Vivemos uma época em que as pessoas idosas são objecto calculado de exclusão social e arrumadas em "silos geracionais", em que o abandono e a solidão são motivo de insegurança e de sofrimento, em que a proximidade às famílias está cada vez mais distante, em que muitos lares e residências não são mais do que "afectos profissionalizados" e em que muitos outros absurdos poderiam ser enumerados. O egoísmo, o esquecimento, o desprezo, a desvalorização, o encargo que representam muitas pessoas idosas para as famílias e para a comunidade apresentam-se aos olhos de muitos como um efeito da sociedade moderna, como que uma fatalidade ou mesmo uma necessidade de um novo modelo de organização. Este é um tema que apesar de muito humano e muito próximo, muito boa gente não quer ouvir falar porque incomoda, porque é uma chatice, porque é deprimente, porque não!
Vem tudo isto a propósito de um caso elogioso de como integrar socialmente as pessoas idosas, de como as valorizar, de como reconhecer nelas uma função humana, social e económica, de como ajudar a dar um sentido à sua vida, de como fazer renascer a sua alegria e o seu bem estar e de como outras gerações podem aprender e beneficiar das suas experiências, dos seus saberes e afectos. As coisas bem feitas devem ser apontadas e evidenciadas, devem ser motivo de notícia e divulgação, até para contrapor ao espírito medíocre, à desgraça e à tragédia que todos os dias e a toda hora invadem a nossa casa numa espécie de "masoquismo" colectivo.
É uma história bonita e muito simples, mas que justamente pela sua simplicidade merece ser contada. É tão simples que se torna difícil contar! Trata-se de um projecto que aposta numa integração social geracional envolvendo pessoas idosas que contam ou lêem histórias e fábulas a dezenas de crianças de diferentes idades, durante as actividades de tempos livres pós escolares, e em que as crianças são estimuladas a ler para todos os outros e a contar outras tantas histórias. Há uma reciprocidade geracional de papéis, desempenhados de forma bem diferente, mas em que deste contraste nasce uma cumplicidade afectuosa. Com as suas narrativas carregadas de veracidade, de sabedoria e de emoção, as pessoas idosas enchem o imaginário das crianças que com os seus olhos muito abertos se prendem e rendem à ternura de quem, como mais ninguém, as envolve num ambiente como que de magia. Uma magia ao serviço do desenvolvimento, da educação e da formação da criança...
18 comentários:
Ao ler o seu post, este mesmo sobre o abandono dos idosos verificado nas sociedades ocidentais voei mentalmente para África. É curioso - e condenavel - que uma sociedade de bem-estar como a nossa tenha perdido totalmente os laços familiares que existem em toda a África a sul do rio Níger. Lá, os mais-velhos são parte integrante das familias até ao fim da sua vida, cuidam dos netos, bisnetos, contam-lhes histórias, transmitem-lhes uma cultura e uma tradição, inculcam-lhes valores, amparam-nos nos seus primeiros passos. Em contrapartida não têm transições na sua vida. O seu modus vivendi mantem-se mesmo para além da idade produtiva com as necessárias adaptações às limitações físicas que vão aparecendo. Na África Negra os mais-velhos são considerados parte integrante da sociedade e desempenham um papel muito importante no seu pulsar e no seu crescimento. Nesta nossa sociedade de bem-estar orientada para o dinheiro e para as riquezas materiais, temos depósitos de velhos. Em África, sociedades infinitamente mais desprovidas de recursos materiais, onde o bem-estar advem das relações sociais, dos laços familiares, da proximidade humana, têm familias.
Será este uma dos motivos pelos quais as sociedades mais felizes, onde os cidadãos são mais felizes, onde têm menos preocupações globalmente, estão nos países com menores recursos económicos?
Tal como o caro Zuricher refere, o seu maravilhoso post-história, cara Margarida, conduz-nos a memória, para locais e tempos que gratamente se guardam.
Lembro-me com uma satisfação interior muito intensa das horas que passei em criança a escutar as histórias contadas por a minha avó naterna e por a minha mãe. Muitas delas, tiradas dos contos tradicionais, outras, experiências vividas na primeira pessoa, que me extasiávam e hoje me fazem ainda sentir o sabor do conforto.
