Continuo a série Mitos e Obstáculos que impedem o nosso desenvolvimento e a que aludi no Prólogo da mesma.
Começo por dizer que, se a despesa pública fosse virtuosa, nós seríamos um país rico.
Insiste-se na virtude da despesa pública como dinamizadora do crescimento económico. É uma falsidade. O crescimento da despesa pública é, pelo contrário, um entrave ao desenvolvimento.
Porque, esgotadas as possibilidades de mais endividamento, a despesa exige a apropriação excessiva pelo Estado de meios financeiros gerados pelos agentes económicos, com reflexos negativos na economia: diminuição da capacidade de investimento na aquisição de novos equipamentos e tecnologias, na inovação, na reestruturação e organização empresarial, em novas estratégias de marketing, ou na formação do pessoal, diminuição do consumo privado. E, em conjunturas de escassez de fundos, o desvio de valores avultados para o financiamento da despesa pública acaba por estrangular o acesso ao crédito para a actividade normal das empresas.
Há ainda evidências de que níveis elevados de despesa pública na UE27 não potenciam o crescimento, antes pelo contrário. Se olharmos para o peso da despesa pública e a evolução do PIB, no período entre 2004 e 2007, nos países da EU, curiosamente verificamos:
a) Que os 9 países que tinham um nível de despesa pública inferior a 40% do PIB tiveram um crescimento médio na ordem dos 6% a 7%.
b) Que os 9 países que tinham um nível de despesa pública entre 40% e 45,5% do PIB, tiveram um crescimento médio na ordem dos 3,5% a 4,5%.
c) Que os seguintes 9 países que tinham um nível de despesa pública superior a 45,5% do PIB, tiveram um crescimento médio inferior a 2,5%.
Ao menor peso de despesa pública correspondeu o maior crescimento do PIB
Ao maior peso de despesa pública, correspondeu o menor crescimento do PIB
Ao peso intermédio da despesa pública, correspondeu um crescimento intermédio do PIB.
Mas, mesmo que não se concorde com estas conclusões, uma, a mais minimalista, é inegável: a de que a despesa pública não foi factor de crescimento nos países da UE27.
É que estamos muito longe do tempo de Keynes, onde o nível da despesa pública nalguns países andaria pelos 10% do PIB.
Pelo que as medidas “Keynesianas” a adoptar seriam a da diminuição dos impostos e a da diminuição da despesa, e nunca cair no mito do aumento da desta última.
Começo por dizer que, se a despesa pública fosse virtuosa, nós seríamos um país rico.
Insiste-se na virtude da despesa pública como dinamizadora do crescimento económico. É uma falsidade. O crescimento da despesa pública é, pelo contrário, um entrave ao desenvolvimento.
Porque, esgotadas as possibilidades de mais endividamento, a despesa exige a apropriação excessiva pelo Estado de meios financeiros gerados pelos agentes económicos, com reflexos negativos na economia: diminuição da capacidade de investimento na aquisição de novos equipamentos e tecnologias, na inovação, na reestruturação e organização empresarial, em novas estratégias de marketing, ou na formação do pessoal, diminuição do consumo privado. E, em conjunturas de escassez de fundos, o desvio de valores avultados para o financiamento da despesa pública acaba por estrangular o acesso ao crédito para a actividade normal das empresas.
Há ainda evidências de que níveis elevados de despesa pública na UE27 não potenciam o crescimento, antes pelo contrário. Se olharmos para o peso da despesa pública e a evolução do PIB, no período entre 2004 e 2007, nos países da EU, curiosamente verificamos:
a) Que os 9 países que tinham um nível de despesa pública inferior a 40% do PIB tiveram um crescimento médio na ordem dos 6% a 7%.
b) Que os 9 países que tinham um nível de despesa pública entre 40% e 45,5% do PIB, tiveram um crescimento médio na ordem dos 3,5% a 4,5%.
c) Que os seguintes 9 países que tinham um nível de despesa pública superior a 45,5% do PIB, tiveram um crescimento médio inferior a 2,5%.
