A utilização das células estaminais poderá um dia ser uma solução para muitos problemas que atingem os seres humanos. A problemática do seu uso tem sido levantada a propósito das que tem origem embrionária.
Muitos debates têm sido realizados e vários pareceres têm sido publicados por esse mundo fora, divergindo muitos deles em função dos valores culturais que impregnam as diferentes sociedades. Mas, mesmo nos ditos países mais tradicionalistas, como é o nosso caso, não se levantam graves problemas de natureza ética quando as células estaminais têm origem nas próprias pessoas. No entanto temos que ressalvar neste caso alguns princípios. “A colheita de células estaminais em tecidos adultos, para fins de investigação e terapêutica deve salvaguardar o respeito pela integridade do corpo humano e pressupõe o consentimento do dador para colheita e aplicação”. Este é um dos pontos do último parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida sobre Células Estaminais. Há razões para esta preocupação. De facto, as células estaminais podem ser fonte de doenças, e graves, uma das quais é precisamente o cancro. As expectativas à volta desta temática levam alguns peritos a um uso que pode ser questionado quer em termos éticos quer em termos científicos.
Na Rússia, várias clínicas começaram a usar as células embrionárias dos próprios doentes com o objectivo de os rejuvenescer. A prática consiste em retirar as células embrionárias e concentrá-las, colocando-as a seguir em determinados órgãos.
De acordo com os últimos relatos a procura está em crescendo, uma verdadeira febre, porque não é todos os dias que se tem acesso a um”elixir da juventude”. O preço de um tratamento de beleza chega a atingir os 10 mil dólares o que para aquelas bandas é uma verdadeira fortuna. As autoridades de saúde estão preocupadas com os efeitos colaterais, sobretudo com o aparecimento de cancros, o que obrigou o governo russo a encerrar algumas clínicas de beleza que se dedicavam a esta prática.
Atendendo à loucura que atinge muitas pessoas, que não conseguem adaptar-se à velhice, não é admirar a sua procura. O pior são as eventuais consequências. É melhor esperar mais um pouco. Às vezes é preferível umas rugas a mais do que ficar com uma pele brilhante e lisa…
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2006
O "génio" de Sócrates!...
Em 12 de Outubro passado, escrevi no 4R uma Nota intitulada “Génio à solta ou Teoria da Conspiração”, em que referia o génio de Sócrates.
Esse génio revelava-se nas escolhas meticulosas que fazia, ao convidar para os mais altos cargos as figuras gradas do PS de que se queria livrar rapidamente.
Esse génio revelava-se nas escolhas meticulosas que fazia, ao convidar para os mais altos cargos as figuras gradas do PS de que se queria livrar rapidamente.
E como continua a revelar-se, como aconteceu com a oportuna queda no ski, volto ao tema.
Mário Soares tinha uma influência grande no Partido, alguns Secretários Gerais, desde Constâncio a Guterres, souberam-no bem, e Sócrates também provou algum desse fel, quando teve João Soares, bem apoiado pelo Pai Soares, como adversário para Secretário - Geral do Partido.
Aceitou a candidatura presidencial de Mário Soares: perdendo, muito provavelmente, termina o seu fulgor político e deixa de embaraçar o Governo e o Partido.
Irado com Sócrates, seu adversário no PS, pelo seu apoio a Soares, Alegre candidatou-se, caindo no laço eleitoral. Com a sua previsível derrota, mais um adversário no tapete!...
Mário Soares tinha uma influência grande no Partido, alguns Secretários Gerais, desde Constâncio a Guterres, souberam-no bem, e Sócrates também provou algum desse fel, quando teve João Soares, bem apoiado pelo Pai Soares, como adversário para Secretário - Geral do Partido.
Aceitou a candidatura presidencial de Mário Soares: perdendo, muito provavelmente, termina o seu fulgor político e deixa de embaraçar o Governo e o Partido.
Irado com Sócrates, seu adversário no PS, pelo seu apoio a Soares, Alegre candidatou-se, caindo no laço eleitoral. Com a sua previsível derrota, mais um adversário no tapete!...
Jorge Coelho é geralmente considerado o todo poderoso homem do aparelho e sem o qual nada se decide no Partido Socialista e, se o Governo decide em contrário, evidentemente que leva!...Aceitou que Jorge Coelho fosse o Coordenador Autárquico de umas eleições difíceis, certamente para perder, e que também fosse Candidato à Assembleia Municipal de Sintra: perdidas as eleições, o espaço de manobra diminuiria drasticamente.
Mas como Jorge Coelho denotou ter sete foles, Sócrates logo o colocou como grande responsável pela Campanha de Soares, colhendo as vicissitudes de uma provável nova derrota.
Aceitou a candidatura autárquica de João Soares: perdendo mais umas eleições, ficou desacreditado, deixou de ter os apoios que ainda lhe restavam e Sócrates resolveu mais um problema.
Aceitou a candidatura autárquica de João Soares: perdendo mais umas eleições, ficou desacreditado, deixou de ter os apoios que ainda lhe restavam e Sócrates resolveu mais um problema.
Manuel Maria Carrilho era um sarilho de sempre: apoiava e não apoiava, estava e não estava com Sócrates!...Aceitou que Manuel Maria Carrilho fosse candidato a Lisboa: aqui foi como jogar no totoloto, depois dos desafios efectuados!...
Em ousados golpes de génio, Sócrates livrou-se dos principais adversários, cortou os ímpetos a outros e está perto de atingir o pleno!...
Agora, quando era reclamada a sua presença por Soares para dar um impulso à campanha, resolveu cair numa pista de ski, resolvendo com a lesão a sua ausência da Campanha.
Porque Sócrates, conhecendo o perfil dos seus camaradas, sabe que é com Cavaco que se poderá entender!...Um génio político, este Sócrates?...
