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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Estabilidadezinha" ou "paz podre"?

1. Desde que entramos no novo ciclo político com o desaparecimento da maioria absoluta, quer influentes comentadores políticos quer mesmo figuras do Estado têm apelado à necessidade de “estabilidade política” bem como ao sentido de “responsabilidade” dos partidos da oposição para que não obstaculizem e muito menos inviabilizem a acção do Governo - porque isso é reclamado por um diáfano conceito de “interesse nacional”.
2. Alguns desses apelos ou avisos vão mesmo mais longe e incluem uma velada ameaça aos partidos da oposição: se não se comportarem como “bons meninos”, se criarem dificuldades ao Governo – sejamos claros, se fizerem oposição – arriscam-se a levar com uma maioria absoluta a seguir...
3. Confesso que me impressiona bastante a imaturidade democrática que estes discursos encerram...acabou a maioria absoluta e vamos continuar a viver como se ela subsistisse? Ficamos assim com tantas saudades da maioria absoluta? O veredicto popular torna-se subitamente irrelevante, sendo substituído pela opinião destas vestais do regime que parecem detestar tudo quanto possa parecer politicamente menos correcto? Onde está a sua tão auto-propalada convicção democrática?
4. Bem ao contrário das opiniões destas vestais, parece-me que o bom funcionamento da democracia reclama que os partidos da oposição desempenhem cabalmente o seu papel, apontando os erros às políticas do Governo e sugerindo alternativas claras para as opções fundamentais dessas políticas.
5. Parece-me inequívoco que essa é a verdadeira responsabilidade dos partidos da oposição, responsabilidade perante aqueles que neles votaram e responsabilidade também perante o País. Os seus representantes no Parlamento não foram eleitos para abanar a cabeça às iniciativas do Governo ou para fazer de conta que não percebem o que se passa sempre que discordem dessas iniciativas – isso seria demitirem-se da sua responsabilidade, isso é que me pareceria contrário ao tal “interesse nacional”.
6. O pior que nos poderia acontecer seria entrarmos num período de permanente invocação da necessidade de estabilidade – “estabilidadezinha” seria a expressão mais apropriada – criando-se um ambiente de “paz podre”, em que todos em surdina dirão mal do que se passa mas ninguém ousa enfrentar abertamente, pondo em causa os erros ou vícios que possam afectar a qualidade das medidas de política com receio de ferir a tal “estabilidadezinha”.
7. A discussão do próximo OE/2010, dentro de cerca de 3 meses irá constituir, neste quadro, um importante teste ao estado da democracia portuguesa. Veremos se os partidos da oposição vão ser capazes de apontar o dedo aos sérios equívocos da política económica e de sugerir soluções alternativas, começando pela necessidade de maior transparência na apresentação de contas e clarificação de fenómenos endémicos de “desorçamentação”.
8. “Estabilidadezinha” ou “paz podre” não, obrigado!

31 comentários:

SC disse...

Caro Tavares Moreira,
Tudo se resumirá à sua frase: "... o bom funcionamento da democracia reclama que os partidos da oposição desempenhem cabalmente o seu papel, apontando os erros às políticas do Governo e sugerindo alternativas claras para as opções fundamentais dessas políticas."
Porque o povo português não percebeu as alternativas com clareza é que deixou ficar tudo na mesma, isto já sabiam o que era, incluindo as trapalhadas e apesar delas.
Voltemo-nos, agora que já elegemos o governo, para a oposição, exigindo rigor e clareza para ver se a prazo arranjamos alternativa.
É também o nosso dever como cidadãos.

António Transtagano disse...

Como bem se vê, o autor deste Editorial ainda não digeriu os resultados eleitorais!

"Estabilidadezinha" ou "paz podre"?

Estes termos dilemáticos relevam, salvo o devido respeito, de uma visão maniqueísta da política, no quadro parlamentar resultante das últimas legislativas.

O meio termo não existe aqui. Para o editorialista parece não haver lugar à Estabilidade. Só à "Estabilidadezinha" ou à "paz podre" !

E o mote do seu discurso é aquilo que influentes comentadores (quais?)profetizam e mesmo figuras do Estado que não identifica!

Fica-se, então, pelo "diz-se que diz-se".

Depois, diz-se impressionado com a "imaturidade democrática que estes discursos encerram..."!

Sendo certo, digo eu, que não conhecendo em concreto os discursos a que se refere,o que posso dizer é que ouvi pronunciamentos em várias direcções.