Ao menor peso de despesa pública correspondeu o maior crescimento do PIB
Ao maior peso de despesa pública, correspondeu o menor crescimento do PIB
Ao peso intermédio da despesa pública, correspondeu um crescimento intermédio do PIB.
Mas, mesmo que não se concorde com estas conclusões, uma, a mais minimalista, é inegável: a de que a despesa pública não foi factor de crescimento nos países da UE27.
É que estamos muito longe do tempo de Keynes, onde o nível da despesa pública nalguns países andaria pelos 10% do PIB.
Pelo que as medidas “Keynesianas” a adoptar seriam a da diminuição dos impostos e a da diminuição da despesa, e nunca cair no mito do aumento da desta última.
18 comentários:
As medidas “keynesianas”
com a actual conjuntura,
são tentativas levianas
que agravarão a factura.
O emagrecimento estatal
de um Estado volumoso,
é um valor fundamental
para ficar mais formoso.
É tamanha a voracidade
do monstro a engrandecer,
revelando a ferocidade
do nosso défice a crescer.
Eu nem consigo entender de que forma alguém consegue pensar o contrário. É matematicamente tão óbvio, tão óbvio, que me faz confusão como é que alguém pode ver isto como algo de opinativo. É como ter a opinião que o Sol anda à volta da Terra...
Eu também tinha a ideia de que a terra andava à volta do sol. Mas depois a comunicação ao País do passa dia 29,confesso que fiquei com dúvidas...
Caro Manuel Brás:
Ficamos orgulhosos pelo facto de o 4R continuar a ser uma forte musa inspiradora para um vate tão insigne
Caro Tonibler:
Mas olhe que os espíritos que nos governam , os Grandes Economistas e pelos Grandes Políticos, Analistas e Comentadores ainda não chegaram lá...
Caro António Transtagano:
Vejo que a frequência do 4R lhe tem feito bem. Um transtagano com tanta certeza, agora com dúvidas?
Vai no bom caminho. Daqui a uns dias, verificará que passa a ver mais claro!...
Caro voz a 0 db:
Os valores que dá para o aumento do PIB referem-se provavelmente ao aumento nominal.
Porque os acréscimos reais foram:
2003 -0,8%
2004 +1,5%
2005 +0,9%
2006 +1,4%
2007 +1,8%
2008 0%
(Fonte: BP)
Sem dúvida. Era só para precisar!...
Em minha opinião, Caro Dr. Pinho Cardão, não me parece possível separar estado de economia?
Por outro lado, ao estado a que a economia chegou, parece-me que sem despesa pública, o problema de desemprego é possível que viesse a piorar. O ideal em termos ideológicos, seria que o estado regulasse apenas as actividades económicas e reduzisse ao indispensável a sua despesa, mas isso... sabemos bem que é uma irrealidade que nem podemos esperar que venha a ser uma utopia.
Pois, mas sabe que é difícil resumir, presumo eu, a teoria económica de Keynes em meia dúzia de slides de Powerpoint. Logo, a percepção do "ingenheiro" não pode ir muito além de meia dúzia de buzzwords que decorou para impressionar o povão e a CS basbaque (que pouco ou nada percebe da ciência da coisa), alicerçando todo um programa político e rumo para o país num punhado de ideias desconexas. Se calhar alguém lhe deveria ter falado do contexto, mas isso são pormenores ("and the devil is in the details", certo?)
"Cherry picking" daquilo que lhe interessa para justificar um endividamento ainda maior o país e aumentar a influência (nefasta) do Estado na economia, favorecendo novamente o mesmo pequeno círculo de interesses privados bem instalados.
O que vale é que o Benfica vai continuando a ganhar ;-)
Caro Bartolomeu:
O Estado financia a despesa pública através de impostos e, quando estes não chegam, como é o caso português, através da dívida pública.
Os Impostos em Portugal estão já nunm nível excessivamente elevado e o seu peso tem vindo a crescer todos os anos. De modo que qualquer cêntimo pago em impostos afecta o investimento privado em equipamentos , normalmente dirigido a bens transaccionáveis, ou em organização empresarial, prejudicando inegavelmente a competitividade. E prejudica também o consumo privado. Nestes termos, o Estado não acrescenta valor a cada cêntimo retirado às empresas ou aos particulares, antes lhes faz perder valor.