Até aqui é, seguramente!...
Agora, quando era reclamada a sua presença por Soares para dar um impulso à campanha, resolveu cair numa pista de ski, resolvendo com a lesão a sua ausência da Campanha.
Porque Sócrates, conhecendo o perfil dos seus camaradas, sabe que é com Cavaco que se poderá entender!...Um génio político, este Sócrates?...
Até aqui é, seguramente!...
“Ter saúde é mais importante do que ter amigos pobres”…
Um dos maiores problemas da nossa sociedade prende-se com o endividamento das famílias. Dizem os entendidos que os portugueses não só deixaram de poupar como também não conseguem pagar o que devem. Na base deste comportamento está o desejo de atingir certos objectivos e a aquisição de vários produtos, símbolos de um consumismo frenético, motivado por razões evidentes aliado a uma facilidade de crédito que, por vezes, brada aos céus.
Muita da tristeza e sofrimento das pessoas estão associados à incapacidade de alcançar um determinado status social. A sociopatologia está presente de uma forma muito vincada entre nós. Claro que não é com ansiolíticos ou até antidepressivos que se resolvem as coisas. Os rendimentos das pessoas não lhes permitem atingir os seus desideratos e, em muitos casos, lá têm de se endividarem para que, nem seja momentaneamente, possam desfrutar da mesma sensação que os mais ricos.
A sensação ou a realidade que alguns têm de serem mais ricos que os seus amigos é fonte de felicidade!
Um estudo efectuado por um sociólogo norte-americano demonstrou que a riqueza relativa é mais importante do que a riqueza absoluta. Os resultados mostram que, quanto mais ricas são, relativamente aos seus familiares e amigos, maior é a tendência para serem felizes. Deste modo, o crescimento económico dos povos mais ricos não é relevante para a felicidade geral. Pode, segundo o autor, estimular o consumo, de modo a manter um determinado nível de “felicidade”. Podemos interpretar este fenómeno como mais uma dependência semelhante a muitas outras que pululam por aí.
Talvez possamos agora interpretar o “faz de conta” de algumas pessoas, aparentando serem mais ricas do que os amigos ou familiares, com a necessidade de procurar uma sensação de “felicidade”. Como todos querem ser felizes… cria-se uma onda perigosa, em que muitos não conseguem manter a artificialidade social e outros, mais cuidadosos, não querem entrar neste jogo. De qualquer forma, as manifestações de sofrimento, mal-estar e, nalguns casos, de patologias muito complexas traduzem-se em realidades indiscutíveis, que nos batem à porta a fim de as resolvermos. Não é muito fácil, como se compreende.
Resta-nos a consolação, ainda de acordo com o mesmo estudo, que a saúde física constitua o factor mais importante para a felicidade de qualquer um. Nada de novo, podemos dizer. É verdade. Todos temos essa percepção. O reforço da tónica deste último aspecto pode, em parte, contrariar as outras variáveis sociológicas.
Afinal ter saúde é muito mais importante do que ter amigos pobres…
Muita da tristeza e sofrimento das pessoas estão associados à incapacidade de alcançar um determinado status social. A sociopatologia está presente de uma forma muito vincada entre nós. Claro que não é com ansiolíticos ou até antidepressivos que se resolvem as coisas. Os rendimentos das pessoas não lhes permitem atingir os seus desideratos e, em muitos casos, lá têm de se endividarem para que, nem seja momentaneamente, possam desfrutar da mesma sensação que os mais ricos.
A sensação ou a realidade que alguns têm de serem mais ricos que os seus amigos é fonte de felicidade!
Um estudo efectuado por um sociólogo norte-americano demonstrou que a riqueza relativa é mais importante do que a riqueza absoluta. Os resultados mostram que, quanto mais ricas são, relativamente aos seus familiares e amigos, maior é a tendência para serem felizes. Deste modo, o crescimento económico dos povos mais ricos não é relevante para a felicidade geral. Pode, segundo o autor, estimular o consumo, de modo a manter um determinado nível de “felicidade”. Podemos interpretar este fenómeno como mais uma dependência semelhante a muitas outras que pululam por aí.
Talvez possamos agora interpretar o “faz de conta” de algumas pessoas, aparentando serem mais ricas do que os amigos ou familiares, com a necessidade de procurar uma sensação de “felicidade”. Como todos querem ser felizes… cria-se uma onda perigosa, em que muitos não conseguem manter a artificialidade social e outros, mais cuidadosos, não querem entrar neste jogo. De qualquer forma, as manifestações de sofrimento, mal-estar e, nalguns casos, de patologias muito complexas traduzem-se em realidades indiscutíveis, que nos batem à porta a fim de as resolvermos. Não é muito fácil, como se compreende.
Resta-nos a consolação, ainda de acordo com o mesmo estudo, que a saúde física constitua o factor mais importante para a felicidade de qualquer um. Nada de novo, podemos dizer. É verdade. Todos temos essa percepção. O reforço da tónica deste último aspecto pode, em parte, contrariar as outras variáveis sociológicas.
Afinal ter saúde é muito mais importante do que ter amigos pobres…
A confiança
Excelente entrevista de Cavaco Silva ao Diário Económico de 4ª feira, 11/1. No meio de tanto barulho sem qualquer conteúdo , sabe bem ler um discurso coerente, pensado e conhecedor . Inspira confiança, exactamente o elemento que CS considera essencial para relançar a economia.