O que se adivinha deste editorial é que o autor está mesmo preocupado com a possibilidade do Governo cumprir a legislatura.

É que, Dr Tavares Moreira, nem o Governo porá em prática todas as medidas do programa eleitoral (não sou bruxo mas atrevo-me a prevê-lo) nem certamente cairá no logro de governar com o programa das oposições.

Nesta coisas,como em tudo na vida, é sempre melhor esperar para ver.

E como seria se o PSD tem ganho as eleições com maioria relativa?

Teríamos também a "Estabilidadezinha" ou a "paz podre"?

A bem da ESTABILIDADE e não da "ESTABILIDADEZINHA", a responsabilidade é de todos: do Governo e dos Partidos da Oposição!

E não adianta salivar quando a perdiz ainda está no monte...

Manuel Brás disse...

A “rafeirice” política
da nossa democracia
é de base monolítica
fedendo a iliteracia.

A milhas da gravidade
dos problemas nacionais,
revela-se a passividade
de políticas irracionais.

O cheiro a terra queimada
na democracia lusitana,
agrava a doença inflamada
de um nação pobretana.

Os problemas endémicos
parasitam a sociedade,
como vírus pandémicos
toldados de voracidade.

O interesse nacional
de palavras encarecidas,
é pura ética ficcional
de pazes apodrecidas.

Bartolomeu disse...

Oh meu amigo Trans Tag Ano (desculpe a brincadeira com o seu nick, não pretendo ofender, mas sim realçar, acho-o simpático e carismático). Continuando o meu comentário: O comentário do meu caro "desembrulhador de leis" fêz com que polilesse a postagem do Dr. Tavares Moreira e, acabasse concordando com alguns dos seus pontos de vista (leia-se críticas), considerando no entanto outros, absolutamente desenquadrados. Concordo por exemplo com a sua afirmação do "diz-se que diz" e com a sua previsão de o governo não cumprir o programa próprio e muito menos o da(s) oposição(ões). Até porque não é um apanágio deste governo socialista, dar atenção às opiniões e sugestões veiculadas pela oposição.
Em contrapartida a(s) oposição(ões) que este governo já teve e tudo indica irá continuar a ter, são muito "omissas" em efectivas soluções para os problemas de governação e, pródigas em mesquinhas desavenças e birrinhas de putos mimados.
Aquilo que se tem verificado, até agora, caros Dr. Tavares Moreira e António, é que, por sistema, executamos muito mal aquilo que muito bem pensamos. O que nos leva a por vezes desejar que não exista maioria e outras, dar-mos tudo de uma abada a alguem que nos soube impingir a banha-da-cobra.
A bem da verdade e não atribuindo à consideração do Dr. Tavares Moreira o valor de hipocrisia, parece-me tambem que o ambiente é de estabilidadezinha, ou de uma falsa paz. Contudo, parece-me improcedente valoriza-lo e dar-lhe notoriedade, antes sim e aqui caberá aos partidos da oposição demonstrarem a sua boa fé e o seu sentido de estado e de nacionalidade, desmontar essa imagem e... colocar nas maãos do governo a responsabilidade de governar, cumprindo, como muito bem assinala o Dr. Tavares Moreira a tarefa que cabe a cada um e... para a qual se propuzeram.
SIM! Porque cada partido e cada candidato, concorreu com a firme consciência de que poderia ser eleito "tambem" para ser oposição.
Só quando as legislativas passarem a ser divididas em: para governo e para oposição, é que os candidatos se poderão propor previamente para uma ou outra eleição, até aí meu amigo... é pró que der e vier. Seja o que fôr é importante e dígno que seja encarado e desempenhado com a responsabilidade e honestidade merecidas e desejadas.

António Transtagano disse...

Não tem que me pedir desculpa, meu caro Bartolomeu, pelo desdobramento do meu nick: Trans Tag Ano. E se me fosse permitido juntar à nossa a língua de Goethe, então o meu nick estaria para além do dia e do ano: teria uma dimensão intemporal, quase um Deus!

Bartolomeu disse...

Quanto À intemporalidade da onomástica... permita-me meu bom amigo, que cite Napoleão (aquele megalómano que usava o bivaque de ladecos e tinha a mão direita sempre gelada, talvez devido a problemas de circulação)“Não há imortalidade que não seja a lembrança que deixamos impressa na memória e na mente da Humanidade!” Quanto ao endivinamento, permita-me que cite Anatole France:
Com que direito os deuses imortais rebaixariam um homem virtuoso ao ponto de o recompensar?
;)))

Adriano Volframista disse...

