Alinho com aqueles que dizem que decisivo para uma boa governação não são os ministros mas as políticas que protagonizam. Ressalvo que não é irrelevante a capacidade que cada personalidade feita ou mantida ministro ou ministra, à partida revela para protagonizar boas políticas. Os "velhos" ministros deste governo semi-novo ontem anunciado, porque se lhes conhece da experiência governativa anterior e dos seus resultados, essa capacidade, torna mais fácil subjectivar uma apreciação.
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Ministro da Presidência - Pedro da Silva Pereira. Designação sem qualquer surpresa. Protocolo à parte, é o nº 2 de facto do governo não sendo ministro de Estado. Há muito que é o fiel compagnon de route do Primeiro-Ministro e se tornou indispensável no núcleo político da governação. Tem, a meu ver, o perfil certo para promover a coordenação inter-ministerial. Discreto, meticuloso e eficaz, é injusto dizer-se dele que deve a sua carreira exclusivamente a Sócrates. Quem o conhece, reconhece facilmente os seus méritos e não estranha que continue a ser necessário.
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Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros - Luís Amado. Sem qualquer surpresa a sua confirmação na pasta que já desempenhava. Houve quem vaticinasse que era a personalidade adequada para repetir a (bem sucedida) experiência de Jaime Gama de acumulação com a Defesa. Naturalmente que não se sabe se isso passou pela cabeça de Sócrates. A ter passado, a arrumação de Santos Silva na Defesa afastou a hipótese que, a concretizar-se, seria objectivamente um ganho.
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Ministro do Estado e das Finanças - Teixeira dos Santos. A previsível aposta num valor que se revelou seguro. Incógnita: como vai o ministro, que poucos duvidam da competência, lidar com a situação de endividamento e recuperar do agravamento do déficite, convivendo com ministros - como o novo das obras públicas - doutrinados no reforço do sector público e no despesismo estadual.
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Ministro dos Assuntos Parlamentares - Jorge Lacão. Surpresa completa. Via no cargo alguns parlamentares socialistas com reconhecido prestígio, autoridade e ascendente político para as difícieis relações com os líderes parlamentares, relações essenciais para a sobrevivência de um governo minoritário. Nunca imaginei no cargo um "peso leve". Talvez a denunciar que ao contrário da prognose que fazem muitos dos nossos sábios analistas, o governo vai actuar mais por via do regulamento e do despacho, do que pela via da lei.
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Ministro da Defesa Nacional - Augusto Santos Silva. Brincando com coisa séria, dir-se-á que a sua designação premeia o mais belicista dos anteriores ministros, o ministro encarregado do "malhanço". Para a pasta que mais sentido de Estado se exige, foi nomeado aquele que, sendo ministro dos assuntos parlamentares, disse um dia, vestido de dirigente partidário, que a eleição do actual Presidente da República prenunciava um golpe de estado constitucional. Brincadeiras à parte, uma designação incrível...
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Ministro da Administração Interna - Rui Pereira. A renovação do mandato do MAI é um erro político de todo inesperado. É notória a sua falta de jeito para os problemas de segurança. Apostava que a insensibilidade do PM em relação aos assuntos da justiça o faria migrar para essa pasta. Enganei-me nesse cálculo. Mas não me enganei na insensibilidade do PM...
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Ministro da Economia, Inovação e Desenvolvimento - José Vieira da Silva. Outro dos valores seguros que se tornou indispensável ao PM. O planeamento, isto é, a gestão do último quadro de apoios comunitários, faz dele não só um super-ministro, mas uma peça fundamental da estratégia política do governo. A história recente diz-nos que os ministros mais relevantes são os que têm condições para satisfazerem ou deixarem sossegados múltiplos e poderosos interesses. Vieira da Silva ficou com o grosso dos meios, logo tem nas mãos essas condições.
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Ministro da Ciência e Tecnologia - Mariano Gago. Diziam dele que estava cansado dos muitos anos que leva de governo, sempre com as mesmas responsabilidades, tendo pedido para sair. Sócrates compreendeu e fez melhor: manteve-o na pasta. Para descansar...
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Ministra da Saúde - Ana Jorge. A "solução Isabel Alçada" na saúde, que provou ter resultado. Ninguém a via fora deste governo.
5 comentários:
Eu alinho com aqueles que dizem que decisivo numa boa governação é não haver governo.
Esta república decadente vai ter… um “malhador” na Defesa!
Um político “malhador”
aos comandos da “armada”,
será deveras prometedor
de uma política mimada.
Será, sem dúvida, curioso
estar atento às malhações,
sentir um ministro furioso
na prática dessas funções.
A sobranceria intelectual
castradora de liberdades,
é uma escória conceptual
de abjectas virtualidades.
Caro Ferreira de Almeida:
Concordo, com algumas diferenças na especialidade.
Na minha opinião, Teixeira dos Santos foi dos piores Ministros das Finanças de todos os governos constitucionais. Dir-se-á que a política que executou é do governo, não dele. Mas foi TS que também sempre a defendeu.
Aumentou o endividamento público para níveis críticos, aumentou os impostos sem diminuir a despesa pública, não controlou o défice, não aumentou o esforço investimento público, contra tudo o que anunciava como política prioritária para sair da crise.
A situação era difícil e tornou-se muito mais difícil. Ao ponto de, há tempos, dizer que a grande e prioritária preocupação do próximo Ministro deveria ser o controle da dívida externa. A mesma que a sua política ou a política que executou deixou em ponto crítico.
Na minha opinião, claro, todos os outros Ministros foram óptimos, incluindo o da Economia e o dos assuntos Parlamentares, perante o legado de Teixeira dos Santos.
Compare-se a situação antes e depois. E quando digo depois, estou a referir-me à que existia antes da eclosão da crise.
Admito não ser fácil a gestão das Finanças públicas. Mas Teixeira dos Santos repetiu à saciedade os triunfos do governo nessa matéria e os "êxitos" conseguidos.
É que a economia real foi a que mais sofreu perante a deseconomia do estado.
Será que a nulidade Rui Pereira é apenas um instrumento usado por "interesses obscuros" para amaciar e entorpecer o aparelho de segurança do Estado, para que o país caminhe calmamente e sem sobressaltos para um Portugal com outro "perfil" sócio-cultural? Hmm, devo estar a ser conspirativo apenas...
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