Desde o modo como vê o relacionamento institucional entre os diferentes órgãos de soberania, - "Nenhum PR pode abrir mão dos poderes que a Constituição lhe confere. Eu defendo duas ideias chave: cooperação e mobilização" ;à alteração do sistema eleitoral - "Há que conciliar duas coisas:uma é a representatividade, a outra é a governabilidade. (...) A falta de credibilidade do nosso sistema político não está no sistema eleitoral";O nosso sistema eleitoral tem funcionado bem";à credibilização dos cargos políticos - "Difundir uma cultura de exigência na escolha (...)Acho que foi uma má ideia ter alterado a lei dos Directores Gerais porque partidarizou claramente a sua escolha (...)era bom que a AR repensasse o assunto"; à dependência energética "O nuclear deve ser amplamente discutido"; até à construção do mercado interno europeu e ao cumprimento do Pacto de Crescimento e Estabilidade.
Um PR é uma referência, é um exemplo. Tem que projectar uma imagem de rigor, exigência, de intransigência contra o laxismo".
A ler e reler.
Desde o modo como vê o relacionamento institucional entre os diferentes órgãos de soberania, - "Nenhum PR pode abrir mão dos poderes que a Constituição lhe confere. Eu defendo duas ideias chave: cooperação e mobilização" ;à alteração do sistema eleitoral - "Há que conciliar duas coisas:uma é a representatividade, a outra é a governabilidade. (...) A falta de credibilidade do nosso sistema político não está no sistema eleitoral";O nosso sistema eleitoral tem funcionado bem";à credibilização dos cargos políticos - "Difundir uma cultura de exigência na escolha (...)Acho que foi uma má ideia ter alterado a lei dos Directores Gerais porque partidarizou claramente a sua escolha (...)era bom que a AR repensasse o assunto"; à dependência energética "O nuclear deve ser amplamente discutido"; até à construção do mercado interno europeu e ao cumprimento do Pacto de Crescimento e Estabilidade.
Um PR é uma referência, é um exemplo. Tem que projectar uma imagem de rigor, exigência, de intransigência contra o laxismo".
A ler e reler.
Diga lá, Dr. Mário Soares!
Mário Soares: «O que me assusta não é Cavaco Silva, o que me assusta são os interesses ilegítimos por trás do cavaquismo».
O Dr. Mário Soares pode fazer o favor de ser mais explícito?
Poderá, s. f. f., identificar quais são os interesses ilegítimos?
Estando eles "por trás" do cavaquismo são identificáveis ou a sombra de Cavaco não os deixa ver?
Como e donde é que os conhece? Porque se assusta? O que está em causa?
Quem são as pessoas que expressam e veiculam esses interesses ilegítimos?
Diga lá, Dr. Mário Soares!
Espero por amanhã para ouvir um jornalista colocar estas questões.
Ah, que me esquecia, o Dr. Mário Soares deixou de responder directamente aos jornalistas.
Bom, perguntem ao porta-voz para que pergunte ao Dr. Soares o que é isso dos interesses ilegítimos.
Entretanto aguardem porque parece que entrámos na fase da inimputabilidade.
O Dr. Mário Soares pode fazer o favor de ser mais explícito?
Poderá, s. f. f., identificar quais são os interesses ilegítimos?
Estando eles "por trás" do cavaquismo são identificáveis ou a sombra de Cavaco não os deixa ver?
Como e donde é que os conhece? Porque se assusta? O que está em causa?
Quem são as pessoas que expressam e veiculam esses interesses ilegítimos?
Diga lá, Dr. Mário Soares!
Espero por amanhã para ouvir um jornalista colocar estas questões.
Ah, que me esquecia, o Dr. Mário Soares deixou de responder directamente aos jornalistas.
Bom, perguntem ao porta-voz para que pergunte ao Dr. Soares o que é isso dos interesses ilegítimos.
Entretanto aguardem porque parece que entrámos na fase da inimputabilidade.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2006
Mas como é possível?!...
"Os portugueses não se podem conformar com a possibilidade de ser escolhido à primeira volta quem eles sabem que perderia à segunda volta.
Isso seria uma enorme distorção do processo democrático".
Alberto Costa, Ministro da Justiça, no Comício de Mário Soares, em Leiria, 10 de Janeiro-Diário de Notícias de 11.01.06
O Ministro das Finanças, a Segurança Social e a Comunicação Social
Na passada segunda-feira à noite, no Programa “Prós e Contras”, na RTP 1, o Ministro das Finanças constatou o óbvio e chamou – e bem! – a atenção, talvez pela n-ésima vez, para o facto de, se nada for feito, a Segurança Social entrar em falência por volta de 2015, dada a incapacidade de, repito, se nada for feito até lá para alterar a situação, cumprir, nessa data, com todas as obrigações em termos de reformas e pensões.
Surpreendentemente – ou talvez não! – ontem de manhã, fui acordado com a notícia bombástica do dia: as chamadas rádios de referência – TSF, Antena 1, Renascença, etc. – tinham “descoberto” que a nossa Segurança Social tinha problemas e que todos corríamos o risco de, se nada for feito para alterar a situação, não termos garantias de recebermos as nossas reformas a partir de 2015.
Isto para já não falar no espanto da apresentadora do “Prós e Contras”, que mais parecia nunca ter ouvido falar em tal situação – quando já não é a primeira vez que o tema da sustentabilidade da Segurança Social é abordado naquele programa...
Como é evidente, nada disto é uma novidade. Só este Ministro das Finanças, que me lembre, já abordou o tema, pelo menos, no debate do Orçamento do Estado para 2006 e no debate da actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento 2005-2009. Mas já os três anteriores Ministros das Finanças, bem como vários Ministros da Segurança Social (incluindo o corrente), em diversas ocasiões tinham mostrado preocupação com o tema.
Claro que todos devemos estar preocupados. E por isso todos devemos apoiar as medidas impopulares – mas necessárias – que têm que ser tomadas para atacar o problema (aumento da idade da reforma, plafonamento das contribuições, etc.)
Mas não deixa de ser intrigante (é o mínimo!) que só agora, e “quinhentos anos depois” de o tema ter sido abordado pela primeira vez, a nossa comunicação social – neste caso, as rádios – tenha verdadeiramente dado eco ao tema, na sua verdadeira dimensão.
