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terça-feira, 14 de maio de 2013

Do mais recente relatório da OCDE

"An effective Centre of Government (CoG) is essential for steering policy development and implementation. It can help overcome ministerial and departmental stovepipes that thwart co-operation and create wasteful overlapping and duplication of policies and institutions.
A well-functioning CoG helps sustain a comprehensive long-term vision, manage risks and crises and ensure that reforms are widely agreed across Government and effectively implemented. It has a key role in communicating on reforms, securing support, and checking that reforms are implemented.
In Portugal, the Presidency of the Council of Ministers is the key central body under the authority of the Prime Minister that provides assistance to the Council of Ministers. But the central Government is relatively fragmented.
With some notable exceptions, including the Simplex programme for administrative simplification,22 the Presidency of the Council of Ministers has struggled to foster true co-operation across ministries, and line ministries have often been required by law to co-operate so as to implement horizontal programmes. This might stem in part from a tendency to work separately and, possibly, to perceive the Presidency as a controller or a whip rather than as a partner in developing and implementing public policies.
As a result of this “silo” Government, it is difficult for Ministries to interact with each other on shared issues, and for the CoG to promote a “whole of government” attitude. A committed team around the Prime Minister is currently steering policy development and implementation, in part overcoming these challenges and helping guide the Government’s response to the crisis. This is a welcome development, but as the Government moves from crisis-response to long-term policy-making, it will nonetheless be essential to strengthen the ability of the Presidency of the Council of Ministers to steer and foster co-operation across the Government on the structural reform agenda.
It will be especially important to institutionalise and enhance co-operation across ministries to facilitate the development of truly horizontal programmes that address cross-cutting issues such as education and competitiveness".

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Como é que será amanhã?


Leio os títulos de alguns jornais. Num caso ou em outro ainda espreito o que possa estar dentro. Desisto depressa, não vale a pena. O que uns e outros dizem não bate certo. Encontro esta variedade de avisos:

Jornal de Negócios – Portas aprova TSU sobre os pensionistas. O líder do CDS viu-se forçado a recuar por falta de medidas alternativas. Portas aceita TSU sobre pensionistas por falta de alternativas.

Diário de Notícias – “TSU dos pensionistas”. Nova taxa só não estará no OE 2014 se forem encontradas medidas substitutas.

Publico – “Cisma” de Paulo Portas faz taxa das pensões passar a ser facultativa.

Diário Económico – “Troika” não cede e taxa sobre pensões continua após a sétima avaliação. Peritos da “troika” receiam que reforma do Estado chumbe no Constitucional.


Entre ser obrigatória ou facultativa, entre ser ou não uma opção, entre estar incluída ou estar excluída, entre ser aplicada ou ser substituída, entre ser uma medida aprovada ou aprovada condicionada, entre ser o que é ou o seu contrário, entre ser uma derrota ou uma vitória e muitas outras classificações e o seu inverso que foram sendo usadas e abusadas ao longo do dia, o certo é que nada ficou esclarecido. Talvez a ideia fosse exactamente essa, ficar tudo por esclarecer e baralhar ainda mais a opinião pública e os visados. O mundo mediático agradece e aproveita. No final de mais um dia, os pensionistas e as suas famílias - nuns casos de quem dependem e em outros casos que deles dependem - ficam sem saber os que lhes vai acontecer. Não sabem com o que podem contar. A insegurança e a falta de confiança no presente e no futuro apoderaram-se de uma grande parte do país. Há quem diga que temos que nos habituar a viver assim. Nada de mais errado. A queda da confiança tem efeitos nefastos em todos os campos da vida privada e colectiva. A confiança é fundamental para dar orientação à vida das pessoas, das empresas, das instituições e do próprio Estado, influi – e de que maneira - nas expectativas e previsões, é determinante nas decisões. Tudo isto é verdade, mas o que mais me impressiona é o medo que se está instalar nos pensionistas e nos grupos mais vulneráveis da sociedade, medo não apenas de saberem o que já se sabe mas de não saberem o que está para vir. Como é que será amanhã?

