Ainda uma nota adicional a propósito do significado dos resultados da sondagem que o Expresso revelará na próxima edição.
Creio que, finalmente, no PSD se acordou para a situação que referi na nota anterior.
Uma parte percebeu que a discussão de personalidades ou a oposição avulsa não dão frutos. Muito pelo contrário, têm um efeito demolidor na militância e de descrédito generalizado no eleitorado.
E percebeu também como é ilusória a ideia de que, pelo desgaste do PS, o poder cairia mais cedo ou mais tarde no regaço do social-democrata que na ocasião liderasse.
Pelo menos a candidatura de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD afirma-se com a clarividente noção de que não é a discutir pessoas que o partido reganha crédito. É a discutir políticas. Políticas capazes de virar a página e de oferecer ao País uma real alternativa a este navegar sem rumo, à espera de que aconteça a salvação de um milagre económico.
Suceda o que suceder nas eleições para a liderança do PSD julgo que a Passos Coelho se pode atribuir o indiscutível mérito de querer levar o partido a discutir-se, mas com os olhos postos no País.
Já o tinha escrito aqui, antes de se alinharem quaisquer candidaturas à liderança do PSD. É exactamente esta a minha convicção. Sinto que é o caminho para um dia, mais do que bons resultados em sondagens, o PSD poder reassumir a responsabilidade de governar. Mas, sobretudo, merecer essa responsabilidade.
E só a merecerá quando pelo debate de ideias e projectos se preparar para resolver os problemas e não meramente para gerir as conjunturas.
6 comentários:
O PSD precisa de começar pelo princípio. E o princípio é que a Democracia é a vontade da maioria (50%+1) e não a da maior minoria.
Ando a falar disto desde a campanha para as eleições da Distrital de Lisboa em que ganhou Duarte Lima (sem maioria). Se tivesse havido segunda volta provavelemente teria ganho o Pedro Passos Coelho e a História teria sido diferente.
Ninguém até agora falou desta aberração num partido democrático e responsável como o PSD.
Teve que ser Jardim a vir lembrá-lo preparando-se para tornar o PSD Madeira independente.
Como vai ser se nenhum dos candidatos tiver 50% dos votos?
António Alvim
Caro Ferreira d'Almeida, de que é que serve discutir ideias e programas se depois quem as vai executar não tem capacidade para isso? Podemos debater ideias a muitos níveis, no trabalho, no 4r,em casa, nas secções, nas distritais, nos jornais, e serem todas muito respeitáveis, muito fracturantes ou muito inovadoras. Mas não estamos só a discutir ideias, nem estamos a fundar um partido sem história nem ideias. estamos a eleger a pessoa que pode dar crédito a esse programa, que pode dirigir ministros, mobilizar cidadãos, captar a confiança das empresas, marcar a nossa posição nos meios internacionais. Estamos a escolher quem pode ser o 1º ministro de Portugal daqui a pouco mais de um ano.A pessoa em si não conta? Lamento discordar.Olhe para todos os 1º Ministros que tivémos nos últimos 30 anos e veja lá se foi só um problema de ideias o que os distinguiu.
Infelizmente a Suzana Toscano está certa no que diz. Tristemente certa. Não é primeiro-ministro a pessoa mais sagaz e capaz para governar a Nação. É primeiro-ministro a pessoa com maior carisma, maior empatia com a população, melhor máquina publicitária e, não esqueçamos, maior simpatia jornalistica.
Algo em que medito há muitos, muitos anos.
Duas notas, Suzana. Primeira: o PSD não está necessariamente a escolher um lider a primeiro-ministro. Está a eleger um presidente do Partido. Pode haver candidatos à liderança do Partido que legitimamente se apresentem ao eleitorado como candidatos a chefes do governo. Mas não tem necessariamente que ser assim. Não excluo, bem pelo contrário, que a nova liderança desempenhe o papel de preparar o partido para, definido o quadro programático da governação e obtida merecidamente uma vitória eleitoral, seja possível encontrar quem no governo protagonize esse programa.
