Foi uma boa entrevista com um bom desempenho do candidato a líder do PSD. Seguro, sereno e muito objectivo nas respostas. Registo com agrado a preocupação de "regenerar o partido", a prioridade dada ao debate político e das ideias sobre a "fulanização", a criação de equipas sectoriais, a proposta para uma convergência sobre questões fundamentais do Estado e a posição sobre os referendos.
Para (re)ver: a reforma do sistema político, a revisão estatutária e as directas, a estratégia de oposição ao Governo PS e a política externa.
Dado que a entrevista era gravada, tudo leva a crer que Marques Mendes não terá ouvido Marcelo Rebelo de Sousa a antecipar o nome de José Matos Correia para líder do Grupo Parlamentar.
Mais uma vez, não resistiu?
9 comentários:
Agrada-me, também, o Marques Mendes pelo simples facto de ser moderado. É alguém com capacidade de ajudar a uma mudança comportamental dos políticos portugueses.
Quanto à regeneração, todos os líderes ou candidatos a líderes a apregoam, o problema, depois, é levar avante a intenção. Afinal, temos políticos no activo desde o 25 de Abril e antes.
Gostava de saber a vossa opinião acerca da limitação de mandatos. (Permitam-me a provocação)
Aqui vai a minha opinião que sei ser polémica porque mais uma vez contraria o "politicamente em voga". Sou convictamente contra a limitação do número ou o tempo de duração de mandatos em cargos electivos. E tenho esta posição porque entendo, muito simplesmente, que impor esses limites significa limitar a vontade do eleitorado, logo a democracia.
Se vivemos num país onde se reconhece existir liberdade de afirmar as suas convicções políticas; e se é verdade que não existem constrangimentos graves à liberdade de expressão e de competição política, qual é o problema se determinado autarca ou deputado repetir 2, 3, 4 ou 5 mandatos desde que a novação dos mandatos se faça por vontade livre e esclarecida dos mandantes - isto é, dos eleitores, do povo - expressa em eleições livres e no confronto aberto com outras propostas? Não significará a limitação de mandatos electivos, afinal de contas, um atestado de menoridade ao eleitorado?
A renovação da classe política, por si só, não é um valor. Aceito que possa contribuir para a melhoria do funcionamento das nossas instituições políticas, desde que no povo radique essa vontade de regeneração. E a história não muito longínqua já demonstrou que o eleitorado muda quanto entende que chegou a hora de mudar, mesmo contra os caciquismos partidários, as fabricações mediáticas ou outras conhecidas tentativas de, mais ou menos subliminarmente, manipular a vontade das pessoas.
É tema que dá pano para mangas, este do "paternalismo democrático"´...
O tema não é simples. Se por um lado compreendo o seu ponto de vista, por outro, parece-me que os partidos têm muitas dificuldades em regenerar, em mudar as caras. Concordo consigo em tudo o que disse.
Quando me referia ao termos políticos no activo desde o 25 de Abril, estava a pensar mais naqueles que estão na A.R., porque são muito poucos os autarcas que duraram tanto tempo (tal como disse quando o eleitorado quer mudar, muda).
Contudo, no caso dos deputados à A.R. apoio uma limitação de mandatos (intenção que não existe nos partidos), porque aí o eleitorado não pode seleccionar, como nas autarquias. Não lhe parece?
Claro que compreendo o desejo de mudar de actores. O que contesto é que isso seja feito...por esses mesmos actores e não por quem tem, afinal, a legitimidade da escolha democrática.
No caso dos deputados, sinto que a renovação tem de ser conseguido não à custa da limitação temporal mas sim por via da alteração do sistema eleitoral. Aumente-se o número de círculos, introduza-se o conceito de uninominalidade em substituição do voto em lista - ainda que em conjunção com um círculo nacional - e veremos se não se renova, naturalmente, o pessoal político nesta esfera. É que assim, como se costuma dizer, se aproximariam os eleitos dos eleitores. Que o mesmo é dizer, se responsabilizaria directamente o eleito pela fidelidade ou infidelidade ao programa pelo qual se apresentou a sufrágio.
