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sábado, 8 de março de 2008

Esquizofrenia política

O senhor da foto é ministro do Governo da República. Tem a seu cargo as relações do Governo com o Parlamento. Já foi ministro da Educação.
O senhor da foto proferiu estas inacreditáveis declarações.
O senhor da foto é o mesmo que em plena campanha eleitoral para a Presidência da República disse que a eleição do Professor Cavaco Silva corresponderia a um golpe de Estado. Ao que consta, não se retratou nem pediu desculpa. Foi á posse do Chefe de Estado de quem receava o golpe...

Estou-me literalmente nas tintas para o revolucionário passado mais ou menos remoto deste senhor, que não justifica os dislates. O que me incomoda é ver nos mais altos cargos pessoas sem um pingo de sentido de Estado.

15 comentários:

Massano Cardoso disse...

Muito preocupante! Muito preocupante!
Conheço-o relativamente bem. Durante três anos na AR e na mesma comissão. Nunca o vi assim. "Passou-se"...

sandra costa disse...

[Porque se terá "passado"? ...]

Acabo de chegar a casa, vinda de Lisboa. Segundo o 4R nada se passou de relevante em Lisboa, hoje. 100 mil professores na rua não é relevante. Escolas mobilizadas. Não os sindicatos. Não os partidos. A maior parte dos autocarros levavam dísticos dos sindicatos, porque foram eles a fretá-los, mas eram os nomes das escolas que os professores ostentavam. 40, 50, 80, 100 professores de cada escola... Nunca tal tinha acontecido.

Acabada a manifestação (os 50 professores da minha escola saíram às 15:45 do Marquês de Pombal e chegaram ao Terreiro do Paço às 19:00), fomos a pé até depois de Santos à procura do autocarro e ninguém arredou pé do mesmo para ir jantar em Belém sem ouvir a abertura do noticiário da TSF. Estávamos à espera da intervenção da Sr.ª Ministra. Não conseguimos ouvir ali mas, de casa, informaram-nos que afinal éramos uma cambada de 100 mil ignorantes, mal informados, que nada percebe do que o ministério quer fazer na educação. Como se não tivéssemos lido o ECD, o diploma sobre a gestão das escolas e a legislação da avaliação várias vezes; como se não tivéssemos feito várias reuniões de Conselhos Pedagógigos (algumas a durar 7 horas) e de Departamento para discutir estas matérias; como se, mesmo adoptando posições de contestação a todo o processo, não nos mantivéssemos sempre informados sobre as escolas que tentam impor o modelo de avaliação; como se até não tivéssemos a preocupação de pedir a amigos juristas esclarecimentos pontuais...

Apesar do "atestado de estupidez", "foi bonita a festa, pá"...

PA disse...

sim de facto o direito ao disparate não deve ser conhecido aos legitimamente eleitos pelo povo português. que vergonha de afirmação !

tão preocupante quanto ...

são alguns disparates proferidos hoje pelos professores na manif.

Todos terão o direito à manifestação, mas compreenderia melhor que nesta manifestação estivessem os 500 000 desempregados do país.

Não sou PS, nem lá perto.
A Maria de Lurdes Rodrigues foi minha professora. Percebo perfeitamente o sentido da reforma que pretende. E estou de acordo.
A distinção entre bons e maus professores tem de ser feita.
Custe o que custar.
Tal como o SIADAP tem de ser uma realidade no resto da FP. É evidente que há um caminho de melhoria do instrumento de avaliação a fazer.
Tão evidente como muitos professores terem de ser ejectados do sistema, pelo seu mau desempenho. O caminho faz-se caminhando, e Portugal não pode desperdiçar mais tempo e recursos ....
Ontem já era tarde ...

Anónimo disse...

De facto, o ministro passou-se. Mas gostava de ler a sua opinião pela forma como alguns indivíduos receberam o ministro e os outros militantes do PS que se preparavam para se reunir, aos gritos de vai-te embora e fascista, numa óbvia manobra de intimidação, que muito lembrava o que ocorria no famoso PREC.

António de Almeida disse...

-É por demais evidente, que Augusto Santos Silva não pode proferir aquelas declarações enquanto ministro, as quais só podem ser interpretadas á luz dum certo desnorte existente no núcleo governamental mais próximo de Socrates, do qual A.S.S. faz parte. Claro que o PCP aproveitou para reagir, ainda que considerar Álvaro Cunhal um lutador pela liberdade ou pela democracia, será um manifesto exagero. Quanto muito poderá ser considerado um lutador contra o regime de Salazar, nunca pela liberdade ou democracia, como a História o veio a demonstrar.

