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domingo, 16 de outubro de 2005

Erguer o facho!...


Campeões do mundo!...
Na derrota, erguer o facho!...

Enigmas, perplexidades e coincidências

É sobre a notícia de hoje do Diário de Notícias: "DIAP arquivou um processo contra Nuno Cardoso".
Sou dos que acham que uma pessoa só pode ser condenada por um tribunal.
Também penso que não bastam umas quantas notícias para tornar uma pessoa suspeita e desonesta.
Afinal, o processo do PPA das Antas foi arquivado. Mas, e permitam-me uma outra leitura da notícia "(...) descansem que o homem continua com mais processos, portanto ainda não se livrou de nós(...)". Deles, leia-se Ministério Público.
E aquela coincidência? O processo já estava arquivado desde 30 de Setembro, mas a notificação só ocorreu a 14 de Outubro. Pois é, no meio houve um 9 de Outubro com eleições autárquicas.
É demais!
Este processo e notícias deste tipo, demonstram até que ponto a mistura da justiça com a política e os calendários eleitorais só serve para lançar lama para cima das pessoas.
De qualquer pessoa!

Era inevitável

Depois dos resultados obtidos pelo CDS/PP nas últimas autárquicas, adivinhava-se a forte contestação ao líder e áqueles que o acompanharam. Sobre o ambiente no partido as declarações da Drª Maria José Nogueira Pinto, citadas hoje pelo DN, não deixam lugar a dúvidas sobre a tempestade que se está a formar e o que para aí vem:

«Nogueira Pinto aponta o dedo aos militantes conotados com Portas. "Querem transformar o CDS num parque de brinquedos ou num circo para porem notícias nos jornais. É pura traquinice. Infelizmente é também por coisas como estas que já quase ninguém quer estar neste partido. Mas este tipo de fitas comigo não pega. Comigo vêm de patins", assegura. E lança um aviso "Não sou um fantoche!"».

A política partidária está cada vez mais parecida com o futebol. Continuam a entrar petardos para dentro dos estádios e aos treinadores não se perdoa nem um só deslize.

Navalhas afiadas no Caldas. Lenços brancos à vista.


Fitas portuguesas!...


Fitas!...
Uma entrevista publicada num jornal de ontem com o realizador António Pedro Vasconcelos deu-me o mote para este texto.
Como é sabido, os filmes portugueses têm enormes apoios estatais e, em geral, audiências reduzidíssimas.
Há filmes, altamente subsidiados, que não chegaram a ter um milhar de espectadores ou pouco passaram disso e a maioria não chega sequer aos 10.000 espectadores.
As coisas chegaram mesmo ao ponto de um famoso dito realizador, que, inteligentemente, se habituou a viver subsidiado através das “fitas” que fazia, respondendo a uma questão sobre as razões da ausência de espectadores aos seus filmes ( um deles terá tido, por junto, 300 espectadores), limitou-se a dizer: “no dia em que fizesse filmes para serem vistos, estaria a prostituir-me…”!...
Houve mesmo um filme recente, obviamente subsidiado, cuja acção ficou a meio, porque o realizador, por capricho inclassificável, resolveu colocar um pano preto na câmara, enquanto continuava a filmar, ficando assim a preto metade da obra!…
Como é sabido, alguns críticos consideraram o filme genial e apodaram de incultos todos os que se atreveram a dizer que o subsídio devia se devolvido !...
Chama-se a isto “cinema de autor” !...
Conhecendo, embora, os argumentos, ainda não consegui perceber por que razão toda esta vergonha aconteceu e continua a acontecer e não há um Governo que , com os diabos, tenha a coragem de dar uma vassourada na situação!...
E as coisas vão continuar pelo mesmo caminho!...
O realizador António Pedro Vasconcelos, que tem feito alguns bons filmes, propiciadores de boas audiências, superiores a 100.000 espectadores, sem ser puro cinema comercial, vem-se queixando da situação.
Referiu A.P. Vasconcelos: “O Sr. Secretário de Estado da Cultura disse que se tem que financiar prioritariamente o cinema de autor. Quando o Governo insiste neste equívoco, nesta dicotomia absurda…que há um cinema de autor que é o que não tem público e que o cinema que tem público é comercial, nós estamos a aumentar o fosso que nos conduziu à situação actual…”
Acho muito bem que um realizador queira fazer filmes confidenciais, mas faça-os à sua custa e não à nossa!
Também nem acho nem bem nem mal que um realizador não planeie o seu trabalho, seja incompetente ou faça filmes de qualidade miserável, mas já não admito que viva à custa deles, o que significa à nossa!...
Depois digam que não há dinheiro para o Estado Social!
Com tais prioridades e outras quejandas, não há, nem nunca haverá!...

