Vi hoje no DN que foi editado um livro em que um jovem conta a sua história depois de ter sofrido um acidente de mota que o deixou tetraplégico. Ainda não li “Ser feliz Assim”, mas ouvi há bem pouco tempo uma jovem que dá aulas de dança oriental na Holanda contar que lhe pediram para ir ensaiar uma coreografia com algumas raparigas que queriam apresentar uma dança no dia do casamento de uma amiga. Entre as amigas na noiva estava uma jovem que sofre de atrofia muscular, tem 21 anos e só se desloca em cadeira de rodas, os braços são tão curtos que não consegue cortar a carne ou levar um copo à boca. O ensaio foi um sucesso, muito abrilhantado pela participação dessa jovem deficiente, que fazia rodopiar a cadeira de rodas ao ritmo que as outras moviam as ancas, os véus coloridos tapavam-lhe os bracitos curtos e com ele escondia a deformidade, tirando proveito dos movimentos com uma alegria contagiante.
O êxito foi tão grande que procuraram de novo a “professora”, desta vez com um pequeno grupo de outras jovens deficientes que não se consideram inibidas de participar nesses pequenos prazeres da vida. Fizeram então a análise da simetria do corpo: os ombros mexem em paralelo com as ancas, os braços com as pernas, a cabeça acentua a graciosidade dos movimentos e um sorriso, um largo sorriso, dá o tom geral à dança. Todas concordaram que o sorriso é que não tinha sucedâneo.
E assim, um pequeno grupo em cadeira de rodas e uma jovem entusiasta das danças orientais, passam umas horas bem animadas, à mistura com muitas gargalhadas quando falham e muitas palmas quando uma supera as suas dificuldades. Fazem competição nas roupas que inventam para acentuar o exotismo das danças e são muito críticas quando a coreografia lhes parece fácil. No fim da sessão, juntam-se os namorados e vão todos ao café conversar e planear os dias seguintes.Foi à saída de uma dessas sessões que a rapariga com atrofia muscular comentou com toda a simplicidade: - “Sabes, a vida é maravilhosa. É tão fácil sentirmo-nos felizes!"
O êxito foi tão grande que procuraram de novo a “professora”, desta vez com um pequeno grupo de outras jovens deficientes que não se consideram inibidas de participar nesses pequenos prazeres da vida. Fizeram então a análise da simetria do corpo: os ombros mexem em paralelo com as ancas, os braços com as pernas, a cabeça acentua a graciosidade dos movimentos e um sorriso, um largo sorriso, dá o tom geral à dança. Todas concordaram que o sorriso é que não tinha sucedâneo.
E assim, um pequeno grupo em cadeira de rodas e uma jovem entusiasta das danças orientais, passam umas horas bem animadas, à mistura com muitas gargalhadas quando falham e muitas palmas quando uma supera as suas dificuldades. Fazem competição nas roupas que inventam para acentuar o exotismo das danças e são muito críticas quando a coreografia lhes parece fácil. No fim da sessão, juntam-se os namorados e vão todos ao café conversar e planear os dias seguintes.Foi à saída de uma dessas sessões que a rapariga com atrofia muscular comentou com toda a simplicidade: - “Sabes, a vida é maravilhosa. É tão fácil sentirmo-nos felizes!"
7 comentários:
Assim fica demonstrado, que a vida pode (deve) efectivamente ser uma festa e que o rítmo dessa festa é marcado pela cadência dos sorrisos, em sintonia com as palmas da amizade.
Belo exemplo cara Suzana, sigamo-lo!
Cara Drª. Suzana Toscano:
Concluo da leitura do seu post que às vezes são atitudes como as desta jovem holandesa, que fazem com que a vida de alguns seja mais risonha e tenha mais sentido.
Por isto penso que esta jovem é um bom exemplo a seguir por todos nós.
Cara Suzana:
Tudo isto demonstra qur há vida, e vida intensa, para além das vicissitudes do corpo que, por vezes, a encobre ou a impede de se manifestar com exuberância.
E é isso que me faz acreditar que a vida do espírito está para além do invólucro material do corpo humano e subsistirá para sempre.
Claro que, no caso concreto, os dotes da professora, que adivinho quem seja, também podem fazer milagres!...
Caro Dr. Pinho Cardão, perante este comentário, sinto-me na obrigação de lhe fazer uma vénia e de citar o seu comentário ao comentário do caro Professor Massano Cardoso no post "Os burocratas iluminados e os atrasados mentais!..."
V. Ex. escreveu:
Caro Professor:
Sempre inteligente!... Professor é Professor!...
E, no presente comentário o caro Dr. P.C., revela-se um excelente Professor!!!
Suzana
As pessoas com deficiências desenvolvem normalmente talentos que nas outras pessoas estão escondidos ou adormecidos. As deficiências compensam-se com qualidades e competências que ajudam a equilibrar emocionalmente estas pessoas. Mas muito importantes para o bem estar e a felicidade destas pessoas são as ajudas e os apoios que recebem, em particular de ordem afectiva.
A jovem holandesa é um exemplo de que a vida pode ser bonita para todos e da importância que na vida têm os afectos que damos e recebemos. A "professora" tem na felicidade desta jovem um lugar muito importante!
Cara Suzana
Um dos livros que comprei hoje, e que já relatei no post “Levar a carta a Garcia”, “Sobre o Sofrimento do Mundo” de Schopenhauer, escolha devido a um pessimismo que espero ser transitório, começa da seguinte maneira:
“Se o alvo imediato e directo da nossa vida não é o sofrimento, então a nossa existência estará muito mal adaptada ao seu alvo no mundo; porque é absurdo pensar que as infindáveis aflições de que o mundo está cheio e que emergem da necessidade e da angústia próprias da vida, sejam sem sentido e puramente acidentais. Cada infortúnio individual parece ser uma ocorrência excepcional; mas a regra geral é o infortúnio.”
Schopenhauer afirmou que “cada infortúnio individual parece ser uma ocorrência excepcional”, até é, mas mais do que excepcional é alguém, a quem o infortúnio tocou, dizer: “Sabes, a vida é maravilhosa. É tão fácil sentirmo-nos felizes!"
Só mesmo o 4r é que me fará corrigir este hábito de não levar computador para o fim de semana! Peço desculpa de não ter respondido, mas só agora é que tive acesso à blogosfera.
Estas pequenas histórias que vamos encontrando por aí ao acaso às vezes respondem com simplicidade a dúvidas ou angústias em que andamos a elaborar há que tempos.Não precisamos de ser heróis, às vezes basta não levar tão a sério o que nos corre menos bem...
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