O JN de hoje traz uma notícia que obriga a refletir. Segundo aquele jornal, fruto de correctas opções macro-económicas e de investimento público reprodutivo, a Galiza apresenta hoje níveis de desenvolvimento invejáveis comparados com a região norte de Portugal. Um só indice diz bem da diferença: o salário médio na Galiza anda pelos € 1240 enquanto no norte se queda por € 635. Além disso os níveis de desemprego são dos mais baixos de toda a Europa em contraste com o acentuado crescimento que se verifica do lado de cá.
Estive há muito pouco tempo em Vigo e a pujança económica e o desenvolvimento social é algo que se patenteia logo que se cruza a antiga fronteira.
Esta diferença de escalas de crescimento é tanto mais espantosa quanto é certo que o discurso oficial tem sido, desde há muito, o de coordenar as estratégias da região norte do País com a Galiza, através de projectos comuns e aplicações de fundos de origem comunitária em infra-estruturas que alegadamente facilitariam a comunicação e a articulação de investimentos.
Estratégia, pelos vistos, falhada ao menos na parte em que nos toca.
Lembro-me que em 2002 Pininfarina escolheu o norte de Portugal e a Galiza para desenvolvimento de um grande projecto que visava a concepção e a construção de um veiculo citadino. Como sempre, havia o risco de o investimento ir parar a um dos países de leste. Dizem-me que do lado de cá ficou nada, excepto as disputas dos localismos exarcebados. Mas que na Galiza o projecto continua de pé e promete.
Ao ler estas notícias vêm-me à memória os versos que imortalizam a triste sina que tarda em ser contrariada:
Estive há muito pouco tempo em Vigo e a pujança económica e o desenvolvimento social é algo que se patenteia logo que se cruza a antiga fronteira.
Esta diferença de escalas de crescimento é tanto mais espantosa quanto é certo que o discurso oficial tem sido, desde há muito, o de coordenar as estratégias da região norte do País com a Galiza, através de projectos comuns e aplicações de fundos de origem comunitária em infra-estruturas que alegadamente facilitariam a comunicação e a articulação de investimentos.
Estratégia, pelos vistos, falhada ao menos na parte em que nos toca.
Lembro-me que em 2002 Pininfarina escolheu o norte de Portugal e a Galiza para desenvolvimento de um grande projecto que visava a concepção e a construção de um veiculo citadino. Como sempre, havia o risco de o investimento ir parar a um dos países de leste. Dizem-me que do lado de cá ficou nada, excepto as disputas dos localismos exarcebados. Mas que na Galiza o projecto continua de pé e promete.
Ao ler estas notícias vêm-me à memória os versos que imortalizam a triste sina que tarda em ser contrariada:
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dhua austera, apagada e vil tristeza.
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dhua austera, apagada e vil tristeza.
Luís de Camões, Os Lusíadas
6 comentários:
Os nossos "irmãos",possuem um conjunto de fortes características que em nós se manifestam de uma forma fraca. Trabalham mais. Por isso e porque isso lhes dá o direito, reivindicam mais. São mais unidos em termos de realizar projectos, visando todos o mesmo objectivo. São mais coesos. E Essa atitude concede-lhes o direito de exigirem aos departamentos estatais os apoios necessários. São mais honestos e menos invejosos dentro das suas comunidades. Isso faz com que haja maior equilíbrio na forma de produzir e escoar as produções, assim como maior justeza para todos os que empregam o seu trabalho na produção. O verão passado estive em Ciudad Rodrigo e Salamanca, conversei com um espanhol, proprietário da casa onde fiquei. Trocamos impressões acerca da diferença de atitudes e dos lavradores de um e de outro lado da fronteira, assim como da diferença de atitudes dos respectivos governos. Fiquei em boa parte esclarecido que o governo espanhol, considera os cidadãos com respeito e exerce a sua funcção de apoio e protecção, com lucidez e sensatez.