Massano Cardoso disse...

Cara Sofia Loureiro dos Santos
A forma como certos agentes provocam é conhecida desde há muito tempo. Tanto faz serem governantes do PS ou do PSD. Gostam de intimidar, manifestam-se de forma muito grosseira e esperam, naturalmente, reacções do género A.S.S. Para quê? Para legitimar as suas campanhas! Estas tácticas ocorrem a muitos níveis e estão bem estudadas.
Há alguns anos, em Coimbra, o PM foi acolhido da mesma maneira. Entre alas de manifestantes profissionais foi insultado e vaiado de um forma despudorada. Eu fui também, mas um pouco afastado da frente, e o que é que eu vi? Ódio, raiva, e outras manifestações que considero primárias. Fiquei triste, porque à minha passagem, também me insultaram, até que algumas pessoas, que estavam a assistir no meio dos agitadores, me reconheceram e ficaram cabisbaixos. A minha secretária, mulher de uma competência e dedicação excepcionais, é comunista e estava assistir. Ficou de tal modo incomodada ao ponto de lhe ver nos seus olhos lágrimas de tristeza e de indignação.
Sou a favor do direito às manifestações. Quando a minha secretária me vem dizer que vai fazer greve, respondo-lhe: - Faz muito bem! Tem todo o direito. Nunca abdique.
Reconheço que alguns manifestantes, em acções concertadas, ultrapassam em muito, não o direito a manifestarem-se, mas sim, a forma como o fazem.
A melhor forma é não reagir e não mostrar medo.
O povo usa uma expressão ímpar: “Passar como um cão por vinha vindimada”... É o mínimo que merecem!

Anónimo disse...

Pezinhos n'Areia, não posso deixar de lhe responder. Não sou professor nem perto mas este assunto interessou-me e investiguei um bom bocado sobre a avaliação dos professores.

Estamos plenissimamente de acordo em que os professores devem e têm que ser avaliados. Continuamos plenissimamente de acordo em que há que separar o trigo do joio dado haver maus professores como há maus economistas, maus engenheiros e maus médicos. Tudo quanto seja feito no sentido de expurgar os maus em proveito dos melhores, tudo quanto seja feito em prol da excelência é bem vindo.

Mas!, e há um mas, uma avaliação só é legítima e possivel fazer-se mediante duas condições: 1) ser objectiva; 2) avaliar o avaliado pelas suas próprias competencias e pelos factores que este controla. Ora, esta avaliação de professores que vem sendo feita, não é nem objectiva dado que os descritores dados às escolas são generalizantes e prestam-se a ser interpretados ao critério e vontade de cada escola, logo temos aqui uma distorção de origem, e pior, avalia os professores de acordo com factores aos quais estes são alheios, como sejam as prestações dos alunos, o que não é mais do que estimular ainda mais a mediocridade do sistema de ensino. Penso que os professores não estão contra serem avaliados. O que me parece é que procuram regras mais claras e procuram ser avaliados efectivamente pelos seus méritos e deméritos e não em função de factores distorcidos à partida e alguns aos quais eles são totalmente alheios.

Avalie-se! Mas de forma fria, seca, objectiva e 100% racional cada pessoa por si, pelo que sabe, pelo que faz, pela competencia que tem.

De qualquer forma e a terminar, convenhamos: o ensino em Portugal já está destruído e de pantanas. Andamos há cerca de 15 anos a formar ignorantes com diploma do ensino básico. Portanto, mais uma, menos uma, o efeito acaba por ser exactamente o mesmo.

Anónimo disse...

Cara Sofia Loureiro dos Santos:
Subscrevo sem reservas o que o Professor Massano Cardoso acima escreveu.
E porque interpela directamente a minha opinião sobre a conduta de quem vaiou e insultou o ministro, não tenho qualquer hesitação em repudiar comportamentos daqueles, inadmissíveis em democracia.
Mas sabe, cara Sofia, a elevação e a superioridade de quem é alvo destas manifestações intoleráveis, vê-se precisamente nestes momentos. Quando vi as imagens dá arruaça e a resposta do ministro, não pensei que o ministro merecia aqueles arruaceiros. Mas pensei, confesso-lhe, que o ministro noutras circunstâncias é bem capaz de se juntar a eles.

