Ouvi hoje, na SIC, o Prof. Gentil Martins a combater a decisão do Governo de integrar o Hospital da Estefânia no novo Hospital de Todos os Santos, a erguer em Lisboa.
O Hospital da Estefânia é um hospital de excelência no domínio da sua especialidade, a pediatria. Nomeadamente o Serviço de Neonatologia e a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais constituem serviços de ponta em Portugal e no mundo.
Dotada de um corpo técnico, médico e de enfermagem muito especializado e competente e devidamente equipada, aliás muito à custa de donativos da Gulbenkian e de entidades particulares, esta Unidade, imbuída do mais alto sentido de serviço e de profissionalismo, opera verdadeiros milagres médicos. Sei-o, por experiência própria. E sabem-no muitos portugueses que, como crianças ou pais, ou avós passaram por este Hospital.
Poderia parecer, à primeira vista, que a integração seria boa solução, trocando instalações envelhecidas (mas, apesar disso, com alguns serviços bem instalados), por um edifício novo. Mas não é assim. É que a integração pura e simples dos serviços de pediatria num espaço gigantesco, sujeito a regras de funcionamento genéricas e comuns, fará necessariamente perder a autonomia, a leveza, a identidade, a cultura que fazem da Estefânia um caso de excelência no domínio hospitalar.
Os hospitais pediátricos têm características próprias e devem permanecer autónomos, pela simples razão de que a medicina não é só uma questão de técnica e as crianças não são adultos em escala reduzida, dizia, creio, o Prof. Gentil Martins.
Da minha experiência de gestão noutros domínios, também sei que a integração de unidades especializadas em grandes unidades por razões tecnocráticas só traz desvantagens. Acarreta entropias, desfaz a boa cultura dos serviços, traz desmotivação, dificulta a gestão, encarece o funcionamento. No fim, acaba por liquidar o que era específico e bom, em nome de generalizações de regras, normas e conceitos. O que não é consentível, nomeadamente em medicina.
Tendo sempre na boca a defesa do Serviço Nacional de Saúde, o Governo vem fazendo tudo para o desmantelar. Agora, através da destruição do corpo e da alma e do espírito de serviço de uma das suas melhores Unidades, o Hospital da Estefânia. Aqui, o meu sentido grito de indignação.
O Hospital da Estefânia é um hospital de excelência no domínio da sua especialidade, a pediatria. Nomeadamente o Serviço de Neonatologia e a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais constituem serviços de ponta em Portugal e no mundo.
Dotada de um corpo técnico, médico e de enfermagem muito especializado e competente e devidamente equipada, aliás muito à custa de donativos da Gulbenkian e de entidades particulares, esta Unidade, imbuída do mais alto sentido de serviço e de profissionalismo, opera verdadeiros milagres médicos. Sei-o, por experiência própria. E sabem-no muitos portugueses que, como crianças ou pais, ou avós passaram por este Hospital.
Poderia parecer, à primeira vista, que a integração seria boa solução, trocando instalações envelhecidas (mas, apesar disso, com alguns serviços bem instalados), por um edifício novo. Mas não é assim. É que a integração pura e simples dos serviços de pediatria num espaço gigantesco, sujeito a regras de funcionamento genéricas e comuns, fará necessariamente perder a autonomia, a leveza, a identidade, a cultura que fazem da Estefânia um caso de excelência no domínio hospitalar.
Os hospitais pediátricos têm características próprias e devem permanecer autónomos, pela simples razão de que a medicina não é só uma questão de técnica e as crianças não são adultos em escala reduzida, dizia, creio, o Prof. Gentil Martins.
Da minha experiência de gestão noutros domínios, também sei que a integração de unidades especializadas em grandes unidades por razões tecnocráticas só traz desvantagens. Acarreta entropias, desfaz a boa cultura dos serviços, traz desmotivação, dificulta a gestão, encarece o funcionamento. No fim, acaba por liquidar o que era específico e bom, em nome de generalizações de regras, normas e conceitos. O que não é consentível, nomeadamente em medicina.
Tendo sempre na boca a defesa do Serviço Nacional de Saúde, o Governo vem fazendo tudo para o desmantelar. Agora, através da destruição do corpo e da alma e do espírito de serviço de uma das suas melhores Unidades, o Hospital da Estefânia. Aqui, o meu sentido grito de indignação.
5 comentários:
Caro Dr. Pinho Cardão
Conheço por experiência própria a qualidade do trabalho do Hospital D. Estefânia.
