Lá estamos nós outra vez em estado de choque. Acontece sempre que uma notícia é ilustrada com números, pelos vistos a única forma de entendermos a realidade, mesmo quando ela já nos tinha entrado pela casa dentro, e pela do vizinho, dos primos, dos amigos. Com números é outra coisa e aí estão eles: mais de 100 licenciados deixam o País todos os meses. (p.20 e 21 do 1º caderno do Expresso de hoje). Dá direito a uma entrevista ao Presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional e a mais umas entrevistas a alguns dos jovens emigrados e ainda a mais uns quantos números, entre os quais avultam o do desempregados com formação superior (48 850), o dos que estão nos call center ou como empregados de balcão ou de mesa (44 700) e mais umas quantas novidades.
Curioso que pensei que o que era mesmo essencial era discutir, alínea por alínea, as alterações ao Código do Trabalho, flexibilizando. Não me lembro de ter então ouvido alguém perguntar qual o impacto na competitividadedas empresas que contratam jovens qualificados a recibo verde, anos a fio. Também deu uma grande polémica o impacto da fixação do salário mínimo. Não me lembro de alguém ter perguntado a vantagem das empresas que pagam 500 euros, ou menos, ou mesmo as que admitem “estagiários” de borla, até ao limite da decência.Podemos ainda lembrar como de vez em quando há uma gritaria sobre o número de vagas para cursos sem saída profissional, porque é que não metemos estas universades na ordem? Pois o problema é que os nossos emigrados são cientistas, dentistas, enfermeiros, sociólogos, arquitectos, gestores, professores, psicólogos, engenheiros, criativos, juristas, artistas...
Mas lembro-me do que contam os muitos jovens que passam por cá de vez em quando, a matar saudades do sol e da família (por esta ordem), e que falam do acolhimento nos novos empregos, na formação, no ordenado, na inscrição nos centros de saúde, no tempo para a vida pessoal, na dinâmica que conhecem no trabalho.
Lembro-me da jovem publicitária que tinha entrado para o quadro de uma empresa das melhores nesta área, depois de 2 anos a recibo verde. Foi despedida de um dia para o outro, ao fim de um ano. Procurou durante 6 meses novo emprego, apresentando o seu curriculo já muito interessante. Foi admitida a recibo verde numa empresa pequena, a ganhar 400 euros e a trabalhar sem horário, onde ficou, desesperada e sem qualquer indicação sobre o valor do seu trabalho, mais de um ano. Por sua iniciativa, e com outro amigo nas mesmas circuntâncias de entregue à sua sorte, concorreu a um concurso, de referênca internacional, de jovens criativos e ficaram em 1º lugar. Vi a notícia num pé de página qualquer, página essa que dava relevo aos muitos e meritórios prémios que outras figuras já conhecidas no mundo tinham ganho. Logo ali recebeu vários convites de empresários atentos a estes meios, para ir trabalhar para outro País, mas ela acreditou que aqui seria finalmente acolhida com algum interesse, podia ser que assim lhe dessem uma oportunidade, apesar de tudo gosta de surf e do sol, já tinha casa, sempre preferia ficar.
No trabalho dela nem os parabéns lhe deram, não só ignoraram em absoluto o galardão como sentiu frieza por parte dos colegas, com receio de que o prémio lhe desse a infeliz ideia de que poderia passar-lhes à frente. Do patrão, nem uma palavra, das outras empresas, nem um convite.
Está longe, já que ia para fora quis ir para o mais longe possível, ganha muito bem e sobretudo, dão-lhe asas para voar nos seus talentos e na sua criatividade.
Lembro-me de outra que está na Holanda há mais de dois anos e cuja ONG onde trabalha teve que suspender a actividade, por falta de fundos devido à crise. Como esperam recuperar esses apoios no fim do ano, arranjaram-lhe colocação noutro lado, nas mesmas condições, desde que prometa que regressa para eles logo que possível. A explicação foi simples: “We don’t want to loose you”.
E podia contar muitas e muitas destas histórias, ouça-os quase todos os dias, tantas vezes quantos os jovens que conheço e se foram embora e chamam ainda outros para se lhes juntarem.