Anónimo disse...

Minha Cara Sandra Costa:
O 4R não é um registo de coisas relevantes. É um blogue que anota aquilo que aos autores vai parecendo digno de nota, tantas vezes não tanto pela sua importância objectiva, mas pela impressão que o imediato causa a quem subscreve cada post.
Devo confessar que não estou ainda em condições de manifestar uma posição definitiva sobre os motivos da manifestação.
Fico-me, por isso, por estas breves linhas, propondo-me desde já mudar de opinião se o que aí vier num futuro próximo a isso me conduzir.

Antes de mais e para reagir à sua primeira afirmação. Claro que a manifestação teve relevância. Revelou um estado de espírito de uma classe inconformada com medidas que lhe dizem directamente respeito. Teve relevância também pela mobilização que foi conseguida. Inquestionável.
Segunda questão, e porventura mais importante. Têm fundamento as invocadas razões para a contestação? Admito que sim, pelo menos em parte. É razoável e justo contestar o modelo de avaliação que foi decretado pelo ministério. Como tambem é razoável e justo censurar a falta de diálogo.
Todavia, falta-me a certeza sobre se para muitos dos que ali compareceram não estava em causa a rejeição da própria ideia de os professores poderem ser sujeitos a avaliação.
Bem sei que tem sido dito que os professores não são contra a avaliação. São contra esta avaliação. Mas honestamente tenho de dizer que nunca percebi, nas inúmeras intervenções dos aparentes lideres deste movimento, ou dos depoimentos que foram sendo colhidos de entre a classe, qual afinal o modelo que preferem.
Não creio, Sandra, que seja possivel defender que não compete aos professores proporem as medidas que mais lhe convêm porque isso seria contradizer o discurso da falta de diálogo. Como também não acredito que falte massa crítica aos sindicatos para estudarem e proporem um sistema de avaliação satisfatório.
Mas há um aspecto que não posso omitir, porque esse sim impressionou-me muito. Lamento ter de dizer que algumas das imagens e dos sons que foram captados pelas televisões e rádios, não abonam nem os bons propósitos da manifestação, nem os educadores que era suposto que a integrassem. Algumas palavras de ordem eram da mais pura ordinarice, indignas de quem se intitula professor. E apoucou, Sandra, o significado do evento aos olhos de muitos que, como eu, têm os verdadeiros professores em alto critério.
Finalmente. É uma ingenuidade pensar que a mudança de ministro equivale a mudança de política. Banalizou-se essa cantilena de que está na hora da ministra ir embora. Canta-se há 30 anos e nenhum dos ministros da educação - nenhum! - a ela escapou. Sempre sob a batuta dos mesmos maestros. Muitos foram embora. Outros os substituíram. Alguma coisa mudou de substancial na educação?

sandra costa disse...

Meu Caro José Mário,

confesso que fico triste ao ler a sua resposta (mas talvez isso derive das sombras destes dias).

Afinal, os 100 mil apenas não foram "dignos de nota" a nenhum dos autores deste blog.

Afinal, a dúvida permanece - muitos dos que ali estavam rejeitam a própria ideia de os professores serem objecto de avaliação. Não adianta afirmar o contrário vezes e vezes sem conta.

Afinal, os professores (individualmente ou através dos sindicatos) não propõem alternativas. As opiniões de diversos docentes sobre o assunto pela net fora não contam. As alternativas apresentadas pelos sindicatos não contam.

Afinal, os professores (pelo menos alguns) são uns ordinários e indignos da profissão de que se intitulam. Não ouvi a rádio e só vi breves reportagens televisivas já esta madrugada e hoje mas permita-me que lhe relate aquilo a que assisti. Das 14:30 (hora a que cheguei ao local da concentração) às 19:00, as únicas palavras que me incomodaram, como professora, foram: "sinistra" e "bruxa" incluídas em cânticos alusivos à Sr.ª Ministra da Educação (palavras quase inócuas face ao "atestado de estupidez" que ouvi na 5.ª Feira e ontem por parte da Sr.ª Ministra). Não ouvi (nem vi) ordinarices e não as disse. Aliás, fiz a minha primeira manifestação em silêncio (falei com os meus colegas mas não proferi uma palavra de ordem). E, pertencendo a uma pequeníssima minoria silenciosa, não fui a única. Esta foi a minha percepção da manifestação e estava rodeada de milhares de professores.

