O Público de Sábado passado publicou um excelente conjunto de artigos sobre os biocombustíveis.
Num primeiro tempo, era ponto assente na denominada comunidade científica que os biocombustíveis diminuíam as emissões de monóxido de carbono, favorecendo a sua menor concentração, com benefícios óbvios no efeito estufa. Num segundo tempo, e em consequência, desviaram-se produtos e terras da alimentação para combustíveis. Num terceiro tempo, evidenciou-se a natural especulação nos mercados de futuros e o inevitável aumento de preços dos produtos alimentares, nomeadamente dos cereais. Com o aumento dos preços dos cereais, aumentou a fome no mundo.
Nunca me pareceu atitude ética ou aceitável condenar a morrer pela fome, no imediato, uns quantos milhões de seres humanos, para que outros pudessem, daqui a uma dezenas ou centenas de anos, desfrutar de melhores condições de vida.
Mas o absurdo está agora a acontecer, com a publicação dos resultados de estudos levado a cabo na Universidade de Princeton em que se conclui que, afinal, a produção de biocombustíveis está a contribuir para o aumento das emissões de monóxido de carbono e para o efeito estufa.
Isto é, em nome de princípios não suficientemente testados, condenaram-se à morte milhões de pessoas, com a agravante de que essa morte, já de si injusta e reprovável, nem sequer pode ser “compensada” pela sobrevivência futura, que ainda ficará mais ameaçada.
Um pérfido exemplo de como os apressados modismos ecológicos, sempre politicamente correctos, mas que condicionam os espíritos e as ideias, podem ter repercussões vergonhosas na humanidade.
E as comunidades científicas têm que começar a pensar que a verdade científica exige tempo de maturação, mas que pouco tem a ver com a volúpia dos artigos e do número de citações nas revistas da especialidade, que fazem o marketing dos "investigadores" e das Universidades.
Num primeiro tempo, era ponto assente na denominada comunidade científica que os biocombustíveis diminuíam as emissões de monóxido de carbono, favorecendo a sua menor concentração, com benefícios óbvios no efeito estufa. Num segundo tempo, e em consequência, desviaram-se produtos e terras da alimentação para combustíveis. Num terceiro tempo, evidenciou-se a natural especulação nos mercados de futuros e o inevitável aumento de preços dos produtos alimentares, nomeadamente dos cereais. Com o aumento dos preços dos cereais, aumentou a fome no mundo.
Nunca me pareceu atitude ética ou aceitável condenar a morrer pela fome, no imediato, uns quantos milhões de seres humanos, para que outros pudessem, daqui a uma dezenas ou centenas de anos, desfrutar de melhores condições de vida.
Mas o absurdo está agora a acontecer, com a publicação dos resultados de estudos levado a cabo na Universidade de Princeton em que se conclui que, afinal, a produção de biocombustíveis está a contribuir para o aumento das emissões de monóxido de carbono e para o efeito estufa.
Isto é, em nome de princípios não suficientemente testados, condenaram-se à morte milhões de pessoas, com a agravante de que essa morte, já de si injusta e reprovável, nem sequer pode ser “compensada” pela sobrevivência futura, que ainda ficará mais ameaçada.
Um pérfido exemplo de como os apressados modismos ecológicos, sempre politicamente correctos, mas que condicionam os espíritos e as ideias, podem ter repercussões vergonhosas na humanidade.
E as comunidades científicas têm que começar a pensar que a verdade científica exige tempo de maturação, mas que pouco tem a ver com a volúpia dos artigos e do número de citações nas revistas da especialidade, que fazem o marketing dos "investigadores" e das Universidades.
7 comentários:
-Não faltando quem se apresse a vender livros, documentários e conferências, sim porque o politicamento correcto transformou-se numa industria altamente especializada, tem investigadores, promotores, marketing e incautos consumidores um pouco por todo o mundo. São também especialistas na reciclagem, a seguir aos bio-combustiveis irão certamente vender-nos algo que sustentará o futuro do planeta, pelo menos até que voltem a ser cientificamente desmentidos e obrigados a nova reciclagem.
Caro Pinho Cardão,
Sobre este assunto há duas questões diferentes: uma é o impacto desta mudança dos materiais usados para produzir energia utilizável na produção de alimentos e outra questão é o impacto nesta mudança nos gases de efeito de estufa.
Eu não sou cientista e desde o início que disse que andava tudo tolo, apenas a resolver metade do problema.
