereceu-se para Mandatário.

quinta-feira, 13 de julho de 2006

A realidade virtual!...


Para alguma filosofia, e já desde a Antiguidade, as coisas não são o que são, mas são como nos parecem ou aparecem.
Nos tempos modernos, apareceu uma nova entidade a forçar com que as coisas nos pareçam ou apareçam de determinada maneira. É a Comunicação Social, dando muitas vezes voz aos seus próprios interesses ou a interesses de outros indivíduos ou grupos.
Durante o Mundial, não houve incêndios em Portugal. As atenções das televisões e dos media estavam concentradas naquele evento e não havia nem tempo, nem equipas nem equipamentos para tratar outras realidades.
Era a Comunicação Social a dar voz aos seus próprios interesses.
Os meios estão agora disponíveis, pelo que os fogos já recomeçaram e não tardará a situação oposta de se apresentar um país a arder.
Os media continuarão a dar voz aos seus próprios interesses.
Entretanto, morreram seis pessoas num ataque a um incêndio, cinco deles chilenos. A notícia passou despercebida, aliás a vida de um chileno não é nada que incomode um português…
Os media continuaram a dar voz, agora através do silêncio, a outros interesses, os do Governo.
Durante o campeonato do Mundo, e apesar de o futebol ser um jogo de equipa, só houve destaques, fotografias de primeira página e tempo de antena diário para o Figo, o Ronaldo e, ocasionalmente, o Ricardo.
Não me lembro de o Maniche, seleccionado pelo corpo técnico da FIFA para a selecção ideal, ou o Deco, escolhido como o melhor em campo pela FIFA num dos jogos e pela generalidade da imprensa como o melhor português num outro, serem alvo de qualquer atenção especial ou fotografia colorida de um quarto de meia página.
Os interesses das empresas, dos produtos e da publicidade que se move em redor do Figo e do Ronaldo impuseram-se aos media, obtendo realces diários, qualquer motivo sendo óptimo, jogando bem ou assim, assim...
A Comunicação Social deu voz aos reais e efectivos interesses de terceiros, que se movem na área da produção empresarial e publicitária.
A realidade é meramente virtual. Quem dá as cartas é que a faz!...

A única lição

A ler.
Um excelente artigo de Luciano Amaral no Diário de Notícias de hoje sobre a Guerra Civil de Espanha.

O estado da Nação, no dia 12 de Julho de 2006

Não pude ouvir o debate de ontem.
Quem pode estar mais de 5h. a ouvir todo um debate? Só mesmo os parlamentares, porque é sua tarefa.
Mas confesso que tive pena ter de trabalhar, não puder vir para casa e, no fresco, dedicar-me a ouvir tudo... levantar-me da sala (para ir beber por.ex. um chá bem gelado) quando algumas intervenções aí vinham anunciadas...enfim "simular", em casa , no contraste daquele tórrido ambiente inaceitável do hemiciclo, aquilo que fazem os "ocupantes" de todas as bancadas, de todos os quadrantes!
Não pude, paciência!
Mas, por sorte e porque fiz algum esforço para tal, ouvi uma parte do discurso do 1º Ministro, exactamente aquela parte onde ele fez a "revisão da matéria dada" destes 16 meses de governo ( como o tempo passa!!! ).
E claro que ouvi atenta a "revisão da matéria dada" na área da saúde. onde o 1º Ministro disse com garbo: "nesta área revolucionámos o sector farmacêutico, com o que este governo fez os cidadãos passaram a ficar mais próximos e acessíveis do medicamento".
Fiquei à espera do resto, até porque um jornal de grande tiragem trazia ontem, em primeira página, "Um Milhão de Portugueses sem Médico de Família".
Fiquei à espera da apresentação de alguns resultados comparados sobre gestão de hospitais, aquilo a k os economistas chamam benchmarking, ou sobre as vantagens da transformação de hospitais SA em EPE's.
Fiquei à espera de saber há quanto tempo estão em espera os cidadãos que estão em espera nas listas cirurgicas. O número, de facto, não interessa, é politiquice, sempre estive de acordo com isso, mas o tempo de espera interessa e muito....
Fiquei à espera de saber se a dita "revolução no sector farmacêutico" engloba alguma medida que atente à preocupante crescente despesa com medicamentos que, no sector hospitalar, já vai para lá dos 12% ( mto.longe dos 4% que o ministro negociou com a indústria).
Enfim, na área da saúde, pelo menos, fiquei sem saber o estado da Nação.
Oxalá nas outras áreas se tenha ficado a saber.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

"Doença, terror e vida"...


