Certas áreas do conhecimento são fontes de elementos muito interessantes para ajudar a compreender determinados fenómenos, como é o caso da Ciência das Redes (Science Network). Certos acontecimentos políticos, biológicos, económicos, físicos, psicológicos, entre outros, possuem uma forma padrão, partilhando propriedades idênticas. Os estudos nestas áreas permitem ilustrar como é que vírus, opiniões e notícias se propagam de pessoa a pessoa. Deste modo podemos avaliar o percurso da obesidade, do suicídio, das crises sociais e económicas e até das “dores nas cruzes”. O processo baseia-se em nós ligados uns aos outros que, à medida que vão aumentando, originam novas configurações de forma exponencial. Na área da medicina começa a ser utilizado estes conceitos os quais permitem compreender e prever a evolução de alguns problemas que vão da obesidade ao alcoolismo, passando pela cessação do tabagismo, até ao comportamento de células cancerosas. Curiosamente, certos fenómenos sociológicos, tais como ideias conspirativas, podem ser “contagiosos” e explicados pela Ciência das Redes.
Sabemos hoje que a informação, ao circular de forma quase que instantânea, através das redes de comunicação, influenciam o comportamento.
A este propósito, uma professora de Boston estudou as crenças do tipo conspirativo na propagação do VIH. Para o efeito, com base num inquérito nacional, verificou, por exemplo, que mais de metade dos respondentes concordavam com a afirmação, “Há cura para a Sida mas os pobres não têm acesso”, ou então com as seguintes: “Muita informação sobre Sida não tem sido divulgada ao público”, “Os que estão a tomar novos medicamentos para Sida são cobaias para o governo”. De acordo com a investigadora as crenças podem ser uma resposta natural das pessoas que, ao longo dos anos, têm sido discriminadas, enganadas, tendo razões de suspeita quanto aos tratamentos médicos efetuados além de práticas violadoras da mais elementar ética. As consequências são muito mais graves do que parece na medida em que os crendeiros da teoria conspirativa, por exemplo, usam menos preservativos.
Crendice é coisa que não falta no nosso país, que o digam os bruxos, os videntes, os alternativos, os charlatães, os vendedores de banha da cobra, e muitos outros que dispensam apresentação, que vão ganhando, e bem, a vidinha, apesar da crise. Aqui também funciona muito bem os modelos da Ciência das Redes.
As ideias conspirativas propagam-se de pessoa a pessoa como um vírus.
Uma ideia conspirativa pode propagar-se e originar prejuízos muito avultados, às vezes inquantificáveis.
Fiquei de boca aberta com a notícia de uma providência cautelar relativamente ao abate dos plátanos na Avenida Emídio Navarro e bordadura do parque Dr. Manuel da Braga em Coimbra. São belas árvores com as quais todos nesta cidade convivemos e, decerto, já tinham “nascido” antes dos que têm a memória mais antiga. Estão doentes e muitos já morreram, embora estejam de pé. Sujeitos a stresse, devido ao asfalto e ao cimento, foram atacados por vários fungos que, de uma forma extraordinariamente violenta, acabaram por os liquidar. O seu sistema vascular sofreu uma “trombose” maciça, para utilizar um termo médico. Quando o sangue não circula a vida desaparece ou fica comprometida. Quando a seiva não circula acontece o mesmo.
Naquele espaço vai passar o metro, logo surgiu a “dúvida”: “Às tantas é coincidência a mais”. Se estiverem mortos têm de ser abatidos e ninguém contesta. Se estivessem sãos na altura do metro fazer a sua aparição Aqui-d'el-Rei! Confusão e mais confusão. Mas será plausível que alguém se tenha lembrado de fazer guerra bacteriológica aos plátanos? Será que há mentes perversas a esse ponto? Teria de ter muitos conhecimentos e forma de inocular pelo menos três fungos, isto se não forem mais. Mas quem o fizesse também deveria saber que são altamente contagiosos podendo propagar-se aos restantes indivíduos, não só do parque, como também da região, originando uma epidemia de proporções não previsíveis De acordo com o que ouvi, e me informaram, os próprios troncos têm de ser incinerados, e o seu transporte deverá ser feito em condições a fim de evitar a propagação. Resta saber qual o estado dos restantes plátanos, se estão ou não contaminados, e se esta interrupção, motivada por uma providência cautelar, poderá originar ou facilitar a contaminação dos restantes. Afinal, esta situação poderá ser explicada com na base na Ciência das Redes, ou seja, certas ideias propagam-se e intensificam-se perigosamente ao ponto de provocarem mais mal do que bem.