Regressar à Política ou à Despesa?...

1. Foi notícia, no início do último fim-de-semana, uma declaração de destacado responsável político do PSD, atingindo duramente o Ministro das Finanças ao dizer, sem rodeios, que “o tempo político do Ministro tinha chegado ao fim”.
2. Dessa mesma declaração, repetidamente exibida nos canais de TV como era de esperar, retive uma passagem muito curiosa, na qual o referido político reconhecia ter terminado o tempo da “tecnocracia”, era preciso dar primazia “à política”.
3. Achei curiosa esta passagem pois na minha apreciação ficou claro que o autor pretendeu dizer, muito simplesmente, que tinha chegado o tempo do Estado voltar a gastar, de abrir os cordões à bolsa, de abandonar esta inquietante disciplina orçamental que está deixando tanto político à beira de um ataque de nervos...
4. ...Sobretudo agora que se aproxima, vertiginosamente, mais um acto eleitoral e logo daqueles de que dependem tantas centenas ou milhares de lugares à Mesa do Orçamento...
5. Creio que o declarante só não utilizou uma linguagem mais clara, clamando sem eufemismos por mais e mais despesa, com receio de se retratar excessivamente - ele que, como tantos outros, ainda há pouco tempo tecia encómios à política de “consolidação orçamental” (versão antiga da actual "austeridade"), como única via de solução para os problemas do País...
6. Esta declaração reflecte, genuinamente, a ansiedade que se está apoderando de uma classe política que se habituou a viver sem quaisquer restrições orçamentais; de uma classe política que, apesar das diferenças de tonalidade que as circunscrições políticas impõem ao discurso dos seus zelotas, se revia perfeitamente na política que ficou conhecida por “atirar dinheiro para cima dos problemas” a qual marcou, tão festivamente, a segunda metade dos anos 90 e, em especial, a triunfal adesão ao Euro...e viveu período áureo nos 6 anos que antecederam a ruptura financeira!
7. Por isso ela não se distingue, na sua essência poética, das promessas genéricas e utópicas dos Crescimentistas – mais crescimento e mais emprego, sem cuidar dos recursos – os quais, quando descem ao plano do detalhe, nos apresentam soluções perfeitamente inviáveis senão mesmo bárbaras...
8. ...Como aquela de reduzir o rácio de solvabilidade exigível aos bancos, dos actuais 10% para 7,5% (o chamado rácio core tier one), medida cuja impossibilidade não podem ignorar e que, se alguma vez fosse simplesmente tentada, nas circunstâncias actuais representaria o fim do sistema bancário em Portugal...
9. Em suma, tanto o dramático apelo ao “regresso da política” de um proeminente social-democrata (que sugere alguma perturbação lá por casa...), bem como os apelos ao “crescimento e ao emprego” dos amabilíssimos Crescimentistas, têm um denominador comum que se resume em três palavras: Mais Despesa Pública (MDP em sigla)...
10...MDP financiada como e com que benefícios para além da solução das suas aflições políticas, se desconhece em absoluto - o que aliás pouco interessará para a definição do estado de alma...

Ministros "políticos"

Os ministros "políticos" fazem juz ao nome, não mexem uma palha, deixam tudo como está, reformas do Estado não é com eles. Sabem avaliar, são "políticos". 
Sobra o ónus para Vítor Gaspar. O único culpado. Porque tem que fazer, naturalmente mal, o que os colegas "políticos" não estão para fazer, nem mal, nem bem. E ainda é acusado por eles!...São "políticos".  
Por mim, arrumava o excell e procurava outra vida!... 