Quantos mais temas relevantes para a nossa vida são sistematicamente ignorados pela comunicação social, em detrimento de temas bem mais “vendáveis” em termos de audiências, mas com importância muitíssimo menor?
Não me parece que seja com actuações deste tipo que a nossa imprensa (em sentido lato) preste um bom serviço aos cidadãos em geral e, portanto, ao país.
Surpreendentemente – ou talvez não! – ontem de manhã, fui acordado com a notícia bombástica do dia: as chamadas rádios de referência – TSF, Antena 1, Renascença, etc. – tinham “descoberto” que a nossa Segurança Social tinha problemas e que todos corríamos o risco de, se nada for feito para alterar a situação, não termos garantias de recebermos as nossas reformas a partir de 2015.
Isto para já não falar no espanto da apresentadora do “Prós e Contras”, que mais parecia nunca ter ouvido falar em tal situação – quando já não é a primeira vez que o tema da sustentabilidade da Segurança Social é abordado naquele programa...
Como é evidente, nada disto é uma novidade. Só este Ministro das Finanças, que me lembre, já abordou o tema, pelo menos, no debate do Orçamento do Estado para 2006 e no debate da actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento 2005-2009. Mas já os três anteriores Ministros das Finanças, bem como vários Ministros da Segurança Social (incluindo o corrente), em diversas ocasiões tinham mostrado preocupação com o tema.
Claro que todos devemos estar preocupados. E por isso todos devemos apoiar as medidas impopulares – mas necessárias – que têm que ser tomadas para atacar o problema (aumento da idade da reforma, plafonamento das contribuições, etc.)
Mas não deixa de ser intrigante (é o mínimo!) que só agora, e “quinhentos anos depois” de o tema ter sido abordado pela primeira vez, a nossa comunicação social – neste caso, as rádios – tenha verdadeiramente dado eco ao tema, na sua verdadeira dimensão.
Quantos mais temas relevantes para a nossa vida são sistematicamente ignorados pela comunicação social, em detrimento de temas bem mais “vendáveis” em termos de audiências, mas com importância muitíssimo menor?
Não me parece que seja com actuações deste tipo que a nossa imprensa (em sentido lato) preste um bom serviço aos cidadãos em geral e, portanto, ao país.
A Oposição à Oposição
Santana Lopes disse ontem, em entrevista à SIC, que foi político, é político e político será, que admite candidatar-se novamente a Presidente do PSD, e que iria voltar à Assembleia de República, logo após as Presidenciais.
Santana disse há tempos que não gostava do trabalho parlamentar.
Então por que razão volta?
Para cumprir o mandato para que foi eleito?
Para se colocar ao serviço dos portugueses?
Para ajudar o PSD?
Não, não foi isso que eu entendi.
Das suas palavras retirei que Santana volta para fazer oposição a Cavaco e ao PSD.
A Cavaco, porque Cavaco, como muito provável Presidente, iria moldar o PSD aos seus desígnios, segundo referiu, mais palavra menos palavra.
E ao PSD, porque o seu próprio modo de fazer política é diferente do da Direcção do PSD, como aliás exemplificou através de perguntas que teria feito ao Governo e que Marques Mendes não poderia fazer.
Não estou a fazer qualquer processo de intenções, estou é a interrogar-me sobre se estarei a interptretar correctamente o que Santana disse!...
Santana disse há tempos que não gostava do trabalho parlamentar.
Então por que razão volta?
Para cumprir o mandato para que foi eleito?
Para se colocar ao serviço dos portugueses?
Para ajudar o PSD?
Não, não foi isso que eu entendi.
Das suas palavras retirei que Santana volta para fazer oposição a Cavaco e ao PSD.
A Cavaco, porque Cavaco, como muito provável Presidente, iria moldar o PSD aos seus desígnios, segundo referiu, mais palavra menos palavra.
E ao PSD, porque o seu próprio modo de fazer política é diferente do da Direcção do PSD, como aliás exemplificou através de perguntas que teria feito ao Governo e que Marques Mendes não poderia fazer.
Não estou a fazer qualquer processo de intenções, estou é a interrogar-me sobre se estarei a interptretar correctamente o que Santana disse!...
Envelhecimento, desenvolvimento e superpopulação.
Nos povos ocidentais a população tem tendência a reduzir-se e a envelhecer. Nascem cada vez menos crianças e vive-se cada vez mais. As consequências manifestam-se, entre outras, por menor produção ou produção insuficiente face às crescentes necessidades, traduzidas, por exemplo, por um maior consumo com a saúde e com as pensões de reforma. As preocupações do ministro das finanças devem ser também as nossas.
Rejuvenescer um povo pode ser aparentemente simples mas, na prática, é muito complexo e demorado. A forma mais rápida de rejuvenescimento é “importar” jovens. Os imigrantes desde que se fixem e passem a ser “portugueses” poderão inverter esta situação, amenizando as tais profecias ministeriais. Não há falta de candidatos.
À escala global, a superpopulação, que tem sido alvo de várias medidas de controlo, constitui um das maiores dores de cabeça. Recentemente, foi estipulado que o planeta Terra atingiu os 6.500 milhões de habitantes o que é insustentavelmente grande. Como aguentar a taxa de 76 milhões ao ano? As implicações são várias, caso dos recursos naturais que se esgotam a um ritmo alucinante, mas os problemas ambientais não ficam atrás. Não há modo de os combater apenas através do controlo da emissão de gases e racionalização do consumo. As pessoas começam a ficar apertadas. Em 2050, graças à duplicação dos que vivem nos países mais pobres, a população mundial atingirá 9 mil milhões.