"O egoísmo, o esquecimento, o desprezo, a desvalorização, o encargo que representam muitas pessoas idosas para as famílias e para a comunidade apresentam-se aos olhos de muitos como um efeito da sociedade moderna, como que uma fatalidade ou mesmo uma necessidade de um novo modelo de organização."
Os adjectivos que refere nesta frase, cara Margarida, apesar de aplicáveis à realidade que se constata, têm no entanto uma razão que nos escapa numa análise superficial. É que todos os incómodos que um idoso pode causar para o filho, estão na razão directa dos incómodos que o filho lhe causou, desde que nasceu, até que se tornou independente. Só que, na optica dos pais, os incomodos tidos com o filho prespectivavam-se numa optica de crescimento e projectavam-se num futuro constructivo. Ao passo que os incómodos que geram a dependência de um pai idoso, prespectivam-se num fim, naturalmente trágico, o filho sabe que em breve irá perder um elo forte de ligação à vida, irá perder aquele que sempre representou para ele um pilar de sustentação. Daí, penso que o acto que à partida nos parece de abandono e de rejeição, é muito provávelmente um acto de defesa contra a inevitável morte.
Sem qualquer dúvida, concordo com a cara Margarida quando refere este exemplo magnífico de entrosamento dos idosos com os mais jovens e da partilha de experiências entre eles, até imagino que muito provávelmente este projecto que nos apresenta, numa fase imediata vá evoluir para vertentes como os trabalhos manuais a culinária, a agricultura. ´Técnicas muito gratas aos idosos, que têm toda a capacidade e conhecimento para as transmitir, com a vantagem para os mais pequenos, porque lhes enriquecerá de conhecimentos que lhes poderão ser uteis na sua vida que se deseja longa e feliz.
Caro Zuricher
Seja muito bem vindo. Estimulante a sua análise sobre a felicidade das sociedades. O conceito de felicidade é muito difícil de estabelecer, é algo muito relativo. Mas compreendo perfeitamente o seu ponto ao trazer para a tentativa de definição de sociedades mais felizes, as sociedades do continente Africano, que vivendo com menos recursos e regalias materiais não fazem a "amputação" geracional das sociedades ditas desenvolvidas.
Numa tentativa de aproximação, tenho para mim que se as pessoas idosas não são felizes, não se sentem bem, sofrem em resultado da condenação de exclusão familiar e social que lhes é imposta colectivamente, então a sociedade em que vivem não pode ser feliz. Numa sociedade inclusa em que todos são valorizados por todos, em que todos desempenham um papel importante todos saem a ganhar.
Não é com "depósitos de velhos" que dignificamos a vida. Ficamos todos a perder, sendo certo que os que agora são novos um dia serão velhos e não escaparão ao mesmo destino.
Para além da desumanidade, é uma manifestação de grande desinteligência...
Caro Bartolomeu
Recordo-me com saudade do convívio com as minhas Avós maternas. À medida que fui crescendo fui melhor valorizando, apreciando e admirando não apenas as suas memórias e as suas histórias pitorescas e educativas recolhidas ao longo da já sua longa vida e também os seus conselhos únicos e distanciados do corrupio da vida moderna, mas a sua coragem para enfrentarem um destino cada ano mais próximo, convencendo-se que os filhos e os netos não davam por isso.
Não penso Caro Bartolomeu que seja atendível que a inevitabilidade da morte conduza a comportamentos de defesa que redundam em abandono ou rejeição.
As pessoas idosas têm muito para dar. O problema é que não têm capacidade de mobilização. Dependem da vontade dos mais novos. Acredito que as pessoas idosas têm potenciais escondidos que se os mais novos quiserem descobrir e aproveitar haverá condições para a sua integração social sem grande custo e com benefício para todos.
Caro Paulo
Seja muito bem vindo. Tem toda a razão quando observa que é desperdiçada muita riqueza ao tratarmos a população idosa como um "desperdício". Em Portugal e em muitos outros países a passagem à reforma tem um efeito de "guilhotina". De repente a pessoa passa do "tudo" para "nada" e cada vez mais cedo a guilhotina é accionada.