Os problemas éticos relacionados com a saúde têm vindo a aumentar, dia para dia, graças às descobertas e inovações nas áreas da medicina e da biologia. Para evitar maus usos ou descalabros, susceptíveis de por em causa a dignidade humana, os responsáveis têm a obrigação de definir as regras a seguir. Claro que nestes aspectos há sempre os que fazem a sua própria interpretação, sem que isso possa ser considerado como um “desvio” às normas. No final prevalece as opiniões da “maioria”. Afinal, mesmo em assuntos delicados existe uma “ ética democrática”.
Quando se manipula a vida ou se interfere com a sua própria evolução estamos a “mexer” em matérias muito complexas e delicadas que, durante toda a nossa existência, como humanos, era considerada como atributos de forças superiores, divinas. Só que o céu começa a baixar à terra. E, às vezes, o “céu cai mesmo em cima de nós”.
A tentativa de conhecer a existência de uma anomalia que comprometa o futuro de uma criança, ou a utilização de “embriões-medicamentos” para salvar a vida de um filho constitui duas das principais medidas enquadradas no diagnóstico pré implantação. Há os que querem ir mais longe, numa verdadeira selecção genética que, sendo condenável, não tem o aval de médicos conscientes.
A decisão, desde que tenha enquadramento legal, pertence sempre aos pais. É comum, de acordo com as informações prestadas pelos colegas que se dedicam a estas áreas, a tradicional pergunta: - O que é que o senhor doutor faria se estivesse na nossa posição? Sensatamente, os médicos não respondem, porque não podem, nem devem saber. Claro que quando estão do outro lado têm posições e ambições como qualquer outro. É humano!
Num debate sobre estas matérias, rico e esclarecedor, verifiquei que um dos colegas considerava a doença como sinónimo de terrorismo e que deveria ser combatida a qualquer preço, justificando algumas opções. Argumentou a sua posição, reiterando o conceito de terror. Claro que quando adoecemos, de um modo geral, a maioria de nós fica aterrorizado, sobretudo se estamos perante uma doença grave. No entanto, e apesar de comungar algumas das suas posições, senti que não podia aceitar aquela atitude. A razão é muito simples e fez-me recordar um investigador que em tempos afirmou: “A doença é mais antiga do que o homem, é tão antiga como a própria vida, porque é uma atributo da vida”. De facto, a evolução da vida teve de ser feita à custa de compromissos que, curiosamente, estão na base de muitas doenças, inclusive o próprio cancro. Devemos lutar contra as doenças? Claro que sim. Devemos fazer todos os possíveis para a prevenir? Com certeza! Seremos capazes de a eliminar? Provavelmente, não. Quando tal acontecer, se é que isso irá algum dia acontecer, deixaremos de ser humanos e passaremos a ser transhumanos ou qualquer coisa semelhante. Afinal a doença é uma inevitabilidade e temos de viver com ela, porque é, paradoxalmente, essência da própria vida. Mas daí a considerá-la como terrorismo….

terça-feira, 11 de julho de 2006

Isenção de IRS dos Prémios dos Jogadores da Selecção Nacional de Futebol?!...

Terminado o Mundial do nosso contentamento (apesar de tudo…), soube-se hoje que a Federação Portuguesa de Futebol quer isentar do pagamento de IRS o prémio de presença dos jogadores que estiveram na Alemanha, e que ascende a EUR 50 mil.