sábado, 15 de outubro de 2005

“Portugalcoólico”

Foi recentemente noticiado que os militares da GNR e os agentes da PSP consomem bebidas alcoólicas. A forma como a notícia foi apresentada originou fortes reacções por parte das autoridades governamentais, assim como de muitos cidadãos. É compreensível, já que os nomes das duas prestigiadas instituições acabaram por serem postas em causa, arrastando consigo, injustamente, a grande maioria dos seus agentes. De qualquer modo teve o condão de despertar o debate sobre o consumo de bebidas alcoólicas, nomeadamente o consumo excessivo que, infelizmente entre nós, continua a ser uma das mais graves pragas com todas as consequências sociais, económicas e médicas.
Atendendo ao papel especifico e à elevada responsabilidade atribuídos aos responsáveis pela segurança dos portugueses, importa questionar a legitimidade ou a normalidade de acesso, nos seus locais de trabalho, a bebidas alcoólicas, propiciando, em determinadas circunstâncias, alguns excessos que poderão repercutir-se na eficiência do seu trabalho, além de legitimar comportamentos que devem ser precavidos para bem de todos e, especialmente, dos mais vulneráveis.
O consumo de álcool, mesmo em doses moderadas, é susceptível de alterações e reacções comportamentais a vários níveis. Não discuto o seu papel "protector" em termos cardiovasculares ou outros, mas sou de opinião de que não devemos consumir álcool quando temos que trabalhar. É comum, hoje em dia, nas reuniões internacionais da área médica não ser servido álcool durante os almoços de trabalho. Boa e saudável prática que, penso, ninguém põe em causa. Claro que na parte social das mesmas as bebidas alcoólicas são servidas, saboreadas, apreciadas, comentadas e alvo de comparações, contribuindo para a socialização e alegria das reuniões. Importa difundir esta prática nos diversos contextos profissionais, evitando uma disponibilidade excessiva ou mesmo a sua oferta. Não faz qualquer sentido a existência de cantinas nos locais de trabalho disponibilizando álcool de uma forma quase semelhante à água, inclusive até no preço.
Obviamente que medidas legislativas de carácter proibitivo desencadeariam reacções de protesto de vários sectores, sobretudo do forte e poderoso lóbi do álcool, o qual já mostrou a sua força quando conseguiu que o Governo de Durão Barroso alterasse a lei, repondo os valores de alcoolemia no limite dos 0,5 g/l. E, mesmo assim queixam-se de que o negócio não vai bem! Mas medidas regulamentares internas poderão dar um contributo positivo.
A problemática do consumo excessivo do álcool abrange muitas outras áreas. Destaco a venda de bebidas alcoólicas nas estações de serviço das auto-estradas. Em muitos países é proibida. Nalguns países, famosos por serem produtores de vinho, como é o caso da Espanha, a proibição é ou vai ser muito em breve uma realidade, traduzindo elevado nível de maturidade. Desconfio que entre nós não vai ser nos tempos mais próximos. A proibição de venda nas vias mais importantes tem, como é óbvio, um efeito imediato sobre os condutores, mas também em todos os que circulam ao facilitar a interiorização de uma melhor conduta nas vias rodoviárias. No fundo, a tripla aliança, proibição, formação e fiscalização, poderá contribuir para a melhoria dos graves problemas associados com o consumo do álcool.
Em Portugal, os riscos de virmos a sofrer as consequências do consumo excessivo do álcool, quer de forma indirecta ou directa, são muito elevados.

