1. A notícia hoje divulgada do crescimento do PIB no 2º trim/2013, de 1,1%, muito acima das expectativas dalguns institutos de previsão, deverá ter deixado aturdidos os nossos amigos Crescimentistas (reagem, curiosamente, com um contentamento descontente).
2. Pior ainda, esta notícia adiciona-se à que foi divulgada na pretérita semana, da redução significativa do desemprego, de 17,7% para 16,4%, também do 1º para o 2º trimestre de 2013.
3. Estas notícias parecem abalar – ou mesmo fazer desmoronar – os DOGMAS proclamados pelos Sectores mais Crescimentistas, ao longo dos últimos 2 anos, insistente e megafonicamente repetindo que, com a actual política económica, estranhamente etiquetada de “neo-liberal”, não poderíamos esperar outra coisa que não quebras na actividade económica e aumentos sucessivos do desemprego...até à implosão da mesma política...
4. Mas esta mudança de cenário económico, apesar da fragilidade que ainda apresenta, ajuda-nos a perceber aquilo que por 2 vezes tinha já sucedido com outros (e muito duros) programas de ajustamento a que a economia portuguesa foi sujeita, em 1976/7 e em 1983/4: uma vez obtido o reequilíbrio mais fundamental, entre produção e despesa, a actividade económica encontra sempre forma de recuperar...
5. É certo que o actual contexto – ou o regime económico, se quiserem – é muitíssimo distinto daquele em que decorreram os 2 anteriores programas de ajustamento: “graças” ao Euro, desta vez foi possível arrastar os desequilíbrios por muito mais tempo (15 anos), o endividamento dos diferentes sectores (Famílias, Empresas, Estado) cresceu muitíssimo mais, e o processo de ajustamento consequentemente tem sido mais demorado e penoso (e não está concluído, não esquecer)...
6. A grande incógnita, neste momento, está em saber como (e se) vai ser possível conciliar a manutenção de um ritmo crescente de actividade económica, libertando-nos do “jugo” da recessão, com o prosseguimento da Consolidação Orçamental (é possível que esta expressão, entretanto caída no purgatório, venha ser recuperada depois destas notícias, quem sabe?), a qual como sabemos condiciona a restauração de normais condições de financiamento da economia (não só do Estado)...
7. A resposta a esta questão vai depender muito da evolução da actividade nos nossos principais parceiros europeus - Alemanha, França, Itália, Bélgica - que, como lembrei em Post anterior, pouco nos ajudaram no 1º semestre deste ano (com a notável excepção da Espanha), pois as nossas vendas para esses mercados registaram uma queda...
8. Se, durante o 2º semestre do ano, as economias desses parceiros acelerarem como os indicadores disponíveis parecem sugerir, poderemos assistir à confirmação da melhoria da actividade em Portugal ao longo do mesmo período, até porque ainda se espera uma aceleração das vendas para outros importantes mercados como é o caso de Angola...
9. Mas convém notar que o factor Orçamento/2014 ainda pode vir trazer alguma (ou muita) perturbação a este cenário, nomeadamente agora que o jurisprudencial TC volta a entrar em cena...tudo é possível, temos de ser realistas!