Um dos aspectos que o tal senhor me referiu e a que achei graça, por ser tão simples e coerente, relacionava-se com a inspecção de veiculos, utilizados exclusivamente nas deslocações da residência para o campo. O orgão oficial que inspecciona os veiculos, emite mediante uma declaração do proprietário, um cartão de inspecção que só lhe permite aquele tipo de utilização, mas que é muito menos exigente no que respeita a um determinado número de itens. No entanto, se o condutor utilizar o veículo de outro modo, sujeita-se a uma multa exemplar. Foi esta a questão que coloquei ao "espanhol" tendo ele rematado: mas ninguem faz isso, todos sabem que o carro é para ir só ao campo e trazer alguns produtos para casa. Vi por lá uma quantidade apreciável de Renault 4L, velhinhaaaaaas.
Pois... porque é que eu não estou surpreendido... sobretudo no que diz respeito ao trabalhar mais para reivindicar mais.
Aliás devo dizer que esse é um dos meus lemas de motivação dos pobres miseráveis que têm a "sorte" de trabalhar para mim:
"Façam um trabalho exemplar, e depois exijam-me tudo o que acham que têm direito que tê-lo-ão, desde que razoável e realista!"
Infelizmente 99% das pessoas que procuram trabalho... perdão, emprego vêm com a mentalidade de exigir tudo e mais alguma coisa (melhores salários, mais condições de trabalho, etc.), o apresentar um trabalho exemplar e excelente vem depois!
Devo dizer que já tentei a táctica de dar todas as condições e exigir depois... o resultado foi mau: desleixo, abusos, desperdício de recursos, utilização desregrada de meios da empresa para benefício próprio, etc... Ao fim de 1 ano e meio os resultados estavam piores, os custos tinham aumentado (aliás estou ainda agora a pagar essa factura) e por consquência a saúde financeira e económica da empresa degradou-se até ao extremo, e o que ganhei com isso além dos problemas foi ainda uns quantos processos no tribunal de trabalho de uns ex-colaboradores muito ciosos dos direitos adquiridos... enfim... o habitual...
Desde que a táctica mudou e passou a ser exigir primeiro e dar condições depois que os resultados são substancialmente melhores, a produtividade aumentou, o desperdicio reduziu-se ao essencial, as falhas estão dentro dos valores aceitáveis para o negócio e... a rotatividade de empregados aumentou mais de 250% ao ano.
A título de exemplo tenho uma empregada, de 24 anitos, que foi contratada à 15 dias, contrato sem termo, 3 meses de período experimental, na passada 6ª feira foi informada que no âmbito das suas funções iria passar a ter de cumprir mais uma tarefa (que diga-se de passagem é uma tarefa regular na sua posição), e a resposta da dita senhora foi "Ah!... Mas isso não está escrito no contrato, por isso recuso-me a fazer!".
Foi-lhe dito que nesse caso teria de mudar de local de trabalho, uma vez que no local onde exercia as suas funções essa tarefa fazia parte do definido no plano de trabalho! A resposta dela foi faltar hoje 2ª feira (o que já era expectável) e não avisar...
Resumindo vai ser despedida! E segundo constou ficou muito aborrecida por eu a querer obrigar a cumprir uma tarefa a qual não lhe "apetecia" fazer "porque não estava no contrato".
Ora perante mentalidades destas quem é que se surpreende que a Galiza esteja à frente do Norte de Portugal e de Portugal?
Eu não!
Penso que não é preciso ir muito loge para encontrar algumas das explicações. Atente-se nestas palvras de Emilio Pérez Touriño
Presidente da Junta da Galiza
"Para a Galiza, a regionalização foi, sem dúvida, um processo de transição de primeira ordem. Quero crer que também operaria de forma positiva deste lado da fronteira. Mas, por respeito institucional, não quero fazer uma intervenção política neste sentido".
"Baseando-me na minha experiência própria e sem pretensão de exportar qualquer modelo, tenho de reconhecer que uma parte importantíssima do êxito de Espanha reside na descentralização".
Regionalização
.