Afinal (finalmente), os professores são uns ingénuos. De facto, aqui concordo consigo. O que mais se ouviu ontem foi o pedido de demissão da Ministra. Eu não o pedi mas desejei-o muito, mesmo não sendo essa a razão porque fui a Lisboa manifestar-me. Continuo a desejar. Mesmo sabendo que isso poderá não resolver nada. É uma ingenuidade que tem a ver com respeito, com integridade, com um sentimento de que estamos à beira da ruptura. Eu estou.

PA disse...

Caro Zuricher, muito grata pela atenção que lhe mereceu o meu comentário.

Gostei de ler e compreendo o que escreve. Em quase tudo, subscrevo. Mas há um ponto que tenho de relevar pelo desacordo que me merece.

Diz Zuricher:

"Ora, esta avaliação de professores que vem sendo feita, não é nem objectiva dado que os descritores dados às escolas são generalizantes e prestam-se a ser interpretados ao critério e vontade de cada escola"

Caro Zuricher, cada escola tem especificidades de acordo com a sua população escolar, o que será em muito determinado pela região em que se insere.

Não acha que a distorsão começa logo neste aspecto, antes de qualquer avaliação ?

Não acha adequada, a autonomia concedida ao Conselho Pedagógico de cada escola, de definir e especificar os descritores (qualitativos e quantitativos) e os critérios de evidência ?

Seria melhor, que viesse tudo previamente estipulado do Ministério da Educação ? Eu penso que não ....

Quanto ao que afirma :

[.. e pior, avalia os professores de acordo com factores aos quais estes são alheios, como sejam as prestações dos alunos, o que não é mais do que estimular ainda mais a mediocridade do sistema de ensino...]

Qual é o primeiro dos objectivos de uma Escola ?
Não será o sucesso escolar ?
Como se mede esse sucesso ?
Pelos resultados escolares dos alunos, não ?

Sim, eu sei que existem outras variáveis explicativas do insucesso escolar (o meio familiar, etc).

No SIADAP também os objectivos são definidos e discutidos, entre chefias e subordinados. Variam de serviço para serviço.

Sinceramente, penso que o problema é que os funcionários públicos (professores ou outros) não têm uma cultura de avaliação, porque também não têm uma cultura de exigência e de objectivos a alcançar.
Nunca foi necessário.
A progressão era automática.

Zuricher, esse é que é o maior "próblem". :-))))

Desculpe fui um pouco rápida.
Espero que tenha lido nas linhas e nas entrelinhas.

os meus cumprimentos.

Anónimo disse...

Pezinhos, obrigado pela sua resposta tão simpática.

Antes de postar a minha tréplica um parágrafo a pedir as maiores desculpas aos nossos anfitriões, sobretudo ao J M Ferreira de Almeida, por lhe ter literalmente assaltado a zona de comentários, desenvolvendo um assunto que pouco tem a ver com o artigo original.

Posto isto...

Pezinhos, a minha tréplica é rápida. Os seus objectivos para uma escola são muito diferentes dos meus. Diz a minha cara amiga que...

(...)
Qual é o primeiro dos objectivos de uma Escola ?
Não será o sucesso escolar ?
Como se mede esse sucesso ?
Pelos resultados escolares dos alunos, não ?
(...)

Não, Pezinhos, o primeiro objectivo de uma escola não é o sucesso escolar. Infelizmente tem-se posto demasiada ênfase nisso, no sucesso escolar, no diminuir das taxas de reprovação. E como? Através da diminuição da exigência avaliativa. O objectivo primeiro de uma escola é FORMAR. Dar formação às nossas crianças, dar formação aos nossos jovens, formar gerações. E apenas depois disto vem o sucesso escolar, para aqueles que efectivamente atingem os objectivos formativos delineados para o seu nível de escolaridade.

É que é-me muito fácil apresentar sucesso. Basta-me diminuir o grau de exigencia. Agora, efectivamente formar pessoas é muito mais dificil. E os professores deveriam ser avaliados pelas suas capacidades, aptidões, qualificações enquanto formadores, não enquanto, arrisco dizer, passadores administrativos.

