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domingo, 17 de agosto de 2008

Não te retires, Obikwelu!...


“A culpa é minha e só minha. Este é o meu trabalho, sou pago pelos portugueses e, por isso, não quero arranjar desculpas. Queria, pelo menos, ter dado a final. Deixei o meu país ficar mal e peço desculpa a todos.”
Francis Obikwelu, depois da eliminação na meia-final dos 100 metros.

Houve quem atribuísse a derrota ao facto de as provas serem de manhã e ter que se levantar cedo, e houve quem visse na desigualdade de patrocínios comerciais, em relação a colegas, a causa da eliminação. Para outros, menos sofisticados, a culpa foi dos árbitros.
Obikwelu não arranjou desculpas fáceis, assumiu sozinho a eliminação, não exigiu novos apoios e reconheceu que podia e devia ter feito mais.
Obikwelu confirmou que é um campeão.
Não te retires Obikwelu, como disseste que irias fazer!... Tens ainda muito a ganhar, e o país contigo. E, mais do que tudo, muitos atletas portugueses precisam do teu exemplo!...

5 comentários:

Anónimo disse...

Justamente, Pinho Cardão!

Tonibler disse...

Sendo nobre a atitude de Obikwelu e sublinhando que será sempre um exemplo para quem quer que seja, o facto é que não é correcto aquilo que quer transmitir neste post, caro Pinho Cardão.

Dos setenta e qualquer coisa atletas portugueses presentes nos Jogos, nem todos são Obikwelu's em muitos sentidos. A grande maioria deles está em gozo de férias dos empregos para lá poder estar e todos os subsídios juntos não pagam um prémio de um jogador suplente da seleção júnior de futebol por uma vitória contra Malta. Eu nem acho que quem se qualificou para os Jogos tenha que dar qualquer justificação pelos insucessos mas, dentro das "desculpas fáceis", como diz, gostava de sublinhar a dos gémeos da marcha - "até tirámos mais férias do emprego para poder treinar mais, mas as lesões não deixaram".

Caro Pinho Cardão, olhar para gente que dá metade da vida para lá estar (por opção própria, é certo) como se tivesse a falar de futebolistas profissionais é para lá de injusto. É incorrecto. Aquilo é gente que tem os seus empregos e os seus estudos a quem o meu caro paga caroços de azeitona para que treinem 4 horas por dia para além daquilo que todos os seus colegas de trabalho e de estudo fazem. Muito diferente dos futebolistas da selecção de juvenis a quem "paga" 800 contos por mês para abandonarem a escola aos 14 anos e que "fica" todo feliz por ganharem a selecções de miúdos que vão à escola.

Como disse num comentário mais abaixo, ainda não percebi porque é que não houve ainda um que tivesse mandado os jornalistas irem pedir medalhas ao Vitor Baía, ao João Pinto, ao Figo, ao Rui Costa, ao Nené, ao Bento, ao Jaime Magalhães e a todos os "desportistas de mérito" deste país que não mexeram o rabo no campo enquanto não lhes definiram os prémios de jogo ou os impostos que pagariam por eles.

E ainda acho estranho uma coisa naquilo que Obikwelu disse que ainda tenho que confirmar (se ele disse mesmo ou queria dizer). É que o Obikwelu, apesar de correr por Portugal, é um profissional espanhol...

Pinho Cardão disse...

Caro Tonibler:
Não nego o "amadorismo" de muitos atletas nacionais, porventura a maioria, como diz. Mas acontece que muitos partiram como favoritos a medalhas ou a lugares de honra e deram desculpas "fáceis" para as eliminações. Não precisavam.
Neste contexto, e pelo seu significado, não posso deixar de enaltecer a atitude de Obikwelu, sem dúvida um dos nossos maiores atletas, medalha de prata nas anteriores olimpíadas e creio que ainda campeão da Europa. Aliás, nas meias finais, acabou por ser o melhor atleta europeu dos 100 metros.

Tonibler disse...

Foram eles que partiram como favoritos às medalhas ou fomos "nós" que os mandámos como favoritos às medalhas? Dos 72(?) quantos eram favoritos às medalhas? 3? O Obikwelu não era certamente, já se sabia que a final seria difícil.

Pinho Cardão disse...

Caro Tonibler:
Houve as duas coisas; mas, na maioria, foram os nossos media que os "mandaram" como favoritos às medalhas. E alguns convenceram-se.