Porque o Estado não questiona a produtividade dos serviços, lançar mais dinheiro nada resolve, apenas coloca a despesa num nível superior. Nunca vi o Estado prestar o mesmo serviço com menos dinheiro, nem melhor serviço com dinheiro igual.
A outra forma de financiamento da despesa é através da dívida pública. Através da dívida o estado pode ter uma acção positiva na economia, se os investimentos forem criteriosos. Acontece que esta tem acelerado nos últimos anos e estamos a chegar a um limiar crítico, porque o risco e os juros aumentam e tem que ser reembolsada. E em vez de acrescentar valor, está a drená-lo para o estrangeiro.
Claro que há uma terceira via, que é o endividamento sem pagamento. Alguns países já experimentaram o método, mais recentemente a Argentina. Nos primeiros tempos é bom; depois, dá o que dá.
Por vezes penso que é o que se pretende para Portugal.
E já nem falo no travão que os financiamentos da dívida colocam ao financiamento dos investimentos das empresas.
E são os bens transaccionáveis que estas produzem que nos mantêm, não os espavenmtos do Estado.
Penso eu de que...
Caro Rúben Correia:
Pois aí está uma boa observação. Mas com um "mas" muito grande, o Benfica!...
Aliás, há grande semelhança entre o Benfica e Sócrates: ambos prometem muito e vendem ilusões todos os dias e em todas as televisões.Apresentam-se em Portugal como grandes vencedores.
Todavia, a CE levantou a Portugal um processo por défice excessivo, tal como tinha levantado no último Governo de Guterres.
E o Benfica bastou ir duas vezes ao estrangeiro para mostrar uma realidade bem diferente...
Enfim, um adepto azul e branco ainda vai tendo a suas compensações. Mas os verdes e os vermelhos, Senhor?
Sans rancune...
Caro Dr Pinho Cardão (19:37)
Pior do que não perceber é fingir que não se percebeu...
Caro Dr. Pinho Cardão, eu, não penso o contrário de que... V. Excelência.
Porem, tenho a sensação de que estamos a avaliar somente a cobertura do bolo, e não estamos a dedicar atenção ao recheio, nem à massa.
Diz o caro Dr. no 2º parágrafo do seu comentário, 3 verdades com que concordo em pleno: Os impostos estão excessivamente altos. Qualquer cêntimo pago, reduz a capacidade de investimento e o consumo privado.
Quanto à necessidade absoluta de competitividade, sou céptico caro Dr. É obvio que este cepticismo pode demonstrar falta de visão evolucionista. Sem competitividade não poderá haver desenvolvimento e crescimento, sem estes não haverá certamente emprego, nem riqueza.
No meu ponto de vista, a competitividade labora num erro, semelhante ao daquele cão que corre infinitamente à roda, tentando morder o próprio rabo.
Na minha visão "economicista" o estado tem que desempenhar um papel de regulador em tudo. Na economia, na formação, na saúde, em tudo, sem no entanto ser protector. De uma forma mais simplista, o estado deve assumir uma posição que não permita abusos, a maioria dos quais foram gerados pela livre concorrência. Dir-me-à certamente que sem livre concorrencia, toda a actividade ficaria estagnada. É o que temos neste momento. O país estagnou, fruto de toda uma conjuntura que não consegue saír do circulo que a estrangula, mas onde continua a girar. A questão dos investimentos criteriosos por parte do estado, é mais um garrote que nos todos temos à volta do pescoço e do qual não temos forma de nos livrar a não ser pela tomade de consciência daqueles que nos governam. Preocupante è sem sombra de dúvida a questão que o caro Dr. P.C aflora e que tem a ver com a dívida pública e o sobre endividamento das famílias, o qual, só por si justifica de certa manieira aquilo que deixei escrito no primeiro parágrafo.
Quanto À sua última afirmação, caro Dr. bem queríamos poder pensar de outro modo, seria uma réstia de esperança, mas na verdade, temo que seja literalmente como diz, o que é até talvez mais preocupante que a dívida pública e remete-nos para um limiar abaixo da sobrevivência.
