Pensando bem, faço mea culpa ao que tenho dito do governo e julgo que vamos muito bem.
De facto, o PIB cresceu 1,4% em 2016 (até prova em contrário, mas passei a acreditar na geringonça e julgo que não vai falhar…), menos do que os 1,6% de 2015, mas isso é uma minudência.
E tem que se louvar a geringonça que apostou tudo no consumo
interno e o fez crescer 2,3% em 2016. Facto é que, em 2015, sem estímulos, cresceu 2,6%.
Coisa sem importância, também.
Quanto ao investimento, caiu 0,3% em 2016, quando em 2015 tinha
subido 4,5%, o que não apresenta qualquer relevância: para uma
geringonça que se preze, menos investimento é menos patronato, logo um inimigo
a menos do povo trabalhador.
Bom, e as exportações tiveram em 2016 um aumento
espectacular de 4,4%; é certo que cresceram 6,1% em 2015, mas em 2015 não havia
crise no mundo, ela só apareceu em 2016 dinamizada pelo senhor Shauble aliado à grande especulação
internacional.
Quanto à dívida pública, aumentou em 2016 um pouco mais de 8
mil milhões, mais ou menos o dobro do défice orçamental, o que também não merece
qualquer preocupação especial, 4 mil milhões a mais ou a menos tanto importa.
Aliás, até me parece completa perda de tempo exigir explicações sobre a aplicação de tão
diminuto valor, que só apostados inimigos da geringonça identificam como pura desorçamentação. Tão sem importância que os juros da dívida a 10 anos tiveram o
insignificante aumento de 2,3% para 4,3%, apenas mais 2 pontos percentuais, e o
spread em relação à Alemanha passou de 1,845% para 3,849%, mas isso tem que se
levar a débito da intratável senhora Merkel.
Por tudo isto, eu faço mea culpa: esta geringonça vai mesmo
no bom caminho.
(Texto inspirado no artigo de João Duque "é uma injustiça, pois é..." no Expresso)