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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Vacinação contra a crise começou...em grande estilo!

1. Era de esperar...face à avalanche de falso pessimismo para a economia portuguesa em 2009 e 2010, começou a distribuição de uma vacina contra a crise cientificamente preparada nos laboratórios das agências de comunicação de serviço (muito caro convém sempre lembrar, embora os pagantes não se queixem...) mostrando que, a final, não vivendo num mar-de-rosas temos todavia tanta coisa positiva!
2. O mote foi curiosamente dado pelo Gov/BP, em reacção às previsões da Comissão Europeia que incluem uma retracção do consumo privado de 0,2% em 2009: disse S. Exa. que tal previsão era inconsistente...consistentes, consistentes, são as elaboradas pelas entidades domésticas, como bem sabemos...
3. Na douta opinião do Gov/BP o consumo privado não pode diminuir em 2009 – como veremos já em Janeiro, com o forte crescimento da compra de automóveis ligeiros, por exemplo – porque a inflação esperada, de 1%, fica abaixo do crescimento dos salários (de quem recebe salário, supõe-se, os que não receberem ficam-se pela miragem do subsídio) e as expectativas dos consumidores são irrelevantes no nosso caso...
4. A campanha de vacina contra a crise prossegue hoje, com a notícia, de grande relevo em alguns prestimosos, de que as Famílias vão ficar com mais rendimento disponível com as novas regras do IRS no Suplementar...retenção na fonte baixa, logo podem gastar mais até ao dia do pagamento do imposto...
5. Outra boa notícia de hoje: o acesso ao subsídio de desemprego vai ser mais fácil com o dito Suplementar...santo Suplementar! Bela esta notícia, em simultâneo com a divulgação de estatísticas revelando ser cada vez maior o número de desempregados sem acesso ao dito subsídio...
6. Mas temos ainda essa novidade que encheu de alegria os corações num País atordoado pelas carpideiras de uma crise repisada até à exaustão: a candidatura conjunta ao Mundial de futebol de 2018, anunciada por uma comunicação social em alvoroço e um Presidente FPF em grande forma...
7. E a perspectiva de construção de novos estádios também é importante, podendo dar um contributo para combater a crise - caso esta teime em aparecer e persistir para além dos prazos oficiais -os escassos construídos para o Euro 2004, como se tem visto, são insuficientes...e alguns deles (Aveiro, All-Garve, Leiria, Bessa) por visível excesso de uso, não estarão próprios para 2018, necessitando de obras de melhoramento avultadas...
8. A campanha prosseguirá nos próximos dias, espera-se que haja vacinas suficientes para todos...

7 comentários:

Bartolomeu disse...

Se me permite, caro Dr. Tavares Moreira, comento com um poema de David Mourão Ferreira:

"A cavalo no vento"
A cavalo no vento sobrevoo
o destino sombrio deste porto,
aonde um rio vem morder o vulto
do mar confuso.
Ó mar despedaçado,
mordido em tanto flanco, o sobressalto
dos teus ombros nervosos já sacode
a terra toda!

E para quê mais portos
agressores, estaleiros rancorosos,
onde em surdina e sombra se conspira
contra a vida. . .?

. . . Contra a vida do mar e o seu poder
que só um corpo nu deve merecer!

Tavares Moreira disse...

Muito belo, caro Bartolomeu...verifico que o Senhor já vai sentindo os benéficos efeitos do programade vacinação anti-crise...

Ruben Correia disse...

Parece-me uma boa altura para nos virarmos para o Mar e contemplarmos a sua beleza. Talvez aí encontremos uma oportunidade de fazer "cumprir Portugal".

Em relação ao dito "Suplementar", fiquemos à espera da versão 2.0, que promete ser disponibilizada ao público numa data próxima.

André disse...

Caro Tavares Moreira,

O Governo diz que afinal o orçamento rectificativo é suplementar. Eu diria que se não for rectificativo, então correm o sério risco de a vacinação ser mais que insuficente.

A ser orçamento suplementar seria o segundo. Porque o primeiro orçamento estava sem conteúdo(famosa pen), o segundo estava com previsões farónicas, a ver vamos se é desta que o governo acerta mesmo.

Tavares Moreira disse...

Excelentes comentadores rxc e André,

Não sei se nos devemos voltar para o mar, para o ar ou para o umbigo...é difícil escolher face às angústias que defrontamos apenas temperadas pela notícia encorajadora do Mundial 2018 e à perspectiva de, pelo menos durante uma ou duas semanas em 2018 voltarmos a ser o centro do Mundo...bem sei que repartindo essa glória com Castela...
Quanto ao Suplementar, creio que o mais importante é absorvemos este novo e muito imaginativo conceito de Orçamento Flutuante.
Esta novidade do O. Flutuante assenta em 2 características principais:
1ª) Orçamento sempre aberto a novas despesas, na medida das exigências eleitorais do ano em curso, sem qualquer preocupação quanto ao seu financiamento;
2ª) Défice flutuante, ao sabor da evolução natural das despesas e das receitas (sem forçar quanto a estas), num regime de execução orçamental livre, sem constrangimentos ou inúteis preocupações de controlo.

Fianalmente se poderá cumprir, em plenitude, a premonitória máxima do Presidente Sampayo e dos seus apoiantes "Há mais vida para além do Orçamento".
Tudo em nome do sacrossanto objectivo do combate à crise.

Suzana Toscano disse...

Caro Tavares Moreira, resta saber se com tanta arte de flutuar conseguimos manter-nos à tona d'água...

Tavares Moreira disse...

Oh, Suzana, que gentileza um comentário seu!
Quanto a arte de flutuar, a questão é de já não termos alternativa- ou mantemoo-nos a flutuar, com todos os custos inerentes a essa actividade (náuseas, enjoos, vomitos, achaques multiplos) ou mergulhamos suavemente para nunca mais voltar à superfície...
É claro que a vida útil dos flutuadores que estamos utilizando não é indefinida; reconheço que é apenas uma questão de tempo o mergulho nas águas revoltas em que nos deixamos embalar...