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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Por caminhos da Trácia-O cirílico como "produto" de marketing da fé ortodoxa

Como é sabido, a Bulgária utiliza o alfabeto cirílico, que data do século IX e é atribuído, por uns, aos dois irmãos búlgaros, Cirilo e Metódio, por outros, ao seu discípulo Clemente de Orhid.
O que eu não sabia, e fiquei a saber na Bulgária, era que a criação de tal alfabeto se devia a uma razão religiosa. A criação do Império Romano do Ocidente e do Oriente tinha dado a um maior exarcebamento e tensão entre as igrejas católicas de cada um dos lados do império, tensões essas que atingiram divergências mais profundas na época de Cirilo e Metódio.
Cirilo e Método eram monges da religião cristã que se revia nas posições teológicas do bispo e patriarca de Constatinopla, e estavam empenhados na difusão da sua doutrina. Os Búlgaros eram um povo eslavo e o alfabeto latino ou o grego não incluíam de forma suficiente todos os vários e diversos sons da pronúncia dos povos eslavos. Assim, Cirilo e Metódio lembraram-se de criar um alfabeto que traduzisse esses sons na linguagem escrita, como forma de melhor fazer chegar a mensagem religiosa. Para ir de encontro às características próprias do idioma falado, o cirílico continha inicialmente 43 letras, combinações de caracteres latinos, gregos e hebraicos, tendo actualmente uma versão mais simplificada de 30 letras, na Bulgária, ou de 33 letras, na Ucrânia.
A interacção do albabeto cirílico com a religião ortodoxa foi um completo êxito, que se pode medir pelo facto de a imensa maioria dos povos eslavos que a professam terem adoptado o cirílico como alfabeto. A Roménia é o único povo de religião maioritária ortodoxa que adoptou o albafeto latino, por razões muito peculiares e específicas.
Pelo seu "produto" bem sucedido em termos de evangelização, Cirilo e Metódio foram justamente canonizados pela Igreja ortodoxa, canonização essa também reconhecida pela Igreja Católica.
A inovação num alfabeto que trouxe milhões e milhões de "consumidores"!...

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