Áreas Protegidas - X - Parque Natural do Vale do Guadiana

Está prestes a completar 10 anos de existência formal.
Abrange quase 70.000 hectares de uma das zonas mais pobres e despovoadas do País nos Concelhos de Mértola e Serpa. Mas nem por isso menos fascinantes e importantes do ponto de vista da conservação da natureza. Aliás, o parque integra uma das mais impostantes ZPE´s (zonas de protecção especial para aves selvagens), para além de constituir um dos sítios da Rede Natura 2000.
No "ABC das Áreas Protegidas de Portugal", livrinho editado há uns anos pelo Instituto da Conservação da Natureza que resume as características peculiares de cada área protegida, cita-se uma breve observação de Jaime Cortesão que retrata o Guadiana no troço que o Parque compreende: "Rio velho, triste e divagante, que apenas abaixo de Serpa, nas quedas do Pulo do Lobo, se precipita e dramatiza, o Guadiana dá limites a Portugal" .
Quando com tempo me deslocava para o Algarve gostava de ir por ali, por entre estevais e azinhais dispersos nas ondulações brandas do relevo característico da paisagem.
O rio, esse, é rico em espécies de peixes, assinalando-se a presença de migradores como a lampreia e a ocorrência - única em Portugal - do esturjão. As galerias abruptas acolhem exemplares de aves de presa, em especial o bufo real e a águia de Bonelli.
Sempre vi este Parque Natural como um factor potenciador da criação de alguma riqueza numa região onde a agricultura está a desaparecer, a indústria não existe, a população rareia e somente se observa algum dinamismo na exploração da actividade cinegética. Aliado à atractibilidade turística da vila de Mértola, ela mesmo um conjunto histórico notável, creio que a criação de condições para estimular um turismo da natureza a sério, poderia ser uma via para proporcionar condições de desenvolvimento e travar a continuada desertificação, mas também dar a conhecer um dos parques naturais mais significativos do País e proporcionar a vivência de uma paisagem única.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Homens de carne e osso !...