Por cá, vamos então debater o Código do Trabalho, ou outro Código qualquer, o nosso problema é mesmo o excesso de garantia no emprego, é mesmo por isso que as empresas estão atrofiadas ou então vamos lá perguntar que medidas é que o Estado vai tomar para pôr um ponto final nisto tudo. Vamos então sentar-nos à espera da resposta, isto não tem mesmo nada que ver com cada um de nós. Vamos então sentir arroubos patrióticos contra uma brasileira que diz uns disparates, ou então vamos empolgar-nos com insultos aos políticos, ou com, ou com.
A mim dá-me raiva, a vocês não?
Curioso que pensei que o que era mesmo essencial era discutir, alínea por alínea, as alterações ao Código do Trabalho, flexibilizando. Não me lembro de ter então ouvido alguém perguntar qual o impacto na competitividadedas empresas que contratam jovens qualificados a recibo verde, anos a fio. Também deu uma grande polémica o impacto da fixação do salário mínimo. Não me lembro de alguém ter perguntado a vantagem das empresas que pagam 500 euros, ou menos, ou mesmo as que admitem “estagiários” de borla, até ao limite da decência.Podemos ainda lembrar como de vez em quando há uma gritaria sobre o número de vagas para cursos sem saída profissional, porque é que não metemos estas universades na ordem? Pois o problema é que os nossos emigrados são cientistas, dentistas, enfermeiros, sociólogos, arquitectos, gestores, professores, psicólogos, engenheiros, criativos, juristas, artistas...
Mas lembro-me do que contam os muitos jovens que passam por cá de vez em quando, a matar saudades do sol e da família (por esta ordem), e que falam do acolhimento nos novos empregos, na formação, no ordenado, na inscrição nos centros de saúde, no tempo para a vida pessoal, na dinâmica que conhecem no trabalho.
Lembro-me da jovem publicitária que tinha entrado para o quadro de uma empresa das melhores nesta área, depois de 2 anos a recibo verde. Foi despedida de um dia para o outro, ao fim de um ano. Procurou durante 6 meses novo emprego, apresentando o seu curriculo já muito interessante. Foi admitida a recibo verde numa empresa pequena, a ganhar 400 euros e a trabalhar sem horário, onde ficou, desesperada e sem qualquer indicação sobre o valor do seu trabalho, mais de um ano. Por sua iniciativa, e com outro amigo nas mesmas circuntâncias de entregue à sua sorte, concorreu a um concurso, de referênca internacional, de jovens criativos e ficaram em 1º lugar. Vi a notícia num pé de página qualquer, página essa que dava relevo aos muitos e meritórios prémios que outras figuras já conhecidas no mundo tinham ganho. Logo ali recebeu vários convites de empresários atentos a estes meios, para ir trabalhar para outro País, mas ela acreditou que aqui seria finalmente acolhida com algum interesse, podia ser que assim lhe dessem uma oportunidade, apesar de tudo gosta de surf e do sol, já tinha casa, sempre preferia ficar.
No trabalho dela nem os parabéns lhe deram, não só ignoraram em absoluto o galardão como sentiu frieza por parte dos colegas, com receio de que o prémio lhe desse a infeliz ideia de que poderia passar-lhes à frente. Do patrão, nem uma palavra, das outras empresas, nem um convite.
Está longe, já que ia para fora quis ir para o mais longe possível, ganha muito bem e sobretudo, dão-lhe asas para voar nos seus talentos e na sua criatividade.
Lembro-me de outra que está na Holanda há mais de dois anos e cuja ONG onde trabalha teve que suspender a actividade, por falta de fundos devido à crise. Como esperam recuperar esses apoios no fim do ano, arranjaram-lhe colocação noutro lado, nas mesmas condições, desde que prometa que regressa para eles logo que possível. A explicação foi simples: “We don’t want to loose you”.
E podia contar muitas e muitas destas histórias, ouça-os quase todos os dias, tantas vezes quantos os jovens que conheço e se foram embora e chamam ainda outros para se lhes juntarem.
Por cá, vamos então debater o Código do Trabalho, ou outro Código qualquer, o nosso problema é mesmo o excesso de garantia no emprego, é mesmo por isso que as empresas estão atrofiadas ou então vamos lá perguntar que medidas é que o Estado vai tomar para pôr um ponto final nisto tudo. Vamos então sentar-nos à espera da resposta, isto não tem mesmo nada que ver com cada um de nós. Vamos então sentir arroubos patrióticos contra uma brasileira que diz uns disparates, ou então vamos empolgar-nos com insultos aos políticos, ou com, ou com.
