1. A Zona Euro já viveu dias bem mais calmos, desde que há 10 anos foi instituída.
2. Vivem-se actualmente os dias mais complexos desta nova experiência monetária e económica, com economias como a portuguesa em virtual estagnação ou mesmo recessão, mas sujeitas (i) a uma política monetária própria de um ciclo de grande expansão e (ii) a uma moeda muito forte, própria de economias sem os problemas estruturais como os que enfrentamos…
3. A notícia de uma nova e forte subida do índice de preços no consumidor (IHPC), de 3,6% em Maio (Maio 2008/Maio2007) na Zona Euro é mais um quebra-cabeças para o BCE, que mantém praticamente inalteradas desde há já um ano as suas taxas de juro de intervenção e terá que decidir, dentro de poucos dias o que fazer – subir ou manter…
4. Subir as taxas nesta altura será agravar ainda mais a enorme dificuldade cíclica de algumas economias, como a portuguesa e a espanhola, as quais têm pela frente uma tarefa gigantesca de recuperar a competitividade externa dizimada pela insistência quase paranoica num modelo de desenvolvimento há muito esgotado…
5. Mas não subir, face a estas variações de preços (em Espanha a inflação em Maio terá sido de 4,7%...), poderá começar a ser interpretado como sinal de complacência face ao possível alastramento do fenómeno à generalidade dos bens e serviços, criando o risco de atraso no combate a um tal cenário...
6. Pela nossa parte, justifica-se uma atitude de total perplexidade, face à profecia feita em Novembro do ano passado, pelo Gov/BP.
Recordo, mais uma vez essa profecia, segundo a qual a subida dos preços a que então se começava a assistir constituía um fenómeno muito passageiro e que por isso se podiam excluir quaisquer subidas dos juros em 2008…
7. Recordo também que essa profecia foi feita numa altura em que ainda se discutia a maior ou menor bondade dos pressupostos que baseavam a proposta orçamental para 2008, entre eles uma inflação de 2,1%...
8. Volvidos 6 meses, constata-se exactamente o oposto: NÃO SÓ as subidas de preços se agravaram e estão para durar (responsáveis do BCE têm vindo a anunciar isso nos últimos tempos), MAS TAMBÉM os juros não têm parado de subir no mercado e, agora, para cúmulo, até se admite que o BCE possa ajudar essa subida…
9. Perplexidade à parte, a minha habitual aposta vai no sentido da manutenção das taxas pelo BCE, em Junho, aguardando ainda mais um mês por uma nova indicação do IHPC…
Até porque na próxima semana se festejam em Frankfurt os 10 anos do Euro, com pompa e circunstância, e uma subida dos juros poderia estragar tal festa!
Grande maçada esta!
2 comentários:
A não ser que venha algum sinal para aliviar o mandato do BCE, minha fézada é que as taxas vão subir, mas o facto é que, como bem diz, já subiram. É apenas um acto administrativo.
Quanto à incapacidade de Portugal acompanhar o euro, pois temos pena. Idanha-a-Nova também não conseguiu acompanhar o escudo, o pessoal devia ter pensado nisso antes de dar vivas.
Idanha-a-Nova ou Olivença, caro Tonibler?
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