A imagem não é de Bagdad, nem de um qualquer subúrbio de um centro urbano.
Estamos na Praça de Espanha, numa área central de Lisboa.
O retrato não é o resultado de um acidente ou de uma obra mal acabada.
Está assim há muitos anos e piora a cada dia que passa.
Nesta praça está o mercado que Nuno Abecassis mandou construir nos anos 80 para albergar os comerciantes do Martim Moniz.
No centro da praça, João Soares mandou remontar o que restava do velho arco do aqueduto das águas livres na Rua de S. Bento.
Para esta praça, Jorge Sampaio encomendou - vai para 18 anos - um plano ao Arq. Siza Vieira.
Por aqui, continua provisoriamente - há 30 anos - um apelidado terminal de autocarros.
Para aqui já anunciaram a sede do Banco de Portugal e do Montepio - há 20 anos.
Os tapumes que estão do lado esquerdo da foto, foram montados vai para 17 anos.
Por entre o casuísmo e a precariedade, esta praça é um bom exemplo do urbanismo lisboeta dos últimos 30 anos.
Planos que ficam na gaveta.
Medidas casuísticas.
Anúncios que nunca se concretizam.
Lançamentos de primeiras pedras que só servem para o show off.
Enfim...
Os buracos, os lancis arrancados, os passeios dos quais restam um amontoado de pedras, o lixo e os tapumes vão permanecendo.
4 comentários:
Perdeu-se a noção do que é elementar fazer-se no governo de uma cidade, meu caro Vitor.
O que é lamentável verificar é que o Poder Local (com algumas excepções de assinalar) tende a reproduzir os mesmos "tiques" do poder central, o mesmo discurso, os mesmos efeitos de marketing, nos grandes concelhos é o que se vê. Olhe-se os debates sobre os impostos que competem às Câmaras, os acordos para se fixarem pelos máximos, muitas vezes a ausência total da noção dos efeitos que se vão fazer sentir em cada realidade.´Quando é que o poder local vai encetar uma nova forma de fazer política, dando o exemplo de que é possível fazer melhor?
Caro Vitor Reis, seria interessante fazer o levantamento dos estudos que já foram feitos para este local, em particular, e na fase democrática do Regime.
Penso que, não é dispensável, a leitura da opinião de Miguel Sousa Tavares, esta semana, no Expresso, a propósito dos estudos de consultadoria (ou consultoria ?).
Um à parte, a minha simpatia por MST, "tem" dias. Porque há dias que MST, tem o previlégio de me conseguir irritar "solenemente".
Continuando ...
Portugal tem Excelência na Engenharia, Arquitectura, etc. que, como se sabe, é reconhecida por, prémios e mais prémios, de organizações internacionais.
Então, porque leva tudo tanto tempo, para se fazer, no nosso País. Será a necessidade de alimentar a "indústria" dos estudos técnicos ?
Ainda há dias li, um artigo sobre a construção de um aeroporto, literalmente, em cima de água (!!!), numa cidade japonesa. Foi decidido e construído em 4 anos.
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