Os movimentos ambientalistas têm feito o que podem? De facto, são activos e criativos, apontando soluções e denunciando muitos problemas, mas, curiosamente, não abordam as medidas a tomar face ao superpovoamento planetário. E, quer queiramos quer não, não deixa de ser uma causa major. E que causa!
Espero que não estejam à espera da pandemia da gripe para travar o superpovoamento. O risco de uma mortandade é elevado, mas, num ápice, seria restabelecido as perdas. Mesmo a falta do famoso Tamiflu ou o Tamiflu falsificado, que já anda por aí aos molhos (a última família da espécie humana a desaparecer serão os vigaristas), não seria suficiente.
A forma mais eficiente prende-se com o controlo da natalidade a qual pode originar situações delicadas. Mesmo as atitudes pouco ortodoxas verificadas nos povos em que a mulher é desvalorizada, como é o caso da Índia, em que nascem cada vez menos meninas, violando a razão de masculinidade à nascença (por cada 100 meninas, devem nascer 105 a 107 meninos), fruto da utilização das novas tecnologias, que permitem a determinação do sexo, não constitui um factor determinante para travar o crescimento populacional. O único factor é o desenvolvimento social e económico já observado nesta parte do mundo em que vivemos e que teve como consequência os fenómenos já descritos. O pior é que para alcançarem os nossos níveis ainda terão, infelizmente, de penar muito e é precisamente durante esse período que o superpovoamento se irá verificar provocando um desequilíbrio e desigualdades sem precedentes. Um futuro muito complicado.
Rejuvenescer um povo pode ser aparentemente simples mas, na prática, é muito complexo e demorado. A forma mais rápida de rejuvenescimento é “importar” jovens. Os imigrantes desde que se fixem e passem a ser “portugueses” poderão inverter esta situação, amenizando as tais profecias ministeriais. Não há falta de candidatos.
À escala global, a superpopulação, que tem sido alvo de várias medidas de controlo, constitui um das maiores dores de cabeça. Recentemente, foi estipulado que o planeta Terra atingiu os 6.500 milhões de habitantes o que é insustentavelmente grande. Como aguentar a taxa de 76 milhões ao ano? As implicações são várias, caso dos recursos naturais que se esgotam a um ritmo alucinante, mas os problemas ambientais não ficam atrás. Não há modo de os combater apenas através do controlo da emissão de gases e racionalização do consumo. As pessoas começam a ficar apertadas. Em 2050, graças à duplicação dos que vivem nos países mais pobres, a população mundial atingirá 9 mil milhões.
Os movimentos ambientalistas têm feito o que podem? De facto, são activos e criativos, apontando soluções e denunciando muitos problemas, mas, curiosamente, não abordam as medidas a tomar face ao superpovoamento planetário. E, quer queiramos quer não, não deixa de ser uma causa major. E que causa!
Espero que não estejam à espera da pandemia da gripe para travar o superpovoamento. O risco de uma mortandade é elevado, mas, num ápice, seria restabelecido as perdas. Mesmo a falta do famoso Tamiflu ou o Tamiflu falsificado, que já anda por aí aos molhos (a última família da espécie humana a desaparecer serão os vigaristas), não seria suficiente.
A forma mais eficiente prende-se com o controlo da natalidade a qual pode originar situações delicadas. Mesmo as atitudes pouco ortodoxas verificadas nos povos em que a mulher é desvalorizada, como é o caso da Índia, em que nascem cada vez menos meninas, violando a razão de masculinidade à nascença (por cada 100 meninas, devem nascer 105 a 107 meninos), fruto da utilização das novas tecnologias, que permitem a determinação do sexo, não constitui um factor determinante para travar o crescimento populacional. O único factor é o desenvolvimento social e económico já observado nesta parte do mundo em que vivemos e que teve como consequência os fenómenos já descritos. O pior é que para alcançarem os nossos níveis ainda terão, infelizmente, de penar muito e é precisamente durante esse período que o superpovoamento se irá verificar provocando um desequilíbrio e desigualdades sem precedentes. Um futuro muito complicado.
Novos concursos de professores
É pena que o novo modelo de concursos de professores apresentado pelo actual Governo não tenha obtido o apoio dos Sindicatos. Tudo leva a crer que o diploma vá amanhã a Conselho de Ministros e é de recear que seja mais um contributo para afastar ainda mais a actual equipa do ME dos docentes.
Pelo que pude perceber introduziram-se algumas inovações interessantes, mas há outras que mereciam melhor e mais aturada reflexão. Tenho dúvidas sobre se a plurianualidade dos concursos contribuirá para uma maior estabilização do corpo docente. Prefiro o mecanismo das reconduções, desde que resultante do interesse mútuo das escolas e dos docentes e com majorações nas classificações para os docentes que aceitem prolongar a sua permanência nas escolas localizadas em regiões mais carenciadas. Mesmo assim, há que dar o benefício da dúvida.
Por último, continuo, à semelhança dos cidadãos deste país, sem saber com rigor e objectividade o que se passou nos famosos concursos de 2004. O relatório da Comissão de Inquérito continua no segredo dos deuses da 5 deOutubro. O julgamento na Praça Pública já foi feito, os acusados já foram condenados, mas assim a justiça continua por fazer. Espero, pelo menos, que os actuais responsáveis o tenham lido de forma a não repetir os erros então identificados.
Pelo que pude perceber introduziram-se algumas inovações interessantes, mas há outras que mereciam melhor e mais aturada reflexão. Tenho dúvidas sobre se a plurianualidade dos concursos contribuirá para uma maior estabilização do corpo docente. Prefiro o mecanismo das reconduções, desde que resultante do interesse mútuo das escolas e dos docentes e com majorações nas classificações para os docentes que aceitem prolongar a sua permanência nas escolas localizadas em regiões mais carenciadas. Mesmo assim, há que dar o benefício da dúvida.