Esta coisa do sucesso escolar como objectivo fica realmente muito bem nas estatisticas abstractas. Mas os resultados têm-se visto depois nas estatisticas concretas: os alunos Portugueses são aqueles que menores conhecimentos têm nas matemáticas e nas ciencias.

Tem-se nos últimos 15 anos tentado apresentar a escola como um sitio simpático, cool até. Tenta mostrar-se a aprendizagem como uma coisa fixe, que se faz com uma perna às costas. E este é um erro tremendo, um erro pavoroso que irá ter reflexos no futuro. Não se incutem nas crianças hábitos de trabalho, mostra-se-lhes que se alcançam os objectivos sem esforço. Exactamente o oposto do que era suposto fazer-se: incutir nos nossos jovens a cultura do trabalho, do mérito, do esforço para alcançar os objectivos logo de pequenos. Aprender não é cool, fixe, levezinho. Aprender efectivamente exige trabalho, disciplina da mesma forma que progredir profissionalmente o exige também. Ora, se de pequenos, nas idades em que as personalidade estão a ser formadas e se bebem os valores que mais fundo ficam inculcados, não absorvem essas capacidades, quando vão aprende-las? Este é um dos meus dramas quanto ao ensino.

Daqui, desta exigencia para com todos os actores do sistema de ensino, acaba por vir a excelencia. Exige-se aos alunos e estes são avaliados pelos professores. Exige-se aos professores e estes são avaliados pelos seus pares superiores. Cultiva-se assim a excelencia.

Como corolário disto, a diferença da população escolar não é só por si bastante para que os critérios de avaliação dos professores sejam diferentes de sítio para sítio mas sim a forma como cada professor adapta o seu método de ensino aos alunos que tem e aqui estamos a avaliar algo objectivo: as capacidades pedagógicas de cada docente.

A finalizar, é evidente que progressões automáticas e afins são de excluir mas isso em qualquer actividade, desde o escriturário ao director-geral.

Anónimo disse...

Minha Cara Sandra:
Entendo o sentimento que exprime. É o sentimento de uma verdeira professora. Esse eu compreendo.
Reitero que percebo bem a indignação de quem olha para a irracionalidade, quanto ao tempo, quanto ao modo e quanto à própria substância do modelo de avaliação que o governo quer impor aos professores. Não tenho qualquer dúvida que, se implementado, será fonte das miores injustiças.
Mas se compreendo isto, não compreendo tudo o resto que deixei no meu comentário.
Voltei ao site das federações sindicais para ver que propostas por ali estavam. Para além da inflamação habitual do discurso sindical, e de alguns princípios certos mas vagos, propostas concretas não vislumbrei nenhuma. Mas admito que existam, e que existam também dispersas por blogues como diz. Mas se assim é, porventura os gritos pela demissão da ministra devem-se ter sobreposto à percepção da existência de alternativas válidas ou pelo menos susceptíveis de serem objecto de ponderação.
Não cometo a injustiça, Sandra, de julgar pela bitola baixa os 100 mil que estiveram ali, legitimamente, com sacrificio, a lutar por direitos que não são só seus, são também dos alunos e dos pais. Ali estavam também familiares meus que me relatam o quão dificil vai sendo ensinar. Mas aprender também. E por isso não duvido que há muitos professores que se não confundem com aqueles que vi questionados para dar exemplos das medidas que reprovavam e que de imeditato responderam "todas!".
Pois é justamente em nome desses que eu levantei as interrogações que levantei.
Mas como também escrevi, não tenho uma opinião definitiva. Até porque, ou muito me engano, ou os próximos dias se encarregarão de fazer ver a realidade de outro prisma. Ou então de alterar a realidade.
A ver vamos.

tsiwari disse...

Às vezes gosto de ouvir o professor Marcelo Rebelo de Sousa, no seu programa semanal d'escolhas.

Usa muito bem a adjectivação. E a de que se socorreu ao falar de A.S.S. foi a melhor possível.

PA disse...

Caro Zuricher, salvo honrosas excepções, é tudo tão mau no ensino em Portugal.
Tem toda a razão quando menciona o objectivo FORMAR. Esse objectivo está primeiro do que o do sucesso escolar. sem dúvida, Zuricher. Mas eu já não peço tanto, Caro Zuricher.
O sucesso escolar é um critério objectivo, mensurável. Para avaliar é preciso medir, por isso a importância deste critério.

Boa semana.