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terça-feira, 25 de março de 2008

O progresso na educação nacional!...

Têm sido enormes os progressos registados na educação.
1. A primeira diferença está na tecnologia. Antes, não havia Internet nas escolas, nem quadros interactivos, nem máquinas de calcular, nem, muito menos, telemóveis, para enviar mensagens sobre os exercícios escolares. À falta de equipamentos, tinha que haver professores.
Agora, com as novas tecnologias, os professores são um estorvo para os alunos e uma maçada para o Ministério!...
Temos que saudar esta primeira diferença, de carácter tecnológico.
2. A segunda diferença tem a ver com o exercício do poder. Antes, eram os professores que mandavam, ensinavam quem queria aprender e repreendiam, castigavam e expulsavam quem não queria.
Agora, são os alunos que mandam e batem nos professores, para mostrar que a escola é deles e para eles!...
Temos que saudar esta legítima tomada de poder da juventude, face ao autoritarismo vigente.
3. A terceira diferença é de carácter pedagógico. Antes, havia obsessão de que os alunos deviam aprender a ler, a escrever e a contar. Uma violência que, no limite, levava à expulsão de quem não se conformava com a aprendizagem. Agora, ler, escrever e contar, como matéria técnica que é, deverá ser aprendida, mais tarde, em cursos de formação para desempregados. Temos que saudar a prioridade dada à Internet, à educação sexual e aos jogos, por força da necessidade de uma aprendizagem lúdica e sem trabalho.
4. A quarta diferença é de cariz estatutário. Antes, os professores gozavam de um alto e merecido estatuto social.
Agora, o estatuto é todo dos alunos. Por mais faltas que dêem, têm o direito a passar de ano; se prejudicam o funcionamento da escola e os colegas, têm direito a acompanhamento personalizado e especial.
Temos que saudar esta tão racional e positiva discriminação!...
5. A quinta diferença é de teor quantitativo. Antes, havia mais alunos que professores.
Agora, há mais professores que alunos. Para resolver o problema, criou-se o horário Zero.Temos que saudar esta medida de solidariedade, que devia ser estendida a todas as profissões.
(Para a matéria ser bem assimilada, continua em próximo capítulo)

12 comentários:

joaquim disse...

" ... como matéria técnica que é, deverá ser aprendida, mais tarde, em cursos de formação para desempregados", e tem a certeza que nestas circunstâncias ja aprendem!? Ponho as minhas (grandes) dúvidas que a maioria aprenda.

Arnaldo Madureira disse...

Quadros interactivos é um exagero. Uma escola com mais de 2000 alunos, 240 professores, 70 turmas, tem 1 quadro que não funciona, porque a escola julgava que estava a comprar um quadro pronto a funcionar, mas o fornecedor estava a vender apenas um quadro sem mais.

Mário de Jesus disse...

Infelizmente e para o mal da nação, estas diferenças são reais e têm contribuído, paradoxalmente, para a degradação do sistema de educação nacional. Mas não deveria ser assim pois não? A propósito da violência nas escolas, razão tem o Procurador Geral da República quando propõe decretar a tolerância zero para a violência nas escolas.

Pinho Cardão disse...

Caro Mário de Jesus:
Mas como é que pode haver tolerância zero, se o aluno não pode reprovar (e já nem digo ser expulso da escola, já que a escolaridade é obrigatória...)

Fartinho da Silva disse...

Excelente, caro Pinho Cardão!

A missão da escola pública passou a ser a seguinte: Guardar, entreter e certificar todos os "alunos" cujos pais não tenham rendimentos e/ou cultura para os colocar num bom colégio.

Tudo o resto é populismo demagógico e eleitoralismo do mais baixo nível possível.

Mas caro Pinho Cardão, não tenhamos ilusões, no que a esta matéria diz respeito, que ministro tomaria as medidas que têm que ser tomadas sem ser corrido pelo primeiro ministro de forma a manter o poder nas eleições seguintes?

Repare que para fazer as verdadeiras reformas teriam que ser tomadas medidas contrárias ao populismo que nos tem governados nos últimos anos. Basta pensar que teriam que se fazer algumas daquelas que aqui vou colocar:
- redução do número de disciplinas;
- redução da carga horária dos alunos para poderem ter tempo para estudar;
- exames nacionais de dois em dois anos em todas as disciplinas essenciais (matemática, português, inglês, castelhano, ciências, química e física, pelo menos);
- propinas obrigatórias para todos;
- responsabilização patrimonial e criminal dos pais dos alunos;
- desmantelamento quase total do ministério da educação;
- autonomia das escolas;
- escolha da escola por parte dos pais (completamente livre, não estou a defender o cheque escola, porque tal não me parece, para já, necessário);
- ...

Pois é! Na oposição fala-se sempre deste tipo de medidas, mas quando se chega ao poder aquilo que vence é o populismo. Nos últimos anos, os truques utilizados por parte de quem nos tem governado tem sido um triste espectáculo.

Para fugirem às suas responsabilidades têm utilizado todos os truques que se possam imaginar para melhorar estatisticamente os resultados escolares dos alunos. Foi decretado o facilitismo, o laxismo, a preguiça e a indisciplina na escola pública. Foi-se enganando o povo de todas as formas e feitios, o problema é que Portugal aderiu à União Europeia e até ao euro e agora estamos a pagar as "brincadeiras" no ensino público. A verdade sobre o fracasso evidente da economia portuguesa na economia globalizada é a consequência de nós TODOS termos menores competências que aqueles com os quais competimos. E enquanto não se reformar a escola pública não vamos lá!