Por último, continuo, à semelhança dos cidadãos deste país, sem saber com rigor e objectividade o que se passou nos famosos concursos de 2004. O relatório da Comissão de Inquérito continua no segredo dos deuses da 5 deOutubro. O julgamento na Praça Pública já foi feito, os acusados já foram condenados, mas assim a justiça continua por fazer. Espero, pelo menos, que os actuais responsáveis o tenham lido de forma a não repetir os erros então identificados.
Carta aberta aos professores do meu país
A versão integral do artigo que publiquei na "Pontos nos ii" está agora disponível no Quarto da República, para ler e comentar a quem interessar.
O Pirilampo

Andei a fazer umas arrumaçõezitas e, numa daquelas gavetas mais escondidas, dei com um pequeno espólio de folhas soltas, cartas e receitas de bolos que já nem me lembrava que tinha. Não, não vou escrever as minhas memórias!, tirando o facto de ter nascido em Luanda e de ser um orgulhoso membro do 4R não vejo o que pudesse assinalar de muito relevante… Mas encontrei um poema muito curioso, quase infantil, que aparece atribuído (?) a Josefa d’Óbidos (sec.XVII) e que aqui reproduzo por ser de evidente actualidade:
O Pirilampo
Lustroso, um astro volante
Rompeu as humildes relvas.
No seu voo rutilante,
Alegrava à noite as selvas.
Mas, de um vizinho terreno,
Saiu de uma cova um sapo
E despediu-lhe um sopapo
Que o ensopou em veneno.
Ao morrer, exclama o triste:
-Que tens tu de que me acuses?
Que crime em meu seio existe?
Respondeu-lhe: -Porque luzes?
terça-feira, 10 de janeiro de 2006
Há coisas boas neste país!...
Alberto Mesquita, presidente do CA da empresa Alberto Mesquita & Filhos, empresa que tem empregado centenas de emigrantes, está hoje em destaque, por excelentes razões, no DN-Economia.
O assunto é a gestão dos recursos humanos na sua empresa.
As regras que enuncia para gerir culturas diferentes são as seguintes:
1. pagar o primeiro salário em dinheiro
2. pagar salário justo
“É uma norma fundamental em qualquer estrutura. O vencimento deve ir evoluindo consoante o trabalhador evolui nas suas aptidões”.
3. Dar-lhe condições de habitabilidade condignas
“Não é porque os nossos emigrantes foram condenados ao bidonville no estrangeiro que vou retribuir com o mesmo aqui”.
4. Olhar o trabalhador como um parceiro
“Ver aquele indivíduo deslocado como um ser humano e não como peça de uma engrenagem”
5. Estar atento à integração
“Mesmo não dominando a língua, basta um cruzamento do olhar, uma pancada nas costas para ajudar a minorar as saudades da família”
6. Impedir o isolamento
“Dividimo-los em grupos pequenos e se os vemos sentarem-se a comer longe dos portugueses, o encarregado da obra senta-se com eles e mete conversa”.
Esta forma de gerir os trabalhadores é retribuída pelos mesmos, em produtividade e em reconhecimento, já que , quando saem da empresa, “têm o cuidado de agradecer antes de partir”.
Exemplo para muitos empresários para quem o trabalhador é apenas um custo, quanto mais baixo melhor!...
O assunto é a gestão dos recursos humanos na sua empresa.
As regras que enuncia para gerir culturas diferentes são as seguintes:
1. pagar o primeiro salário em dinheiro
2. pagar salário justo
“É uma norma fundamental em qualquer estrutura. O vencimento deve ir evoluindo consoante o trabalhador evolui nas suas aptidões”.
3. Dar-lhe condições de habitabilidade condignas
“Não é porque os nossos emigrantes foram condenados ao bidonville no estrangeiro que vou retribuir com o mesmo aqui”.
4. Olhar o trabalhador como um parceiro
“Ver aquele indivíduo deslocado como um ser humano e não como peça de uma engrenagem”
5. Estar atento à integração
“Mesmo não dominando a língua, basta um cruzamento do olhar, uma pancada nas costas para ajudar a minorar as saudades da família”
6. Impedir o isolamento
“Dividimo-los em grupos pequenos e se os vemos sentarem-se a comer longe dos portugueses, o encarregado da obra senta-se com eles e mete conversa”.
Esta forma de gerir os trabalhadores é retribuída pelos mesmos, em produtividade e em reconhecimento, já que , quando saem da empresa, “têm o cuidado de agradecer antes de partir”.
Exemplo para muitos empresários para quem o trabalhador é apenas um custo, quanto mais baixo melhor!...
Nestes casos, a consequência óbvia é que trabalhar também custa muito e quanto menos trabalho, melhor!...
Como?!
"As Scut vão ter portagens nas regiões desenvolvidas. Essa receita irá para as Estradas de Portugal, cujos investimentos deixarão de contar para o défice. Haverá um sistema electrónico de controlo de viaturas e cartões de portagens pré-pagas, como nos telemóveis" - Mário Lino, ao DN de hoje
Pontos nos ii
Atenção à nova revista dedicada à educação, distribuída juntamento com o Público de hoje. Trata-se de um projecto liderado por Santana Castilho a que me associo com uma colaboração periódica. Passe a publicidade, mas julgo tratar-se de uma boa causa.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2006
Retratos

O livro de Maria Filomena Mónica, “Bilhete de Identidade”, vem expôr de uma forma muito linear um estilo de vida e de educação que marcou gerações até que tempos revolucionários obrigaram a rever os padrões e a forma de preparar, sobretudo as raparigas, para o pleno exercício da sua vida adulta.
Pondo de parte o cunho profundamente pessoal do seu relato e que não me compete aqui analisar nem comentar, é muito interessante verificar o modelo de educação e a organização familiar de uma classe social emergente e que se manteve bastante constante até ao 25 de Abril.