Não temos políticas públicas assumidas e cultura enraizada de "envelhecimento activo". Está tudo por fazer. Enquanto não apostarmos nesta via o envelhecimento é muito mais doloroso e é um peso pesado para a sociedade e para a economia!
O contacto com a senilidade e a morte é algo que as pessoas não querem se quer ouvir falar, quando é certo que nada mais certo acontecerá a cada um de nós se, entretanto, não ficarmos pelo caminho.
Andamos todos muito contentes com as dezenas de autocarros que passeiam os nossos velhos pelo País fora...
O tema abordado pela Margarida é por demais importante. A ausência de uma politica para a terceira idade que tenha como objectivo a integração social é de lamentar. Muitos lares já dispõem de boas condições de hotelaria e até de acompanhamento mas falta “qualquer coisa”. Essa “qualquer coisa” foi denunciada pela Margarida e descrito de forma muito interessante pelo Zuricher.
As palavras de Zuricher fez-me recordar uma conferência que já tive oportunidade de abordar a propósito da Sida em África. A situação é de tal modo dramática ao ponto da estrutura social africana descrita pelo nosso novo comentador estar em vias de ser destruída.
Contou o conferencista que, um certo dia, um reverendo encontrou uma anciã a trabalhar, transportando uma criança ao colo. Surpreendido, perguntou-lhe: - Avó porque é que está a trabalhar e ainda por cima com uma criança ao colo? A velha respondeu-lhe: - A criança tem sida e vai morrer. Quando morrer não quero que esteja sozinha…
Evidente sinal de desagregação familiar.
Uma bela história, sem dúvida, às vezes as coisas mais simples são esquecidas, desenham-se estratégias, orçamentos, políticas e afinal a ideia de recuperar essa tradição de contar hstórias pode resolver tantos problemas de solidão e preencher com riqueza os tempos das crianças. Um ovo de Colombo...
Caro Professor Massano Cardoso
Será sempre pouco falarmos dos reais problemas da vida. Poderíamos e deveríamos fazer bastante mais do que fazemos!
A história que o conferencista contou é trágica. Prefiro a África do nosso Caro Zuricher.
Suzana
Lembra-se quando aqui há uns tempos escreveu sobre os "significados complexos"? Ás vezes com simplicidade consegue-se desmantelar o complicado, sem demasiada complexidade!
Cara Margarida Corrêa de Aguiar, obrigado pela simpatia das suas palavras em relação ao que escrevi. Infelizmente a África que o professor Massano Cardoso também existe e o HIV com todas as suas consequências é um grande, grande problema por lá, sobretudo em países como o Botswana, Namibia e partes de Moçambique. Porém, não fique desiludida. A África a que aludi no meu post anterior não exclui, de forma alguma a África da adversidade ou vice-versa, absolutamente. Uma engloba a outra. A forma local de reagir e lidar com a adversidade é muito diferente da nossa. Muito mais pragmática, muito mais relaxada, com maior aceitação do problema em questão, da procura das soluções para ele, pelo menos para o seu imediato e com a capacidade de seguir a vida, aceitando a adversidade, resolvendo os problemas e continuando a vida com os pontos de apoio possiveis, que passam realmente pela estrutura familiar a social muito coesa. Ainda que hajam todas estas contrariedades, vive-se com a felicidade possivel e isto porque existem sempre aqui e ali pontos para a alcançar. Tomo como exemplo a Avó relatada pelo professor Massano Cardoso. Ela sabia que o pequeno iria morrer, tal como os pais da criança haviam morrido. Porém, mesmo aquela criança condenada, trazia-lhe a felicidade suficiente para ela a carregar consigo durante o trabalho. E, inversamente, tinha a elevação humana bastante para não querer que aquela criança morresse só, ao ponto de a ter às costas, mesmo tendo em conta os entraves que isso causava no seu trabalho já de si pesado. Isto tudo pode parecer pequeno, algo que por cá veríamos como digno de pena, já para não falar em ridiculo, que seria a forma como muitos veriam tal apego por um ser humano que se sabia condenado a uma morte em breve. Para aquela Avó o neto era simplesmente a luz dos seus olhos e uma fonte de alegria e felicidade. Apenas isto, esta coisa tão simples como viver o momento e aproveitar dele o máximo possivel. Um menino pequeno, uma vida que ela sabia efémera. Mas ainda assim o seu pequenino, aquela coisinha ainda viva o suficiente para lhe aquecer o espírito.