domingo, 12 de maio de 2013

Crónica de uma ausência breve

Aproveitei nova deslocação a Moçambique para, em intervalos de obrigações profissionais, revisitar Kruger Park e Inhambane, a terra da boa gente.
Conheci os dois locais há 14 anos com promessa de voltar, promessa agora cumprida.
Kruger igual ao que conheci. Um imenso jardim zoológico, bem organizado, onde o avistamento se transforma num contato muito próximo com as mais emblemáticas espécies da fauna africana, facilitada como está a visitação, porventura como em nenhum outro parque do mundo. 
Pesem embora vicissitudes várias - entre elas uma péssima noite passada no carro onde nos deslocámos, junto à fronteira entre a RSA e Moçambique onde chegámos já depois do fecho dos postos de controlo, com uma temperatura baixíssima -, e de a natureza não ter sido muito pródiga em exibições, deu para admirar e registar quer a impressionante paisagem (um por do sol de cortar a respiração!), quer um variado número de mamíferos e aves. Especialmente notada foi a falta de comparência do leão, embora nos tempos que correm se saiba que o leão, ultimamente tímido, mal se tem mostrado...






Inhambane. Apesar de não ser visível a acelerada transformação que se observa na capital moçambicana ou em cidades como Nacala ou Pemba no norte, à custa da exploração do vasto stock de recursos minerais, recordou-nos uma beleza que não passa despercebida ao negócio do turismo. Novos hotéis, resorts e lodges onde a qualidade ombreia paredes meias com o mau gosto e uma tendência para a massificação destrutiva. Foi fugaz a visita e pode ser que esta impressão não passe disso mesmo.



Em Moçambique, especialmente em Maputo, só se fala da crise para explicar a chegada maciça de portugueses à procura da oportunidade que as taxas de crescimento económico próximas dos dois digitos prometem a quem na Pátria não vê futuro. À hora de jantar na Cristal antes do regresso a Lisboa, onde vão aportando dezenas de ferrenhos benfiquistas e portistas preparados assistir a um clássico também por ali apaixonadamente aguardado, olho em volta e salta à vista a quantidade de jovens portugueses. Sobre o significado desta migração no quadro negro do empobrecimento de Portugal, está tudo dito, não vale a pena encarecê-lo.

Dia 12 de maio, aeroporto da Portela, o regresso. Atiro-me às notícias: um touro feroz em fuga sem que um valente o pegue seja de caras ou de cernelha, um "menino" de 19 anos faz ajoelhar Jesus, e uma anunciada nova crise na coligação. 
À velocidade habitual desfez-se a espuma. A esta hora, touro capturado, Jesus ruma a Amsterdão, e Portas, como habitualmente, discordando patrioticamente concorda. Voltei.

Claridade!

Uma imensa claridade azul e branca!

sábado, 11 de maio de 2013

Há argumentos e argumentos

Se há coisa que não se esgota neste mundo são os argumentos. Há sempre argumentos para tudo, é sempre possível encontrar uma justificação, mesmo para o injustificável, sobretudo quando é preciso resolver um problema que nos atormenta. Depois, lá virá o tempo em que se perguntará “como foi possível?”, mas nessa altura já desbotaram os argumentos então tão viçosos e sobram apenas as culpas ou as acusações, raramente os remorsos.  Entre os inúmeros argumentos que hoje se adiantam para justificar que se reduzam as pensões – impensável, como sabemos, há bem poucos anos – é o de que os que estão hoje a trabalhar e a descontar para pagar as pensões dos já reformados não terão, quando for a sua vez, nada de parecido. Logo, é injusto. Logo, reduz-se. Ou seja, se daqui a 10 ou 15 anos eu não vou poder receber o que a minha mãe recebe hoje, então o melhor é tirar-lhe já o que lhe foi atribuido de acordo com as regras que cumpriu, a ver se chegará também para mim, ao menos assim ficamos as duas iguais e, a essa operação de recolhe, baralha e volta a dar, há quem chame argumento de justiça entre gerações. Entenda-se o raciocínio: se o que tem hoje 100 ficar hoje com 50, o “bolo” tem menos desgaste e dará para equilibrar por todos os vindouros ao sistema. Justiça, chamam a isto. Acontece que também não sabemos se daqui a 15 anos podemos sustentar os belos hospitais que temos hoje, que tratam os velhos até tarde, não, vai ver que ninguém garante isso aos jovens de hoje, então o melhor é começar já a cortar na saúde dos idosos, se gastarem menos talvez sobre para nós. Podemos argumentar nesta linha até ao infinito, dividir e dividir até nos parecer equilibrado com tudo o que queremos garantir para nós próprios daqui a 10 ou 15 anos, tirando já, à cautela aos que hoje sustentamos. Só que, daqui a 15 anos, os que tão lampeiramente fizeram tais raciocínios vão encontrar outros argumentos para lhes estragar os planos, seja porque tiraram aos pais sem que isso lhes tivesse assegurado fosse que pensão fosse, - porque sabe-se lá como o mundo evoluirá neste entretanto – seja porque, oxalá!, foi possível entretanto recuperar fontes de riqueza, inventar, superar e voltar a viver bem. Mas, nessa altura, os velhos a quem se tirou já não estarão cá para se alegrar com tanta abundância, e partilhar dela. Lembrem-se, sobretudo, do velho e sempre renovado argumento: “Filho és, pai serás, assim como fizeres, assim acharás”:

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O paradoxo do burro

"O paradoxo do burro, formulado na sequência das observações apresentadas na Idade Média por Buridan, serviu para demonstrar que a "liberdade da indiferença" não constitui uma grande expressão de uma personalidade, a qual só se afirma definitivamente ante uma escolha pessoal justificada racionalmente aos olhos de todos os homens, pois que a ação é livre quando a consciência se determina contra os desejos sensíveis, em função de um princípio racional. A liberdade, mais do que aquilo que podemos fazer, é, acima de tudo, a forma como fazemos o que queremos, volitivamente." 
Fernando Seara, em Liberdade e Consenso, no DN
Aprendei, oh gentes!...

A discórdia vai continuar?


Entre a necessidade de fazer a convergência da fórmula de cálculo das pensões do regime da Caixa Geral de Aposentações (CGA) com a fórmula de cálculo do Regime Geral da Segurança Social e a declaração de Paulo Portas a propósito da TSU sobre as pensões em que afirmou que “O primeiro-ministro sabe e creio ter compreendido. Esta é a fronteira que não posso deixar passar”, somos agora surpreendidos com o anúncio da retroactividade daquela convergência através de uma redução de 10% nas pensões dos actuais pensionistas da CGA e de um posterior esclarecimento do governo que a retroactividade deve ser considerada no campo das hipóteses. Se a TSU sobre as pensões quase que morreu antes de ter nascido, o que dizer da retroactividade?

quinta-feira, 9 de maio de 2013

DOPING temporário: curiosa observação...

1. Em conferência organizada esta manhã pelo DE, o Governador do BdeP terá feito a seguinte e curiosa observação: “a procura estimulada por despesa pública foi DOPING temporário”...querendo com isso significar que a expansão dos gastos públicos a que assistimos durante anos a fio até à exaustão do crédito público em Maio de 2011, na vã e efémera tentativa de gerar crescimento e emprego...
2. ...viria a degenerar num excesso de endividamento e numa ineficiente afectação de recursos, em grande parte canalizados para projectos e sectores de baixíssimo ou nenhum valor acrescentado, o que acabou por desequilibrar gravemente a economia e prejudicar seriamente a competitividade das empresas de uma forma geral...
3. Explicou, ainda, que um dos objectivos (o mais importante, porventura) do PAEF consistia exactamente na alteração do modelo económico subjacente a esse excesso de endividamento e de despesa, pouco ou nada produtiva, para um modelo que “seja capaz de gerar valor acrescentado e gerar emprego sem que para isso seja necessário criar pressão sobre a dívida e sobre as finanças públicas”...
4. Só faltou acrescentar que existe uma grande rede de "opinion makers", para além dos Mesários do Orçamento – uns e outros perfilhando uma ideologia de sofreguidão – para quem uma mudança de modelo económico dessa amplitude, que de resto tem vindo a acontecer, se deve fazer de um dia para o outro, ou, na pior das hipóteses, de um mês para o outro...
5...e assim não sendo, como é de todo impossível que seja, estão desde logo disponíveis para sentenciar que as políticas falharam!
5. A mudança de paradigma económico a que aludiu o Governador do BdeP, se for bem executada é projecto para durar entre 3 a 5 anos; mas, se for mal executada, (seguindo a cartilha crescimentista, por exemplo), pode durar 10 anos ou nunca mais acabar, mesmo...

