Excelente retrato de loucura da autoria de António Barreto. Às vezes parecemos, ou somos mesmo, um país de loucos. A propósito do documentário "Portugal um Retrato Social" da autoria também de António Barreto, alguém escreveu que "Somos dos poucos países europeus cuja grande maioria da população teve mais de cinco telefones - com câmara e vídeo incorporados - em 2 anos. Somos fãs da última geração em tudo e mais alguma coisa".
Chega, basta de modernismos e progressismos!! Era o que nos faltava não podermos comer uns biscoitos caseiros, não podermos comprar um bolo-rei com fava e brinde, não podermos apreciar umas castanhas embrulhadas em papel de jornal, não podermos beber a bica numa chávena de louça!!
Se nos despirem destes pequenos mimos, então sim iremos ter loucura a sério... É tudo, isso sim, uma grande tristeza!
17 comentários:
Comentei também n'A Baixa do Porto. É preciso fazermos alguma coisa.
É um artigo notável, este do António Barreto que,além do mérito da crítica, constitui um repositório das medidas que essas mentes tecnocráticas, mas bem doentes, nos querem e estão a impingir.
Com o beneplácito saloio dos políticos!...
O artigo é notável mas pouco coerente com aquilo que o António Barreto defendeu toda a vida - o regime que é bom para todos de forma igual.
Isto que hoje ele descreve de forma fabulosa (brilhante!) é o resultado do funcionalismo socialista, de gente que procura a sua renda pela normalização da vida dos outros, estabelecendo o que para os outros tem valor, quer eles queiram, quer não, recolhendo uma renda por isso. Sem esforço reconhecemos exactamente o mesmo tipo de regras nas legislação laboral, na legislação do casamento, na legislação de tudo e mais alguma coisa que se faz nesta porcaria de país, onde escrever uma lei é mais importante que fazer.
Mas como nós vemos a coisa pelo objecto e não pela causa, a ASAE parece-nos um exército de palhaços em actividades ridículas de regulação do tomate, a DGCI como uma secretaria de defesa da causa pública e, pasme-se, há direcções que até achamos fundamentais. Mas, lá no fundo, se virmos bem esta normalização alimentar é o menor dos nossos problemas socialistas, num país em que todos os alunos têm que cumprir com aquilo que é decidido por umas tipas na 5 de Outubro, todos as crianças têm que nascer nas condições definidas acolá, todos os contratos de trabalho têm que ser assado,...
Caro Tonibler:
Em suma, vamos nascer normalizados, crescer normalizados, educados normalizados, vamos comer normalizados, toda a diferença será politicamente incorrecta.
Um qualquer Ministério do Vício e da Virtude velará pela igualdade e pelas normas.
A propósito: li ontem que em Verona uma postura da Câmara proíbe fumar em jardins públicos!...
Caro Tonibler
Tem muita razão!
A coerência de António Barreto terá evoluído ao longo dos últimos tempos, o que é perfeitamente legítimo e sinal de inteligência, para um novo patamar. Ainda bem.
Defendo a diversidade porque é a melhor expressão da liberdade, da criatividade, da valorização e do respeito pela diferença; a falsa "igualização" imposta por uma ditadura da normalização e standardização de tudo e mais alguma coisa, sob a capa de um pretenso desenvolvimento, conduz ao empobrecimento. E a necessidade de tudo e todos medir fervorosamente com estatísticas está a dar um lindo resultado.
O que se passa na Educação mostra bem o que é a mediocridade das ideologias da igualização. Para tudo igualar acabamos por ser vítimas do nivelamento por baixo.
A ausência de "pensamento" dos nossos políticos é assustadora...
Caro Dr. Pinho Cardão
Estamos nas mãos, como muito bem apelida, de "tecnocratas"! Tenhamos esperança que sejam engolidos pelo seu próprio "veneno"!
Caro TAF
Seja muito bem vindo. Depois da incursão que fiz n´A Baixa do Porto, lendo o seu texto de "revolta", fiquei com vontade de comentar que o problema não será tanto a Europa. Há países europeus que pertencendo à UE têm uma excepcional qualidade de vida e um grande respeito pela sua cultura e pela sua tradição. Não abdicam do que é seu e valorizam as diferenças que os distinguem entre si e dos outros.