É este o milagre da felicidade que encontrei em vários pontos de África por onde tenho passado. A noção de que a diferença entre viver feliz ou infeliz é uma questão de atitude, sobretudo. Daquilo que se valoriza, das coisas a que se dá mais atenção. A escolha entre fazer aquilo que traz a felicidade ou aquilo que pensamos que a traz embora saibamos que faz o caminho inverso.
Vou ficar por aqui e peço as minhas maiores desculpas por ter levado este comentário para um rumo totalmente diferente do post original.
Caro Zuricher
A sua reflexão é riquíssima e ainda bem que nos deu a possibilidade de dela beneficiarmos. É bom quando o rumo que damos às coisas é espontâneo, é natural.
Crianças, pessoas idosas, sentimentos, felicidade, alegria, dor, sofrimento, tristeza, doença, vida e morte são palavras que se ligam umas às outras, porque todas elas fazem parte da essência da vida.
A história da Avó contada pelo Caro Zuricher carrega de forma muito bela todas essas palavras! A nobreza de sentimentos da Avó de África é um exemplo de grande dimensão humana, digno de muita gratidão, em que todas aquelas palavras se combinam harmoniosamente entre si.
É focado nos comentários dos caros autores e comentadores, o aspecto que aos nossos olhos engrandece a atitude da avó retratada no exemplo dado. Temos todos a noção clara dos rigores a que aquele povo está sujeito em todas as formas de sustentação da vida. Conhecemos ainda o contraste da sua pobreza, que só não é miserável, porque das suas realidades, submerge o seu enorme carácter aqui já referido. Eles são filhos de uma terra grandiosa e corre-lhes nas veias, apesar de infectado, o sangue de uma terra com um imenso potencial energético nas diferentes vertentes da energia, humana, animal, vegetal e mineral.
No entanto, deixo uma questão: Se a informação chegasse na quantidade e na forma que chega às populações dos países "desenvolvidos", e refiro-me unicamente à informação... estaríamos nós, aqui, neste momento a concordar do mesmo modo com a atitude daquela mulher?
Caro Bartolomeu
As avassaladoras e brutais dificuldades em que a vida se "vive" naqueles países são bem conhecidas do mundo ocidental. A vontade política para os ajudar não tem sido suficiente, talvez porque a distância que nos separa é muito grande, inclusive na percepção da miséria e do sofrimento humanos.
Também me pergunto se todos nós nos curvamos do mesmo modo perante a atitude daquela Avó!? Se tivesse que responder diria que não...
Eis, cara margarida, uma face do contraste. A outra, a política, que deveria ser o veículo aglutinador, coordenador e facilitador do desempenho das vontades fecundas das organizações voluntárias, são precisamente as que emperram quase sempre os processos. Sendo o povo e a terra, os eternos martirizados.
Peço desculpa, cara Margarida, pela distração de no comentário anterior, ter escrito o seu nome com letra minúscula.
Cara Margarida,
Aqui o burgo, para aí há uns dois ou três anos atrás, subvencionou um projecto desses cujo o objectivo era reduzir o gap geracional (por isso, calhando até estamos a falar do dito) através de actividades iguais a essas.
Era um projecto bastante engraçado - coordenado pela Irlanda (se não estou em erro) - não me lembro qual era a instituição portuguesa envolvida (creio que era da margem sul) mas lembro-me que tinham ficado muito satisfeitos com os resultados do projecto. E isto é bom, porque quando eles estão satisfeitos nós também ficamos satisfeitos.
Qual é que é o grande problema destas coisas?
A sustentabilidade findo o período da subvenção. É muito difícil para estas instituições reunirem os apoios que necessitam para poderem continuar a trabalhar em determinadas áreas e normalmente a coisa começa logo por falhar ao nível do poder local (a.k.a autarquias)para quem estas coisas não são uma prioridade (o que é uma pena, porque às vezes não é preciso muito para que se possa continuar a trabalhar) e na maior parte das vezes nem se querem envolver.