A mim dá-me raiva, a vocês não?
24 comentários:
Cara Dra. Susana Toscano
Envio aqui o endereço de um site onde se contam mais histórias com as que menciona no seu post:
http://mindthisgap.blogspot.com/
Cumprimentos
obrigada Dra. Suzana Toscano por abordar um tema tão interessante, e que me toca tanto, porque a minha filha está a terminar a licenciatura em GRH, partindo este ano para um país de Leste, em Erasmus.
Obrigada ao João Fernandes, por indicar o blog "mind the gap" que é de uma enorme riqueza de informação, tb sobre este tema suscitado pela Dra. Suzana.
Voltarei cá. Mas por agora faço estes agradecimentos. O tema contém diversas dimensões de análise, a meu ver.
Exportamos massa cinzenta e importamos gente inqualificada.
É impressionante o número de emigrantes que diabulam pela baixa de Lisboa à procura sabe-se lá de quê.
Gente que emporcalha as ruas por onde passa com papeis, sacos de plástico e restos de comida.
Gente que urina e defeca na própria via pública, ante o olhar atónito de alguns.
Não acreditam?
Experimentem a dar uma voltinha no Martim Moniz reaqualificado ou na área contígua à estação do Rossio, onde foi gasta uma fortuna no embelezamento.
Claro que me dá uma raiva dos diabos. Tanto mais que continuo a não perceber por que se desperdiçam tantos talentos. Cá não servem, não há lugar para eles, ocupações compatíveis com os saberes para que se prepararam. Por isso não lhes restam outras alternativas que não sejam sobreviverem com recurso aos call centers, a trabalhos de circunstância ou - e infelizmente nem todos têm essa possibilidade - à ajuda familiar. Conheço jovens nesta situação e o meu próprio filho, criativo publicitário cujo contrato de trabalho não lhe foi renovado, é bem capaz de seguir as pisadas dos tais cento e tal licenciados que deixam o país todos os meses. Mesmo que isso nos custe muito a nós, pais, e que ele venha a sentir as tais saudades do sol e da família.
Quanto à competitividade das empresas e quanto à necessidade de mais e melhor formação para quem trabalha estou inteiramente de acordo com isso mas, e essa é a minha dúvida, será que tudo não passa de pura retórica que serve apenas para engalanar os discursos – dos políticos de uma maneira geral – porque, na prática, o que constatamos é que os recursos (os bons recursos) à nossa disposição são desaproveitados?
Culpa dos governos e dos políticos? Culpa das empresas?
Responda quem souber. Mas não assaquem essa responsabilidade aos jovens. Eles são as primeiras vítimas.
Não será bem assim, Caro Paulo.
Portugal tem tudo AINDA por fazer. E por essa razão tem capacidade de absorção de gente com "formação superior".
Um caso: a recuperação do nosso fantástico e histórico Património, ocuparia muitos licenciados, nas mais diversas áreas. No antes, no durante e no depois da recuperação.
Por favor, consulte esta belíssima peça do Jornal Expresso:
Um retrato de Portugal em ruínas
http://aeiou.expresso.pt/video-um-retrato-de-portugal-em-ruinas=f541846
tb no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=hwypMGTsPhg
O visionamento deste video:
.... dá que pensar, não ?
E dói um "bocadinho" ..... :-(
Será mesmo que o problema é exclusivamente a alegada falta de fexibilidade do "Código do Trabalho"?
A que disposições concretas deste código se refere?
Não será antes um problema de incapacidade dum tecido económico, alicerçado em produtos/ serviços de baixo valor acrescentado?
Os factos que aponta são chocantes. Mas daí a inferir que tudo se resolveria com a simples fexibilização do Código de Trabalho é dum simplismo confrangedor.
Caro Carlos (08:38)
Concordo consigo e faço as mesmas interrogações.
Cascais (22:55)
Há muitos portugueses que emporcalham as ruas por onde passam, com papéis, sacos de plático e restos de comida. E que também urinam e defecam na via pública...
O seu post, assim, sem mais nem menos, parece antes relevar de xenofobia primária!
Suzana
Excelente post.
Este é mais um fenómeno preocupante porque está a traçar um caminho perigoso para Portugal. Aos poucos e poucos percebemos como as coisas se estão a complicar.