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Regresso ao mercado da dívida...BCE não tem nada a dizer?'

1. Após mais de 2 anos de ausência do mercado para esta “maturidade”, a República Portuguesa voltou ontem a colocar dívida ao prazo de 10 anos (10,5 para ser mais preciso), num montante de € 3 mil milhões e à taxa de juro média de 5,669%.
2. Convenhamos que ainda não é dinheiro muito barato para um emitente soberano; todavia, tendo em conta a situação dramática que vivemos há precisamente 2 anos, no crepúsculo final do “delirium socrático”, quando nem pagando 20% ao ano conseguiríamos crédito...há que reconhecer que se percorreu um caminho considerável de então para cá.
3. Muitos comentários sobre o tema foram já produzidos, de uma forma geral elogiosos – nomeadamente de fontes crescimentistas, o que se saúda como demonstração de impecável fair-play – pelo que não nos vamos deter nessa apreciação.
4. Interessa-nos mais, nesta altura, recordar o anúncio feito pelo BCE, no início de Setembro de 2012, do lançamento do chamado programa OMT’s – Outright Monetary Transactions – que envolvia uma promessa de intervenção do Banco no mercado secundário da dívida pública dos países do Euro que, (i) estando sujeitos a programas de ajustamento económico e financeiro, (ii) fossem considerados em situação de cumprimento dos objectivos estabelecidos nesses programas e (iii) tivessem conseguido dar os passos necessários para o regresso aos mercados da dívida.
5. Pois bem: neste momento tanto a Irlanda, em primeiríssimo lugar, como agora Portugal (desde que concluída a 7ª avaliação do Programa, ainda não encerrada como sabemos), satisfazem os requisitos enunciados pelo BCE para o funcionamento do programa OMT.
6. O desencadeamento do programa OMT’s poderia ter como efeito, possivelmente, que a yield sobre a dívida portuguesa a 10 anos, que tem andado nos últimos dias a “flirtar” os 5,5%, baixasse para a casa dos 4% - não muito acima do nível a que se situam as yields das dívidas espanhola e italiana - o que daria ao País novo fôlego para novas emissões de dívida a prazos mais longos melhorando o perfil temporal do “stock”.
7. Aguarda-se pois, com alguma expectativa, uma posição do BCE sobre este tema...se o BCE vier dizer, por hipótese, que só poderá intervir no mercado, ao abrigo da “promessa OMT”, quando os países considerados tiverem normalizado por completo a sua relação com o mesmo mercado, justificar-se-á perguntar, então: para que serve afinal o programa OMT’s? Para inglês ver?