Segunda e mais importante. A minha leitura da crise do PSD, sempre aqui o escrevi, vem de há muito se terem perdido referências dourinárias. Sei bem que não falta quem pense que a época é de pragmatismo e que a politica deve ser aquela que quem estiver melhor preparado deve protagonizar. Os resultados deste pensamento estão há vista.
Isso pode ser assim, sem dramas, no partido do poder. É assim com o PS que no governo sistematicamente mete o socialismo na gaveta.
Mas pode ser assim num partido da oposição? Bastará propor uma personalidade, por mais credível que seja, para que se gere um movimento federador dos militantes, simpatizantes e, sobretudo se cative o voto dos portugueses?
Não o creio, minha cara Amiga. E temo que, por este caminho, o esvaziamento que as sondagens sinalizam, tenda a continuar.
E, Suzana, olho, como pede, para os primeiros-ministros de Portugal nestes trinta anos, e aí coincido consigo: não foi mesmo um problema de ideias que os distinguiu...
Caro Zuricher, não sei se atribuo o sentido que quis dar ao comentário, mas com as palavras não posso estar mais de acordo.
este debate está muito interessante.
Será mais importante o culto da personalidade - a figura do líder - ou o culto das ideologias e dos projectos ?
O que é ser líder ?
O que é ser um bom líder ?
O que estará primeiro para os eleitores, no mundo actual ? A ideologia ou os projectos, e o que representam, esses projectos, na resolução dos problemas que se colocam às pessoas, e que dependem dos vários poderes institucionais ?
Hoje não afirmo. Apenas pergunto. Porque tenho muitas dúvidas e muito poucas certezas. Sendo o passado insuficientemente esclarecedor, porque não contém variáveis do presente que vivemos.
Algumas pessoas do PSD andam a tentar convencer-se de que MF Leite tem condições para unir e disciplinar o partido e para confrontar José Sócrates nas eleições de 2009, com hipóteses de o vencer.
Desenganem-se. Não tem. Nem uma coisa, nem outra. MF Leite não é a “dama de ferro” que o seu semblante sugere e que a própria procura explorar. É um bluff.
Na actividade partidária, pactuou com alguns profissionais do manobrismo balofo. Chegou a ser informada, num caso flagrante, de manipulações praticadas nos cadernos eleitorais, mas encolheu-se e nada fez. Sei do que falo. Não é um bom prenúncio para quem pretende disciplinar o partido. Será incapaz, por exemplo, de dar a volta aos TSD, que há anos servem apenas para o Arménio Santos garantir um lugar elegível nas listas à AR, mas que são totalmente inoperantes, um zero completo, como estrutura do partido nos locais de trabalho, deixando os militantes do PSD à mercê das perseguições e marginalizações levadas a cabo pelas estruturas organizadas do PS. Sobretudo nas empresas semi-privatizadas do género EDP, REN e outras, em que os socialistas fazem o que querem desde há vários anos.
Como ministra das Finanças patrocinou um golpe palaciano, perfeitamente ridículo, na CGD, implementando o modelo americano de administração das sociedades em que o capital se encontra muito disperso, o que, manifestamente, não era o caso da CGD. As razões por que o fez são muito criticáveis, mas por agora não vêm ao caso. Ainda como ministra das Finanças permitiu a implementação de uma reforma da Contribuição Autárquica que é uma vergonha, revelando não ter uma noção decente do que representa a tributação do património.
E no combate com José Sócrates, se lá chegar, cai com toda a facilidade. A esta hora já o actual primeiro ministro tem os assessores a inventariar os pontos negros de MF Leite como governante. O trabalho é fácil porque são vários. Mas para Sócrates basta uma pergunta, em directo, na TV : “A senhora conseguiu vencer o défice ?” E uma afirmação : “Pois não. Quem conseguiu fui eu”.
A questão do défice e a questão dos impostos constituem dois aspectos em que MF Leite não consegue contrapor a Sócrates. Porque, no essencial, está de acordo com ele. Resolve tudo através de mais impostos. Ora, para isso, os portugueses não precisam de mudar de primeiro ministro. Mantêm o Sócrates. MF Leite será a coveira do PSD.
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