Em Portugal vamos "morrendo" aos poucos porque andamos deslumbrados com a UE sem perceber que é ainda mais necessário preservar a nossa identidade.
Tem toda a razão quando menciona que a solução não passa por "regulamentar proibindo", mas antes "regulamentar classificando/certificando", respeitando a diferença.
Um "simplex" regulamentar seria muito útil se realmente houvesse vontade de arrepiar caminho. Mas não o que vemos é o contrário…
Cara MCA, a questão neste caso é que aparentemente todas estas regulamentações serão imposições da UE. Em qualquer caso é preciso agirmos, não basta protestar.
Caro Pinho Cardão,
Só poderíamos olhar para a criação do Ministério do Vício e da Virtude de uma forma positiva uma vez que correspondia à fusão dos demais ministérios cuja única função conhecida é a normalização sectorial. Isto poderia corresponder a uma redução significativa da despesa pública e, até de forma mais sofisticada, a sua completa eliminação, pela transformação do Ministério do Vício e da Virtude em Vícios&Virtudes - Consultoria Pública Que Não Serve Para Esconder Despesa, SA.
Posso imaginar com relativa facilidade, que não raras vezes, as palavras que um certo Bartolomeu aqui deixa escritas, parecem devolutas de sentido.
Eu próprio sinto alguma dificuldade , por vezes em conseguir enquadra-las num contexto de coerÊncia com o sentido dos post que elas (as palavras do Bartolomeu) pretendem comentar.
Estas serão talvez um exemplo disso, porem, confiando na prespicácia que recheia o entendimento de todos vós, aqui fica, como comentário ao assunto, a transcrição de um poema de Fernando Pessoa, parte da sua "Mensagem"
O Mostrengo
O mostrengo que está no fundo do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: "Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?"
E o homem do leme disse, tremendo:
"El-Rei D. João Segundo!"
"De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?"
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
"Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?"
E o homem do leme tremeu, e disse:
"El-Rei D. João Segundo!"
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"
Caro Bartolomeu
Deixe-me dizer-lhe que o poeta "Bartolomeu" fez uma escolha épica belíssima, não só por ser quem é Fernando Pessoa mas também porque estamos a precisar de lembrar onde está a teimosia heróica de Portugal para vencer o mar (o mostrengo)?
O "Mostrengo" mostra-se particularmente actual. As palavras do poeta “Bartolomeu” não foram em vão! Onde está a determinação dos portugueses - representada no poema por El-rei D. João Segundo - para vencer o mostrengo "imundo e grosso"?
Onde está a nossa alma, pergunto eu?
Mas nada de depressões e tristezas. Precisamos de ânimo e de não esmurecer face às dificuldades!
Calma que ... a Ginjinha do Rossio já reabriu !!!
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=68818
Sem sanita, mas abriu !
:-))))))
Caro Pézinhos n`Areia
Mas a Ginjinha do Rossio tem estatuto de interesse público!
Um pormenor que faz toda diferença...
Cara Margarida, notícia de última hora... no SOL
"A Ginjinha reabriu hoje à tarde mas, horas depois, foi encerrada pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e detida a sua proprietária pelo «crime de desobediência» por não ter solicitado reinspecção, segundo a ASAE."
Parece que nem o Estatuto Público lhe valeu, Cara Margarida.
A ASAE contra atacou.:-(
Aqui:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=68875
Em conversa num outro espaço virtual, fiquei a saber que em Alcobaça, também há uma Ginjinha - A Ginja de Alcobaça - de garrafa piramidal e esguia, e cujo sabor a licor, faz qualquer mulher feliz. :-))))))
Estou a brincar ... claro !
Por sinal, não bebo.
Veremos como ficará o caso "Ginjinha do Rossio versus ASAE".
Caro Pézinhos n' Areia
Cá estaremos para ver os próximos episódios da Ginjinha do Rossio. A coisa está feia! O que se terá passado para além da "desobediência" que justifica uma medida cautelar de "termo de identidade e residência"!?
A propósito de licores e de toda esta loucura, também mediática, desejo que o tradicional Licor de Singeverga, o único ainda fabricado num Mosteiro em Portugal, não seja envolvido nesta enxurrada...