Esta história não é curta, mas parece-me interessante.
Ouvi ontem, mais uma vez, o António Tremoço, representante da Comissão de Trabalhadores da Bombardier, ex-Sorefame, a falar num telejornal sobre a luta dos trabalhadores da empresa.
Conheci-o em 1983, quando fui eleito para os órgãos Sociais da empresa.
Já, nessa altura, o Tremoço era, full-time, sindicalista e o porta-voz dos trabalhadores da empresa afectos à Intersindical.
A Sorefame passava nesse tempo por muitas dificuldades: era uma empresa majestática que mantinha, numa conjuntura muito diferente, os mesmos 4.200 de trabalhadores que tinha à data do 25 de Abril.
A empresa não se adaptara desde os tempos em que tinha construído os equipamentos para 4 das maiores barragens do mundo, fazendo por esquecer que o endividamento de África e da América Latina tinham feito cessar os financiamentos para as grandes infraestruturas hidroeléctricas.
Tinham também acabado os investimentos em Angola e Moçambique e o tempo em Portugal era de restrições: não havia novas encomendas da EDP, nem da CP, nem do Metro e os pagamentos pelos trabalhos em curso eram efectuados com enorme atraso!...
A empresa começou a reestruturar-se e aí aprendi que havia pelo menos 17 maneiras de fazer sair trabalhadores por métodos pacíficos, isto é, sem despedimentos, e da sua aplicação resultou terem saído da empresa cerca de 1000 trabalhadores.
Durante algum tempo não se conseguiu pagar os salários na totalidade, no fim de cada mês, recuperando-se o atraso no mês seguinte.
Estas coisas eram acertadas com a Comissão de Trabalhadores, onde pontificava o nosso amigo Tremoço.
Num belo dia, um grupo de três “velhos” trabalhadores dirigiu-se ao meu Gabinete, pedindo para serem recebidos, com o fim de falarem sobre a possibilidade de, nesse mês, receberem a totalidade do vencimento, devido a razões inadiáveis da sua vida privada.
Na dúvida sobre se falariam verdade e sobre se se justificaria uma perigosa excepção, falei com um Administrador, o Eng. Justo, que sempre foi quadro da empresa, era muito competente e respeitado e conhecia todos os trabalhadores.
Tendo-me referido, quando viu as pessoas, que eram “boa gente” e que não viriam à Administração se não estivessem em estado de necessidade, autorizei o adiantamento, pedindo-lhes que se dirigissem, de imediato e directamente, de forma discreta, à Direcção de Pessoal.
Porventura por não terem compreendido bem, dirigiram-se ao guichet normal de recebimento dos salários, que dava directamente para a parada, ao longo do qual se alinhavam as fábricas de material circulante e dos equipamentos hidroeléctricos.
Passado algum tempo, olhei pela janela para o exterior e vi uma pequena fila formada junto aos guichets, onde estavam os trabalhadores que tinham saído do meu gabinete.
Estranhei um pouco, mas continuei a trabalhar.
Passado algum tempo, olhei de novo, e a fila estava já enorme!
Pressenti, então, o pior.
É que os trabalhadores terão pensado que fora antecipado o dia de pagamento e o pior seria a reacção dos mesmos, quando vissem que só os primeiros três receberiam, e logo o ordenado por inteiro!
Como o dinheiro, obviamente, não chegava, seria sequestro garantido!...
Falei com o Eng.Justo e resolvi, em desespero de causa, falar ao Tremoço.
-Então, Tremoço, não combinámos já como é que os salários iriam ser pagos este mês e a data, daqui a dois dias?
-Combinámos, sim, e não me diga que vai haver alterações. Convoco já um plenário e os trabalhadores irão reagir!…
-Não, tenha calma!...Nada se vai alterar!... Mas você anda-me sempre a dizer que representa os trabalhadores, e afinal não controla minimamente nada!...
-Ora essa!...Não pode dizer isso!...
-Não posso? Então não combinámos que os pagamentos seriam daqui a dois dias e os trabalhadores já estão a formar uma bicha enorme junto ao guichet? Vão dormir lá?
-Não me diga, que nós até fizemos um comunicado!...
-Pois, vá verificar!...
Esperei a ver o que isto dava!...
Passados uns minutos, vejo, pela janela, dois ou três elementos da Comissão de Trabalhadores a fazerem o ponto da situação.
Avaliada a mesma, regressaram à “sede”…
Passados mais uns cinco minutos, avança o Tremoço, de megafone em punho, e passa um correctivo imenso aos trabalhadores na bicha: não tinham confiança na Comissão, desagregavam o colectivo, desprestigiavam a Comissão junto da Administração, punham-no em cheque…etc. etc.
Um após outro, lentamente, algo contrafeitos, mas sob o olhar atento e vigilante do António Tremoço, os trabalhadores foram abandonando a fila…só tendo permanecido os três primeiros!...
Estava há pouco tempo na empresa, mas o episodio deu-me para ver a real influência, e até controle, da Intersindical sobre os seus trabalhadores e pôs-me a pensar no modo como lidar com esse desafio na gestão da empresa.
Ironicamente, tendo ficado sequestrado várias vezes, por acção da Comissão onde pontificava o António Tremoço, dessa vez ele livrou-me de mais um!...
Apesar de tudo, mantivemos sempre um diálogo difícil, mas profícuo, dadas as circunstâncias.
Quando, em 1985, me despedi da Sorefame, ele disse-me: Creia que nunca tivemos nada com o Dr.Pinho Cardão, que até apreciávamos bastante. As nossas disputas eram apenas com o Administrador!...
Sem a fibra e capacidade de luta do António Tremoço, provavelmente já a ex-Bombardier teria acabado!...
Encontrámo-nos, casualmente, há dias e, com um abraço, rememorámos esta e muitas cenas passadas!...