Esgrimiram-se argumentos do lado da Federação e do lado do Ministério das Finanças (que, naturalmente, está contra). Provavelmente, do ponto de vista formal e legal, assistirá razão, de acordo com os argumentos invocados, a qualquer uma das partes. No entanto, não creio que esta intenção da Federação possa ser analisada sem recorrer ao bom senso.

… E o bom senso, o que nos diz é que, numa altura em que o país passa por dificuldades bem conhecidas de todos, é absolutamente imoral e chocante que a Federação avance com uma proposta destas! Quer dizer, pedem-se sacrifícios a todos – mas aos jogadores de futebol (e ainda por cima tratando-se de estrelas pagas a peso de ouro!...) não; estão isentos de contribuir!!! Mas isto cabe na cabeça de alguém que tenha um mínimo de bom senso?!...

Por isso, neste caso, não posso deixar de estar ao lado do Ministro das Finanças que, espero, não recue, nem seja obrigado a recuar, e faça mesmo com que os jogadores de futebol sejam tributados!

Gostei imenso da prestação da nossa selecção na Alemanha e estou orgulhoso dos nossos jogadores, mas nem que tivessem sido campeões do mundo mudaria a minha posição. Porque se o que a Federação propõe fosse por diante, estaríamos perante um insulto, uma ofensa, uma afronta, a todos os portugueses – a quem são pedidos inúmeros sacrifícios e que devem, por isso, sentir solidariedade da parte daqueles que idolatra.

De elementar sensatez

O senhor ministro da Presidência Pedro Silva Pereira declarou que o Governo não equaciona aceder ao pedido do presidente da Federação Portuguesa de Futebol para que ficassem isentos de impostos julgo que os prémios pecuniários atribuídos aos jogadores da selecção nacional que participaram no campeonato do mundo de futebol na Alemanha.
Atitude de elementar bom-senso, sobretudo por não decair na demagogia fácil de encarecer, e por essa via se associar, ao relativo sucesso da selecção.
Claro que a um ministro se exige que seja mais sensato - nesta ou em qualquer conjuntura - do que um presidente de federação, para quem o dinheiro que falta no país não é problema porque em boa verdade nunca faltou no futebol.
Mas poderia o Sr. Madaíl perceber que existem princípios que não devem ser questionados. Um desses é o da equidade sem o qual não há justiça fiscal, e pior, não haverá consciência colectiva de justiça quanto à imposição de sacrifícios. Sobretudo quando se tratou de propor um benefício para quem tem rendimentos muito acima da média dos portugueses.
E já agora não seria demais exigir a um presidente da federação de futebol que não desconhecesse que num Estado de Direito quem isenta não é o governo a pedido. É a lei segundo critérios gerais. Ao ministro faltou acrescentar este "pequeno" pormenor. Se o fizesse, acrescentaria ao bom-senso um pitada não dispicienda de pedagogia.

Mea culpa

Um dos comentários a esta nota chamou-me a atenção para o facto de a lei já prever a possibilidade de isenção neste caso. Fui verificar e assim é. O artigo 13º nº5 do Código do IRS dispõe o seguinte: "o IRS não incide sobre os prémios atribuídos aos praticantes de alta competição, bem como aos respectivos treinadores, por classificações relevantes obtidas em provas desportivas de elevado prestígio e nível competitivo, como tal reconhecidas pelo Ministro das Finanças e pelo membro do Governo que tutela o desporto, nomeadamente jogos olímpicos, campeonatos do mundo ou campeonatos da Europa, nos termos do Decreto-Lei nº 125/95, de 31 de Maio, e da Portaria nº 953/95, de 4 de Agosto" (estes últimos diplomas entretanto revogados e substituídos por outros que todavia não alteraram o essencial do regime).
Erro meu, as minhas desculpas e agradecimento pela chamada de atenção.
No demais, não retiro uma linha.

Mea culpa - Take 2

Pelos vistos neste campeonato sou eu quem não receberá prémio de jogo...
O José Manuel Constantino repõe em comentário a este post e no seu blog, as coisas nos seus devidos lugares.
Mais um agradecimento.