Por um lado, queremos investir na educação e na formação qualificada dos jovens. Por outro lado, não temos condições para os fixarmos em Portugal. Sem jovens qualificados, talentosos, com vontade de trabalhar, dinâmicos, inventivos como é que vamos assegurar o nosso futuro? Como é que a economia se vai desenvolver?
Esta saída maciça de jovens para o estrangeiro à procura de oportunidades profissionais e de um projecto de vida deixa-nos mais pobres. Os anos passaram-se e não fomos capazes de encontrar um rumo sustentável, falhando em áreas tão básicas como a educação e a justiça.
Muito interessante o blog "mind the gap" deixado pelo Caro João Fernandes.
Conheço casos inacreditáveis de pessoas bem conhecidas e com responsabilidade neste país que afirmam aos sete ventos que em Portugal não existem engenheiros informáticos em quantidade suficiente e quando vamos às suas empresas percebemos rapidamente que têm:
1. estagiários a custo zero pagos com o dinheiro do contribuinte;
2. engenheiros a recibo verde e com "vencimentos" de 550 euros brutos;
3. imeeeeeeeeeensos engenheiros romenos, brasileiros e búlgaros a receberem 450 euros brutos;
todos estes colaboradores (é este o termo utilizado) trabalham 12 horas e por vezes mais.
É evidente que os engenheiros portugueses estarão nesta empresa enquanto não derem o salto!
Enquanto tivermos políticos longe do país real, continuaremos a ouvir falar em assuntos que nada dizem a quem trabalha neste país.
Ora aí está Fartinho da Silva, estou plenamente de acordo consigo.
Mais um exemplo. Os médicos !
De notícia recente do DN, retirei dois excertos, que publico abaixo:
55 médicos candidataram-se a vagas em hospitais ingleses
"Mais de 50 médicos portugueses responderam a um anúncio da empresa GlobalMediRec, que pedia 15 clínicos para hospitais públicos ingleses. "No total tivemos cerca de 55 respostas e mais alguns pedidos de informação", explica Andrew Marks, porta-voz da empresa britânica. A tendência preocupa alguns médicos, que dizem que Portugal não se pode dar ao luxo de perder profissionais nesta área.
O anúncio, que esteve durante os meses de Agosto e Setembro no Portal da Ordem dos Médicos, pedia 15 médicos para trabalhar seis meses ou um ano nas urgências de hospitais públicos ingleses. Os ordenados, entre 6750 e 7900 euros brutos por mês, eram um dos atractivos. Sobretudo, quando comparados com os praticados cá: em Portugal, um médico que tenha acabado a especialidade ganha cerca de 1800 euros brutos por 35 horas semanais, segundo informação do Conselho Nacional do Médico Interno.[...]
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1388441
O nosso Estado gasta imenso dinheiro na formação destes jovens médicos, que acabam por sair de Portugal, na busca de melhores condições de contrato laboral.
E estão no seu pleno direito de o fazer.
Um médico ganha 1500 euros ????
Por favor ....:-(
Há muitos anos, eu tive esse mesmo problema. Então optei por ser 'self employed'. Hoje ganho muito mais tenho um trabalho com muito mais interesse do que se tivesse tido uma carreira profissional de sucesso 'por conta de outrem'. Só que, na altura, foi mesmo duro. Mas valeu a pena. O que sugiro é que procurem menos emprego e montem as suas próprias pequenas empresas de alta qualidade.
Basta dar uma volta pela baixa de Lisboa, ir ao Martin Moniz ou à estação do Rossio qualificada e ver.
Africanos e indianos urinam, defecam em plena via publica e emporcalham os jardins.
Será que os jovens emigram porque há portugueses, muito bem empregados, que passam anos a fio de atestado médico, com depressões e outras maleitas do género, e o patrão e a segurança social a pagar-lhes?
Percebo. Não é uma questão da cor da pele mas antes a da cor da m****!
Cara Suzana e outros,
Não sei que confusão isto vos possa fazer, atendendo que foi aquilo que escolherem durante décadas, a avaliar pelos 98% dos votos que vão para partidos que defendem este tipo de políticas.
Que tipo de emprego esperavam vossas exas. dar a esses concidadãos que saiem do país? É que, caso não saibam, do bolso do contribuinte já não dá mais e aqueles que recebem de lá não me parecem muito dispostos a largarem os enormes ordenados (comparados ao que produzem) que oferem. Vocês bem votam em gente que nos enche de autoestradas e pontes, mas se gostam tanto de obras porque é que não vão vocês para lá trabalhar?