Mas porque é que a Drª Manuela Ferreira Leite não veio ler a opinião dos autores do 4R, antes de iniciar a campanha???
Caro Bartolomeu:
A economia não é uma ciência exacta, não é como a química, por exemplo, em que se mistura oxigénio e hidrogénio e sai água.
Mas, depois de muitas experiências feitas, a economia também permite saber que em determinadas circunstâncias de temperatura e pressão(em determinada conjuntura)as combinações dão um resultado e noutras circunstâncias dão resultado diferente. E também que determinadas combinações de elementos dão invariavelmente explosão.
Em Portugal, tem-se insistido naquelas que invariavelmente dão explosão. Por isso, Portugal não cresce, está sempre em contra-ciclo, porque, desperdiçando sempre os bons ventos, nunca está em condições de reagir quando vêm os maus.
Assim, até admitiria um reforço de bom investimento público se estivessemos em condições de o suportar, isto é, se o mesmo não coarctasse o investimento e o consumo privado através dos impostos(situação que, na melhor das hipóteses tornaria neutro o efeito do investimento público), e se houvesse folga para maior endividamento. Mas não acontece nem um nem outro caso.
Quanto à competitividade, ela é um dado. Se uma empresa não for competitiva, não vende.E, para ser competitiva, tem que investir em tecnologia, em formação, em organização. Tem que ter pessoal motivado e bem pago. Daqui não saímos.
Um amigo meu catastrofista e crítico da produtividade por razões ideológicas, diz que o limite da produtividade trará a redução do emprego a zero e a substituição integral do homem pela máquina. Teríamos uma produção através de robots sem interferência humana.
Como a teoria assenta em bases bastante débeis, a meu ver, pois lá teremos que ser competitivos.
Caro António Transtagano:
O meu amigo agora fala por enigmas...
caro Pinho Cardão,
Economia é uma ciência exacta. Os economistas é que insistem em ignorar o facto porque é mais fácil viver na filosofia especulativa.
Caro Bartolomeu:
Pergunta por que razão a Drª MFL não veio inspirar-se ao 4R.
Boa pergunta.
Eu diria que as boas coisas que disse foram inspiradas aqui pela Quarta República. Mas ninguém é perfeito, embora a Drª MFL se aproxime da perfeição. E, dada a imperfeição humana, não levou tudo em linha de conta...
Mas, se continuar a ler o 4R, podemos ter esperança que mais sugestões serão acolhidas.
É o que inevitavelmente acontecerá ao ANTÓNIO TRANSTAGANO,NOSSO COMENTADOR, SE NOS CONTINUAR A FREQUENTAR. Não tardará, teremos nele um autêntico social-democrata, se não mesmo um liberal!...
E a frase do dia é:
"EMBORA A DRA. MFL SE APROXIME DA PERFEIÇÃO"
Caro Dr. Pinho Cardão (10:50)
Por enigmas? Ó Dr. Pinho Cardão, será que não consegue ver para além dos números e das estatísticas? Francamente, não esperava isso de si!
(11:02)
Autêntico SOCIAL DEMOCRATA fui-o sempre! Vejo que nada aprendeu com o post que há dias fiz a propósito do quadro partidário português!
Sinteticamente: PS, partido da social democracia; CDS/PP, partido da direita democrática; PPD/PSD, partido da direita "envergonhada", destinado a desaparecer, por OPA do CDS/PP!
Caro António Transtagano:
Sentido de humor não abunda por essas bandas. Por isso, posso concluir, pelo valor nominal do que escreve, que, pelo menos em matéria de números e estatísticas, a Drª MFL se aproxima da perfeição.
Mas falta de humor não é a pecha maior. Pior, é tomar muito a sério o que diz.
Claro que há uns milhões de cidadãos da direita envergonhada que votam no PSD. O pessoal anda muito envergonhado, de facto.
E provavelmente da direita e da esquerda desavergonhadas que votam nos outros partidos...
Caro Dr. Pinho Cardão
Por enquanto ainda são alguns (já foram mais). Mas como "natura non facit saltus" (tudo é gradual), "omnis laus in fine canitur", isto é, no fim é que se cantam as glórias!
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