As nossas brincadeiras foram tão longe que os nossos políticos chegaram a criar um estatuto do aluno! Espantoso!

Criaram um estatuto COMUM de professor desde aquele que lecciona no pré-escolar até ao que lecciona no ensino secundário, desde aquele que lecciona Educação Visual até aquele que lecciona Matemática ou Português! Os salários dos professores são exactamente os mesmos em todos os níveis de ensino e em todas as disciplinas. Isto faz com que um professor que leccione Educação Física no 2º Ciclo tenha o mesmo salário que um professor que leccione Biologia no 12º ano! Espantoso! Um professor que corrija exames nacionais tem o mesmo salário daquele que não corrige coisa nenhuma, um professor que prepare os alunos para o exame de Matemática de acesso ao ensino superior tem o mesmo salário que um professor de Educação Tecnológica do 7º ano de escolaridade!

Sei bem que para além do populismo também aqui se encontram muitas ideologias de igualitarismo à força e de visões de combate ao "autoritarismo" saloio!

Mas, quem terá a coragem para reformar o ensino em Portugal? Eu respondo já - NINGUÉM...!

PA disse...

Já há SOLUÇÂO para casos, como o da professora, da aluna e do telemóvel, ora veja:

http://www.youtube.com/v/I71jV21AQFY&hl=pt-br

... não é em Portugal.

:-))))

cumprimentos.

Mário de Jesus disse...

O país necessita de tolerância zero em muitas matérias, mas em concreto no caso da educação, não só é necessário exigir disciplina aos meninos, como urge valorizar o papel dos professores, exigir espírito de sacrifício, esforço, valorização da importância do aprender. Este é um papel que não cumpre só às escolas e aos professores adoptar, mas também e em especial às familias (pais e tutores). Com esta escola, com estes valores, regras e facilidades, estamos e estaremos sempre na cauda da Europa. Alguém poderá ter dúvidas disto? Os resultados são prova disso.

ferreira disse...

sr fartinho da silva...um prof de ed fisica de educaçao fisica nao corrige nada?...sabe do que fala?...ja agora..sabe quantos sabados, por vezes domingos tb, um prof de biologia trabalha de borla? informe-se e va saber isso..se souber o que é desporto escolar...podia dar milhares d exemplos..nao se esqueça so existe a carreira de professor...o resto sao especialidades.

Pinho Cardão disse...

Caro Fartinho:

Boa contribuição!...
Mas a prioridade das prioridades era acabar totalmente com este Ministério, criando outro, longe, muito longe, com gente que tivesse sentido da realidade.
Sem isso, todos os Ministros serão trucidados e volta-se sempre à estaca zero!...

Fartinho da Silva disse...

Caro ferreira, depois de ler este seu comentátio "sabe quantos sabados, por vezes domingos tb, um prof de biologia trabalha de borla?" fico com a sensação que não me expliquei bem. Sei que os professores de Biologia devem ter uma preparação científica e técnica muito forte e devem ter muito mais tempo para estudar do que um professor de Educação Física. Foi isto que tentei indicar. Quanto ao salário, podem criticar à vontade, mas é óbvio que um professor de Biologia ou de Matemática, ou de Física, ou de Português tem que ter um salário diferente de um professor do 1º Ciclo, ou de um professor de Educação Visual...! Sei que vivemos numa espécie de Maio de 1968, apesar de estarmos em 2008, mas isto vai ter que terminar. Se não for o Estado será o mercado. Porque se o Estado não resolver o problema da escola pública, o mercado resolve! E o mercado não vai ter contemplações e muito menos falsos igualitarismos. Se a escola pública continuar no seu caminho acelerado para o abismo, a médio prazo teremos a escola pública para os pobres e uma escola privada de elite para quem tiver dinheiro e cultura muito acima da média. E aí, as desigualdades sociais serão ainda maiores.

Já leccionei na escola pública não superior durante quase dois anos e uma coisa posso garantir, filho meu nesta escola pública, NUNCA!!!

Quando o meu filho começar a procurar trabalho o seu mercado será o mercado global, o meu filho terá que concorrer com os filhos de portugueses que estudaram em colégios de excelente qualidade, com filhos de espanhóis, com filhos de alemães, com filhos de franceses, com filhos de checos, com filhos de irlandeses, etc, etc, etc...!

Alguém no seu perfeito juízo e com conhecimento profundo daquilo que é hoje a escola paga com o dinheiro de todos nós, acredita que a maioria dos "alunos" que por lá passa consegue sair com uma formação sólida para competir no mercado de trabalho daqui a 10 ou 15 anos?

Para mim a resposta é clara: NÃO!

Fartinho da Silva disse...

Caro Pinho Cardão, concordo que a primeira prioridade é desmantelar completamente o Ministério e criar outro bem loooooooge :)

Enquanto as pessoas não perceberem que o Ministério da Educação é parte do problema e nunca será parte da solução dificilmente ultrapassaremos o enorme problema que é hoje a escola pública.

Maria Lisboa disse...

Fartinho da Silva,

"Sei que os professores de Biologia devem ter uma preparação científica e técnica muito forte e devem ter muito mais tempo para estudar do que um professor de Educação Física"

Alguma vez viu um curriculo de formação de uma universidade/faculdade de um professor de Educação Física?
Não me parece!

E também não me parece que saiba quais são as exigências programáticas da disciplina de Educação Física.