E, depois, ou bem que se é europeísta ou bem que não se é. Portugal caminha rapidamente para ser a Idanha-a-Nova da europa. FAz-vos confusão que os jovens de Idanha venham para Lisboa? Então, agora os jovens de Lisboa vão para as metrópoles que, mais uma vez, vocês nos escolheram (e posso dizer "vocês" porque "vocês" negaram-me o referendo. Assim posso meter a culpa e, eventualmente, mandar prender alguém no futuro).
Por isso, os jovens vão à procura de empregos lá fora não é por causa de uns quantos casos folclóricos de recibos verdes e de estágios. É por vossa culpa.
Tony Blair falou aos portugueses e a toda a comunidade lusíada emigrada! Perceberam?
Caros comentadores, tal como a Margarida, também não acredito que em Portugal não haja forma de dar lugar a estes jovens qualificados, pelo menos que não crie a ideia de que nem vale a pena tentar, que é quase o que está a acontecer e só não acontece mais porque muitos pais não têm possibilidade de dar o apoio inicial que eles precisam quando pegam na trouxa e se vão embora.
Caro Carlos, é evidente que essa minha referência ao Código do Trabalho é irónica (provavelmente não conseguir dar o “tom”), o que eu queria dizer era que essa é uma discussão inútil e que, a meu ver, não é por aí que se resolve o que quer que seja. Mais flexibilidade do que recibos verdes, não conheço, menos regulação do que “estágios” gratuitos ou quase, também não. O que eu digo é que não há uma análise séria do impacto que este “sistema” tão flexível teve nas empresas que recorrem a ele, será que são mais competitivas, será que conseguem mais produtividade? O que eu vejo, porque conheço imensos casos, é que os jovens assim contratados também não se sentem comprometidos com a empresa, estão sempre à procura de outra coisa e logo que podem vão para outro lado. Os que ficam são revoltados, sentem-se abandonados à sua sorte e sem capacidade de afirmação.
Caro Tonibler, haverá muitas medidas de carácter político a tomar, não digo que não, mas é mais um problema de mentalidade dos empregadores, por uma vez que sejam os empresários a perceber que também a cabeça deles tem que mudar no que se refere ao trabalho de jovens e ensiná-los a abrir as asas. Olhe que não é preciso muito, eu vejo como é fácil que eles se sintam acarinhados e estimulados e acredite que o salário nem é o factor principal, é o ambiente, a avaliação do que está bem ou está mal, é a participação nas reuniões, enfim, tudo o que seria normal se já tivéssemos perdido esta noção do trabalho subordinado que antes se aplicava à produção em série.
Obrigada a todos pelas intervenções, o blog Mindthisgap é fantástico, conheço alguns dos que lá escrevem. E, de facto, cada um de nós, os pais que cá ficam sozinhos ou que já antecipam que vão ficar, sente com toda a nitidez a impotência para dar resposta ás ambições de realização profissional dos jovens em quem tanto investimos.
Dr. Suzana Toscano (11:01)
Parece então que o problema não é o da falta de flexibilbilidade nem o do excesso de garantia no emprego!
Folgo em saber isso. E só lhe fica bem a explicitação que ora fez do seu editorial.
Caro Antómnio Transtagano, quando digo alguma coisa é para ser entendida. Procuro escrever com clareza mas conto sempre com a boa fe de quem lê. Sem isso, não há conversa possível.
Dra. Suzano Toscano
Peço desculpa se a entendi mal! Vi no seu Editorial pessoa realmente preocupada e de boa fé, parecendo-me contudo - e não foi só a mim - que um dos tópicos do Editorial residiria, entre outras explicações para o quadro desagradável que nos transcreveu, no excesso de garantia no emprego como causa do atrofiamento das empresas e por arrasto, digo eu, na flexibilidade!
Senti-me por isso feliz por saber que o seu entendimento não era afinal aquilo que outros terão percebido.
E peço também desculpa pelo erro em que involuntariamente incorri no post que antecede: disse "transcreveu" mas queria dizer "descreveu".
Está desculpado,caro António Transtagano, e terei sempre muito gosto em esclarecer as dúvidas que resultem de alguma menor clareza nos escritos, este é um espaço de entendimento (o que não implica concordância, claro, daí o interesse dos debates).
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