Caro Tavares Moreira

Vamos ter paz podre.
A pirotecnia governamental tem limites e a situação económica e mundial, não vai permitir que a ilusão se mantenha por mais do que seis/sete meses.
Quando tentamos tapar a realidade fechando a porta, ela entra-nos pela janela....
Como os partidos não querem derrubar o governo, nem parecer que estão a colaborar (salvo se puderem retirar dividendos), vamos seguir na ambiguidade pouco saudável.


Cumprimentos
joão

António Transtagano disse...

Não só a graça, como a erudição!

Que seria deste blog, Bartolomeu, sem a sua participação?!

Adriano Volframista disse...

Caro Transtagano

Sobre o seu post e subsídio para compreender o que escrevi.

a) Estabilidade, no contexto do actual parlamento (AR), sgnificaria uma aliança política do partido maioritário, com um, ou dois dos restante partidos na AR. A solução escolhida:governar em equilíbrio é, inerentemente, instável do ponto de vista político.
b) Num contexto de vacas gordas, ou de possibilidades reais de crescimento futuro (1983-1985), a estratégia é viável. Em casa rica, as discussões são sobre minudências e bem educadas.
c) Num contexto de vacas magras, os efeitos económicos da estratégia escolhida são quase suicidários. O partido do Governo não encontrará apoio para realizar os ajustamentos necessários para poupar, nem para aumentar o endividamento externo, para financiar os gastos.
Não estou a ver nenhum partido a partilhar os ónus dos ajustamentos e a alienar os ganhos. Os tempos não estão para as uniões de facto "à lá" limiano: os riscos de ficar com a fama sem proveito são muito grandes.
d) Em Portugal, na grande maioria dos casos, a culpa morre solteira; neste momento, quatro partidos querem fazer com que ela case com o PS, ao passo que o PS quer a culpa fique solteira, promovendo a ideia que ela (a culpa) dormiu com todos. Em nenhum caso, os partidos (todos), querem verem-se associados a uma senhora tão sobejamente conhecida...

Agora percebe porque acho que vamos para a tal paz podre que é um dos termos da interrogação do Dr Tavares Moreira.

Cumprimentos
joão

PS.:
Só a nossa peculiar idiossincresia como povo, permite não nos rirmos com o vaticínio que este governo dura uma legislatura completa.
Eu, pessoalmente, não sonho, pelo que nem sequer tenho pesadelos com essa ideia.
Cumprimentos
joão

António Transtagano disse...

Da ilusão se tem vivido por parte de uma certa oposição. Nem sete meses chegarão para pôr a casa em ordem. E se alguma coisa aparecer antes, não será mais que um prematuro, a carecer de cuidados intensivos!

Bartolomeu disse...

Antes de eu cá chegar, caro António, o 4 R já era um blog de excepcional interesse, foi por isso que aqui passei a residir.
Depois, e dado o fraternal acolhimento que foi dado à "excentricidade" e por vezes inconveniência, dos comentários que por cá fui semeando, verifiquei o incontestável espírito democrático que norteia os simpáticos e carinhosos autores do 4R.
"Isto"... a bem dizer, é mais ou menos como nas régias cortes de antanho, em todas elas residia um bobo, que tão depressa fazia com que damas e cavalheiros se alegrassem, como a seguir fazia com que roborescecem. Mas nunca se olvidando a sua condição de bobo.
;)))

Bartolomeu disse...

Penso que ruborescer deveria ter sido escrito de outro modo, talvez trocando a vogal fechada pela aberta.
Talvez...

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Transtagano disse...

joão (16:14)

Dr. Tavares Moreira:

Compreendo o sentido das explicitações que fez neste seu post.

Mas deixe-me historiar um pouco: ao nosso sistema político-partidário que nasceu de um entorse revolucionário correspondeu, no plano eleitoral, o chamado método de Hondt, instituído justamente para evitar a maioria absoluta de um só partido. Isto gerou outro entorse, só ultrapassado em certas circunstâncias muito especiais pela excepcional sageza do povo português e, ainda assim, contra todas as expectativas dos chamados politólogos.