Sabemos hoje que a informação, ao circular de forma quase que instantânea, através das redes de comunicação, influenciam o comportamento.
A este propósito, uma professora de Boston estudou as crenças do tipo conspirativo na propagação do VIH. Para o efeito, com base num inquérito nacional, verificou, por exemplo, que mais de metade dos respondentes concordavam com a afirmação, “Há cura para a Sida mas os pobres não têm acesso”, ou então com as seguintes: “Muita informação sobre Sida não tem sido divulgada ao público”, “Os que estão a tomar novos medicamentos para Sida são cobaias para o governo”. De acordo com a investigadora as crenças podem ser uma resposta natural das pessoas que, ao longo dos anos, têm sido discriminadas, enganadas, tendo razões de suspeita quanto aos tratamentos médicos efetuados além de práticas violadoras da mais elementar ética. As consequências são muito mais graves do que parece na medida em que os crendeiros da teoria conspirativa, por exemplo, usam menos preservativos.
Crendice é coisa que não falta no nosso país, que o digam os bruxos, os videntes, os alternativos, os charlatães, os vendedores de banha da cobra, e muitos outros que dispensam apresentação, que vão ganhando, e bem, a vidinha, apesar da crise. Aqui também funciona muito bem os modelos da Ciência das Redes.
As ideias conspirativas propagam-se de pessoa a pessoa como um vírus.
Uma ideia conspirativa pode propagar-se e originar prejuízos muito avultados, às vezes inquantificáveis.
Fiquei de boca aberta com a notícia de uma providência cautelar relativamente ao abate dos plátanos na Avenida Emídio Navarro e bordadura do parque Dr. Manuel da Braga em Coimbra. São belas árvores com as quais todos nesta cidade convivemos e, decerto, já tinham “nascido” antes dos que têm a memória mais antiga. Estão doentes e muitos já morreram, embora estejam de pé. Sujeitos a stresse, devido ao asfalto e ao cimento, foram atacados por vários fungos que, de uma forma extraordinariamente violenta, acabaram por os liquidar. O seu sistema vascular sofreu uma “trombose” maciça, para utilizar um termo médico. Quando o sangue não circula a vida desaparece ou fica comprometida. Quando a seiva não circula acontece o mesmo.
Naquele espaço vai passar o metro, logo surgiu a “dúvida”: “Às tantas é coincidência a mais”. Se estiverem mortos têm de ser abatidos e ninguém contesta. Se estivessem sãos na altura do metro fazer a sua aparição Aqui-d'el-Rei! Confusão e mais confusão. Mas será plausível que alguém se tenha lembrado de fazer guerra bacteriológica aos plátanos? Será que há mentes perversas a esse ponto? Teria de ter muitos conhecimentos e forma de inocular pelo menos três fungos, isto se não forem mais. Mas quem o fizesse também deveria saber que são altamente contagiosos podendo propagar-se aos restantes indivíduos, não só do parque, como também da região, originando uma epidemia de proporções não previsíveis De acordo com o que ouvi, e me informaram, os próprios troncos têm de ser incinerados, e o seu transporte deverá ser feito em condições a fim de evitar a propagação. Resta saber qual o estado dos restantes plátanos, se estão ou não contaminados, e se esta interrupção, motivada por uma providência cautelar, poderá originar ou facilitar a contaminação dos restantes. Afinal, esta situação poderá ser explicada com na base na Ciência das Redes, ou seja, certas ideias propagam-se e intensificam-se perigosamente ao ponto de provocarem mais mal do que bem.
1 comentário:
Segundo sei, a Suécia usou o facto das redes humanas terem uma topologia em lei de potência para combater a propagação da SIDA. Para tal concentraram os esforços, não nos conhecidos "grupos de risco", mas nos "hubs" (os nós das redes com muitas ligações) para pararem a propagação (demonstra-se facilmente que se consegue parar uma epidemia se cortar os hubs da rede). Não sei no que deu...
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