:)))))
Oh amigo Virus... qual seria a tarefa regular na posição da mocinha de 24 (anitos?)que o patrãozinho queria exigir? Vamos lá ler esse contrato de trabalho assim como as clausulas de conteúdo funcional a que a mecinha estaria sujeita. E agora, se me permite uma sugestão... que tal o aliciamento? ou de um modo mais simpático e profissional, que tal o incentivo? Conheço quem obtenha resultados muito bons com esse processo. Pela parte que me toca, na optica do empregado, o incentivo é gratificante, alem de ter a componente do reconhecimento pelo mérito. Isto sempre tendo em conta a não discriminação. Talvez não seja um exercício fácil para quem tem a árdua tarefa de gerir um negócio e pessoas. Mas deixe que lhe diga. Partilho inteiramente da opinião de que a acção da entidade patronal é fundamental para o desempenho dos empregados, tanto no exemplo que for capaz de transmitir, como na boa gestão dos recursos humanos, como ainda em saber, com tacto, "espevitar" a auto-estima e o orgulho de quem desempenha as tarefas. Não sou, nunca fui e provávelmente nunca virei a ser empresário, a menos que a exportação de cascas de alhos floresça, mas falo com quem é e "bebo" ensinamentos que considero muito válidos de alguns.
Um amigo que tem uma indústria de lentes opticas, com cerca de 30 empregados, utiliza uma forma de trabalhar muito interessante: é rigoroso nas entrevistas, a par de algum feeling prá coisa, e quando admite o candidato, coloca-se ao lado dele e ensina-lhe o trabalho. É ele que gere o negócio todo. Importação de matéria-prima, renovação de equipamentos, distribuição, tudo passa pelo seu controle pessoal. É exigente, mas recompensa os colaboradores. Ha três componentes importantíssimas, no meu ponto de vista, que determinam o sucesso de um empresário no campo da gestão dos recursos humanos, que são: escolher bem o candidato a admitir, dar-lhe a formação adequada às tarefas que ira desempenhar e acompanha-lo permanentemente na produtividade, na relação com os colegas e a empresa, na actualização dos conhecimentos profissionais, em suma, não deixar que o empregado entre numa rotina que poderá resultar na detioração das suas qualidades. É uma forma de gerir trabalhosa, que requer dedicação e capacidade de programação, mas que resulta.
Caro Bartolomeu,
estamos plenamente de acordo. Aliás subscrevo inteiramente as suas palavras, sobretudo na componente de gestão dos recursos humanos, que aliás quanto a mim é a mais importante de todas as outras, pois sem os RH não há pessoas para produzir e lá se vai o negócio...
Quanto aos incentivos não me parece lógico atribuir incentivos a empregados para que cumpram a sua função bem... para isso há o salário... os incentivos são para aqueles que se destacam e vão mais além!
Quando era eu o empregado nunca "pedi" ao meu patrão para me "incentivar" com prémios, ou pedia um aumento ou não pedia, não vinha cá com a conversa de "pois eu venho todos os dias, não falto e nem ganho um prémio de assiduidade-ou coisa assim".
Julgo que há aqui uma diferença na nossa visão do que é o trabalho, ou seja, se o patrão me paga para fazer um trabalho então paga-me para eu o fazer bem (sempre pensei assim, até quando era empregado), se eu quero algo mais tenho de lhe mostrar do que sou capaz e ir mais longe. Esta é a diferença entre a PRO-actividade e a RE-actividade os - são intencionais).
Isto é um pouco como uma corrida de 100mts. Se eu estou na linha de partida sei que quero chegar ao fim, agora se eu quero o Ouro sei que quero chegar ao fim em primeiro, e para isso tenho que me esforçar mais que os outros e correr mais depressa.
Quanto à mocita em questão o contrato, visto por dois advogados diferentes (um dos quaios é pago por mim :) ), o que ela tinha de fazer caía perfeitamente no âmbito das suas funções. Só que de acordo com ela eu só lhe pagava para "mexer o copo da esquerda para a direita" se eu queria "mexer o copo da direita para a esquerda" tinha de lhe pagar mais, e para mim isso é inaceitável, quanto mais de uma pessoa em período experimental!
ok, ok, considero-me suficientemente esclarecido quanto à movimentação corporal. essa do advogado mercenário é que me ficou atravessada, mas...
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