As palavras sábias de Alan Greenspan

Enquanto os europeus debatem e agarram-se ao seu "modelo social", os americanos "andam a fazer pela vida". No meio de uma pesquisa dei de caras com esta intervenção do Presidente da Federal Reserve de que destaco um pequeno excerto:

"Intensive research in recent years into the sources of economic growth among both developing and developed nations generally point to a number of important factors: the state of knowledge and skill of a population; the degree of control over indigenous natural resources; the quality of a country's legal system, particularly a strong commitment to a rule of law and protection of property rights; and yes, the extent of a country's openness to trade with the rest of the world."

Como vêem, quase tudo ao contrário do que se passa no outro lado do Atlântico. Estes neo-liberais...

Diplomacia de sentido único

O Primeiro-Ministro português anunciou ontem perante o Presidente do Brasil, que os aeroportos portugueses serão equipados, dentro em breve, com uma porta destinada apenas a passageiros da CPLP - a exemplo do que sucede, actualmente, com as portas UE -, para facilitar o trânsito dos cidadãos brasileiros e dos demais PALOP.Compreende-se a medida até no contexto da franciscana pobreza dos resultados de uma cimeira onde para além deste assunto, se falou de vacas, das vacas brasileiras que segundo Lula da Silva não são loucas. O que surpreende é que tão magnânime resolução tenha tido carácter unilateral. Isto é, não tenha sido anunciada no quadro da reciprocidade de tratamento dos cidadãos portugueses quando se deslocam a esses países irmãos.
Causa estranheza esta diplomacia.

A montanha pariu o Rato ... e a Lapa

A aparente certeza com que os meus amigos de blog encaram a manifestação de intenção de mudar a lei eleitoral das autarquias de forma a limitar a elegibilidade de cidadãos indiciados ou arguidos pela justiça, bem como a apresentação de candidaturas independentes, não me convence. Se a "montanha" não "parir" sequer o rato, não será por falta de vontade das "parideiras".
Repito o que já tive oportunidade de escrever: os partidos políticos, em qualquer sistema eleitoral, têm como principal objectivo conquistar o poder e, se possível, criar as condições para que o seu exercício se aproxime do que se designa por "monopólio natural" desse mesmo poder.
As últimas eleições autárquicas trouxeram à luz do dia uma das maiores ameaças a esse "monopólio natural": os candidatos rebeldes e as candidaturas independentes.
As candidaturas independentes foram toleradas enquanto não puseram em causa esse monopólio. Agora o quadro poderá ser um pouco diferente. A pressão dos "aparelhos" irá fazer sentir-se de forma a limitar essa pequena brecha no sistema. Quando participei na discussão desta temática essa pressão foi evidente e a desconfiança poderá agora ser recompensada com um recuo.
Se assim acontecer perde-se qualquer hipótese de obrigar os partidos a abrirem-se a uma maior participação dos cidadãos e a modificar as suas herméticas e ancilosadas estruturas locais.
Entretanto esta preocupação dos partidos relativamente ao sistema eleitoral tem um outro objectivo que não só as autarquias. Se já exisitia pouca vontade de adoptar um sistema misto para as eleições legislativas (círculos uninominais / círculo nacional), acredito que essa vontade tenha encolhido. Já imaginaram o aparecimento de quatro ou cinco independentes a baralharem a contabilidade parlamentar e a minar a capacidade de constituir maiorias? O risco aumenta, mas pode ser compensado com um abaixamento do limiar necessário à constituição de maiorias absolutas parlamentares. Só que nessa altura ninguém vai falar disso. Todos vão invocar o aumento da instabilidade política e da governabilidade.
Vai ser interessante ver a posição do PSD, sabendo que este problema vai estar presente no próximo Congresso estatutário. Nessa altura é que se verá se há ou não real vontade de regenerar o partido e qualificar as suas práticas, o mesmo é dizer, credibilizar a sua imagem perante os portugueses.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Aceitam-se apostas 2...