Também ouvi a entrevista do Prof. Gentil Martins e tenho acompanhado este assunto, em particular desde o ano passado, quando tive um contacto directo com os serviços do Hospital.
É incompreensível que estando a maioria dos médicos pediatras do Hospital D. Estefânia contra a integração num mega hospital e tendo os partidos com assento na Assembleia da República manifestado oposição à decisão que o Governo teime em a levar por diante. Acresce o facto de países bem mais à frente que Portugal em matéria de organização e gestão hospitalar e de qualidade dos cuidados de saúde prestados optarem por hospitais pediátricos autónomos dos outros.
O Prof. Gentil Martins disse uma coisa que toda a gente percebe e sabe, é que o relacionamento com as crianças, os afectos e as emoções têm outra escala, têm uma dimensão muito própria que não pode ser ignorada.
Sinceramente, basta de falsas economias e de mega projectos. Por uma vez reconheçamos e preservemos o que de melhor temos.
O centralismo não é só uma ameaça geográfica e por aqui se vê bem (e juntando o comentário da Margarida) as consequências de um dia os deputados se terem rendido ao funcionalismo. Na realidade, pouco interessa se o serviço tem um objectivo público e pouco interessa a opinião dos deputados. Há objectivos privados a serem cumprido pelos funcionários do estado (que, na prática, dominam os partidos) e são esse objectivos que serão atingidos.
Caro Pinho Cardão, lembro-me de termos discutido aqui o trabalho dos deputados e eu ter argumentado que não queria que os deputados trabalhassem, nem que perdessem tempo na assembleia a trabalhar. Os deputados deviam ser gente como toda a gente que trabalha onde deve trabalhar, nos seus empregos. Para que quando fosse preciso fazer o estado trabalhar, eles fossem independentes ao ponto de mandar o estado cumprir com os objectivos públicos e não com os objectivos privados dos seus funcionários. Cada vez mais defendo que os deputados devem sê-lo gratuitamente, sem qualquer remuneração ou ajuda de custo.
Como não é assim, como deputado só pode ser quem é funcionário público ou imprestável ou advogado rico, naturalmente a tendência é que se vão criando centros de poder, em detrimento dos centros de serviço. Seja geograficamente, seja funcionalmente.
Cara Margarida:
Mais uma reforma tola. Em vez de se manterem os Centros de excelência, dispersam-se pessoas, especialistas, know how, cultura e recursos, acabando com o que há de bom.
Este Governo é um governo de aprendizes e estagiários: nem são políticos, nem tecnocratas, embora pretendendendo ser uma coisa e outra. São apenas uns contentinhos do poder.
Caro Tonibler:
Concordo muito com o que diz.
E sobretudo que os Deputados deviam ser gente perfeitamente autónoma nas suas decisões, mesmo que membros de um partido político, capazes de propor, decidir e votar pela sua própria cabeça, sem subordinação a interesses governamentais e partidários. E, quando falo em pessoas autónomas, falo também de autonomia financeira, de pessoas que não devam a sua profissão aos partidos ou aos governos.
Acontece que, no ponto em que as coisas estão, e por força de incompatibilidades sem nexo nem razão, só quase funcionários públicos podem ser deputados. Pior ainda, a escoilha recai geralmente naqueles que fazem parte dos aparelhos partidários ou por eles foram indicados para serem nomeados para postos de administração local, seja na área da educação, da saúde, da segurança socilal, do instituto do emprego, etc, etc, o que lhes traz poder de influência local e votos.
A sua ideia de Deputados parece-me algo com a figura de Senadores, homens bons e experientes, com sentido de serviço, independentes do poder político e partidário. Acontece que estamos nos antípodas de tal figura. Se a isso juntarmos a possibilidade de o Deputado a nada ser obrigado, como o meu amigo preconiza, teríamos a bagunça completa.
Mas concordo totalmente que, sem uma mudança radical do processo de escolha do pessoal político, a vida política cada vez se irá degradando mais. Proponho-lhe um jogo: pense nos homens que lideram o processo político em Portugal, no Governo ou nos Partidos e veja quantos, há meia dúzia de anos, o meu amigo prefigurou que pudessem vir a ter qualquer tipo de intervenção de liderança no país.
Quais os custos dessa palhaçada de Hospitais Pediátricos?
É bom para alguns pediatras que nele reinam a seu belo prazer à custa dos contribuintes.
O IPO necessita de obras há imenso tempo e pelos vistos não há verbas, para essa palhaçada da Estefânia já há verbas??
Será que este país é apenas para grávidas e suas crias?
Quais os direitos da minha geração?
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