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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Na terra do tango, no rasto dos portugueses

Por aqui os jornais relatam em tons muito dramáticos a crise financeira mas a presidenta Cristina foi a Cimeira de Nova York garantir que a Argentina está em boas condicoes para resistir á crise e que os investimentos encontrarao aqui um porto seguro. Embora com muitas reticencias, aguardam-se os resultados com alguma ilusao.
Buenos Aires é uma cidade que nasceu a sonhar grande, com olhos em Paris mas a querer ser ainda maior, com avenidas largas e prédios elegantes. Depois quis ser aristocrata e copiou alguns bairros ingleses, para logo se medir com os arranha céus americanos e a arquitectura moderna com espelhos, vidros e linhas depuradas. Pelo meio perdeu-se, algures, e os estilos misturam-se com prédios e bairros modestos, com ruelas estreitas e com muitos sinais de um progresso e riquezas esgotados. Os passeios estao quase intransitáveis, quer porque as lages estao todas partidas quer porque o novo presidente da Camara foi eleito pela promessa de os mandar arranjar todos até ao fim do ano, de modo que há obras de pavimento por todos os lados. Mas é uma cidade irresistível na sua simpatia, na exuberancia de gentes, comércio e transito, no caos do parque automóvel, que com frequencia nos leva aos anos 50 ou 60.
Hoje fomos a Colónia do Sacramento, na orla do Uruguai, separado de Buenos Aires pelo Mar da Prata, onde o rio de la Plata tem mais de 40km de largo, 1 hora no barco rápido.
Colónia foi descoberta pelo portugues manuel lobo, no séc. XVI, que daí organizou um ponto de contrabando intenso, só destronado pelos espanhóis dois seculs mais tarde. Era pouco mais que um forte e duas ou tres casas senhoriais e assim ficou, ainda que seja património mundial. Lembra um pueblo espanhol esquecido no tempo, semi arruinado, semi povoado, a vida sonolenta virada para os turistas que atravessam o rio, vestígios do passado só mesmo uma casa térrea portuguesa, recuperada com o apoio da Fundacao Gulbenkian, onde uma pressurosa funcionaria local mostra as duas divisoes minúsculas e uma cozinha de pedra.
De regresso deste dia de calma e passeio, ainda houve tempo para ir ao cafe Tortoni, um dos inúmeros cafés com história aqui em Buenos Aires. Este era o café dos intelectuais e dos escritores, J. L. Borges, claro, mas muitos outros, que se sentam, agora em estátua, a volta da sua mesa do costume. A noite há sessoes de tango, música e danca numa salinha apinhada, é assim há décadas, e é assim que os portenhos conservam viva esta paixao. Ficamos fas, claro, amanha já vamos a outro café assistir a novo espectáculo, hoje partilhámos a mesa com um casal de colombianos mas os nativos sao quem dá alma a estes locais.

2 comentários:

jotaC disse...

Não há espiga...
Por outras palavras há um pouco de espiga, pois também gostava de estar aí acertar o passo, mas prontos, por cá comemos uns nacos de carne rijos como os coisos do animal e dançamos uns pasodobles o que já não é nada mau!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Será que a Argentina está "blindada" à crise financeira mundial? Será que a Argentina tem condições para resistir às consequências da crise: a redução do investimento, a subida das taxas de juro, o desemprego?
Em "lua-de-mel" é melhor não pensar em coisas tristes e aprender, isso sim, a dar uns passos de tango!