Diz-nos o Diário de Notícias que o Parlamento discutiu o problema das candidaturas independentes que têm problemas com a justiça e que existe acordo para alterar as leis para dificultar este tipo de candidaturas!?
Não vou perder tempo com considerações sobre tanto zelo.
Mas aposto que esta montanha nem sequer consegue parir um rato!!!!!!!

À espera...

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... de um e-mail?

Teoria da Conspiração ou um Génio à solta?...


O Génio de Sócrates!...

Mário Soares, como fundador do PS, antigo Primeiro-Ministro e antigo Presidente da República e também devido às teias que, como patriarca, foi tecendo, tem uma influência grande no Partido.
Alguns Secretários Gerais, desde Constâncio a Guterres souberam-no bem, e não pelos melhores motivos!...
Sócrates também já provou algum desse fel, quando teve João Soares, bem apoiado pelo Pai Soares e seus “compagnons de route”, como adversário para Secretário - Geral do Partido e continua a provar algumas das suas picardias.
Jorge Coelho é geralmente considerado o todo poderoso homem do aparelho e sem o qual nada se decide no Partido Socialista e, consequentemente, no Governo.
E, se o Governo decide em contrário, evidentemente que leva!...
Manuel Maria Carrilho é um problema de sempre: apoia e não apoia Guterres, apoia e não apoia Soares, está e não está com Sócrates!...
Não esteve com Sócrates na luta deste para Secretário- Geral, esteve com Sócrates para ser candidato a Lisboa e deixou de estar, quando, na noite das eleições, lembrou a Sócrates que também era tinha responsabilidades na derrota, ao agradecer-lhe a confiança depositada!...
Ora Sócrates conhecia o perfil de todos estes seus camaradas e amigos.
Então lá terá pensado qual a melhor maneira de se desembaraçar de todos eles!...
E, se bem pensou, melhor o fez!...
Aceitou a candidatura presidencial de Mário Soares: perdendo as eleições, terminaria certamente o seu fulgor político e deixaria de embaraçar o Governo e o Partido.
Aceitou a candidatura autárquica de João Soares: perdendo mais umas eleições, ficaria desacreditado, deixaria de ter os apoios que ainda lhe restavam e Sócrates resolvia mais um problema.
Aceitou que Jorge Coelho fosse o Coordenador Autárquico de umas eleições difíceis, certamente para perder, e que também fosse Candidato à Assembleia Municipal de Sintra: perdidas as eleições, o espaço de manobra diminuiria drasticamente.
Aqui, Sócrates jogou mesmo em dois tabuleiros e ganhou!...
Aceitou que Manuel Maria Carrilho fosse candidato a Lisboa: aqui foi como jogar no totoloto, depois dos desafios efectuados!...
Irado com Sócrates, seu adversário no PS, pelo seu apoio a Soares, Alegre candidatou-se, caindo no laço eleitoral.
Com a sua previsível derrota, mais um adversário no tapete!...
Em ousados golpes de génio, Sócrates livrou-se dos principais adversários, cortou os ímpetos a outros e está perto de atingir o pleno!...
Com isso, estendeu a Cavaco a tal passadeira para Belém!...
Porque é com Cavaco que Sócrates se poderá entender e nunca com os esquerdismos ultrapassados de Manuel Alegre!...
Um génio, Sócrates?...Ou mera teoria da conspiração?...

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Recanto


Rua das Saraivas
Recanto perdido....

Will you still love me tomorrow?