De facto, a inserção social num determinado grupo não se fazia com a naturalidade com que hoje se pode avaliar a questão. Os grupos dominantes, que no livro aparecem associados aos nomes sonantes, às “boas famílias”, aos meninos de Cascais, eram muito restritos. Para além deles, havia o povo, os empregados, os humildes, o que lhes queiram chamar. No meio, mas numa faixa estreita que ainda não tinha propriamente existência social como “grupo”, havia as famílias de pequena e média burguesia, o pai (geralmente era o pai) licenciado, com ambições de qualidade de vida, à procura de um estatuto, mas ainda muito dependentes do modelo dicotómico que até então dominava: ou eram “gente simples”, ou gente “bem”, ou se davam com uns, ou tentavam ser aceites pelos outros. Ou os filhos iam para “o colégio”, como os ricos, ou iam para o liceu, “com os outros”.
Se esse aspecto era ultrapassado com a emigração para África, onde as pessoas se identificavam pelo que as tinha levado a partir e pelo tipo de vida que podiam fazer com as nítidas melhorias financeiras que aí obtinham, por cá os círculos mantinham-se fechados. E as famílias “intermédias” viam-se isoladas, com pouco convívio fora do círculo familiar, protegendo as suas meninas de um casamento abaixo da “sua condição”, estimulando os seus meninos a estudar para poderem escolher e sustentar uma noiva que os merecesse e lhes desse uns filhos muito bem comportados.
O resultado dessa educação fortemente controladora dava uma ânsia de liberdade para a qual o casamento era uma espécie de tábua de salvação, já que sair de casa era mal visto e impossível de sustentar só por si e ficar em casa submetido a disciplina férrea era um tormento. O curioso é ver como é que depois essas mães jovens reagiram para educar os seus filhos, se por oposição total ao que lhes tinham feito a elas, se por reprodução mal convencida do modelo ou seja, sem autoridade mas com autoritarismo, se com um esforço permanente de se educarem de novo, corrigindo as atitudes mas seleccionando os princípios a manter. É que é mais difícil ensinar a viver com liberdade, a usar essa liberdade, do que barrando o acesso à tentação!
Em geral, acho que a geração equivalente do pós 25 de Abril é menos angustiada, não têm medo da vida, são ousados, corajosos, sem falsas humildades, capazes de exprimir os seus afectos e as suas rejeições sem complexos e com frontalidade. Não sei mesmo se a auto estima não será exagerada...
domingo, 8 de janeiro de 2006
Ambições para Portugal
Começou hoje a Campanha Oficial dos Candidatos à Presidência da República.
Por isso, faz sentido evocar as ambições de Cavaco Silva, enunciadas em 27 de Outubro de 2005, no Porto.
Por isso, faz sentido evocar as ambições de Cavaco Silva, enunciadas em 27 de Outubro de 2005, no Porto.
Essas ambições, que constituem o referencial da sua magistratura, estão bem explicitadas na publicação “As minhas ambições para Portugal” e condensam-se nos seguintes pontos:
1.Reforçar a qualidade da nossa democracia
2.Aproximar Portugal aos níveis de desenvolvimento da UE e da Espanha
3.Aumentar a qualificação dos recursos humanos
4.Melhorar a organização do território e da qualidade ambiental e desenvolvimento cultural
5.Construir uma sociedade mais justa e solidária
6.Ajudar Portugal a tornar-se protagonista activo e credível na cena internacional
7.Exercer uma magistratura activa no respeito pelos poderes previstos na Constituição.
Estas ambições abrangem todas as áreas, a política, a económica, a social, a cultural, passando pelo desenvolvimento, qualificação das pessoas, ambiente, justiça e solidariedade e posição de Portugal no mundo.
“As minhas ambições para Portugal” não são retórica nem conversa fácil; pelo contrário, são um documento denso e profundo, apesar de sintético, que merece ser lido e reflectido por todos.
Maus-tratos
O Portugal de brandos costumes, de pessoas simpáticas, hospitaleiras com ocasionais rasgos de altruísmo e solidariedade esconde um outro, escuro, obtuso e muito nefasto.
A emergência desta face oculta tem vindo a revelar-se sob múltiplas formas: escândalo da pedofilia, violência doméstica, agressão e maus tratos aos velhos, exploração dos pobres incautos que caiem como tordos no conto de vigário, “pequena” grande corrupção, compadrio e nepotismo escandalosos, agressão e maus tratos às crianças, como revelou o recente caso do bebé de Viseu. O conhecimento de que estes casos – violência sobre crianças – serem muito mais comuns do que se pensava é particularmente preocupante. A percepção destas situações tem originado, e bem, a constituição de comissões destinadas a preveni-las e a detectá-las o mais precocemente possível. Mas, em termos práticos, as coisas não correm como esperávamos e, volta e não volta, aparecem casos verdadeiramente repugnantes. A comunicação social, na sua douta missão, encarrega-se de proceder à divulgação dos factos impregnando-os de forma a explorar ao máximo o sentimentalismo das pessoas, como se os casos em si não tivessem a dose mais do que suficiente para causar transtornos em qualquer um de nós. Focam de imediato as autoridades responsáveis pedindo-lhes explicações para os fenómenos interpelando-as porque razão ou razões não impediram os acontecimentos. A forma como o fazem nem sempre é a mais correcta. Com uma sobranceria a raiar muitas vezes a arrogância, os jornalistas interpelam os responsáveis que, meios atarantados, revelam dificuldades em lidar com a situação. As responsabilidades podem, em muitas circunstâncias, serem reais, mas é preciso ir mais longe. As atitudes dos governantes e da comunicação social podem ser consideradas como correctas e de nível elevado como se vivêssemos no país mais evoluído do planeta ou até do sistema solar. Mas a realidade não é essa. As pessoas que fazem parte das comissões, na sua esmagadora maioria, não têm formação, nem meios para executarem as suas nobres funções. Muitas delas, estou perfeitamente convicto, são pessoas com elevado sentido cívico e vontade de ajudar o próximo. O facto de poderem ser envolvidas em circunstâncias nada agradáveis, quer sob o ponto de vista de exposição pública – sinónimo, muitas vezes, de condenação – mas igualmente a procedimentos disciplinares e até criminais vai provocar um afastamento de muitas pessoas agravando ainda mais a situação.