terça-feira, 7 de maio de 2013

Uf!, esta já passámos

Não deixa de ser suprpreendente a “ansiedade” e as “angústias” largamente difundidas através da comunicação social por causa da realização do exame do 4º ano do ensino básico. Concorde-se ou não com estes exames, veja-se ou não as suas virtudes ou inconvenientes, o facto é que é quase ridícula a tensão que se quis criar à volta deste “dia” para as crianças, para os pais, para as escolas. Mas os testemunhos que ouvi hoje de manhã centravam-se sobretudo na “instabilidade emocional” criada aos garotos, as dificuldades dos pais em lidar com isso, ouvi até que houve um acesso significativo de pais aflitos aos serviços de psicologia das escolas, prevenindo o trauma que esta “prova” estaria a criar nas suas crianças. Outro argumento era o dramatismo da possível necessidade de a prova ter que se realizar numa escola diferente, tirando os alunos da sua “zona de conforto”, enfim, um obstáculo penoso e, ao que parece, difícil de lidar em condições normais. Fico pasmada e preocupada, será que os jovens pais não estão preparados para acompanhar os seus filhos nestas pequenas dificuldades? Um dos miúdos “entrevistados” respondeu, sacudido, que “isto até parece um regime militar”, certamente repetindo alguma frase que ouviu lá em casa. Outra garota, muito assumida, disse “é para aprendermos a ser responsáveis, acho que é isso”, além de muitos comentários todos na linha da “dificuldade” e riscos da situação e das consequências traumáticas nos pequenitos. Talvez nos tenhamos mesmo instalado numa lógica de saturação, de já nem querer parar um segundo para pensar, pois qual é a ameaça que estes exames podem ter para as crianças que os vão realizar, qual é a comparação com os “temíveis” exames de há meio século? Já nos esquecemos de que nessa época estas provas eram eliminatórias, que para muitos era o fim da linha educativa, que se “chumbassem” deixavam a escola e mais nada, ou lá repetiam penosamente, mostrando que não tinham “queda para o estudo”? Não há comparação possível, peço desculpa, não entendo como é que invocam os “tempos antigos” quando a escola de hoje, felizmente,  não tem qualquer semelhança, nem o modo como se encaram estas provas, nem a exigência e severidade dos pais  e mestres de então, quando a “4ª classe” era realmente uma barreira importante? Esperava-se confusão, talvez até dramas, não sei bem porquê, de modo que a notícia do fim de dia é que “tinha corrido tudo com tranquilidade” uf!, esta prova já passámos!

Veja-se só!...

Inegavelmente que correu muito bem a emissão de dívida pública hoje levada a cabo pela República Portuguesa: a procura triplicou a oferta, a taxa de juro razoável, a qualidade, natureza e diversificação dos investidores foi relevante.
E, coisa rara, estranha e não cuidada, a Moody's, colocando embora água na fervura, refere que "ainda vê vários riscos provenientes da Europa que podem ser consequências para Portugal".
Isto é, já não é Portugal a espalhar o vírus, mas a ser atingido pelo vírus europeu!...Veja-se só!...

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Muito azul brilhou na luz!...

Eu até passei a ser do Estoril desde pequenino!...

Meretíssimos, manifestações...e o fantasma do ESCUDO

1. Recordo-me de há poucas semanas ter ouvido o Dr. M. Carreira, num dos seus programas de TV, na ocasião tendo como convidado o Eng. Pedro Sampaio Nunes, emitir o seguinte comentário a propósito da jurisprudência do TC sobre algumas normas do OE/2013: “Eles (referindo-se aos Meretíssimos), continuam a raciocinar como se o ESCUDO ainda existisse; para “eles”, o Estado Português continua a poder emitir moeda como bem entender, ainda não perceberam as implicações da adesão ao Euro”.
2. Achei curiosa esta interpretação de MC, tanto mais que a Constituição da República Portuguesa foi ajustada aquando da (entusiástica) adesão ao Euro e, portanto, deve supor-se que os Meretíssimos não tivessem deixado de considerar essa alteração quando emitiram sua douta jurisprudência orçamental...só que para S. Exas. tal alteração é meramente formal, e portanto considerável no plano estrito da chamada jurisprudência dos conceitos...o que isso significa na avaliação real das questões orçamentais é coisa bem diferente...
3. Esta curiosa análise de MC vem ao encontro de uma percepção que desde há muito e por diversas ocasiões deixei expressa neste Blog (e noutras instâncias mediáticas): muita gente em Portugal, nomeadamente ao nível mais elevado do exercício das funções do Estado, não foi ainda capaz de entender as reais implicações da mudança que a adopção de uma moeda como o Euro representou...
4. ...mudança que se tem designado de alteração do regime económico, com alterações fundamentais ao nível sobretudo da instrumentação da política e que pôs definitivamente termo, entre outras coisas, à possibilidade de criação de moeda por parte dos Países participantes, bem como à iinerente possibilidade de alteração discricionária do valor externo da mesma moeda...
5. Uma boa parte das elites políticas e, espantosamente, dos “opinion makers”, continuam a comportar-se e a emitir sentenças sob a influência do fantasma do ESCUDO...eles sabem que o Euro existe, todo os dias fazem pagamentos ou realizam transacções denominadas em Euros, mas agem exactamente como o cínico segundo Bernard Shaw, “sabem o preço de todas as coisas mas não conhecem o valor de nenhuma”...
6. De igual modo, e por maioria de razão, nas manifestações que se vão sucedendo por esse País fora - a propósito de tudo e de nada mas tendo sempre como denominador comum a exigência de mais Estado (leia-se mais despesa pública) – está presente, de forma invisível mas determinante, o fantasma do ESCUDO: esta gente age, exige, protesta, barafusta, insulta, ameaça, faz greves, como se o desgraçado do Estado (que somos nós, contribuintes "parvos", em última análise) tivesse bolsos infinitamente elásticos...
7. E passaram já 14 anos sobre a adesão oficial à moeda única...está tudo na mesma como se nada se tivesse passado e ainda vivêssemos à sombra da “impressora de notas do BdeP”! Como é possível?!