Por seu turno, a obtenção dessas maiorias absolutas "contaminou" os directórios partidários, levando-os a práticas políticas menos convenientes e desprezando toda e qualquer ideia de verdadeiro diálogo, de consensos e muito menos de coligações. As forças partidárias "endureceram", assistindo-se a um clima de crispação e de guerrilha.

O povo português sempre quis a estabilidade como referência e para além da éfemera coligação PS/CDS, apenas lhe foi "oferecida" a coligação do chamado Bloco Central (1983 se não estou em erro). Por conseguinte, em 34 anos de regime constitucional, há 26 anos que não há coligações(a limiana experiência foi mais uma perversão do que uma coligação ou de um acordo parlamentar).

Contrariamente, pois, ao que se assiste por essa Europa fora!

E porque o povo português gosta de estabilidade, castigou severamente o derrube do Governo minoritário de Cavaco Silva. Diga-se entre parêntesis que há quem veja neste Governo o melhor de todos quanto Cavco Silva chefiou! E ainda não chegara propriamente o tempo das vacas ricas e, aqui, discordo do Dr. Tavares Moreira.

Tomando o fio à meada: o povo português é muito sábio. Mal se apercebe que alguém "abusa" do poder que lhe foi confiado nas urnas, retira-lhes o poder absoluto. Estou a pensar em Sócrates e há-de pensar que estou a contradizer-me. Não estou. Sócrates foi castigado por ter passado a imagem de alguma sobranceria e de alguns "tics" de que o eleitorado não gostou! Mas foi também premiado porque não apareceu ninguém por parte das oposições (falemos claro, por parte do PSD) capaz de fazer melhor do que Sócrates fez!

O que tinha Manuela Ferreira Leite para oferecer aos portugueses? Uma mão vazia e outra cheia de nada! Tivesse o PSD um líder forte e um partido unido, credível e com propostas convicentes e, provavelmente, Sócrates poderia não ter ganho as eleições!

Esta é a realidade! E agora?

Ninguém quer casar com Sócrates. O PCP, o CDS e o BE não o podem fazer. O primeiro e último pela natureza das coisas. Impensável para o CDS porque já percebeu que poderá crescer à custa do eleitotorado do PSD e está a tratar da vidinha. Goste-se ou não de Paulo Portas, é um líder carismático e, como os gatos, tem sete folgos.

Resta o PSD, que também não quer coligar-se. De resto, a barafunda enorme que lavra no seu seio não lhe dá tempo para olhar para fora!

Este foi o ponto a que se chegou. Mas o povo deseja e quer a estabilidade, não a estabilidadezinha e,muitomenos, a paz podre. Como sair disto? Sócrates tem que governar e, como disse no meu post anterior, tendo que fazer algumas cedências, não pode governar com o «programa» das oposições.

É que, como disse no post a que respondo, ninguém quer casar nem viver em união de facto. É hábito a culpa morrer solteira... Pois é! Mas de quem é a culpa? Decerto que não é do povo. Será de todos os que têm responsabilidade partidárias. Porque não há-de Sócrates governar e haver estabilidade? Estamos mal habituados! Mas temos que nos habituar, Dr. Tavares Moreira!

Cumprimentos
António

António Transtagano disse...

Aconteceu uma "branca" no meu post imediatamente anterior: a AD 1980(bons tempos, o de Sá Carneiro) e a coligação PSD/CDS (2002/2005), esta última feita de enredos, abandonos,traições e muito de "irresponsabilidades"...

Apesar disso a substância do que dissera julgo poder manter-se.

Tavares Moreira disse...

Caro SC,

Tenho a noção de que o juízo que exprime é simples e correcto, vem de encontro à "tese" deste Post.

Caro Manuel Brás,

No seu "mode" poético, meu amigo vai deizendo todas as verdades...

Caro Bartolomeu,

Seus comentários são sempre bem-vindos e habitualmente ricos em ideias e imagens literárias bem sugestivas.
Este Bolg tem beneficiado muito da sua assídua presença, creia!

Caro João,

A paz podre que antevê como certa será o ambiente mais propício para uma queda prematura do Governo, corroído por dissenções internas...estou convicto de que o próprio Governo precisa de uma oposição forte para durar e tomar uma ou outra medida acertada!

Caro Paulo,

Muito perspicaz a sua análise, de resto sufragada pela Fitch em Setembro, agora pela Moody's e pelos que se vão seguir...
Lentamente a corda vai apertando, os que residem no círculo do poder convencem-se de que a corda é só para os outros mas lá chegará o tempo deles...

