O Expresso divulga na sua próxima edição os resultados de mais uma sondagem. A um ano das eleições legislativas, o Partido Socialista tem condições para renovar a maioria absoluta. E o Primeiro-Ministro José Sócrates voltou a subir nos índices de popularidade, situando-se nos 30% logo atrás do menos exposto Presidente da República.
Outros dados que a sondagem revela:
- PCP e BE mantêm a tendência de subida, somando 18,8% das intenções de voto.
- O PSD desce mais de 2% e o PSD e CDS/PP juntos não valem mais do que 33,2% do universo eleitoral, isto é, somam menos do que os resultados obtidos nas últimas eleições legislativas.
Perguntarão alguns como podem o PS e o Engº Sócrates acusar pouco desgaste após três anos dificeis, mantendo a preferência da maioria do eleitorado, justamente agora que é indisfarcável um sentimento de que o País não passa da cepa torta e a contestação social é bem audível?
Manda a justiça que se credite, antes de mais, este resultado a José Socrates.
Apesar das promessas não cumpridas, dos insucessos, dos sacrifícios infligidos, dos actos falhados, dos tacticismos e manobras de recuo notoriamente já com as eleições em mente, o Primeiro-Ministro tem mostrado uma combatividade invulgar.
De modo real ou postiço, vê-se especialmente nos debates parlamentares que o Primeiro-Ministro afirma com firmeza os seus pontos de vista. E os portugueses gostam de líderes convictos e firmes. E como a memória colectiva é curta, poucos se lembram que com a mesma firmeza, na oposição ou na última campanha eleitoral, Sócrates defendeu muitas vezes o contrário com a mesma convicção.
Escrito isto, a sondagem do Expresso revela bem que o perigo para a renovação da maioria absoluta vem da esquerda radical. É aí que se polariza o descontentamento das políticas fracassadas e a desilusão social. Mas também é à esquerda que se faz sentir a oposição, mercê da capacidade de mobilização do PCP e do trabalho de casa que o BE faz bem (para além da simpatia da comunicação social, pouco disponível para "filtrar" a demagogia congénita e muitas vezes primária do Bloco).
Em contraponto, beneficia o PS de à direita não ter tido, e de continuar a não ter oposição credível. Ou pelo menos do facto de boa parte desse imenso "centrão" que decide eleições, não distinguir entre os projectos de PS e PSD.
Para muitas das pessoas que conheço, o PS é mais do mesmo que tinha sido o Governo de Durão Barroso. Mas mais convincente.
Apostar no PSD é, para muita gente, apostar no mesmo projecto conjuntural de País. A inteligência colectiva funciona então no registo ´para pior já basta assim´...
Faz sentido. E a esta luz, fazem sentido também os resultados da sondagem.
1 comentário:
"...justamente agora que é indisfarcável um sentimento de que o País não passa da cepa torta e a contestação social é bem audível..."
Não concordo! Logo agora que o Governo tem explicado o sucesso e garantido, com os anúncios de todas as obras que vão começar brevemente, que o país vai crescer em 2009. Não admira nada que o PS suba nas sondagens, há mais de um mês que estamos permanentemente em campanha eleitoral.
Quanto à contestação social, acabou com a assinatura do "entendimento" entre os sindicatos de professores e a Ministra e com a substituição do Ministro da Saúde.
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