Ética e responsabilidade social


Segundo dados da Associação Portuguesa de Bancos, citados pelo Diário de Notícias de hoje, os lucros da Banca aumentaram 30% em 2005, atingindo 1,6 mil milhões de euros, contra 1,230 mil milhões de euros em 2004.
É um aumento fantasmagórico, tanto mais que a remuneração dos capitais próprios bancários já é muito elevada e o retorno do capital investido, o famoso ROE (return on equity), fica aquém dos 5 anos.
A Banca portuguesa soube modernizar-se, apresenta altas rentabilidades e elevada produtividade e está na vanguarda da “indústria” a nível mundial, mas tem vindo a demitir-se da função social de uma redistribuição mais justa da riqueza gerada, que cabe a todas as empresas, nomeadamente às mais produtivas e lucrativas.
A parte distribuída pelos trabalhadores vem-se degradando de ano para ano, os clientes vêm pagando cada vez mais pelo serviço prestado e só os accionistas, através dos dividendos, da capitalização bolsista ou do incremento dos “fundamentais” dos Bancos estão largamente a beneficiar da situação.
Este desequilíbrio distributivo não é justo e vai contra princípios mínimos de ética empresarial e de responsabilidade social.

As contas do Ministro Santos Silva

Quando um ministro não é mostrado, a pulsão para se mostrar é quase irresistível. Eis que o senhor ministro dos Assuntos Parlamentares achou que era a sua vez de aparecer, tão discreto todos o julgavam. E vai daí trouxe umas estatísticas segundo as quais ao longo dos quinze meses que leva a legislatura o PS só por sete vezes terá usado a sua maioria para aprovar sozinho propostas de lei do Governo. Contra a vontade de toda a oposição, portanto. Ao todo, exibe o ministro, foram 73 as propostas de lei trazidas pelo Executivo ao Parlamento.
Estes números merecem análise muito mais aprofundada e conclusões de muito mais amplitude do que aquela que interessou ao ministro retirar. Quer pelo que revelam do comportamento das oposições, quer do governo e da maioria que o sustenta. Mas o que convém, no entanto, reparar é na natureza das sete propostas em que o PS não conseguiu qualquer apoio fora da sua obediente bancada. Foram "só" estas: Orçamento Rectificativo de 2005, aumento da taxa máxima de IVA de 19 para 21%, Orçamento do Estado para 2006, Grandes Opções do Plano (2005/2009), redução das férias judiciais, avaliação e desempenho na administração pública e votação final da nova lei do arrendamento urbano.
Coisa pouca, portanto...

segunda-feira, 10 de julho de 2006

The World is Flat

The World is Flat é o título de um livro publicado no ano passado, da autoria de Thomas Friedman, um ensaio fascinante sobre as implicações do processo de globalização. Leitura fortemente recomendada.
Recordei-me deste livro quando há poucos dias soube que a cidade de New York, em especial a ilha de Manhattan, vai remodelar todo o seu “mobiliário urbano”, a saber: paragens de autocarro, outdoors, stands para venda de jornais e revistas, instalações sanitárias, sinais de trânsito, iluminação das ruas, etc.
Trata-se de um projecto que pretende dar à cidade uma nova estética, mais agradável para o transeunte e também mais funcional, que constitui uma das apostas do Mayor Michael Bllomberg, conhecido empresário (e milionário) do sector da comunicação social e do comissário (cá seria vereador) dos transportes, Íris Weinshall.
As novas paragens de autocarro, por exemplo, deverão apresentar uma estrutura mais leve, com uma base de sustentação no solo reduzida ao mínimo de forma a facilitar a limpeza dos passeios.
A estrutura dos novos stands para venda de jornais, revistas, tabaco, chocolates e quejandos, será fornecida pela Ikea, consistindo numa estrutura em alumínio e aço inoxidável, apresentando uma imagem mais feliz e limpa, substituindo os velhos e tradicionais stands em que predominam as madeiras e as cores castanho e verde escuro.
Curiosamente, a empresa que ganhou o concurso para a execução deste projecto de renovação geral do mobiliário urbano de New York é...espanhola.
Trata-se da Cemusa, uma subsidiária do Grupo Fomento Construciones y Contratas, grupo espanhol muito conhecido, um dos maiores do sector da construção civil e obras públicas.
O negócio não fica por aí pois a Cemusa celebra também com o município de New York um contrato de 20 anos para vender espaço publicitário a terceiros, nos outdoors e nas paragens de autocarros, em troca de mil milhões de USD dólares pagos ao município.
É curioso, dá que pensar como é que uma empresa da Península Ibérica foi capaz de ganhar um concurso tão emblemático. Seria impensável há 10 ou 15 anos atrás.
A globalização faz destas coisas, não constando que existam quaisquer queixas por parte de empresas ou associações empresariais americanas pelo facto deste negócio ter sido entregue a uma empresa da “velha Europa”.
E também dá para pensar que este pode ser um campo de negócio promissor para algumas empresas portuguesas, como actividade complementar da construção, seguindo o exemplo deste grupo espanhol.
Esta é de resto uma área de actividade em que muito está por fazer em Portugal.
Todos nós temos por certo experiência das insuficiências na sinalização dos nossos trajectos, tanto urbanos como rurais. E também da insuficiente qualidade da informação que é prestada aos turistas nos locais públicos.
Vamos então aproveitar estas oportunidades da globalização? Neste caso nem o plano tecnológico é necessário, pois parece tratar-se de média tecnologia...