Adriano Volframista disse...

Caro Transtagno

Uma clarificação

Não sou o Dr Tavares Moreira, aliás, pessoa que estimo, mas que nem sequer conheço pessoalmente.
Nesse sentido, as clarificações que apresentei foram para o comentário post e não ao post que não é da minha autoria.

O seu úlitmo comentário ( ao meu comentário ao seu cometário) sugere-me as seguintes reflexões:

a) O facto da unidade monetária que utilizo estar fraccionada em doze avos, pode complicar as minhas contas, mas não impede de dar e receber troco. Nem sequer pode ser motivo para me impedir de realizar compras.
Serve o exemplo para dizer que não foi o sistema eleitoral português que é o responsável (primordial) da maioria relativa alcançado pelo PS em 2009.

b) Tenho alguma dificuldade em interpretar o sentido do voto das últimas eleições como do eleitorado pretender estabilidade. Nas anteriores eleições tinha já dado a maioria e, agora, não a deu. A década de 80 do século passado foi, grandemente marcada pela instabilidade decorrente de governos de minoria e, segundo julgo, a maioria do eleitorado português ainda se recorda (porque ainda não morreu), desse tempo; ergo, não podemos assacar a qualquer amnésia a decisão de retirar a maioria ao PS.

c) Não tenho qualquer indício que o povo português é sábio ou que demonstre uma qualidade especial para a sageza de decisões. Se o fosse estaríamos ao mesmo nível da Holanda ou da nossa vizinha Espanha e não estamos. (Recordo-lhe que temos um tamanho semelhante ao da Holanda e que, em 1975 estávamos com um rendimento ligeiramente superior ao da Espanha.)

d) Quer-me explicar o que é isso de quem tem a culpa da "culpa" morrer solteira? Olhe que só vejo uma resposta: povo português, a idiossincresia nacional.

e) Por último, que eu saiba, "os bons tempos" não me alimentam, isto é não saciam a fome. Posso ser o único a pensar deste modo, mas não me parece; pertenço, como mais alguns milhões, à espécie humana que, como qualquer outro mamífero, tem de se alimentar.

Cumprimentos
joão

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Transtagano disse...

joão (11:00)

Olhe que se não é, parece! É apenas um "alter ego". Percebo.

Quem anda por isto há muito tempo (não no 4R, evidentemente)sabe que os nicks escondem, por vezes, a mesma pessoa! Mas adiante.

Concluo, pois, das suas palavras que a culpa é do... Povo!

Quem assim pensa nem sequer se dá ao trabalho de se interrogar se a culpa será do povo se antes dos políticos!

Não obstante, quando opinam, falam sempre em nome do povo, interpretando aquilo que julgam ser o pensamento mais profundo dos portugueses! Por conseguinte, um bom exercício de hipocrisia...

Mas se o povo é o que é, como quer sair deste impasse? Mudar de povo? Obrigá-lo a aceitar, pela força, esta ou aquela proposta política?

E, depois, vai buscar os exemplos da Espanha e da Holanda.

O povo da holandês é melhor que o nosso. Pensa melhor e sabe escolher quem os governa. Logo o exemplo que foi escolher! Não ignora certamente que na Holanda a eutanásia (suicídio assitido) é permitida e está legalizada. E também os casmaentos "gay".

O que diz o PSD e, já agora, o CDS/PP sobre estes temas ditos fracturantes?

E quanto à Espanha: Também por lá proliferam os casamentos "gay". E actual situação económica está longe de ser famosa, com uma taxa de desemprego de 12,4% e um défice de 11%! Por cá, a taxa de desemprego rondará os 11% e o défice os 6,4%.

Tenho realmente pena de si. Não sendo rico, ainda se arranjam cá por casa umas boas açordas de bacalhau e umas excelentes tomatadas para lhe saciar a fome...

O Reformista disse...

Estamos cada vez mais perto da primeira República num cenário sem saída.
Estou a ouvir a Quadratura do Circulo na discussão se é o PS que deve adptar as posições da oposição ou se é a oposição que deve aderir às propostas do governo. Sobre se é o Governo ou se é a oposição quem deve ser responsável pela estabelidade.
Sobre se o gobverno sabe ou não governar em minoria.
Faz-me confusão toda esta discussão sobe uma coisa que não tem qualquer saída porque se perdeu o essencial: Em democracia o Governo deve ter o apoio da maioria e não apenas maior maioria.
Governar em minoria é uma impossibilidade ! Logo não se devia aceitra que acontecesse.
O que devíamos estar a discutir era : porque é que não temos uma coligação que suporte o Governo.