A renovação, seria então a consequência natural da avaliação que os eleitores são chamados a fazer, mas agora com conhecimento próximo dos candidatos.
Os mandatos dos autarcas deviam ser limitados a UM! Nos meios mais pequenos ninguém imagina o que fazem esses senhores para se eternizarem no poder. As ilegalidades, os favores aos amigos... Depois, quando os amigos se zangam não se descobrem as verdades como diz o provérbio... E não se descobrem porque os ex amigos têm o "rabo preso" e se denunciarem alguma situação sabem que também sobra para eles...
Que me perdoe o DJustino, já não sei o que vinha dizer sobre o PSD...
Novamente concordo consigo, JM Ferreira d'Almeida. Os círculos uninominais são, realmente, uma solução para se começar a mudar alguma coisa. Eu não tenho uma visão muito negativa dos políticos, creio que na sua grande maioria, eles tentam fazer o melhor, porém, a necessidade de renovação advém da necessidade de inovação.
Neste momento, a minha ideia da limitação de mandatos está fragilizada, tem sido boa esta discussão.
Em relação ao que diz o saltapocinhas, devo referir que tenho mais respeito pelos autarcas do que por qualquer outro tipo de políticos. Alguns são pouco "éticos", mas muitos tentam realmente fazer alguma coisa. Os autarcas, em especial, os Presidentes de Junta são os que estão na política por amor à camisola.
Minha Cara Saltapocinhas, andei pelo seu blog e encontrei a seguinte confissão num dos posts seus: "Embora deteste generalizações,não consigo deixar de as fazer".
Creio que à luz desta frase se deve entender o que escreveu.
Meu caro JM Ferreira d'Almeida:
Em teoria tem toda a razão. Mas a prática demonstra o contrário: toda a gente sabe que se devem eleger os deputados que são mesmo da nossa região, porque são esses que irão defender os seus (da região) interesses. No entanto na prática isso não acontece: votamos no partido da nossa preferência independentemente da constituição da lista. Em Aveiro os únicos partidos que apresentavam candidatos da terra não conseguiram eleger nenhum... Generalizando, isto deve passar-se em todos os círculos eleitorais. Isto porquê? Porque os partidos não têm os lugares elegiveis suficientes para colocar os "figurões" no Porto e em Lisboa, tendo de os "distribuir" por todo o país.Isto é amor à camisola? E que alternativa resta aos eleitores?
Em Aveiro, só a título de exemplo, tivemos o mesmo presidente da Câmara durante 4 ou 5 mandatos e se ele não tivesse decidido não se recandidatar, às tantas ainda lá estava... No entanto quando ele se retirou quem ganhou a Câmara foi um candidato do partido que até aí tinha sido o 3.º partido mais votado.
É sabido da nossa resistência à mudança e há sempre quem pense "este não é bom, mas como será o outro?"
Relativamente ao limite dos mandatos dos autarcas
dada a sua influência na vida económica da região, a sua continuidade por tempo exagerado conduz à formação dentro da autarquia de um "núcleo duro" que aproveitando-se das funções estratégicas que exercem passam, com o decorrer dos mandatos a servir-se em vez de servir.Aqui há uns tempos não havia dia em que não fosse noticiado um caso de corrupção que alegadamente envolvia autarcas. Tenho uma amiga que diz: "empregada doméstica muito tempo dentro duma casa vira patroa".
Cara Saltapocinhas, percebo perfeitamente as razões do seu ponto de vista. Reafirmo o meu por uma razão adicional: julgo que não é o mais correcto analisarmos as situações (da política como da vida em geral) pelo lado das suas patologias.
Penso assim, ainda que só me dêem razão no plano teórico...
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