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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os berliques e os berloques


A nossa comunicação social, os pensadores oficiais, os comentadores profissionais e os articulistas convencionais, à falta de melhor assunto, passaram a andar excitadíssimos com a alegada “tensão entre Belém e S. Bento”, tensões essas que, nas “últimas semanas revelaram um aumento de hostilidade, sobretudo, da parte do Presidente da República”, como irá referir amanhã o Expresso. O jornal dá como exemplos da tese o veto à Lei do Divórcio e o veto ao Estatuto Político Administrativo dos Açores.
Da minha parte, só me congratulo com tal tensão. Um Presidente da República não é um “alter ego” do Governo. Se o fosse, a sua existência não teria a mínima justificação.
Se a Constituição criou o órgão, e nós o elegemos, o Presidente tem a obrigação de dar a conhecer a sua opinião (e os portugueses têm o direito de a exigir) sobre a governação do país.
Sem afrontamentos gratuitos e desnecessários, como os que Mário Soares, no seu tempo, promoveu.
Com esta Lei ou sem esta Lei do Divórcio, ou com este Estatuto Político Administrativo dos Açores ou sem ele, Portugal pode bem viver. Não são leis fundamentais, são meros ornamentos de uma certa ideologia e de um certo regionalismo.
Muito mal estaríamos nós se as máximas entidades deste país, Presidente da República e Primeiro-Ministro, pretendessem fazer uma guerra sobre berliques e berloques.
Ninguém os compreenderia.

2 comentários:

jotaC disse...

Caro Drº Pinho Cardão:
A meu ver ainda bem que o expresso vai explorar estes atritos(?), senão venha o diabo e escolha! Se de um lado se vende a ilusão de que o País está avançar e os investimentos chovem às catadupas, do outro lado parece haver um silêncio agonizante... E no meio está um povo macambúzio que começa agora a perceber a alhada em que se meteu, que não há mágico que lhe aponte o caminho certo...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão
A comunicação social está sempre à espreita de qualquer coisa que, ao mínimo descuido, é aproveitada para configurar uma "crise". Não há crise alguma, mas as “conspirações” e conjecturas são de molde a fazer crer a sua existência. Hoje o que vende são “crises”, as verdadeiras e aquelas que não sendo passam a ter o mesmo estatuto. É um mercado que não se pode queixar de falta de concorrência!