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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O cirurgião-barbeiro!...


Para reanimar a economia, o Governo vai insistir em investimentos públicos, em vez de diminuir impostos, disse o Ministro das Finanças. O investimento tem mais efeito, disse ainda o Ministro!...

Pois é, desde há dez anos que o investimento público, em termos de PIB, é superior à média europeia.
E o efeito visível é esta nossa exaurida economia, cujo grau de é bem inferior ao da média europeia.
É este o nosso fado, o do enfraquecimento permanente, devido ao veneno das transfusões fiscais que os nossos cirurgiões-barbeiros de serviço nos receitam por medicamento!...

9 comentários:

Tonibler disse...

Há aqueles que dizem que os políticos só lá andam para se encherem e há aqueles que o confirmam recusando baixar impostos, para fazer investimentos "públicos".

Pinho Cardão disse...

Não vou tão longe, caro Tonibler, embora baixar impostos não seja, de facto, a política pública adequada para quem pretende benefícios privados...

Pinho Cardão disse...

Melhor dito: ...embora baixar impostos não seja a política pública adequada para governantes que pretendam benefícios privados...

Arnaldo Madureira disse...

Eu até estava convencido que o investimento público era mesmo para beneficiar privados!

Rui Fonseca disse...

Caro António, bom dia!

Voltas à questão da redução de impostos, que o governo não faz, e dos investimentos públicos que o governo não deveria fazer.

Comentar que os investimentos públicos servem interesses privados, restritos aos governantes ou aos empreiteiros das obras, é bastante redutor.

Não sou tão ingénuo que não pense que esses interesses não existam, e em larga escala, mas, nesse caso o que estaremos a discutir é a corrupção, são casos de polícia, e não a política económica do Estado.

É para evitar a corrupção que não devem ser feitos investimentos públicos? Não creio que seja esse o teu ponto de vista mas a transferência de recursos do investimento privado para o público e, neste caso, sim, temos uma abordagem económica.

Vamos a ela. Para não repetir o que tenho dito, pesco de um post colocado aqui no 4R que, curiosamente, não foi comentado embora o pudesse ter sido sob diferentes pontos de vista (globalização, por exemplo):

"O texto só tem 5 meses mas é tão actual e real que decidi reproduzi-lo.
O seu autor é Marc Faber, um empresário e analista de investimentos.
Aqui fica o texto que foi publicado quando o Governo dos Estados Unidos estudava o lançamento de um programa de ajuda à economia do País:
"O Governo dos EUA prepara-se para conceder a cada um de nós uma bolsa de U$ 600,00.
Se gastarmos este dinheiro no supermercado Wall-Mart, ele vai para a China.
Se o gastarmos com gasolina, vai para os árabes.
Se comprarmos um computador, vai para a Índia.
Se comprarmos frutas e vegetais, irá para o México, Honduras e Guatemala.
Se comprarmos um bom carro, irá para a Alemanha.
Se comprarmos bugigangas, irá para Taiwan e nenhum centavo desse dinheiro ajudará a economia americana.
O único meio de manter esse dinheiro na América é gastá-lo com prostitutas e cerveja, considerando que são os únicos bens ainda produzidos por aqui.
Eu, estou fazendo a minha parte..."

Pois é, meu Caro Amigo:

Admitamos que política do governo exposta pelo Ministro das Finanças, de manter o investimento público, pode não ser a mais correcta neste momento de crise.

Admitamos que ele aceitava na tua proposta(e a de muito mais gente, não incluindo a líder do PSD)e reduzia os impostos.

Em que medida é que essa redução ajudava à redução da crise?

Se fosse no IRS, e normalmente estas reduções não são no IRS,por onde incentivava esse dinheiro a economia? Em viagens a Cancoon? Ou em compras de mais bugigangas importadas? Ou na construção de mais casas para desabitação?

Se fosse no IRC, que projectos estão bloqueados por falta de financiamento?

Responda quem sabe.

Tonibler disse...

Caro Rui Fonseca,

Vou meter-me na conversa.

O pior de tudo é o custo de oportunidade que o investimento traz. Eu explico.
Cada vez que o estado resolve fazer um investimento público, direciona dinheiro para esse investimento, mas também todos os recursos que esse dinheiro traz consigo, crédito, trabalho, amoritzação de maquinaria que não precisam de procurar outra ocupação porque está ali uma fácil. Aquela que teriam que procurar teria, com certeza, um valor económico real e adequado aos recursos que consumiria. O investimento público terá ou não, porque é governado por critérios muito próximos (senão lá) da corrupção e não por critérios de utilidade(mesmo que se façam aqueles estudos ridículos de custo-benefício).
O baixar do impostos, mais que deixar o dinheiro na sociedade, tira-o do estado. E tirando-o do estado, pára com os negócios fáceis e, certamente, com o consumo idiota porque mesmo deixando o dinheiro na sociedade este deixa de ter um fluxo fácil.

Rui Fonseca disse...

Caro Tonibler,

Grato pela atenção que lhe mereceu o meu comentário.

No entanto o que refere confirma aquilo que disse anteriormente:

" Há aqueles que dizem que os políticos só lá andam para se encherem e há aqueles que o confirmam recusando baixar impostos, para fazer investimentos "públicos"."

Isto é, segundo este seu critério, o investimento público deverá ser sempre evitado porque, implicitamente, serve (apenas?) "para os políticos (estes? todos?) se encherem.

Nestes termos, o critério do custo de oportunidade, que v. invoca, é mandado prioritariamente às urtigas.

Repare que eu não disse que estes (quais?) investimentos públicos se justificam economicamente ou não.

O que eu digo é que a questão da corrupção é um problema distinto (gravíssimo) da opção económica de investimentos (privados ou públicos).

Nunca trabalhei na função pública, nunca fui político ou nomeado por relações ou afinidades políticas. Nunca dependi do orçamento do Estado. E não é agora que vou mudar de condição.

Atrevo-me, portanto, a querer alguma imparcialidade na análise de assuntos que não me são de todo em todo alheios.

Em resumo: Bato palmas à redução de impostos; bato palmas sobretudo à redução da despesa pública. Mas,
em situação de contracção da actividade económica, tornam-se medidas anti-cíclicas. O investimento público nem todo é bom e muitas vezes é mau. Contudo, não penso que a redução de impostos nesta altura impulsione a recuperação da actividade através do consumo e do investimento privado. Impulsionará as importações e mais construção de casas para desabitação.

Salvo melhor opinião.

Rui Fonseca disse...

Leia pf

"São necessárias medidas anti-cíclicas. Nem todo o investimento público é bom e muitas vezes é mau."

e não o que lá está.

Pinho Cardão disse...

Caro Rui:
O meu posat foi sobre as palavras do Ministro, que prefere mais despesa em investimento público a menos impostos...isto para dinamizar a economia, segundo ele, claro.
O comentário que comentaste é marginal à questão, é apenas um comentário de ocasião, não tem importância, sem deixae de ser óbvio.
Quanto à frase do Mr. Faber, é uma caricatura com piada.A ser verdadeira, os EUA, a maior economia do mundo, nada produzia.