Portanto, minha cara Margarida, muitos parabéns por ter abordado este assunto. É bom saber que mais alguém se importa.
Caro Bartolomeu
Obrigada pela sua gentileza...Sempre muito atento.
Caro Anthrax
Muito obrigada pela sua atenção. Conheço bastante bem o sector social, designadamente o mundo das IPSS. Os problemas são muitos e complexos.
Tocou em dois pontos muitíssimo importantes para a viabilidade de muitas IPSS: os apoios locais (autarquias) e a sustentabilidade financeira.
As nossas IPSS vivem numa cultura de subsidiodepedência, isto é, vivem dos subsídios do Estado, geridos aliás de forma perversa. As IPSS são entidades que se caracterizam, entre outras coisas, pela proximidade às populações que visam prestar apoio e que delas podem beneficiar. A ausência da participação das autarquias nestes projectos não faz por isso qualquer sentido!
Por outro lado, a maior parte destas instituições gere simplesmente o curto prazo, com a preocupação de assegurar para o próximo ano os subsídios da Segurança Social. As suas actividades deveriam obedecer a um plano de médio e longo prazos, devidamente estruturado e justificado, de modo a poder interessar o mecenato social responsável. A própria Segurança Social deveria preocupar-se em não iniciar a atribuição de subsídios sem antes exigir e assegurar-se que as IPSS se propõem desenvolver actividades com previsibilidade e estabilidade. Há várias falhas no sistema, quer no modelo de financiamento público, quer ao nível da capacitação (capacidade de gestão) das IPPS, quer ao nível dos apoios locais. Estas deficiências não favorecem o mecenato, factor fundamental para conferir sustentabilidade financeira e para promover uma sociedade mais inclusa.
Caro Anthrax sendo um assunto muito importante e com défice de discussão e transparência, poderei voltar a falar dele um dia destes. Obrigada, portanto, pelo incentivo.
Poisssss.... a cultura da subsidiodependência é uma coisa complicada de gerir, não é, no entanto, impossível de se fazer. Dá um bocado de trabalho mas, por exemplo, o modelo a que a CE nos obriga é bastante simples e assenta - inevitavelmente - na transparência dos procedimentos e na aplicação cabal das regras definidas e publicadas.
Os nossos projectos de curto-prazo são apenas aqueles de 12 meses e não costumam ser muitos (até porque o nível de financiamento destes é baixinho) mas, mesmo esses são obrigados a apresentar resultados e se nós acharmos que aquilo não valeu nada (mediante a avaliação de resultados, é claro), devolvem a verba toda. Não, não é muito dificil gerir isto e é até bastante engraçado mas, de facto, temos o trabalho todo muito organizado e definido em guias de procedimentos (elaborados pela CE), por isso também é que não temos problemas com o facto das instituições nossas beneficiárias terem capacidade para assegurar e gerir a implementação de determinadas coisas (até porque se tiverem, não são financiadas, end of story. E CE exige documentos que provem que as instituições têm capacidade).
Por outro lado, há uma coisa com a qual é bastante dificil de lidar e as pessoas - normalmente - não reajem muito bem e que é a parte em que nós informamos que determinado projecto não tem qualidade suficiente para ser financiado. As pessoas ficam mesmo danadas com isto. Não deviam até porque nós aqui temos uma abordagem pedagógica e dizemos-lhe quais foram os pontos onde falharam para que possam ser corrigidos no futuro, mas ainda assim levam um bocado a mal.
Caro Anthrax
Mais um ponto importante que menciona: a qualidade.
A qualidade é realmente um objectivo transversal a toda a economia, incluindo o sector não lucrativo. No sector social por maioria de razão, uma vez que estamos a falar de apoios sociais que envolvem em muitos casos a satisfação de necessidades básicas das pessoas.
Há que mudar o paradigma existente e fazer todo um trabalho no sentido de alterar a cultura existente de serviços focados no "utente" para serviços focados no "cliente".
É um trabalho grande mas muito importante, tanto mais difícil quanto estamos a falar do parente pobre da economia, a economia social.
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