Dr Tavares Moreira
Peço-lhe que leia este texto em http://mocaok.blogspot.com/2005/01/questo-democrtica.html que publiquei no Povo Livre em 1999, coma aprovação de Durão Barroso, nua altura semelhante a esta em que se punha a questão de se o PSD devia deixar passar o 1º Orçamento de Guterres II ou votar contra.
Verá que a minha defesa de governos de Maioria não é de agora

António Transtagano disse...

Reformista (13:45)

"Governar em minoria é uma impossibiliade!" "Logo não se devia aceitar que acontecesse."

Segundo referiu, o que devíamos estar a discutir era "porque é que não temos uma coligação que suporte o Governo".

Passe a imodéstia, já o disse no meu post das 22:26!

Mas se não se pode governar em minoria, só há uma forma de agir: dissolver o parlamento e convocar eleições, tantas vezes quantas as necessárias até aparecer a desejável maioria, de preferência do PSD.

Ah! esquecia-me de outra possibilidade: um Putsh. E aí teríamos a quarta República!

Catarina disse...

Sem tentar desviar a atenção da essência do editorial, alguém me poderá explicar qual a relação entre a situação económica de um país (abordada em alguns comentários) e a eutanásia e os casamentos gay? – ou foi só “um aparte”?

António Transtagano disse...

Que fixação a sua, Catarina, nos comentários que faço neste Blog!

Diz ser uma mulher madura mas "está muito verde" para entrar nisto!

Não alcançou!

Compreende-se: quer agradar, ser simpática para com os autores do 4R. Mas terá ainda que tomar muita papa maizéna, como dizia o ex-ministro Pinho!

Tavares Moreira disse...

Caro Reformista,

Respeito a sua opinião quanto à (in)viabilidade da fórmula "governo minoritário", embore não concordando no essencial.
Na minha opinião um governo minoritário pode ser viável se for reconhecidamente competente e souber negociar...
Mas quando a "minoria" (no sentido = escassez) atinge também e de forma dramática esses atributos,compreendo melhor a sua "angústia"...

Cara Catarina,

Relação quase insondável essa, apenas acessível porventura a espíritos arqui-iluminados...

Catarina disse...

Fixação coisíssima nenhuma!
Apenas uma pergunta formulada com a maior das canduras!!

A resposta foi decepcionante e talvez ofensiva, o que, na verdade, não esperava, nem tão pouco do António.

A partir deste momento, tal como uma “menina caprichosa”... perdão “verde”... ignorarei quaisquer comentários que faça sobre qualquer editorial. Acrescento, todavia, que até agora foram lido com muita atenção e quando não perniciosos, até suscitaram a minha admiração.

Estou em crer, mesmo assim, que frente a frente, o senhor não seria tão antipático para comigo! Ou então, seria o primeiro cavalheiro a sê-lo... sem qualquer presunção da minha parte, acredite!

Boa tarde!

António Transtagano disse...

Dos que não entendem, será deles o reino dos céus!

Mas quanto eu não compreendo aqueles que, percebendo, fazem de contas que não entenderam...!

António Transtagano disse...

Mais do que "perniciosos", são heréticos e blasfemos! Não trago comigo a "santidade". Ai de mim!

Adriano Volframista disse...

Caro Transtagano

Vamos finalizar esta troca porque, manifestmente, estamos em comprimentos de onda diferentes. Como sucede com uma parte dos nossos compatrioras não sabe destrinçar equívocos de dúvidas. Passemos a explicar:

a) Vejo que o Transtagano pode ter andado de barco, mas não é um marítimo. Se fosse percebia que, quando estamos a navegar estamos todos na mesma embarcação, pelo que de nada nos vale andar a culpar, porque arriscamos a ir ao fundo. De uma maneira ou de outra, somos todos responsáveis.

b) O facto de não concordar com as ideias de outra pessoa, não me leva a querer assassiná-la, nem, muito menos, a querer mudar a mesma. O resultado das legislativas de 2009, não permitiu que um partido alcançasse a maioria; ora quem vota (que eu saiba) é o povo; os partidos não desejam coligação; o efeito é instável: não sei o que se poder retirar mais do enunciado. Psicanálise só a indivíduos, não a colectividades, pelo que não descortino como vamos poder "descobrir" o sentido profundo da vontade do povo. O voto é uma cruz num pedaço de papel...não um teste de Roscharch.

