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terça-feira, 20 de maio de 2008

Literacia basilar!...

Os pedagogos e psicólogos, à falta de melhor ocupação, determinaram que a entrada dos meninos na escola podia causar traumas para a vida. Tendo vingado o produto e crescido o negócio das consultas, agora o problema está na mudança brusca e no “impacto violento” que as crianças sofrem quando passam do 1º para o 2º ciclo e deixam de ter um professor para ter vários.
A coisa é verdadeiramente séria e que tem motivado laboriosa investigação e profundos estudos. Segundo o DN, saiu agora outro, “A educação das crianças dos 0 aos 12 anos”, encomendado pelo Conselho Nacional de Educação. Dos 0 aos 12!...
O estudo promete, a avaliar pelo que dizem os seus autores. Para tal educação de excelência dos miúdos a partir dos 0 anos (não se fala em meses…), o modelo ideal seria um ciclo articulado de 6 anos assente “em equipas multidisciplinares, consistentemente lideradas, constituídas por professores especialmente vocacionados para a difícil tarefa de iniciar as crianças no domínio das literacias basilares e professores mais orientados para o conhecimento disciplinar, embora ainda integrado”.
Com tal gongorismo, ficará tudo claramente resolvido, porque ninguém percebe o que vai fazer, apesar da liderança consistente.
Até lá, os pais modernaços e adeptos, para conforto pessoal, das novas teorias, correrão aos psicólogos para ver se os rebentos já não estão traumatizados pelo excessivo número de professores!...
Claro que estão, que novos investigadores precisam de trabalho e a consulta tem que render!...
Literacia basilar!...

10 comentários:

Tonibler disse...

Caro Pinho Cardão,

Concordo em parte com a realização do estudo. Na realidade, a minha infância, adolescência e, digamos, toda a minha vida foi enquadrada por uma enorme iliteracia basilar de tal forma que, cada vez que me falam em Conselho Nacional da Educação só me apetece manda-los ir apanhar no c… Já viu bem a falta que me faz hoje uma educação basilar multidisciplinar??? Podia ter encontrado uma forma mais educada de mostrar que o trabalho de tal gente é duma estupidez criminosa sem recorrer a impropérios....

Suzana Toscano disse...

CAro Pinho Cardão, o meu amigo é demolidor, assim ainda vai inibir os estudiosos! :))

Guimaraes disse...

Desculpem a minha ignorância.
Fiz exames da 3.ª e 4.ª classes, admissão ao liceu, 2.º, 5.º e 7.º anos do liceu e mais uns quantos no ensino superior.
Se isso fosse caso de traumatismos, eu e, certamente a maioria dos desse tempo, estaríamos politraumatizados.
E se ensinassem os miudos a estudar!?

SC disse...

Pois bem,

... professores especialmente vocacionados para a difícil tarefa de iniciar as crianças... e professores mais orientados para o conhecimento disciplinar...

não percebi nada, mas deve ser de mim...

Mas, sem querer ofender ninguém, pergunto: e professores que saibam ensinar, já não é preciso?

Caro Tonibler, eu, por mim, mando-os mesmo. Se vão ou não é lá com eles.

Carlos Vinagre disse...

E eu acrescento, e a estabilidade do sistema educativo???E um sentido para a educação??? Com tanta reforma, alteração, daqui a nada o país torna-se num manicómio. Porque essas poeiras irão cegar a lucidez da juventude, e com o efeito de um stress inibidor, lá ficarão os consultórios dos psicólogos e psiquiatras a abarrotar de melancolia. Pelo menos, seja-se sincero, será favorável à algibeira de alguém...

SC disse...

Mas esta conversa dos "professores especialmente vocacionados" e dos "professores mais orientados" fez-me lembrar uma história de família. Mas olhem que esta é picante! Deve ser do adiantado da hora.

Há já uns anitos (pois...), tinha a minha filha uns 4 anitos e estávamos a passar a "temporada de praia". Num daqueles regressos ao fim da tarde à casita alugada na Costa Nova, o primeiro cuidado era "encarreirar" os miúdos directamente para a casa de banho para a chuveirada geral, de preferência dependurados por um bracito para não replicar o areal em casa. Enquanto os miúdos se iam desfasendo dos parcos trapos que ainda vestiam, o chuveiro era imediatamente ligado para a água quente chegar logo (já havia essa modernice dos esquentadores), o que invariavelmente induzia na pequenada o xixi da ordem.
Numa dessas tardes estava também conosco o filho de uns amigos, um ano mais velho que a minha filha, que de imediato se apossou do "vaso", o que impedia a minha filha de resolver o problema na posição habitual. Para não perder a vez no chuveiro, com ar despachado vai de o fazer de pé também, "a meias", com o consequente pânico instalado pela molha em redor, dadas as óbvias dificuldades de controlo direccional.
No fim, perdida a corrida para o chuveiro a favor do rapaz, com um ar muito despachado, mas de sapiente analista das causas do descontrolo da situação, atira a minha filha:
Ó João, olha que a tua pilinha dá jeito, vou já pedir à minha mãe (ou pai) para me comprar uma.
Parou uns instantes e rematou: ai, mas eu nunca vi pilinhas nas montras!

Pois, também eu nunca vi professores daqueles nas montras!
Mas, ao contrário da minha filha, também não lhes vejo nenhuma utilidade particular.

Carlos Vinagre disse...

A utilidade particular é quase o fundo dos "professores especialmente vocacionados": a utilidade da "algibeirada". Mas mude-se os professores, e fale-se da sociedade "especialmente vocacionada" :)
Um estudo elaborado para colocar o país a pensar, isso é que era necessário!!!
Afinal quer-se a ausência de traumas??? Mas porque não se faz um estudo sobre os traumas que a televisão cria nas pessoas que pensam???

Rosário disse...

Concordo plenamente com tudo o que diz! Sou professora e já não posso mais com tantos estudos e pareceres levados a cabo por "ditos estudiosos da esducação" que, de educação, não percebem nada, porque, certamente, nunca saíram dos seus gabinetes! Já não há pachorra pra este discurso de que tudo traumatiza as criancinhas, coitadinhas...Chega!

Francisco disse...

Posso compreender que nao encontre utilidade em varios estudos que se conduzem, e ate aceitar que ache discutivel a forma como se tende a apaparicar as criancas e, excesso nos dias de hoje. Agora, querer atribuir aos psicologos enquanto classe uma intencao mercantilista obscura de manutencao de uma fatia de mercado, a proposito da realizacao destes estudos, e ofensivo. Ofende-me enquanto psicologo clinico, e demagogico e de uma desonestidade intelectual enorme. Claramente o senhor nao conhece muitos psicologos, ou so se relaciona com a rale da classe. Ou se esta de tal maneira imbuido no cinismo vigente que assume que qualquer iniciativa seja movida por ganhos pessoais ao inves de promover a saude mental. O que e, em ultima instancia, o que todos ambicionamos. Nao garantir que ha material para consultas, senhor pinho Cardao. Para isso temos pessoas como o senhor.

Pinho Cardão disse...

Caro Francisco:
O meu amigo tomou a núvem por Juno. Acontece aos melhores, psicólogos ou não, economistas, engenheiros, etc, desde a antiguidade. Perante isso, pouco há a fazer. E tirar conclusões precipitadas também acontece a bons psicólogos.
De qualquer forma, volte sempre, que será bem recebido!...