Claro que ao usarem-se produtos vegetais para produzir energia, como a área do planeta não aumenta, esta área ia ser roubada à produção de alimentos. Pena que não seja muito dado a empreendedorismo, porque há vários anos que falo do regresso às origens: a agricultura. E viu-se onde os grandes capitais têm vindo a ser investidos. Esta era fácil de ver...
Quanto ao efeito de estufa, é claro que se os vegetais são para queimar vão produzir CO2 da mesma forma que os produtos petrolíferos e o carvão.
Só que agora trata-se de CO2 que vai ser consumido na safra agrícola seguinte. Os vegetais para crescer gastam o CO2 que os seus "pais" do ano anterior produziram ao serem queimados.
No caso dos produtos minerais, trata-se também de antepassados dos actuais vegetais há muito guardados nas profundezas. É como que CO2 retirado há muito do circuito e que agora está a voltar, desiquilibrando o balanço anual. Se conseguirem colocar com cobertura vegetal os espaços que hoje a não têm até pode ser que gastem o CO2 que já existe a mais. Mas isto digo eu, e até é capaz de ser um disparate.
Mas os cientistas sempre souberam e disseram estas coisas. Houve é muita gente apenas a dizer a metade que lhes interessava do que os cientistas diziam...
É claro que isto tudo os cientistas sempre souberam e disseram. O problema é que há muita gente que só fala da metade que lhes interessa daquilo que os cientistas dizem.
Ai se os políticos pudessem revogar as leis da física...
Excelente entrada esta! Concordo com tudo.
O politicamente correcto tem tido e terá consequências de difícil previsão...!
É a esquerda caviar que tenta obrigar tudo e todos a aceitar e a colocar em prática, de forma demagógica e irresponsável os seus ideiais típicos de uma burguesia buliçosa...!
Caro Pinho Cardão,
O estudo da Univerdade de Princeton intitula-se
"Use of U.S. Croplands for Biofuels Increases Greenhouse Gases Through Emissions from Land-Use Change"
O uso das terras de cultivo estadunidenses para biocombustíveis aumentam o efeito de estufa por emissões devido à alteração do uso da terra. E parte do pressuposto, que será válido ou não, que a procura fará os agricultores destruir vegetação consumidora de CO2 para plantar milho. Ora milho é importante, mas não é fundamental nem é a mais eficiente. É nos USA e o mundo não é os USA.
Era deste artigo a que o Público se referia?
Caro pinho Cardão,
Uma pequena correcção: certamente no seu texto refere-se ao dióxido de carbono e não ao monóxido de carbono que, apesar de também ser um gás de estufa, é um poluente atmosférico mais conhecido pelas suas propriedades tóxicas para o ser humano (dando origem a campanhas de eliminação dos esquentadores junto às banheiras).
Por outro lado, não deixo de dar-lhe razão, ainda que parcialmente pois como já foi aqui notado, os EUA (e a Europa também) têm uma estrutura produtiva de biocombustíveis muito diferente do Brasil, por exemplo.
Não devemos colocar todos os agrocombustíveis no mesmo saco (o etanol produzido no Brasil através da cana-do-açúcar deixa o congénere produzido a partir do milho americano a léguas, em termos de eficiência energética e de impacte ambiental).
Mas de facto esta é certamente a melhor altura para os Governos Europeus reverem as suas metas de crescimento para este tipo de combustíveis.
Caro Tonibler:
Não sei se o artigo será esse. O Público referia uma tese defendida e explicada por Timothy Searchinger, investigador na Universidade de Princeton.
Caro Pedro Gomes:
Tem toda a razão quanto ao dióxido.
Quanto ao resto, a situação relatada parece, de facto, alarmante.
Nos EUA, cerca de um terço do milho foi desviado da alimentação para produzir etanol; na UE,cerca de metade dos óleos vegetais foram desviados para o biodiesel.
Tudo isto segundo um Relatório do Banco Mundial.
Caro Pinho Cardão,
Sim, então é esse. Mas esse cientista fez os seus estudos sobre o milho nos USA.
Tal como a gasolina de hoje não tem nada a ver com a gasolina de 1920, nem vem maioritariamente do Texas, os biocombustíveis estão no início (exceptuando o Brasil ). Daqui a dois ou três anos já há soluções mais adequadas. Imagino que se tivessem feito o estudo ao petróleo em 1910 teriam dito que aquela porcaria não servia para nada.
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