domingo, 5 de maio de 2013

A contribuição da discórdia...


O suspense está desvendado. Paulo Portas é contra a TSU sobre as pensões, designada por “contribuição de sustentabilidade”. Afirmou que “O primeiro-ministro sabe e creio ter compreendido. Esta é a fronteira que não posso deixar passar”.
O governo comprometeu-se a encontrar poupanças em outras rubricas da despesa pública para reduzir o nível de poupança proveniente da aplicação desta medida, estimada em 436 milhões de euros/ano.
Qual a razão, então, para o anúncio da TSU sobre as pensões, sabendo o governo à partida da oposição não conformada de Paulo Portas e do impacto perturbador que esta medida causaria nos pensionistas e junto de diversos quadrantes políticos e sociais? 

Dia...

Dia de sol, dia de adoração à fonte da vida, dia da fertilidade, dia da criação, dia da natureza prenhe de beleza e de esperança e dia da cruz a relembrar o fim do sacrifício e o início do amor, um dia pagão, um dia que quer ser diferente, um dia que me chama a atenção para poder viver outros dias, um dia que me obriga a ouvir estranhos sons vindos debaixo da terra, sons da vida e sons da morte. Eu ouço-os, mas não sei se os sons da minha alma são ouvidos. Não faz mal, para o ano há mais, mais sol, mais cruzes, mais vida e mais mortos. Vale a pena tentar compreender este dia, até ao dia em que deixarei de ver o sol. Hoje é dia de adorar o sol da vida e o sol da saudade...

...da mãe 

Bastou um ano...e lá se foi a Agenda de Hollande!...

Perante a promessa de fim das restrições orçamentais de Sarkozy  e uma enorme Agenda de Crescimento, os franceses elegeram François Hollande como Presidente, faz agora um ano. O socialismo mostraria definitivamente o caminho que a Europa devia trilhar. 
Como primeiro acto público, Hollande deslocou-se a Berlim, se não para venerar, pelo menos para cumprimentar a Srª Merkel e certamente para lhe mostrar o conteúdo da recheada Agenda.
Logo depois, os franceses começaram a ver a sua verdadeira substância: o dito crescimento era, de facto,  um acréscimo de 25 mil milhões de euros nos impostos, e também um aumento no corte, mais 10 mil milhões, na despesa pública, de modo a cumprir o défice de 3%. Em vez da prosperidade prometida, uma austeridade bem real: para que o PIB possa crescer sustentadamente, explicou Hollande.
De uma penada, lá se foi de vez a “aposta” e a Agenda interna.
Mas a Agenda de Hollande também tinha ainda umas páginas para o exterior: ajudar as restantes economias a crescer, com Eurobonds e Grandes projectos europeus. Mais umas páginas vazias.
Por cá, Seguro venerava o Mestre e via nele a salvação do país.
Passados 6 meses, já a maioria dos franceses não tinha qualquer confiança em que Hollande encontrasse uma solução para a economia ou para a crise, contra o aumento do desemprego ou contra a insegurança. Mas restava-lhe o apoio de Seguro que continuava a ver nele o facho que iluminava o caminho a seguir. Não havia contrapartida, mas havia que agitar o estandarte da solidariedade socialista. Mesmo quando a França já ia entrando em recessão técnica.
Passou um ano. Hollande bateu todos os recordes negativos de popularidade. E o resultado da demagogia é a desilusão, que faz com que até Marie Le Pen recolha opinião mais favorável.
A demagogia infrene acaba sempre por não ter retorno para quem a utiliza; e, na sociedade em que vivemos, apanha-se mais depressa o demagogo que o coxo.
Hollande é o exemplo acabado de um produto do aparelho partidário, que nunca teve profissão para além da política e nem aí, apesar da ambição, nunca chegou a ser escolhido para Ministro.
Seria bom colocar os olhos em quem lhe vem importando a cultura.