É o nome de uma bonita canção e ocorreu-me a propósito de uma conversa sobre o assustador número de depressões e angústias mais ou menos crónicas que encontramos por todo o lado, em todas as idades e pelos motivos mais diversos. Um rapaz que acabou namoro porque não sabia quanto tempo é que ia durar aquela paixão; outro que tinha encontrado o primeiro emprego mas que, ao fim de 15 dias, se despediu, porque não sabia se era aquilo que queria fazer a vida toda; imensos jovens que saltitam de um curso para o outro sem nunca se esforçarem por nenhum; muitas pessoas que se arrastam diariamente na sua rotina, sem lhe acharem graça porque se calhar há outras coisas muito mais interessantes que não lhes aparecem à frente dos olhos…
Li há uns dias a resposta de Agustina Bessa Luís sobre um assunto deste tipo: “Mas quem é que disse que a vida era fácil?”(cito de memória)
Vivemos uma época frenética, em que tudo tem que ter uma resposta rápida. Não se aguenta o esforço, a incerteza ou o fracasso e os necessários tempos de reflexão, ou de crescimento, ou de recuperação, são considerados puras perdas, etapas a queimar antes que se faça tarde para o acontecimento seguinte. E assim se vão acumulando “experiências” sem nunca se chegar a viver coisa nenhuma, num desbaratar de oportunidades que dá um bom lastro para depressões e para as memórias do que podia ter sido…
Há perguntas que são feitas para não ter resposta porque, se ela existir, teremos que ser nós a descobri-la. Ou a construí-la. Com tempo, a seu tempo.
Salvo casos devidamente justificados, deviam ser proibidas as depressões…

Aceitam-se apostas...

... Mário Soares vai desistir da sua candidatura presidencial!

O Túnel de Ceuta e os critérios do IPPAR

A notícia da SIC Online vem acrescentar mais um facto insólito à já longa história do Túnel de Ceuta na cidade do Porto.
Afinal quais são os critérios deste IPPAR, quando avalia a defesa do património urbanístico e arquitectónico em contraponto com a necessidade de realizar certas obras públicas, em especial as que se relacionam com acessibilidades?
Por onde andavam os critérios que hoje são aplicados ao Túnel de Ceuta, quando se autorizou a construção dos viadutos metálicos na Avenida da Índia, em Lisboa, mesmo em frente da Torre de Belém ?
Por onde paravam estes critérios, quando este Instituto autorizou a Câmara de Lisboa a construir o Eixo Norte-Sul por baixo do Aqueduto das Águas Livres?
E porque é que deram parecer favorável à construção da Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL ou IC17) na zona da Buraca no Concelho da Amadora, que implica a demolição de uma parte subterrânea do Aqueduto das Águas Livres?
Este IPPAR (que antes se chamou IPPC) actua de forma irresponsável, errática e ao sabor das pressões políticas.
Até quando?

Os espinhos (da) rosa


Li a nota anterior do David Justino e não resisti...

O Erro de Sócrates

José Sócrates arrisca-se a perder, em menos de um ano de governação, todo o capital de confiança que granjeou com as eleições legislativas de Fevereiro. Esse capital que se traduziu na mais expressiva maioria que o PS alguma vez obteve tem vindo a ser delapidado, passo a passo, mês a mês, medida a medida, por uma manifesta falta ou inadequada estratégia.

Começou por errar ao prometer o que não podia (sabendo que não podia!).

Continuou a errar ao disparar em simultâneo sobre tudo e todos: funcionários públicos, professores, militares, forças de segurança, operadores judiciais, etc. A maior parte daqueles que lhe deram a maioria.

Continua a errar ao entregar a Mário Soares a representação “socialista” às eleições para a Presidência da República.

O primeiro aviso do erro deve ser retirado dos resultados das autárquicas.

O segundo aviso será retirado das próximas eleições presidenciais. Não se admirem que Alegre, o candidato rebelde da área socialista, venha a obter melhor resultado eleitoral que Soares, o candidato do regime.

Sócrates poderá tentar “mobilizar todos os socialistas em torno de Soares” que mais não faz que evidenciar o erro em que está mergulhado: faz recair sobre o PS e o Governo o ónus de Soares e faz recair sobre Soares o seu próprio ónus.

Assim, o terceiro e derradeiro aviso ficará depositado, muito possivelmente, nas mãos de Cavaco Silva.

Ele há frases infelizes...

"O Governo não se revê na imagem da PSP e da GNR como um grupo de toxicodependentes e de alcoólicos". Frase lapidar de José Magalhães a propósito de uma "notícia" do DN.
Acompanho o senhor Secretário de Estado e também eu formulo votos para que o Governo da República - este ou qualquer outro - jamais se reveja em tal imagem!