Aí estão os novos "Certificados de Aforro". Foram baptizados de "Certificados do Tesouro" e destinam-se a captar a poupança das famílias.
Segundo o comunicado do Conselho de Ministros "pretende-se criar um novo instrumento de captação de poupança familiar cujas condições de remuneração tenham em conta o custo marginal da dívida pública com referência aos instrumentos que são apenas acessíveis directamente aos operadores especializados de dívida pública, aumentando, por esta via a atractividade da dívida pública portuguesa junto dos particulares, nas actuais condições de mercado, e acautelando, igualmente, os interesses dos contribuintes, tornando indiferente o custo de emissão da dívida pública independentemente da natureza dos respectivos subscritores."
Termino como ontem terminei. Mudou o nome e retocaram-se as condições financeiras. Mais vale tarde do que nunca. Veremos agora qual a sua receptividade...
5 comentários:
Cara Dra. Margarida Corrêa de Aguiar
À data de ontem, 5ªfeira, a yield das obrigações do tesouro a 10 anos portuguesas situa-se nos 4,519%, enquanto a taxa para novas subscrições de Certificados de Aforro em Maio é de 0,797%.»
Ocupamos hoje (ontem) o oitavo lugar no ranking dos países percepcionados com o maior risco de default sendo que a respectiva probabilidade se agravou para 25% contra cerca de 21% no dia anterior.
Tendo presentes sucessivas e reiteradas declarações de responsáveis da equipa do Ministério das Finanças, nomeadamente o artigo de Costa Pina no Público do mês passado, onde afirmava que a taxa de remuneração dos Certificados de Aforro estava muito bem onde estava já que proporcionava uma «justa e adequada remuneração» aos tomadores (que vêm debandando cada vez mais), não aguardo particular expectativa com o que resultará daqui. Oxalá me engane.
PEC III, precisa-se. Com urgência.
Caro Eduardo F.
Pelos vistos quem manda é o Ministro. Os Certificados de Aforro tiveram e têm os dias contados. A pequena poupança não aceita a sua baixa rendibilidade porque há melhores alternativas sem agravamento do risco.
Para recuperar e reforçar essa poupança através da dívida pública o Estado tem que remunerar de acordo com as condições de mercado.
Segundo li, os Certificados do Tesouro terão uma remuneração indexada às Obrigações do Tesouro (OT), Bilhetes do Tesouro ou taxa Euribor a 12 meses e o capital será garantido. Assim sendo, pelo lado da remuneração os Certificados do Tesouro serão mais atractivos do que os Certificados de Aforro. Há depois que ver como é que a sua rendibilidade compara com outros produtos de poupança, como é o caso dos depósitos a prazo.
A questão da liquidez parece-me importante quando falamos de pequenas poupanças. Ainda não percebi como vai ser gerada a liquidez.
Também me questiono sobre a receptividade deste novo instrumento, porque justamente a confiança é um aspecto essencial. A confiança também está muito ligada à credibilidade das políticas, em que a estabilidade e a previsibilidade são fundamentais. Ora isto não tem acontecido, como não aconteceu nos Certificados de Aforro, em que foram "rasgados contratos".
Estou na expectativa de ver o que vai acontecer...
Desde que não sejam como os "produtos biológicos" que só copiaram a roupagem...
Cara Drª Margarida,
Li com atenção os seus posts sobre os certificados de aforro “recauchutados” e partilho inteiramente as reservas que suscitou quanto à receptividade dos mesmos por parte dos aforradores.
A confiança leva incomparavelmente mais tempo a restaurar do que a quebrar...
Mas tenho outras reservas quanto ao alcance alegadamente pretendido com estes “novos” “certificados do tesouro”. Palpita-me que, quanto muito, servirão para atenuar os resgates em massa a que temos vindo a assistir nos últimos 2 anos.
Para isso, basta que comparem favoravelmente com os... certificados de aforro!
É que se, por acaso, os “novos” “certificados do tesouro” vierem comparar favoravelmente com os depósitos a prazo e o Estado “desatar” a colocar sucessivas emissões (tanto quanto me apercebi, a primeira, no valor de €1.000.000.000, está prevista lá para Julho), tendo em conta que o mercado interbancário não está a funcionar, as nossas instituições de crédito correm o sério risco de ver as suas dificuldades de liquidez agravarem-se ainda mais.
E, se assim for, talvez algumas delas já não consigam tornar a evitar (ainda que à tangente) o “muro de Ulrich”.
Just a thought...
Caro Henry
Em condições normais a poupança desloca-se para os produtos, no pressuposto de idêntico risco e na condição de que não há assimetria de informação, que proporcionam maior rendimento.
Em tempo de crise os aforradores/investidores tendem a refugiar-se em produtos de menor risco (financeiro e de crédito), nos quais se inclui normalmente a dívida pública.
Com a emissão dos novos títulos da dívida pública vamos ver como é que a pequena poupança vai reagir e a "concorrência" vai responder. A transferência de poupança de depósitos bancários para títulos de dívida pública poderá, como o Caro Henry bem refere, gerar problemas de liquidez, num momento em que os bancos têm dificuldades de se financiar nos mercados interbancários. Vamos ver...
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