Sim, é no mínimo polémico que operações de marketing como o megapiquenique do Continente ou que fosse de uma qualquer outra cadeia comercial ou qualquer outro “piquenique” do género – o ano passado na Av. da Liberdade e este ano no Terreiro do Paço - invadam e danifiquem espaços públicos cuja nobreza ou funcionalidade devem ser respeitadas e preservadas de usos que lhes retiram dignidade, alteram a fruição pública que lhes está destinada e causam perturbações públicas e grandes incómodos ao normal funcionamento da cidade.
O Zé, refiro-me ao vereador da Câmara Municipal de Lisboa José Sá Fernandes, continua a fazer das suas. Há já algum tempo que não era notícia. É o Zé que precisa de dinheiro e vende o que for preciso com a justificação de que as finanças camarárias precisam de ajuda.
Não é razoável que espaços públicos com a dignidade de um Terreiro do Paço ou a funcionalidade de uma Av. de Liberdade estejam à mercê de fogareiros e chouriços, couves e galinhas com o argumento de que as empresas pagam. Era o que mais faltava se não pagassem. Se todos os “continentes” do país quisessem fazer piqueniques nas zonas nobres de Lisboa a cidade seria transformada num local indesejável para quem nela trabalha, vive ou faz turismo. Mas isso parece que pouco interessa.
E, depois, também me pergunto quais são as contrapartidas negociadas pela Câmara Municipal de Lisboa. Onde estão as regras que regem estes negócios? Devem ser do conhecimento público. Como é que está salvaguardada a transparência destes negócios? Enfim, devem ser pormenores sem importância, para quê estas preocupações.
Vou anotar na minha agenda o próximo dia 16 de Junho para evitar, uns dias antes e uns dias depois do dito megapiquenique, circular nas zonas próximas, pois à semelhança do ano passado o trânsito foi um caos, com muito prejuízo para quem trabalha e vive em Lisboa.
Alguém me dizia, deixe lá que há coisas piores, assim o povo sempre se alegra e esquece a crise, afinal juntar meio milhão de pessoas nos comes e bebes como aconteceu o ano passado é obra que não acontece todos os dias…
7 comentários:
O 2º Arco que dá entrada à Rua Augusta, do lado Norte da Praça (o 1º, que não chegou a ser construísdo na totalidade, projectado pelo arqº de Pombal; Eugénio dos Santos, foi demolido, dando lugar à construção do actual) é um conjunto arquitectónico e escultural, cujas estátuas crípticas que o encimam, representam a Glória, coroando o Génio e o Valor, sobrepondo-se à frase inscrita em latim «VIRTVTIBVS MAIORVM VT SIT OMNIBVS DOCVMENTO.PPD», “Às Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas”.
Pode ser, cara Dr. Margarida que esta frase inspire os piqueniquenses que estarão no próximo dia 16 encostado ao grelhador improvisado, segurando numa mão a côdea e a fêbera e na outra, o de 5 litros, tinto.
É que, se virmos bem as coisas, este exercício, requer virtudes e habilidades de que só o Tuga legítimo, descendente das grandes figuras do segundo plano do conjunto: Viriato, Nun'Alvares, Pombal e do Vasquinho é capaz.
Um genuíno comportamento "provinciano" transladado para a capital dos ditos. É bom não esquecer as origens. Quanto à dignidade, bom, a dignidade neste país anda pela ruas da amargura pelo que o Dom José, e até o próprio Marquês, não desdenhariam beber uns bons tintos, sobretudo o primeiro, amarfanharem-se com umas deliciosas chouriças e uma saborosa boroa, entre muitos petiscos nacionais. Quanto aos cheiros, tirando o já natural odor a urina que por vezes se aspira naquelas arcadas, os bons ventos do Tejo encarregar-se-ão de os limpar...
Não vejo que o negócio seja mais ruinoso do que o das parcerias público privadas esse sim deveria indignar-nos a todos. Este pelo menos é às claras cheira a chouriço e tem o Tony Carreira.
Deixe-lá o incómodo é só por umas horas, não passe por lá nesse dia, já está avisada. O comércio até fica beneficiado e o Ministro das finanças também. Como trabalha mesmo ao lado pode usufruir de um momento de descontração. Recomenda-se que traga também o seu farnel e que confraternize.Vai ver que depois de uns tintos e de uma broa passa a ver os problemas financeiros do país com outros ohos. Relax.
Eu só vejo vantagens.
Não falo do negócio que não conheço, mas o terreiro do paço sempre foi o porto de Lisboa desde que D. Manuel aterrou a foz da ribeira de Valverde. E sempre teve galinhas, porcos, autos de fé, casamentos reais, e tudo o que um porto na zona nobre da capital de um império tem. Desde que resolveram que dignidade era ter quatro hectares da zona mais nobre da cidade à torreira do sol tornou-se um deserto inóspito. Por mim, venham de lá os porcos, as couves, as sombras e tudo o mais que faça daquilo uma verdadeira praça urbana viva (as minhas desculpas pelo radicalismo, mas as praças não se fazem para se admirar fachadas).
henrique pereira dos santos
O Pingo Doce já prepara feira medieval no Mosteiro do Jerónimos seguido de noite de baile de máscaras animada por DJs de elevado estatuto no panteão nacional.
Em vez do toninho carreira consta que o macaco Silva Carvalho vai saltar do Monumento aos Descobrimento pendurado numa espia.
Genial a sua ironia, Caro Bartolomeu.
Caro Professor Massano Cardoso
Coitados do Dom José e do Marquês, se viessem espreitar morriam de susto.
Cara Margarida
Os megapiqueniques ao lado das PPP são uma brincadeira.
Caro Henrique Pereira dos Santos
Não me diga que não encontra uma solução digna para dar vida à Praça do Comércio. É assim tão difícil?
Caro Ilustre Mandatário do Réu
Anda muito bem informado!
É o revivalismo, Margarida, já temos saudades das feiras e mercados ao ar livre, que foram sendo substituidos por centros comerciais e, depois, com o andar dos tempos, por lojas fechadas e notícias de que o comércio vai mal. Se as feiras e mercados animarem a economia e as pessoas, já é uma vantagem...
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