Estou chocado. Talvez não seja razão para isso, seria de esperar com o actual panorama, mas a actuação desta polícia pidesca digna dos tempos da inquisição denominada de ASAE - cujas operações já levaram, este ano, à apreensão de um total de 45.823.156,31 euros (segundo a sua página oficial) - não deixa de me surpreender. E sempre pelos piores motivos. Soube hoje que A Ginginha, no Rossio, está ou esteve fechada por ordem da ASAE. É a tal, completamente invertida, ordem de prioridades a que este governo socialista (mas pouco) nos tem vindo a habituar. Provavelmente, o McDonald's ali ao lado está todo impecavelmente nos conformes. Cumpre todas as directivas impostas. Presta-nos um melhor serviço. Óleos de fritura e carnes duvidosas de multinacionais, tudo bem. Agora, bebidas alcoólicas caseiras? Nem pó! Tradições? Nem vê-las!
Hoje passeei pela baixa e tive esta conversa. Acerca desta tendência existente em todos os sectores, e também na arte. Na pintura, na música, na escultura, no cinema, na arquitectura, na dança...
Os supostos especialistas, os que estudaram para serem artistas(!?), parecem ser os primeiros a desrespeitar e desvirtuar a sua própria arte, aquela que intendem praticar. Um homem é capaz de passar cinco anos da sua vida a estudar, entre outras coisas história da arte e específicamente da arquitectura, para se tornar arquitecto para, no fim, ter a desfaçatez de assassinar sem rodeios uma qualquer Avenida da Liberdade. Qual mosca sem valor que pousa, com a mesma alegria, na careca dum doutor, como em qualquer porcaria, projecta o arquitecto, com empáfia e júbilo proporcionais à altura da obra, um paralelepípedo vertical, com vinte andares mas sem varandas, ao lado de um edíficio bi-centenário digno, ou detentor, de um Prémio Valmor. Todo o seu estudo não lhe chega para percepcionar o ridículo que é. O atentado. Não acha que a sua "arte" esteja deslocada nem que o edifício vizinho merecesse melhor (ou mais consentânea) companhia.
E os os escultores que temos hoje são os que fazem as Praças 25 de Abril (em Lisboa) por esse país fora? Foi isso que aprenderam a fazer? A estátua do Marquês tem um significado. É imponente e trabalhada. Representa alguma coisa. As pessoas páram para tirar fotografias, gostam de ver. Quando querem festejar as conquistas do seu clube acorrem-lhe em romaria, como que tributo a um símbolo. Da cidade e do país. Não há roteiro que a esqueça nem português que a não conheça. E aquele mamarracho da Praça 25 de Abril, o que é? E o famoso pirulito no topo do Parque Eduardo XVII? E a rotunda junto ao Carrefour? Os marqueses e entrecampos deixaram de agradar? Talvez devessem ser referência, mas não.
Ver um filme a preto e branco, sem explosões e dolby surround, apenas com o talento dos actores e realizador? Ouvir uma música com mais de 30 anos, sem batidas electrónicas ou guitarras eléctricas? Arte marcante e estéticamente inteligível, não minimalista? Comida caseira sem higiene mas com sabor? Tradições taurinas? Já eram...
Há que inventar, fugir aos preceitos, inovar. Para ser melhor? Não, só para ser original.
Originalidade é uma coisa, isto é cretinice.
Caro Luís Guerreiro
Seja muito bem vindo. Obrigada pela sua excelente reflexão com a qual me identifico.
Penso que temos razão para estar chocados com o que nos está a acontecer. Como é que podemos aceitar acabarmos todos a comer hamburgers no McDonald' s!? Chamo a isto empobrecimento da nossa identidade nacional, da nossa cultura, das nossas tradições, dos nossos valores e a negação de quem somos.
Não somos capazes como fazem muitos outros países desenvolvidos de acarinhar a sua história e as suas especificidades, sem no entanto deixarem de inovar e de criar.
Gosto sempre de ilustrar a nossa saloiice com o exemplo de darmos primazia à construção de betão, em prejuízo da reabilitação do património que temos!
Cara Margarida, se tiver tempo, sugiro-lhe a leitura da entrevista feita ao Senhor "ASAE". Aqui:
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=268078&idselect=229&idCanal=229&p=200
Tem ginjinha !!!! ... eheheheheh ..
abraço
Enviar um comentário