domingo, 9 de julho de 2006

A quota do futebol!...


Terminou o Campeonato do Mundo de Futebol.
A Selecção merece os parabéns.
A mastodôntica organização da FIFA conseguiu mais um enorme êxito financeiro, do qual vai receber um enorme quinhão para a sua superburocrática e rica estrutura.
E, politicamente correcta, vai distribuir umas migalhas por alguns países. Mas do principal irão beneficiar os seus poderosos nababos.
O marketing da FIFA é punjante. E não seria de espantar que, em nome de uma maior difusão do jogo, este fosse um dos últimos Campeonatos jogados só entre homens.
Palpita-me bem que proximamente, e para criar mais público, o número de jogadores aumentará para 12, de modo a comportar 9 homens e e uma quota de 3 mulheres!...
O que, para além de ser politicamente correcto, até pode tornar o futebol bem mais aliciante.
Quanto aos árbitros, que são três, não haverá problemas de proporcionalidade.
Mas quanto ao quaro árbitro!...

sábado, 8 de julho de 2006

Valente historiador!

Quando foi noticiada a abertura do túmulo do rei D. Afonso Henriques fiquei cheio de curiosidade. A atitude da simpática antropóloga iria esclarecer muitas dúvidas acerca do fundador da nacionalidade. Claro que surgiu o tal imprevisto da "falta de comunicação" das entidades responsáveis, que se "esqueceram" de pedir autorização à senhora ministra da cultura. Efeito do simplex? É muito provável! Bom, esperemos que o projecto prossiga e seja esclarecedor.
Claro que estas "coisas" despertam reacções interessantes. Uma delas foi de um deputado monárquico (!), por sinal um homem simpático e meu amigo, que considera estarmos perante uma profanação e só a Assembleia da República é que deveria debruçar-se sobre o assunto. Ora abóbora! Se seguíssemos este raciocínio nunca saberíamos nada do passado de muitas personalidades. Conhecer é um imperativo. Mas a par desta posição, Vasco Pulido Valente fez uma “valente” crónica em que considera a posição da ministra como correcta ao proibir a abertura do túmulo. Na sua análise chama, também, para o seu discurso, D. Sebastião. Diz que "O sebastianismo, essência do nosso próprio ser, esburacado por uma análise de ADN, mata Portugal. A sra. ministra faz bem em não permitir esse desastre. Sem a espada do Conquistador e a esperança da salvação numa manhã de nevoeiro sobra o quê?" Apetece-me responder: - Sobra o Vasquinho e o Pignatelli!
Cara Eugénia vai em frente. Não ligues a estes g... E, já agora, guarda umas amostras de ADN do VPV e do deputado monárquico. Podem ser úteis no futuro. Nunca se sabe!