sábado, 4 de maio de 2013

Anne Frank...


A história de Anne Frank faz parte do imaginário de muitos ao ajudar a compreender mais aprofundadamente a ignomínia da ideologia nazi. Li o diário em pequeno e li o diário em adulto. A história de uma jovem alemã-judia que registou em livro o drama e a vivência da sua curta existência, terminada um pouco antes de fazer 16 anos no campo de concentração de Bergsen-Belsen, vítima de tifo.
Lê-lo ajuda a saber que o ódio e o racismo são duas constantes que estão sempre prontos a manifestar-se provocando dor no corpo, sofrimento na alma e destruição da dignidade humana. Lê-lo ajuda as crianças e adolescentes a compreender melhor a condição humana e relembra aos adultos que o ódio e o racismo não dormem, apenas fingem que estão a passar pelo sono para despertarem com violência a qualquer momento.
A divulgação da sua obra tornou-se numa verdadeira epidemia pela riqueza, profundidade, beleza e sofrimento espelhados através de um estilo agradável que atrai qualquer um.
Fiquei surpreendido com a atitude de alguns pais norte-americanos ao considerarem o seu diário como "pornográfico". De facto, a versão definitiva tem algumas páginas, inicialmente retiradas pelo pai, em que Anne descreve a descoberta do corpo. Pais indignados exigem prévia autorização para que os filhos tenham acesso à versão completa ou à versão sem os "capítulos pornográficos".
Compreende-se esta atitude num país eivado de correntes puritanas. No entanto, ofende um pouco a supressão de capítulos em que a natural descoberta do corpo se faz na idade própria. Mesmo que os pais proíbam os seus filhos de lerem o diário, por causa da pretensa "pornografia" de alguns capítulos, escrito por alguém superior, não deixarão de descobrir o corpo por eles próprios ou através de leituras menos recomendáveis.
É incrível esta dualidade de comportamento, promover a leitura de uma obra que denuncia a guerra e todos os males relacionados com ela e impedir curtos e "inofensivos" capítulos porque giram à volta do sexo, que continua a ser um tema "sujo" em contraste com as outras coisas, mais explícitas, mais dramáticas e mais dolorosas, a guerra, o ódio e o racismo. Pode-se falar da morte, da guerra, do ódio, do racismo, da dor e do sofrimento da alma, mas falar da descoberta do corpo, no momento da sua transformação e explosão de sensações, então, tem de imperar o silêncio, começa a reinar o pecado e tenta-se matar o desejo de amar.
Deixai que leiam a obra completa. É duplamente bela... 

Motivo para suspense?

O que será que o Ministro de Estado Paulo Portas tem para comunicar ao país sobre as medidas anunciadas pelo Primeiro Ministro? É certo que o CDS/PP ontem não reagiu à intervenção do Primeiro Ministro, como aconteceu com os restantes partidos com assento na Assembleia da República. Li há pouco que Passos Coelho elogiou o empenho pessoal e o talento de Paulo Portas no pacote de cortes decidido pelo governo, mas que desconhece o conteúdo da comunicação que vai fazer.