c) Sinceramente não percebo qual a relação da legalização do casamento de maricas com o desenvolvimento económico. Sobre a segunda parte da interrogação, quer-me indicar uma lista de países com os quais nos devemos comparar por forma a servirem de controle de avaliação?
Já agora, a taxa de desemprego em Espanha é de 20% e o defíce é de +/- 9.5%. A "pequena" diferença é que eles (espanhóis) têm uma dívida que é 45% do seu PIB e nós já vamos em 70/75%.

d)Não disse que tinha forme, mas sim que não me alimentava de "bons tempos". O senhor fazia melhor em se envergonhar com os 40.000 idosos que passam fome por falta de meios ou os 350/450.000 que recebem o complemento solidário de reforma... Há bricncadeiras que alêm de serem infantis são de muito mau gosto

Cumprimentos
joão

António Transtagano disse...

joão (16:51)

Quando a conversa não lhes agrada tratam logo de pôr termo à mesma. Não é novidade. Ainda há muito pouco tempo aconteceu isso, de modo muito semelhante, embora de forma ainda mais brusca.

"Como acontece com uma parte dos nossos compatriotas, eu não sei distinguir equívocos de dúvidas"!

Dispensa-se a "explicação".

Para mais vinda de quem usa argumentação sofismática. As alíneas b) e c) do seu post não são mais do que sofismas. E relevam não só de intolerância como da maior "cegueira" política. Já vi que, para si, maioria só a absoluta! E sempre que o povo votante não dá maioria absoluta, no mínimo, no mínimo, equivoca-se.

Não pode fazer psicanálise a colectividades, só a indivíduos uma vez que o voto mais não é do que uma cruz num pedaço de papel.

Verdadeiramente notável! Falou em psicanálise? E falou bem! Freud poderia bem ajudá-lo.

Falei dos casamentos gays ou maricas, se preferir, e falei também da eutanásia (suicídio assistido).Como fingiu que não percebeu o que eu quis dizer, vou-lhe explicar agora.

Evidentemente que estas questões fracturamtes nada têm que ver com o desenvolvimento económico. Mas têm a ver com temas políticos que em algumas sociedades foram objecto de discussão e de aprovação. Esses temas integraram programas de partidos políticos. E foram votados pelo povo holandês, no seu entender bem mais sábio do que o nosso (alínea c/ do seu post das 11:00). Mas o que está em causa é a postura política do PSD (mais uma vez falemos claro). Nós não podemos olhar para o PSD, para os liberalões do actual PSD, em matéria económica, sem olhar o conjunto de propostas fora dessa área. E aí são do maior conservadorismo que imaginar se pode! Não é apenas por causa dos gays, é pela eutanásia que não admitem; é na questão do divórcio e em tantas outras, raiando mesmo o reaccionarismo intolerante (o casamento é para procriar!).

Não é, pois, muito sério chamar a debate o povo holandês por contraponto ao néscio povo português!

Se quer que lhe diga, ao contrário da eutanásia, os casamentos gays são-me indiferentes. Considero, até que a exigência dos gays mais não é do que um preconceito burguês ao permitir e desejar intervenção do Estado naquilo que há de mais íntimo na vida das pessoas. Conheci e conheço muios casais hetero que viveram e continuam a viver em união de facto por não reconhecem ao Estado e muito menos à Igreja o direito de intervirem nas suas vidas.

Mas uma coisa são os nossos sentimentos pessoais e as nossas sensibilidades,outra coisa será não atender às sensibilidades dos outros. E nesta matéria, no dia em que se legislar sobre eutanásia ou sobre casamento de homosexuais, aí teremos o PSD a varrer a testada!

Se e quando isso acontecer, o povo holandês é chutado para canto! E estou mesmo ouvi-los dizer: querem matar os velhos (eutanásia) ou o casamento é para procriar (gays)! Percebeu agora?

Quanto à alínea d) do seu post: levou mesmo à letra as açordas de bacalhau e as tomatadas? Com franqueza! O que vai na sua cabeça! E os 40.000 idosos que passam fome por falta de meios! E as brincadeiras infantis que eu não tenho!

Termino com um conselho:leia Freud,leia!

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Catarina disse...

Caro Paulo

Obrigada!!!! (:-)