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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Queimar os barcos

Conta a História Clássica que o Rei de Siracusa, Agátocles, empreendeu uma expedição marítima destinada a subjugar Cartago. Logo que desembarcou as tropas ordenou que queimassem os próprios navios. Marchou sobre Cartago e arrasou-a.
Porque mandou incendiar as embarcações? Fê-lo para não ceder à tentação de, à primeira dificuldade, optar pela retirada. Sem os navios, seria impossível recuar.
O episódio vem a propósito do momento político. O comportamento de partidos políticos e seus dirigentes pouco tem que ver com ideologias, projectos de sociedade ou soluções para os graves problemas que o País enfrenta. Reina o calculismo, escrutinado em crónicas semanais de especialistas em avaliar tácticas e manobras, que não hesitam em dar hoje por bom o que ontem se diabolizava. Ou julgar natural, e até aconselhar, que se negue menos vezes que S. Pedro o fez em relação a Cristo, aquilo que antes se jurou a pés juntos cumprir.
Podem escrever os livros que quiserem sobre a ética na política, que enquanto não houver coragem para queimar os barcos, jamais se reabilitarão partidos, dirigentes e instituições aos olhos da grande maioria dos cidadãos.

2 comentários:

jotaC disse...

Muito bem, caro Drº Ferreira de Almeida.

Tonibler disse...

Bom, muito bom!