A frase de um juiz a este propósito é muito elucidativa, antes chegavam-lhe às mãos as certidões de óbito das crianças, que foram, entretanto, substituídas por queixas de maus-tratos. Deus queira que não recomeça a receber novamente certidões de óbito.
Os relatórios deviam focar, também, outros tipos de apuramentos de responsabilidades, nomeadamente as de carácter político. Espero que o Ministério Público ao receber o relatório enviado pelo Governo não se esqueça de chamar os altos decisores paralelamente aos angustiados e provavelmente aterrorizados técnicos aos quais está garantida uma longa e penosa caminhada processual.
A emergência desta face oculta tem vindo a revelar-se sob múltiplas formas: escândalo da pedofilia, violência doméstica, agressão e maus tratos aos velhos, exploração dos pobres incautos que caiem como tordos no conto de vigário, “pequena” grande corrupção, compadrio e nepotismo escandalosos, agressão e maus tratos às crianças, como revelou o recente caso do bebé de Viseu. O conhecimento de que estes casos – violência sobre crianças – serem muito mais comuns do que se pensava é particularmente preocupante. A percepção destas situações tem originado, e bem, a constituição de comissões destinadas a preveni-las e a detectá-las o mais precocemente possível. Mas, em termos práticos, as coisas não correm como esperávamos e, volta e não volta, aparecem casos verdadeiramente repugnantes. A comunicação social, na sua douta missão, encarrega-se de proceder à divulgação dos factos impregnando-os de forma a explorar ao máximo o sentimentalismo das pessoas, como se os casos em si não tivessem a dose mais do que suficiente para causar transtornos em qualquer um de nós. Focam de imediato as autoridades responsáveis pedindo-lhes explicações para os fenómenos interpelando-as porque razão ou razões não impediram os acontecimentos. A forma como o fazem nem sempre é a mais correcta. Com uma sobranceria a raiar muitas vezes a arrogância, os jornalistas interpelam os responsáveis que, meios atarantados, revelam dificuldades em lidar com a situação. As responsabilidades podem, em muitas circunstâncias, serem reais, mas é preciso ir mais longe. As atitudes dos governantes e da comunicação social podem ser consideradas como correctas e de nível elevado como se vivêssemos no país mais evoluído do planeta ou até do sistema solar. Mas a realidade não é essa. As pessoas que fazem parte das comissões, na sua esmagadora maioria, não têm formação, nem meios para executarem as suas nobres funções. Muitas delas, estou perfeitamente convicto, são pessoas com elevado sentido cívico e vontade de ajudar o próximo. O facto de poderem ser envolvidas em circunstâncias nada agradáveis, quer sob o ponto de vista de exposição pública – sinónimo, muitas vezes, de condenação – mas igualmente a procedimentos disciplinares e até criminais vai provocar um afastamento de muitas pessoas agravando ainda mais a situação.
A frase de um juiz a este propósito é muito elucidativa, antes chegavam-lhe às mãos as certidões de óbito das crianças, que foram, entretanto, substituídas por queixas de maus-tratos. Deus queira que não recomeça a receber novamente certidões de óbito.
Os relatórios deviam focar, também, outros tipos de apuramentos de responsabilidades, nomeadamente as de carácter político. Espero que o Ministério Público ao receber o relatório enviado pelo Governo não se esqueça de chamar os altos decisores paralelamente aos angustiados e provavelmente aterrorizados técnicos aos quais está garantida uma longa e penosa caminhada processual.
Sem fumo
Andei uns breves dias a passear por terras da novissima Espanha agora liberta, por força da lei, dos fumos do tabaco (sou uma ex-fumadora arrependida ou seja, pude sentir a contrariedade da supressão de cinzeiros e o tamanho dos letreiros à porta de restaurantes e hotéis...). Tenho que admitir que a ideia de acender um cigarro se foi atenuando de dia para dia, porque não costumo encher o carro de fumo e não tenho (ainda!) o hábito de fumar na rua. Mas dá nas vistas ver as esplanadas a abarrotar de gente apesar do frio intenso, uma nuvem suspeita a sair pelos intevalos das protecções de plástico montadas à volta dos passeios onde se instalam as mesas e cadeiras e o impressionante monte de beatas no chão ao fim do dia. Passou na rua um varredor, a empurrar o seu carrinho cheio de folhas, a vassoura na mão, o cigarro na boca, e um grupo de espanhóis à porta de um café diz-lhe a rir: - “Ei, Manolo, não sabes que é proibido fumar no local de trabalho?” O outro parou, muito sério, tirou o cigarro da boca e diz “E tu, vês-me a fumar?...” E lá seguiu o seu caminho.
Pode ser que a produtividade dos espanhóis aumente, com a abolição da sesta, e que a saúde pública e individual melhore significativamente com tão drásticas medidas, mas receio bem que os psicólogos venham a ter um aumento de mercado não desprezível porque a mudança é realmente radical...
Pode ser que a produtividade dos espanhóis aumente, com a abolição da sesta, e que a saúde pública e individual melhore significativamente com tão drásticas medidas, mas receio bem que os psicólogos venham a ter um aumento de mercado não desprezível porque a mudança é realmente radical...
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